Tugril Cã
Tugril Cã | |
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Tugril em iluminura do As Viagens de Marco Polo do século XV | |
Cã do Canato Queraíta | |
Reinado | Anos 1140 |
Antecessor(a) | Ciríaco Buiruque Cã |
Sucessor(a) | Gur Cã |
Cã do Canato Queraíta | |
Reinado | Anos 1150-1170/73 |
Predecessor(a) | Gur Cã |
Sucessor(a) | Erque Cara |
Cã do Canato Queraíta | |
Reinado | 1174 - anos 1180 |
Predecessor(a) | Erque Cara |
Sucessor(a) | Jaca Gambu |
Cã do Canato Queraíta | |
Reinado | 1196/97 - 1203 |
Predecessor(a) | Desconhecido |
Sucessor(a) | Conquista mongol |
Morte | 1203 |
Descendência | Ilca Sengum |
Pai | Ciríaco Buiruque Cã |
Mãe | Ilma Catum |
Tugril Cã (em mongol: Тоорил хан; romaniz.: Tooril khan), Vã Cã (Ван хан, Van khan), Ongue Cã (mongol médio: ᠣᠩ ᠬᠠᠭᠠᠨ, Ong qaγan) ou Uangue Hã (em chinês: 王汗; romaniz.: Wáng Hàn, m. 1203) foi um cã dos queraítas. Foi anda (irmão de sangue) do mongol Iesucai e serviu como patrono de Temujim, o futuro Gêngis Cã. A principal fonte sobre sua vida é a Vida Secreta dos Mongóis.
Nome
[editar | editar código-fonte]"Uangue Hã" (Wáng Hàn), em mongol "Ongue Cã" (Ong qaγan) foi o nome dado a Tugril pelos jurchéns do Império Jim do norte da China;[1] uangue significa rei ou príncipe. No século XIII, foi um dos líderes asiáticos identificados com Preste João,[2] ou então com Davi, irmão de João.[3] Seu nome cristão, por sua vez, era Davi.[4]
Vida
[editar | editar código-fonte]Tugril era filho de Ciríaco Buiruque Cã e Ilma Catum.[5] Quando criança, em 1135, foi capturado pelos merquites e permaneceu como escravo por alguns anos.[6] Foi resgatado por sua família, mas pouco tempo depois foi novamente capturado, agora pelos tártaros, ao lado de sua mãe. No fim, foi igualmente libertado.[5] Na década de 1240, seu pai o envio à fronteira com o Império Jim. Ciríaco deixou público o desejo de dividir seu canato entre seus filhos, mas com sua morte Tugril se apressou à capital, tomou o trono para si e matou seus dois meio irmãos. Seu outro irmão, ou tio, Gur Cã protestou e Tugril foi obrigado a fugir à fronteira do Império Jim, onde ficou por volta de sete anos. Nos anos 1150, Iesucai dos mongóis o ajudou a reaver seu trono[7] e eles se tornaram arda (irmãos de sangue).[5] [6]
Em 1170/73, Erque Cara, outro irmão de Tugril, o removeu do trono, e o último fugiu ao Canato Caraquitai. Em 1174, retornou através do país dos tangutes e foi novamente restaurado com ajuda de Iesucai, o que consolidou sua posição. Em 1176, recebeu na sua corte Jamuga e Temujim, filho de Iesucai, como turgaques (reféns).[8] Em 1184, Temujim se tornou seu vassalo e Tugril ajudou na campanha contra os merquites, que capturaram Borte, esposa de Temujim. Então, colaboraram em outras campanhas contra merquites, tártaros e naimanos. No final dos anos 1180, parece que foi outra vez removido do trono, agora por seu irmão Jaca Gambu, quiçá com a ajuda de Temujim. Tugril fugiu ao Império Jim, que em 1196/97 lançou campanha militar que o reinstalou no trono com o título de Uangue ou Ongue Cã.[9][a] Na campanha, Temujim lutou junto dos Jins e Tugril.[10]
Em 1203, Temujim propôs uma aliança matrimonial, mas seu filho Ilca Sengum, ciente do perigo dele usurpar o trono, convenceu seu pai a declinar e atacá-lo de surpresa. Inicialmente Tugril estava com a vantagem e derrotou-o nas Areias de Calacaljde (primavera). No rescaldo, os aliados mongóis de Tugril tentaram tomar o trono e Temujim, se reagrupando no lago Baljuna, contra-atacou no outono e o derrotou decisivamente na Batalha das Colinas Jejer. Tugril foi obrigado a fugir, mas foi morto por guardas fronteiriços naimanos, e o seu filho Sengum fugiu ao Império Tangute.[5]
Avaliação
[editar | editar código-fonte]Segundo a História Secreta dos Mongóis, Tugril era um governante frouxo e indeciso, cruel com seus irmãos, excessivamente indulgente com seu filho e quase totalmente dependente de mongóis como Iesucai e Temujim para seu sucesso.[5]
Notas
[editar | editar código-fonte]- [a] ^ Segundo Christopher P. Atwood, a derrubada de Tugril nos anos 1180 se deu por ação de Erque Cara, e não por Jaca Gambu, que teria sido expulso do canato em 1201, segundo sua reconstrução.[5]
Referências
- ↑ Sela 2018, p. 124.
- ↑ Rachewiltz 1971, p. 114.
- ↑ Jackson 1997, p. 430.
- ↑ Murakami 1970, p. 30-33.
- ↑ a b c d e f Atwood 2004, p. 425.
- ↑ a b May 2016, p. 216.
- ↑ Togan 1998, p. 170-171.
- ↑ Togan 1998, p. 171.
- ↑ May 2016, p. 216-217.
- ↑ Barfield 1992, p. 190.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Atwood, Christopher P. (2004). Encyclopedia of Mongolia and the Mongol Empire. Nova Iorque: Facts On File, Inc.
- Barfield, Thomas (1992). The Perilous Frontier: Nomadic Empires and China, 221 BC to AD 1757. Oxônia: Basil Blackwell
- Jackson, Peter (1997). «Prester John "redivivus": A Review Article». Jornal da Real Sociedade Asiática. 7 (3): 425–432. ISSN 1356-1863. doi:10.1017/S1356186300009457
- May, Timothy (2016). The Mongol Empire: A Historical Encyclopedia [2 volumes]: A Historical. Santa Bárbara: ABC-CLIO
- Murakami, Masatsugu (1970). Mongoru hishi: Chingisu kan monogatari. Tóquio: Heibonsha. ISBN 4582801633
- Rachewiltz, Igor de (1971). Papal Envoys to the Great Khans. Stanford: Imprensa da Universidade de Stanford
- Sela, Ori (2018). China’s Philological Turn: Scholars, Textualism, and the Dao in the Eighteenth Century. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
- Togan, İsenbike (1998). Flexibility and Limitation in Steppe Formations: The Kerait Khanate and Chinggis Khan. Leida e nova Iorque: Brill