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Judaísmo

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O Judaísmo é a religião e cultura do povo judeu. As doutrinas e história do Judaísmo constituem os fundamentos históricos de muitas outras religiões, incluindo o cristianismo e o islão.

Sinagoga do Porto

O judaísmo não se caracteriza como uma religião. Em vez disso, os judeus têm encarado tradicionalmente o judeísmo como uma cultura com a sua própria história, língua (hebraica), pátria ancestral, liturgia, filosofia, princípios éticos, práticas religiosas, etc.

O assunto do Tanach (o Velho Testamento) é um relato da relação dos israelitas (também conhecidos como hebreus) com Deus, segundo os reflexos dessa relação na sua história desde o princípio dos tempos e a construção do segundo templo (cerca de 350 BCE).

Para os judeus, a Torá (o Pentateuco) foi transmitida a Moisés, diretamente de Deus e ensinada ao povo. Seu conteúdo foi compilado na íntegra, para que assim ele jamais fosse esquecido e permanecesse imutável, mesmo com o passamento dos sábios que a transmitiram, de geração a geração.

Se bem que o judaísmo tenha sempre reconhecido um certo número de outros princípios de fé judaicos, nunca desenvolveu um catecismo obrigatório. Surgiram variadas formulações das crenças judaicas, a maioria das quais com muito em comum entre si, mas divergentes em vários aspectos. Nos últimos dois séculos, a comunidade judaica dividiu-se em várias movimentos judaicos. Cada um desses movimentos tem uma abordagem diferente no estilo de vida, cada movimento cumpre mais ou menos leis. A maior parte das formas de judaísmo ortodoxo geralmente cumprem muitos preceitos, ao passo que as formas não-ortodoxas de judaísmo geralmente defendem que os princípios foram evoluindo com o tempo e adapta o judaísmo aos costumes locais. Estes tópicos são discutidos com maior profundidade no artigo sobre os princípios de fé judaicos.

Movimentos judaicos

O judaísmo é comummente dividido nos seguintes movimentos:

Textos judaicos clássicos

Algumas destas categorias sobrepõem-se, e alguns livros incluem secções que pertencem a mais do que uma categoria. Por esse motivo, e a fim de tornar este esquema o mais útil possível, alguns destes livros podem aparecer ligados a partir de mais do que uma categoria.

Princípios de Fé

Interior da Sinagoga portuguesa de Amsterdão

Surgiram variadas formulações das crenças judaicas, a maioria das quais com muito em comum entre si, mas divergentes em vários aspectos. Uma comparação entre várias dessas formulações mostra um elevado grau de tolerância pelas diferentes perspectivas teológicas. O que se segue é um sumário das crenças judaicas. Uma discussão mais detalhada destas crenças, acompanhada por uma discussão sobre as suas origens, pode ser encontrada no artigo sobre os princípios de fé judaicos.

