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Raposa-do-campo

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(Redirecionado de Pseudalopex vetulus)
 Nota: Não confundir com Graxaim-do-campo.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaRaposa-do-campo


Estado de conservação
Quase ameaçada
Quase ameaçada [2]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Canídeos
Género: Lycalopex
Espécie: L. vetulus
Nome binomial
Lycalopex vetulus[1]
(Lund, 1842)
Distribuição geográfica
distribuição
distribuição
Sinónimos
  • Pseudalopex vetulus[3]

A raposa-do-campo, raposinha-do-campo, jaguamitinga ou jaguapitanga (nome científico: Lycalopex vetulus),[4] é um canídeo endêmico do Brasil, que habita os campos e cerrados em uma área de distribuição que inclui o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, partes do Tocantins, Bahia, e uma pequena área entre Piauí, Ceará e Paraíba.[2][5]

Apesar de seu nome, elas não são raposas verdadeiras (gênero Vulpes), sendo pertencentes ao gênero Lycalopex, um gênero de canídeos relacionados mais aos lobos-guará, cachorros-do-mato e cachorros-vinagre. Se assemelham a raposas devido à evolução convergente. Intrigantemente, apesar de um dos animais mais primitivos do gênero, seu parente vivo mais próximo é a raposa-de-Darwin (Lycalopex fulvipes), atualmente bem distante de sua zona de distribuição.

Distribuição e habitat

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A raposa-do-campo é endêmica do Brasil e sua distribuição geográfica está associada aos limites do ecossistema do Cerrado, em uma faixa de altitude de 90–1 100 milímetros.[6] No entanto, também pode ser encontrada em zonas de transição, incluindo habitats abertos no Pantanal. A ocorrência da raposa-do-campo em áreas da Mata Atlântica está em uma matriz de pastagens antrópicas, intercaladas regionalmente por remanescentes de floresta semidecídua e pequenas manchas de Cerrado.[7]

A extensão atual estende-se do nordeste e oeste do São Paulo ao norte do Piauí, passando pelos estados de Ceará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Tocantins, Bahia e provavelmente áreas abertas das regiões do sul do Maranhão e estados de Rondônia.[5]

As raposas são pequenas, com focinho curto, dentes pequenos, pelagem curta e membros delgados. Sua pele é de cor acinzentada, com uma parte inferior do corpo creme ou fulva. A cauda é preta na ponta com uma listra escura marcada ao longo da superfície superior, que em animais machos pode se estender ao longo das costas até a nuca. As orelhas e patas são levemente avermelhadas e a mandíbula inferior é preta.[8] Alguns indivíduos melanísticos também foram relatados.[6]

As raposas têm um crânio pequeno, com carniceiros reduzidos e molares largos. É pequena para uma raposa, pesando apenas 3–4 quilos, com cabeça e comprimento do corpo de 58–72 centímetros e cauda de 25–36 centímetros.[6][9]

Comportamento e dieta

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A raposa-do-campo é onívora, utilizando cupins como a base de sua alimentação, além de besouros, gafanhotos e, conforme a disponibilidade no ambiente e a estação, frutos silvestres e exóticos, pequenos mamíferos, lagartos, cobras, anuros e aves.[2][8] Os cupins do gênero Syntermes são sua principal fonte de alimento e são encontrados em cerca de 89,5% de suas fezes.[9]

É um animal muito atento e percebe tudo o que ocorre ao seu redor. A visão, a audição e o olfato são bastante desenvolvidos. A raposa-do-campo é mais ativa à noite, com um padrão de atividade crepuscular-noturno. Ocorre em simpatria com outros canídeos brasileiros como o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus).[5][6] As raposas-do-campo são solitárias e tímidas, mas defendem agressivamente seus filhotes.[9]

As raposas-do-campo são monogâmicas, formando pares reprodutivos durante a estação de acasalamento que permanecem juntos durante a criação dos filhotes.[5] O período de gestação é de cerca de 50 dias, após o qual a fêmea dá à luz uma ninhada de 1 a 5 filhotes, frequentemente nascidos entre julho e agosto. Raposas vivas costumam usar tocas de tatu abandonadas para criar seus filhotes.[9][8]

