Güyük Khan
Güyük Khan | |
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Retrato de Güyük do século XV | |
Grão-cã do Império Mongol | |
Reinado | 1246-1248 |
Antecessor(a) | Toreguene Catum (regente) |
Sucessor(a) | Ogul Caimis (regente) |
Nascimento | 1206 |
Morte | 1248 |
Cônjuge | Ogul Caimis |
Pai | Oguedai Cã |
Güyük,[1][2] Guiuc,[3][4] Guiuque[5] (em latim: Cuyne[6] ou Gujuchus;[7] em mongol: Гүюг; romaniz.: Güiüg;[8] c. 1206 – 1248) foi o terceiro cã e segundo grão-cã do Império Mongol de 1246 a 1248, em sucessão à regência de Toreguene (r. 1241–1246). Era filho de Oguedai (r. 1229–1241). Iniciou sua trajetória como comandante militar na China nos anos 1230, onde destruiu o Reino de Xia Oriental. Depois, participou na grande expedição ocidental contra os quipechaques e seus aliados, estando sobretudo envolvido nos cercos de Riazã em 1237 e Magas em 1239–40. No período, entrou em atrito com seu primo Batu. O fato fez com que Oguedai o reconvocasse à corte mongol em 1240 ou 1241, mas parece não ter reencontrado seu pai antes de sua morte. Nos anos subsequentes à morte de Oguedai, possivelmente ocupou-se da tarefa de obter apoio para si, e no curiltai de 1246 foi eleito grão-cã.
Vida
[editar | editar código-fonte]Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Güyük nasceu em 1206 e era filho de Oguedai (r. 1229–1241) e sua principal esposa Toreguene. Pouco se sabe sobre seus primeiros anos. Em algum momento incerto, desposou Ogul Caimis dos merquites.[8] Em 1233, Oguedai envio-o à China com seu primo materno Alchidai e o general Tangude com a missão de destruir o Reino de Xia Oriental, que havia sido criado na Manchúria em 1215 por Puxiã Uanu, um oficial rebelde do Império Jim.[9] A expedição foi concluída em poucos meses devido a debilidade do reino.[10] Por volta de 1232, com a morte de seu tio Tolui, Oguedai sugeriu que a viúva Sorcaquetani fosse desposada por Güyük, mas a última declinou sob alegação de que sua principal responsabilidade era com seus filhos.[11]
Em 1235, Oguedai enviou-o com seu irmão Cadã na expedição ocidental contra os quipechaques e seus aliados russos, búlgaros e alanos. Esteve presente no Cerco de Riazã em 1237 e no Cerco de Magas em 1239–40.[10] De acordo com a História Secreta dos Mongóis, seus sucessos causaram o ressentimento de seu primo Batu, filho de Jochi. Em certo banquete, diz a fonte, Batu, por sua senioridade, esperava receber uma porção maior, mas foi servido após Buri, seu tio Güyük e um dos homens do último, chamado Hargasum Noiã, que ainda o ridicularizaram como um fraco efeminado.[12][13] Batu apelou a Oguedai, que em audiência com Güyük repreendeu-o severamente e enviou-o com Hargasum para junto de Batu para o devido julgamento. Outras fontes confirmam o fato, mas afirmam que o príncipe não retornou à Mongólia durante o restante da vida de Oguedai. Seja como for, o grão-cã reconvocou da expedição Oguedai e seu primo Mangu, filho de Tolui, em algum momento entre dezembro de 1240 e janeiro de 1241.[14]
Ascensão
[editar | editar código-fonte]Mesmo com a morte de seu pai em dezembro de 1241, aparentemente não retornou à corte, e sua mãe tomou a regência do império encabeçou a perseguição de oficiais do grão-cã. Oguedai esboçou o desejo de que seu neto favorito Xiremum fosse o sucessor, mas o mesmo não tinha idade e experiência para ganhar apoio. Toreguene, por sua vez, queria Güyük no trono e ele tinha como único forte concorrente o seu irmão mais novo Cotém. Apesar disso, o curiltai só foi convocado em 1246, quiçá porque Toreguene queria corrigir a direção da política imperial à direção congênita, enquanto Güyük ocupou seu tempo buscando apoio entre os príncipes para não ser marionete dela. De todo modo, sua eleição ocorreu formalmente em 24 de agosto de 1246,[14] perto da capital de Caracórum. O evento foi relatado por vários embaixadores estrangeiros: os franciscanos e emissários do papa Inocêncio IV, João de Plano Carpini e Benedito da Polônia; o grão-duque Jaroslau II; os incumbentes do trono da Geórgia; o irmão do rei da Armênia e historiador, Simbácio, o Condestável; o futuro sultão de Rum Quilije Arslã IV; e embaixadores do califa abássida Almostacim e Alaudim Maçude do Sultanato de Déli.[15]
Quando João de Plano Carpini protestou contra os ataques mongóis aos reinos cristãos da Europa, Güyük afirmou que eles haviam matado emissários mongóis na época de Gêngis e Oguedai. Também afirmou que "desde o nascer do sol até seu pôr-do-sol, todas as terras foram submetidas ao grão-cã", proclamando uma ideologia explícita de conquista mundial.[16] O grão-cã escreveu uma carta ao papa sobre as relações entre a Igreja e os mongóis. "Deves dizer com o coração sincero: 'Seremos os teus súditos; dar-te-emos a nossa força'. Deves vir pessoalmente com os teus reis, todos juntos, sem exceção, para nos prestar serviço e prestar homenagem. Só então reconheceremos sua submissão. E se você não seguir a ordem de Deus e ir contra nossas ordens, nós o reconheceremos como nosso inimigo."[17]
