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Reuven Feuerstein

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Reuven Feuerstein
Reuven Feuerstein
Feuerstein em 8 de outubro de 2009.
Nascimento: 21 de agosto de 1921
Local: Botoşani
Falecimento: 29 de abril de 2014 (92 anos)
Local: Jerusalém
Nacionalidade: israelense
Ocupação: Psicólogo
Educador

Reuven Feuerstein (hebraico פוירשטיין) (Botoşani, Romênia, 21 de Agosto de 1921 - Jerusalém, Israel, 29 de Abril de 2014) foi um professor e psicólogo judeu-israelense, criador da Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural (MCE), a teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada (MLE), e o Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI).[1] A ideia de que inteligência pode ser desenvolvida está associada ao trabalho do Professor Feuerstein.

Vida, teorias e obra

Feuerstein estudou na Universidade de Genebra sob orientação de Jean Piaget, André Rey, Barbel Inhelder e Marguerite Loosli Uster e é um seguidor de Lev Vygotsky. Ele foi o presidente do Centro Internacional pelo Desenvolvimento do Potencial de Aprendizagem (ICELP) em Jerusalém. Os conceitos de que a inteligência é plástica e modificável, e que a inteligência pode ser pensada, são centrais na Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural. A inteligência pode ser desenvolvida em um ambiente de aprendizagem mediada criado a partir da teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada.[2]

Um mediador é uma pessoa que trabalha interagindo com o aprendiz estimulando suas funções cognitivas, organizando o pensamento e melhorando processos de aprendizagem. Depois de desenvolver suas teorias e de aplicar uma série de intervenções práticas para mediação com crianças sobreviventes do holocausto,[1] Feuerstein respondeu à demanda de professores por métodos que pudessem solidificar seu trabalho no formato curricular. Para esse fim, ele desenvolveu 14 “instrumentos” que mediadores e estudantes usaram para enriquecer funções cognitivas e construir o hábito de se ter um pensamento eficiente. Ele organizou esses instrumentos “livres de conteúdo” (content free) em um programa de 3 anos para estudantes acima de 9 anos. Esse programa é chamado de Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI).[2]

Depois de 50 anos de sucesso, documentados por mais de 1500 pesquisas científicas com várias populações, incluindo engenheiros da Motorola (EUA), estudantes carentes em comunidades rurais do Brasil (Bahia), imigrantes não-alfabetizados (Etiópia), crianças autistas e com síndrome de Down (Jerusalém-Israel), estudantes do ensino médio com baixo aproveitamento em matemática (Cleveland, Ohio, EUA) e muitos outros grupos. Tem um neto portador da síndrome de Down que foi auxiliado por seus métodos e que apresentou bom desempenho na escola regular.[3]

Feuerstein desenvolveu uma versão básica do PEI para uso com crianças e adolescentes com dificuldades cognitivas profundas. Projetos através do estado do Alasca (EUA), Grã-Bretanha, Itália, Índia e Japão tem sido desenvolvidos, explorando a aplicabilidade de novos instrumentos com jovens com dificuldades diversas de aprendizagem.[3]

Abaixo pode-se ler a participação de Myron Tribus, publicado em um diário chamado Letters From Jerusalem, na 18ª Conferência Anual do ICELP em Julho de 1997:

Benjamin Netanyahu também disse:

Como parte da cerimônia de abertura, Prof. Feuerstein disse:

Para o autor a aprendizagem pelas vias da mediação, deve ser compreendida diferentemente da aprendizagem pela exposição direta do sujeito ao objeto ou estímulo. Ou seja, há a necessidade da intervenção de um mediador humano, que para ele é um sujeito cuja ação mediadora é intencional e não-ingênua. Ele se interpõe entre o sujeito (mediando/aprendiz) e o mundo (no sentido amplo – conteúdo, estímulo, objeto, etc.), conduzindo a reflexão e interação tendo em vista a introdução de pré-requisitos ou recursos cognitivos (da dimensão do pensar) que potencializarão progressivamente a capacidade de aprendizagem deste sujeito.

Deve-se mencionar que o conceito de “mediador” e “mediação”, são tratados aqui de forma específica, e não em sentido amplo. Tais terminologias são aplicadas em outros âmbitos da educação com conotações diversas. Porém, para a abordagem de Reuven Feuerstein ou da EAM (Experiência da Aprendizagem Mediada), para que haja mediação são necessários pelo menos 3 critérios:

  • 1 Intencionalidade e Reciprocidade: Intencionalidade por parte do mediador e reciprocidade perante o mediado para focagem e satisfação das necessidades do mediado;
  • 2 Transcendência: Transcendência da realidade concreta, “do aqui-e-agora” e da tarefa aprendida, generalizando para posterior aplicação da compreensão de um fenômeno apreendido em outras situações e contextos;
  • 3 Mediação de significado: Construção (incitada pelo mediador) de significados que permitam compreender a importância da aprendizagem e interpretar os resultados alcançados.
Feuerstein com um aluno em 1993.