  • Monoteísmo - O judaísmo baseia-se num monoteísmo unitário estrito, a crença num único Deus. Deus é visto como eterno, o criador do universo e a fonta da moralidade.
  • Deus é unico - A ideia de Deus como uma dualidade ou trindade é herética para os judeus. É encarada como próxima do politeísmo. Curiosamente, enquanto que os judeus defendem que tais concepções de Deus estão incorrectas, são geralmente de opinião que os gentios que têm tais crenças não são culpados.
  • Deus é omnipotente (todo-poderoso) e omnisciente (tudo sabe) e onipresente (está em todo lugar). Os diversos nomes de Deus são maneiras de expressar diferentes aspectos da presença de Deus no mundo. Ver a entrada acerca do nome de Deus no judeísmo.
  • Deus é não-físico, não-corpóreo e eterno. Todas as declarações na Bíblia hebraica e na literatura rabínica que utilizam antropormofismo são encaradas como conceitos linguísticos ou metáforas, por ser impossível falar de Deus de outro modo.
  • Só a Deus se pode oferecer preces. Todas as crenças de que pode ser usado um intermediário entre o homem e Deus, seja ele necessário, seja apenas opcional, têm sido consideradas heréticas.
  • A Bíblia hebraica e muitas das crenças descritas na Mishná e no Talmud são tidas como produto de Revelação divina. O modo como funciona a revelação, o que se quer dizer, exactamente, quando se diz que um livro é "divino", tem sido desde sempre matéria de alguma disputa. Existem entre os judeus diferentes perspectivas sobre este assunto.
  • As palavras dos profetas são verdadeiras.
  • Moisés foi o maior de todos os profetas e também o mais humilde. Como um grande professor para o povo judeu.
  • A Torá (os cinco livros de Moisés) é o texto principal do judaísmo. O judeísmo rabínico defende que a Torá é idêntica à que foi entregue por Deus a Moisés no Monte Sinai. Os judeus ortodoxos acreditam que a Torá que existe hoje é exactamente aquela que foi entregue por Deus a Moisés, com um número reduzido de duvidas de cópia. Devido aos avanços nos estudos bíblicos e na pesquisa arqueológica e linguística, a maioria dos judeus não-ortodoxos rejeita este princípio. Em vez disso, aceitam que o núcleo da Torá Oral e Escrita pode provir de Moisés, mas afirmam que a Torá escrita que existe hoje foi amalgamada a partir de vários documentos.
  • Deus escolheu o povo judeu para participar numa aliança única com Deus; a descrição desta aliança é a própria Torá. Ao contrário do que geralmente se pensa, o povo judeu não diz simplesmente que "Deus escolheu os judeus". Os judeus acreditam que foram escolhidos para desempenhar uma missão específica: para servir de luz para as nações e para ter uma aliança com Deus tal como descrito na Torá. Esta ideia é discutida em maior profundidade na entrada sobre o povo escolhido. O judeísmo reconstrucionista rejeita o conceito da escolha como moralmente defunto.
  • A alma é pura no momento do nascimento. As pessoas nascem com um yêsser hattôb, uma tendência para o bem, e com um yêsser harâ', uma tendência para o mal. Consequentemente, os seres humanos são providos de livre arbítrio e podem escolher o seu próprio caminho na vida.
  • As pessoas podem expiar os seus pecados. A liturgia dos Dias de Temor (Rosh Hashaná e Yom Kippur) declara que a prece, o arrependimento e o sedacá (doação espontânea para caridade) expiam os pecados. Uma discussão mais detalhada da visão judaica do pecado pode encontrar-se na entrada sobre o pecado.

A "profissão de fé" de um judeu é: "Shemá' Yisrael Adonay Elohénu Adonay echad" Tradução: "Ouve Yisrael, o Eterno é nosso Deus, o Eterno é um" (Nota-se que muitos judeus asquenasí usão aqui a palavra hebraica 'Hashem' em lugar de 'Adonay', literalmente "o nome", como uma alusão a Seu Santo Nome que não pode ser pronunciado ou escrito.)

O que faz de alguém judeu?

A Lei Judaica considera judeu todo aquele que nasceu de mãe judia ou se converteu de acordo com a Lei Judaica. (Recentemente, os seguidores da Reforma Americana e do Reconstrucionismo têm incluído também as crianças nascidas de pai judeu e mãe gentia, desde que educadas de acordo com a religião judaica.)

Um judeu que deixe de praticar o Judaísmo e se transforme num judeu não-praticante continua a ser considerado judeu. Um judeu que não aceite os princípios de fé judaicos e se torne agnóstico ou ateu também continua a ser considerado judeu.

No entanto, se um judeu se converte a outra religião, como o Budismo ou o Cristianismo, perde o lugar como membro da comunidade judaica e transforma-se num apóstata. Segundo a tradição, a sua família e amigos tomam luto por ele, pois para um judeu abandonar a religião é como se morresse. No entanto, embora a pessoa esteja fora da comunidade judaica e tenha ideias não-judaicas, essa pessoa ainda é judaica de acordo com a maior parte das autoridades em lei judaica.

Filosofia judaica

A filosofia judaica é a conjugação entre o estudo sério de filosofia e a teologia judaica. A filosofia judaica inicial foi influenciada pelas filosofias de Platão, Aristóteles e pela filosofia islâmica. Os filósofos judaicos mais importantes fora, entre outros, Solomon ibn Gabirol, Saadiá Gaon, Maimonides e Gersonides. Grandes mudanças se seguiram ao Iluminismo (finais do século XVIII, início do século XIX), levando ao aparecimento dos filósofos judaicos pós-iluministas e, mais tarde, aos filósofos judaicos modernos.

Para mais informações, veja o artigo acerca da filosofia judaica.

A Torá e a lei judaica

A base da lei e tradição judaica é a Torá (os cinco livros de Moisés). De acordo com a tradição rabínica, existem 613 misvot (mandamentos) na Torá. Algumas destas leis dirigem-se apenas aos homens ou às mulheres, alguns apenas aos Kohanim e aos Leviim (membros da tribo clérica), outras apenas àqueles que constroem dentro da terra de Israel, e muitas outras eram aplicáveis apenas na época em que existia o Templo em Jerusalém. São menos de 300 os mandamentos ainda aplicáveis hoje em dia.