Observações diretas relatam interações sociais entre os membros do grupo familiar (macho, fêmea e prole sazonal), com contato mais intenso entre machos e fêmeas durante os primeiros quatro meses de vida da prole. Diferente de outras espécies de canídeos, os machos são responsáveis por levar comida e pajear filhotes, além de defender o grupo de possíveis agressores, enquanto a fêmea passa as noites se alimentando e amamentando os pequenos entre intervalos que podem durar horas.[10] A dispersão juvenil ocorre entre nove e dez meses de idade, quando começam a estabelecer seus próprios territórios.[2]

Conservação

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As raposas-do-campo são endêmicas do Cerrado brasileiro, que está sob forte pressão antrópica e com menos de 20% de sua área original intacta. É uma espécie pouco conhecida e pouco estudada. O número estimado de indivíduos maduros é 9 840–19 200. As maiores ameaças à conservação da raposa-do-campo são a fragmentação e destruição de seu hábitat, e outros efeitos negativos diretos e indiretos causados pela ação humana, como atropelamentos, doenças, retaliação à suspeita de predação de aves domésticas e alta mortalidade de filhotes/juvenis, especialmente em regiões desprotegidas.[2] O declínio populacional deve, em uma estimativa conservadora, ter sido de pelo menos 30% nos últimos 15 anos.[5]

Outras ameaças são os ataques por cães domésticos e a perseguição direta pelo homem, em virtude da percepção errônea de que as raposas-do-campo atacam animais domésticos, principalmente galinhas, apesar de aves domésticas serem pouco frequentes ou ausentes na dieta da espécie.[5] Quase 50% das mortes desses animais fora de unidades de conservação são de causa humana.[10] A raposa-do-campo é classificada como espécie quase ameaçada na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).[2] Na lista nacional, a espécie é classificada como Vulnerável.[11]

Referências

  1. Wozencraft, W.C. (2005). «Lycalopex fulvipes». In: Wilson, D. E.; Reeder, D. M. Mammal Species of the World 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 627. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  2. a b c d e f Lemos, F. G.; Azevedo, F. C.; Paula, R. C.; Dalponte, J. C. (2020). «Hoary Fox - Lycalopex vetulus». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T6926A87695615. doi:10.2305/IUCN.UK.2020-2.RLTS.T6926A87695615.en. Consultado em 18 de julho de 2021 
  3. Rocha, E. C.; Silva, E.; Feio, R. N.; Martins, S. V.; Lessa, G. (2008). «Densidade populacional de raposa-do-campo». Iheringia. Zoologia. 98 (1). ISSN 1678-4766. doi:10.1590/S0073-47212008000100011. Consultado em 19 de julho de 2021 
  4. «Raposa-do-campo». Michaelis. Consultado em 21 de julho de 2021 
  5. a b c d e f Lemos, F. G.; de Azevedo, F. C.; Beisiegel, B. M. (2013). «Avaliação do risco de extinção da raposa-do-campo, Lycalopex vetulus» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade Brasileira. Avaliação do Estado de Conservação dos Carnívoros. 3 (1): 160-171. Consultado em 18 de julho de 2021 
  6. a b c d Julio C., Dalponte (25 de novembro de 2009). «Lycalopex vetulus (Carnivora: Canidae)». Mammalian Species. 847: 1–7. doi:10.1644/847.1/2600889. Consultado em 21 de julho de 2021 publicação de acesso livre - leitura gratuita
  7. Dalponte, J. C.; Oliveira, J. S.; Lacerda, A. C. R. (2018). «Occurrence of Lycalopex vetulus (Carnivora, Canidae) in the Cerrado-Amazon forest ecotone and Pantanal». Acta Zoológica Platense. 18: 1–10. Consultado em 19 de julho de 2021 
  8. a b c «Raposinha-di-campo». Instituto Pró-Carnívoros. Consultado em 19 de julho de 2021 
  9. a b c d Olson, Erik. «Lycalopex vetulus». Animal Diversity Web - Museu de Zoologia da Universidade de Michigão. Consultado em 19 de julho de 2021 
  10. a b Gaio, Fábio (2017). «UFG alerta sobre risco de extinção da raposa-do-campo». UFG 
  11. Fonseca, Vandré (2017). «Ser humano provoca metade das mortes de raposas-do-campo». ((o))eco. Consultado em 19 de julho de 2021 

Ligações externas

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