Estes critérios foram observados empiricamente por Feuerstein, como fatores comuns em toda situação de mediação. Em seguida será ampliado o significado de cada um destes critérios.

Por intencionalidade do mediador e reciprocidade do mediando, entende-se a consciência do interventor humano em sua tarefa ante o mediado e o estímulo, ou seja, clareza de suas intenções educativas. Não se ensina ou se estimula para o nada. Há sempre uma intenção um objetivo, nenhum processo educativo pode ser realizado sem objetivos. Da mesma forma o mediado deve dar um feedback e estar consciente de que, ante uma situação de aprendizagem mediada, o que se tem não é apenas o cumprimento de uma tarefa, mas que há uma intenção que transcende a situação posta.

A construção de significados, é quando o mediador trabalha com a elaboração de valores e códigos culturais (linguagem). Para que haja mediação, é necessário trabalhar com o uso apropriado das palavras e a significação de símbolos e representações que estão antepostas ao mediado. O mediador introduz problematizando, conceitos e significados. Afinal o mediado compreenderá uma realidade dada a partir de sua leitura de mundo, que por sua vez é elaborada por sentidos e significados que ele dá aos estímulos de sua realidade objetiva. Aqui a linguagem, na perspectiva vygotskyana, é um instrumento ou uma ferramenta psicológica de intervenção e estruturação do pensamento. O mediador tem como função introduzir e aprimorar no mediado estes instrumentos.

Por transcendência, entende-se algo que foi aprendido e logo foi extrapolado para outras dimensões espaço-temporal da vida do mediado. Ou seja, no processo de mediação o mediador deve ter a capacidade de conduzir o aprendiz para além do problema a ser resolvido. Universalizando ou transcendendo as soluções adquiridas ante uma situação-problema imediata, conduzindo-o a pensar sobre a aplicabilidade destes conceitos em outras situações de sua realidade. Para Feuerstein, se há a presença destes 3 critérios, há Aprendizagem Mediada.

Quando se fala de EAM dentro desta estrutura básica, fala-se de aprendizagem mediada em todas as dimensões humanas. Informalmente uma mãe ensina seu filho a andar e falar, uma criança aprende a andar de bicicleta, etc.

Há vários centros autorizados[4] no Brasil que dão treinamento no Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI), o referido instrumento - segundo o autor - não deve ser aplicado sem o devido treinamento realizado por centros sob a supervisão do ICELP-Jerusalém-Israel.

Ver também

Referências

  1. a b YouTube - As contribuições de Reuven Feuerstein para educação e intervenção cognitiva. Acessado em 03/07/2018.
  2. a b «Institute for the Enhancement of Learning Potential» (em inglês) 
  3. a b Artigo: Os milagres do Dr. Feuerstein (Link), Revista Seleções, Abril de 2002, pág.95. Acessado em 17/02/2013.
  4. «Authorized Training Centers» (em inglês). Consultado em 4 de junho de 2008. Arquivado do original em 23 de julho de 2007 

Bibliografia

  • SHARRON, HOWARD Changing Children's Minds: Feuerstein's Revolution in the Teaching of Intelligence Souvenir Press Ltd (February 1991) ISBN 0-285-65034-3
  • FEUERSTEIN, R.; FALIK, L.H.; FEUERSTEIN, R. S.; RAND, Y. The Dynamic Assessment of Cognitive Modifiability: the learning propensity assessment device: theory, instruments and techniques. Jerusalem: The ICELP Press, 2002.
  • GOMES, C.M.A. Feuerstein e a Construção Mediada do Conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2002.
  • SOUZA, A.M.M.; DEPRESBITERIS, L.; MACHADO, O.T.M. (2004). A mediação como principio educacional. Bases teóricas das abordagens de Reuven Feuerstein. Porto Alegre: Artmed. ISBN 85-7359-374-1
  • MEIER, Marcos; GARCIA, Sandra. “Mediação da Aprendizagem – Contribuições de Feuerstein e de Vygotsky”. Curitiba, Edição do Autor, 5ª ed. 2009.

Ligações externas

Em inglês

Em português

Vídeos

  • YouTube - Dr. Reuven Feuerstein, addresses NUA national conference. Link 1 (em inglês) Link 2 (em português). Acessado em 03/07/2018.
  • YouTube - Educação Mediada Experiência De Aprendizagem Mediada (I). (em português) Acessado em 03/07/2018.