Negócios / Para muitas pessoas, a morte é um assunto que deve ser evitado. Um dado de 2018 aponta que o fim da vida é considerado tabu por 73% dos brasileiros. Além disso, 82,4% acham que não há nada mais sofrido que a dor da perda de alguém. A pesquisa foi encomendada pelo Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), realizada pela Studio Ideias e repercutida pelo portal g1.
Com a pandemia de Covid-19, é possível que a percepção sobre a morte tenha sofrido alterações, mas os números continuam sendo um indicativo da dificuldade que os indivíduos têm de falar sobre a morte, aponta Bernardo M., CEO da assistência funeral Ciclo Assist e da corretora Seguros Lugano.
“Falar sobre a morte continua sendo um tabu em muitas culturas e sociedades porque envolve sentimentos dolorosos como medo, incerteza e luto. Para os brasileiros, a morte é um medo latente por conta da nossa cultura calorosa e contemplativa em relação à vida, além das fortes influências religiosas”, analisa o profissional.
Ele alega que os brasileiros tendem a valorizar sempre a alegria e o bem-estar, o que faz com que os indivíduos evitem assuntos considerados tristes ou sombrios. Além disso, a cultura moderna tende a valorizar a juventude e a vitalidade, o que também contribui para a relutância em abordar o fim da vida de forma natural e prática, aponta.
Seguros de vida
Embora o tabu ainda persista, Madsen lembra que a contratação de seguros de vida individuais teve crescimento de 18% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado. O dado está em um levantamento da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), que registra também que esse crescimento equivale a R$ 1,7 bilhão.
“O aumento na adesão aos seguros de vida pode ser explicado por uma crescente conscientização sobre a importância da proteção financeira em tempos incertos. A pandemia de Covid-19, em particular, trouxe à tona o quão imprevisível a vida pode ser, levando as pessoas a buscar formas de garantir o bem-estar de suas famílias no caso de eventos inesperados”, afirma o especialista.
Segundo o CEO, essa adesão crescente reflete também uma maior abertura para falar sobre planejamento de longo prazo, incluindo questões envolvendo sucessão patrimonial.
Bernardo considera que um fator que ajuda é o fato de haver cada vez mais conteúdos educativos na internet sobre a importância do planejamento financeiro diante da perda de um ente querido.
“A preparação antecipada ajuda a evitar que as pessoas próximas enfrentem dificuldades financeiras após a partida de alguém, como despesas com funerais, dívidas ou a perda de uma fonte de renda. Além disso, planejar o futuro pode aliviar parte do estresse emocional e até mesmo preços e condições abusivas de serviços funerários em momentos já difíceis, proporcionando tranquilidade para quem fica”, explica o CEO.
O executivo lembra que há outras formas de estabelecer esse planejamento. “Também podemos considerar testamentos, doações em vida e conversas abertas com familiares sobre nossos desejos. Quanto mais naturalizarmos a discussão sobre a morte, mais preparados estaremos para lidar de maneira saudável, e menos sofrimento ela poderá trazer para aqueles que deixamos”, finaliza.
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