Apesar de terem existido grupos judaicos que se baseavam apenas no texto escrito da Torá (os Saduceus e os Karaitas), a maior parte dos judeus acreditavam naquilo a que chamavam a lei oral. Estas tradições orais originaram-se no sector Fariseu do judeísmo antigo, e foram mais tarde passadas a escrito e expandidas pelos rabinos.

O judeísmo rabínico sempre defendeu que os livros do Tanakh (chamados de lei escrita) foram desde sempre transmitidos em paralelo com a tradição oral. Aponta-se para o texto da Torá, onde muitas palavras não têm definição e muitos procedimentos são mencionados sem explicação ou instruções; isto, afirma-se, significa que é suporto que o leitor esteja familiarizado com os detalhes a partir de outras fontes, orais. Este conjunto paralelo de material foi originalmente transmitido de forma oral e ficou conhecido como "a lei oral". Alguns dos métodos de onde é derivado podem ser consultados no Midrash halakhico. No entanto, ao tempo do rabino Yehudá Ha-Nasí (200 CE) a maior parte deste material foi editado em conjunto no Mishná. Ao longo dos quatro séculos seguintes, esta lei sofreu discussão e debate em ambas as maiores comunidades judaicas do mundo (em Israel e na Babilónia), e os comentários ao Mishná produzidos por cada uma das duas comunidades acabaram por ser editados em compilações conhecidas como os dois Talmudes. Estes foram interpretados pelos comentários de vários estudiosos da Torá ao longo dos séculos.

Consequentemente, a Halakhá, ou o modo de vida do judeísmo rabínico, não se baseia numa leitura literal da Torah, mas sim na combinação das tradições oral e escrita, o que inclui o Tanakh, o Mishná, o Midrash halakhico, o Talmud e os seus comentários. Estes foram sumariados nos códigos de lei judaica por vários estudiosos da Torá, tais como os rabinos Alfasi, Maimonides, Ya'akob ben Asher, Yossef Karo, etc.

A Halakhá desenvolve-se lentamente, atrtavés de um sistema baseado em precedentes. A literatura de perguntas aos rabinos, e as suas respostas, é designada por responsa (em hebraico, "Sheelot U-Tshubot".) Ao longo do tempo, à medida que a prática se desenvolve, novos códigos de lei judaica são escritos, baseados na responsa.

Excomunhão

O Chérem é a mais alta censura eclesiástica na comunidade judaica. É a exclusão total da pessoa da comunidade judaica. Excepto em casos raros que tiveram lugar entre os judeus ultra-ortodoxos, o cherem deixou de se praticar depois do iluminismo, quando as comunidades judaicas locais perderam a autonomia de que dispunham anteriormente e os judeus foram integrados nas nações gentias em que viviam. Uma discussão mais aprofundada deste assunto pode ser encontrada no artigo sobre o chérem.

Feriados

A vida judaica está repleta de tradição religiosa, e é celebrada um ciclo anual de feriados judaicos.

Acontecimentos do ciclo de vida

Existem acontecimentos do ciclo da vida de um judeu que o/a unem a toda a comunidade.

Berit milá - As boas-vindas dos bebés do sexo masculino à aliança através do ritual da circuncisão.
Zébed habbát - As boas-vindas dos bebés do sexo feminino em a tradição sefaradí.
Bar misvá e Bat misvá - A celebração da chegada de uma criança à maioridade, e por se tornar responsável, daí em diante, por seguir uma vida judaica e por seguir a halakhá.
Casamento
Luto - O judaísmo tem práticas de luto em várias etapas. À primeira etapa (observada durante uma semana) chama-se Shib'a, à segunda (observada durante um mês) chama-se sheloshim e, para aqueles que perderam um dos progenitores, existe uma terceira etapa, a avelut yod bet chódesh, que é observada durante um ano.