Reinado
[editar | editar código-fonte]Após sua eleição, vários oficiais que Toreguene tentou demitir como Chincai, Mamude Ialavache e Maçude Begue foram readmitidos e ela partiu para oeste para seu palácio (ordo) no vale do rio Emil.[14] Além disso, contra a vontade dela, prendeu, torturou e executou a favorita dela, a dama Fátima, por enfeitiçar seu irmão Codém, e Abderramão, que foi decapitado por corrupção. Dos oficiais provinciais nomeados por ela, só o oficial oirate Argum Aca permaneceu em seu posto. A própria Toreguene morreria pouco depois, possivelmente sob ordens do grão-cã.[18] Depois disso, teve que lidar com a ameaça de seu tio avô Temugue, que à época da regência de Toreguene tentou tomar o trono para si. Seu parente, após investigação encabeçada por Orda e Mangu, foi executado.[19] Também substituiu o cã infante Cara Hulegu (r. 1242–1246) do Canato de Chagatai por seu amigo íntimo e primo Iesu Mangu (r. 1246–1252).[14]
Güyük nomeou Eljiguidei como comandante militar na Pérsia com o intenção de fazer nova campanha na Ásia Ocidental e confiou-lhe a gerência de assuntos em Rum, Geórgia, Alepo, Moçul e Tacrur (Armênia Cilícia).[20] Alegando que isso melhoraria sua posição, saiu da capital Caracórum e se mudou para oeste, rumo ao apanágio de seu pai entre os rios Emil e Cobaque. Como seu pai, se esforçou para fazer um nome para si mesmo ao ganhar o favor das elites com presentes generosos que esvaziaram o tesouro e cogitou completar as campanhas dele contra o Império Songue da China, o Califado Abássida no Iraque Árabe e os fortes dos Assassinos na Pérsia. Quanto à religião, no entanto, destoou. Aceitou que orações cristãs fossem feitas abertamente no palácio (ordo), se cercou de médicos cristãos e dependeu como conselheiros dos uigures cristão Chincai e budista Bala e o naimano cristão Cadaque. Das demais religiões, a saber, muçulmanos e chineses, não fez nada além de repôr Mamude Ialavache e os seus associados nos seus postos e tratar com cortesia os comandantes chineses como Zhang Rou.[14]
Em 1246, ordenou que fosse feito o censo imperial. Com base nele, decretou que impostos entre 1⁄30 e 1⁄10 fossem aplicados sobre tudo e um imposto por cabeça no valor de 60 drames de prata foi coletado dos homens da Geórgia e Armênia.[21] Em 1247, após a morte do pai deles Jaroslau II (r. 1238–1246), Alexandre e André foram enviados por Batu para Caracórum, onde o grão-cã os nomeou respectivamente príncipe de Quieve e grão-príncipe de Vladimir-Susdália.[22] Embora respeitasse o grão-cã, a relação de Batu com ele nunca foi boa,[23] com o primeiro sequer participando do curiltai que elegeu o último, sob a alegação de estar com gota. Em 1248, com a transferência da capital para oeste, Batu foi notificado por Sorcaquetani, a viúva de Tolui, de um possível ataque contra ele conduzido pelo grão-cã e Eljiguidei.[24] Isso não se concretizaria, pois o saúde do grão-cã deteriorou a ponto dele falecer em abril em Cum-Senguir, em Sinquião. Com ajuda de alguns oficiais seniores, a viúva Ogul-Caimis assumiu a regência do Império Mongol.[25]
Avaliação
[editar | editar código-fonte]Segundo a História Secreta dos Mongóis, Oguedai repreendeu Güyük como autoconfiante, arrogante e disciplinador, governando suas tropas com medo. Fontes de seu reinado, por sua vez, o designaram como sombrio e doentio. Diz-se que era beberrão e isso pode ter comprometido sua saúde. Os cronistas muçulmanos consideraram-o pró-cristão e hostil ao islamismo.[14]
Referências
- ↑ Palazzo 2011, p. 126.
- ↑ Carpini 2015, p. 26.
- ↑ Vicente 2004, p. 9.
- ↑ Carpini 2005, p. 21; 99.
- ↑ EBM 1963.
- ↑ Beazley 1903, p. 86.
- ↑ Mayer 1819, p. 218.
- ↑ a b Atwood 2004, p. 211.
- ↑ Nyíri 2007, p. 4.
- ↑ a b Atwood 2004, p. 211-212.
- ↑ Man 2007, p. 19.
- ↑ Christian 1998, p. 412.
- ↑ Weatherford 2004, p. 162.
- ↑ a b c d e f Atwood 2004, p. 212.
- ↑ Roux 2003, p. 312.
- ↑ Jolly 1996, p. 459.
- ↑ Roux 2003, p. 315.
- ↑ Weatherford 2011, p. 99–100.
- ↑ Weatherford 2004, p. 165.
- ↑ Jackson 1998, p. 366-367.
- ↑ Hovannisian 2004, p. 259.
- ↑ Martin 2007, p. 152.
- ↑ Editores 1998.
- ↑ Atwood 2004, p. 512.
- ↑ Atwood 2004, p. 212-213.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Atwood, Christopher P. (2004). Encyclopedia of Mongolia and the Mongol Empire. Nova Iorque: Facts On File, Inc.
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