Bombardeio de Israel no Iêmen atinge aeroporto onde estava chefe da OMS
Um bombardeio de Israel contra alvos no Iêmen atingiu o aeroporto de Sanaa, capital do país, nesta quinta-feira (26/12).
Entre os passageiros no terminal, estavam diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e membros da agência.
"Quando estávamos prestes a embarcar em nosso voo de Sanaa, há cerca de duas horas, o aeroporto foi alvo de um bombardeio aéreo", relatou Tedros logo após o ataque.
"Um dos membros da tripulação do nosso avião ficou ferido. Pelo menos duas pessoas foram relatadas como mortas no aeroporto. A torre de controle de tráfego aéreo, o saguão de embarque — a apenas alguns metros de onde estávamos — e a pista de decolagem foram danificados", completou o diretor da OMS.
Segundo informações da imprensa iemenita controlada pelos rebeldes Houthis, ao menos três pessoas morreram e 14 ficaram feridas nos ataques israelenses, que visam alvos do grupo apoiado pelo Irã.
Os Houthis vêm atacando Israel desde o início do atual conflito em Gaza.
Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou ainda que sua equipe precisará esperar que "os danos ao aeroporto sejam reparados antes que possamos partir".
"Meus colegas da ONU e da OMS e eu estamos seguros", acrescentou ele.
O chefe da OMS afirmou que estava no Iêmen para negociar a libertação de funcionários da ONU (Organização das Nações Unidas) detidos e avaliar a situação humanitária no país.
Em junho, a ONU confirmou que 13 membros de sua equipe foram detidos pelos rebeldes Houthis, que controlam boa parte do Iêmen.
Os funcionários foram capturados em várias partes do país, em uma aparente operação coordenada.
As detenções ocorreram em um momento em que os Houthis enfrentavam crescentes dificuldades econômicas e ataques aéreos conduzidos por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos.
Os Houthis têm como alvo embarcações comerciais no Mar Vermelho, o que desencadeou ataques aéreos de retaliação pelos EUA e seus aliados.
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O governo de Israel afirmou ter atingido, além do aeroporto, usinas de energia e "infraestrutura militar" no Iêmen nesta quinta-feira.
Os ataques ocorreram após vários ataques dos Houthis, incluindo um em Tel Aviv, em Israel, no sábado.
O exército israelense afirmou que atingiu "alvos militares" pertencentes aos Houthis porque o grupo rebelde "atacou repetidamente" Israel.
As IDF (Forças de Defesa de Israel) acrescentaram que os alvos militares foram usados pelos Houthis para "contrabandear armas iranianas" para a região e permitir a entrada de oficiais iranianos.
Os Houthis são uma "parte central do eixo terrorista iraniano, e seus ataques a embarcações e rotas de navegação internacionais continuam a desestabilizar a região e o mundo em geral", afirma a declaração.
Em entrevista à TV Channel 14 após os ataques, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que "nós estamos apenas começando"
O porta-voz dos Houthis, Mohammed Abdulsalam, descreveu os ataques de hoje como "um crime sionista contra todo o povo iemenita", segundo a AFP.
Já Mohammed Ali al-Houthi, chefe do comitê revolucionário do grupo, chamou os bombardeios como "bárbaros" e "agressivos", reforçando que o enfrentamento contra Israel e os EUA continuará até a guerra em Gaza terminar.
As forças de Israel aumentaram o nível de alerta no país para uma possível retaliação Houthi.
Quem são os Houthis
Os Houthis são um grupo político e religioso armado que se formou na década de 1990 e defende a minoria muçulmana xiita do Iêmen, os Zaidis.
Eles se declararam parte do "eixo de resistência" liderado pelo Irã contra Israel, os Estados Unidos e o Ocidente em geral, junto a grupos armados como o Hamas e o Hezbollah do Líbano.
Nos primeiros anos de 2000, os Houthis travaram uma série de rebeliões contra o presidente autoritário do Iêmen, Ali Abdullah Saleh.
Após a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003, os houthis adotaram o slogan: "Deus é grande. Morte aos Estados Unidos. Morte a Israel. Maldição aos judeus e vitória para o Islã."
Durante a Revolta da Primavera Árabe de 2011, o presidente Saleh foi forçado a ceder o poder ao seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi, mas o governo dele enfrentava muitos problemas.
Os Houthis tomaram o controle da província de Saada e da capital, Sanaa, após formarem uma aliança improvável com Saleh e as forças de segurança ainda leais a ele.
No entanto, a Arábia Saudita temia que os Houthis tomassem o controle total do Iêmen e o transformassem em um satélite do Irã.
Os sauditas formaram uma coalizão de países árabes para intervir na guerra. Mas anos de ataques aéreos não conseguiram resolver o conflito.