Outros tópicos, cada um com a sua própria entrada

  • A entrada sobre os rabinos discute o papel dos rabinos e fornece ligações para entradas sobre muitos rabinos importantes.
  • O Tanakh (Bíblia hebraica, Antigo Testamento) traça uma distinção entre os israelitas vulgares e uma casta clerical chamada Kohanim. Pode-se encontrar uma discussão sobre o sacerdócio judaico na sua própria entrada, Kohen.
  • Literatura rabínica - discutem-se as muitas obras do judaísmo clássico.
  • Kashêr, ou Kashrut - as leis alimentares judaicas. Esta entrada discute as razões para a existência de tais leis e descreve quais os alimentos que são Kashêr e quais os que não são.
  • Shabbat - Esta entrada é sobre a visão judaica do Sabbath, o papel que ele tem no judaísmo, e as regras que presidem à sua observância.
  • Existe uma entrada sobre o papel da mulher no judaísmo.
  • O Templo em Jerusalém já não existe, mas continua a desempenhar um papel importante na fé judaica.
  • Existe uma descrição dos serviços judaicos, que descreve os serviços de prece diários, e oferece um guia para visitantes de uma sinagoga
  • O papel do cantor no judaísmo discute o papel do cantor (chazzan) enquanto emissário da congregação.
  • O tallét é um xaile de prece judaico.
  • Escatologia judaica - A visão judaica do Messias e do além.
  • Pode ser encontrado aqui um sumário das opiniões judaicas sobre homossexualidade.
  • As entradas sobre a ética judaica e o Movimento Mussar debruçam-se sobre os ensinamentos éticos do judaísmo.
  • Teologia do Holocausto
  • Halakhá (leis e costumes judaicos) and a literatura de responsa.
  • O artigo sobre as opiniões judaicas acerca do pluralismo religioso descreve o modo como o judaísmo encara as outras religiões. Também descreve a atitude dos membros das várias seitas judaicas em relação às outras seitas.

Cronologia histórica do judaísmo

Existe um artigo separado que contém uma cronologia histórica do judaísmo.

Seitas e facções judaicas anteriores ao Iluminismo

O judeísmo rabínico foi, em tempos, relacionado com o samaritanismo. Os samaritanos, no entanto, já não se consideram judeus, e ambos os grupos se consideram religiões separadas.

Por volta do primeiro século D.C. havia várias grandes seitas em disputa da liderança entre os judeus, e em geral todas elas procuravam, de forma diversa, uma salvação messiânica em termos de autonomia nacional dentro do Império Romano: os fariseus, os saduceus, os zelotas e os essenos. Entre estes grupos, apenas o dos fariseus sobreviveu ideologicamente; a sua descendência ideológica, os rabinos, rapidamente tomou o controlo da religião, e vieram a originar todas as seitas modernas. O cristianismo, a certa altura, relacionou-se com uma facção judaica que acreditava que Jesus era o Messias, mas esta seita de cristãos judeus, rejeitada tanto pelos judeus como pelos cristãos, acabou por desaparecer.

Alguns judeus no século VIII adoptaram a rejeição dos saduceus pela lei oral dos fariseus / rabinos registada na Mishná (e desenvolvida por rabinos mais recentes nos dois Talmudes), pretendendo confiar apenas no Tanakh. Curiosamente, este grupo em breve desenvolvia as suas próprias tradições orais, diferentes das rabínicas. Estes judeus criaram a seita Karaita, que ainda existe hoje em dia, se bem que os seus seguidores sejam em muito menor número que o resto dos judeus. Os judeus rabínicos defendem que os Karaitas são judeus, mas que a sua religião é uma forma de judeísmo incompleta e errónea.

Ao longo do tempo, os judeus foram-se diferenciando em grupos étnicos distintos: os Asquenazi (da Europa de Leste e da Rússia), os Sefarditas (de Espanha, Portugal e do Norte de África) e os Judeus Iemenitas, da extremidade sul da península Arábica. Esta divisão é cultural e não se baseia em qualquer disputa doutrinária.

O desenvolvimento do judaísmo hasídico

O judaísmo hasídico foi fundado por Israel ben Eliezer (1700-1760), também conhecido por Ba'al Shem Tov, ou pelo Besht. Os seus discípulos atraíram muitos seguidores, e eles próprios estabeleceram numerosas seitas hasídicas na Europa. O judeísmo hasídico acabou por se transformar no modo de vida de muitos judeus na Europa, e chegou aos Estados Unidos durante as grandes vagas de emigração judaica na década de 1880.

Algum tempo antes, tinha havido um sério cisma entre os judeus hasídicos e não-hasídicos. Os judeus europeus que rejeitavam o movimento hasídico eram apelidados pelos Hasidim como mitnagdim, (lit. "oponentes"). Alguns dos motivos para a rejeição do judeísmo hasídico radicavam-se na exiberância opressiva da prece hasídica - nas suas imputações não-tradicionais de que os seus líderes eram infalíveis e alegadamente operavam milagres, e na preocupação com a possibilidade de o movimento se transformar numa seita messiânica. Desde então, todas as seitas do judaísmo hasídico foram absorvidas pela corrente principal do judaísmo ortodoxo, e em particular pelo judaísmo ultra-ortodoxo.

Veja os artigos sobre o judaísmo hasídico e os mitnagdim para obter informação mais detalhada.

O desenvolvimento das seitas modernas em resposta ao Iluminismo

Nos finais do século XVIII, a Europa foi varrida por um conjunto de movimentos intelectuais, sociais e políticos conhecidos pelo nome de Iluminismo. O judaísmo desenvolveu-se em várias seitas distintas em resposta a este fenómeno sem precedentes: o judaísmo da reforma e o judaísmo liberal, muitas formas de judaísmo ortodoxo e judaísmo conservador e ainda uma certa quantidade de grupos mais pequenos.

Este assunto está coberto em maior profundidade no artigo sobre as seitas judaicas.

O estado do judeísmo entre os judeus actuais

Na maior parte das nações ocidentais, como os EUA, a Inglaterra, Israel e a África do Sul, muitos judeus secularizados deixaram há muito de participar nos deveres religiosos. Muitos deles lembram-se de ter tido avôs religiosos, mas cresceram em lares onde a educação e observância judaicas já não eram uma prioridade. Desenvolveram sentimentos ambivalentes no que toca aos seus deveres religiosos. Por um lado, tendem a agarrar-se às suas tradições por razões de identidade, mas por outro lado, as influências da mentalidade ocidental, vida quotidiana e pressões sociais tendem a afastá-los do judeísmo. Estudos recentes feitos em judeus americanos indicam que muitas pessoas que se identificam como de herança judaica já não se identificam enquanto membros da religião conhecida como judeísmo. As várias seitas judaicas nos EUA e no Canadá encaram este facto como uma situação de crise, e têm sérias preocupações com as crescentes taxas de casamentos mistos e assimilação entre a comunidade judaica. Uma vez que os judeus americanos têm vindo a casar mais tarde do que acontecia antigamente, têm vindo a ter menos filhos, e a taxa de nascimentos entre os judeus americanos desceu de mais de 2.0 para 1.7 (a taxa de substituição é de 2.1) (This is My Beloved, This is My Friend: A Rabbinic Letter on Intimate relations, p.27, Elliot N. Dorff, The Rabbinical Assembly, 1996)

Nos últimos 50 anos todas as principais seitas judaicas têm assistido a um aumento de popularidade, com um número crescente de jovens judeus a participar na educação judaica, a aderir às sinagogas e a se tornarem (em graus diversos) mais observantes das tradições. Existe um artigo separado sobre o movimento Baal teshuva, o movimento dos judeus que regressam à observação do judeísmo. No entanto, este crescimento não tem compensado a perda demográfica devida aos casamentos mistos e à aculturação.

Entretanto, o cristianismo tem inspirado seitas como a dos Judeus por Jesus e o judeísmo messiânico, e pessoas descontentes com a corrente principal do judeísmo fundaram o Judeo-Paganismo. Devido ao facto de estes movimentos incorporarem religiões não-judaicas em conjunto com o judeísmo, os movimentos judaicos da corrente principal não consideram que os Judeus por Jesus, o judeísmo messiânico e o Judeo-Paganismo façam parte da religião judaica. Apesar disso, alguns membros destes movimentos identificam-se como judeus.

O cristianismo e o judaísmo

Existem diversos artigos sobre a relação entre o judaísmo e o cristianismo. Esses artigos incluem:

Desde o Holocausto, deram-se muitos passos no sentido da reconciliação entre alguns grupos cristãos e o povo judeu. O artigo sobre a reconciliação entre judeus e cristãos estuda este assunto.

Os Judeus por Jesus é um movimento religioso evangélico cristão, que se identifica como jucaico, e que acredita que Jesus é Deus e o Messias. Alguns outros judeus messiânicos, embora sem nenhuma organização oficial, aceitam Jochanan ben Zakkari (o Baptista) e Jeshu, o Nazareno, como rabinos reformistas de entre os tempos de Hillel e Gamaliel, riscados das listas pelos tradicionalistas. Nem todos estes grupos concordam com as crenças católicas relativas à divindade de Cristo ou se identificam com as igrejas cristãs. Apesar de muitos judeus messiânicos serem etnicamente judeus, naturalmente não são considerados parte da comunidade judaica pelos grupos religiosos da corrente principal ou outros. Disso resulta que essas pessoas tendem a manter as suas crenças em segredo e a interagir como judeus nas comunidades a que pertencem.

O islão e o judaísmo

Existe um artigo separado sobre a relação entre o islão e o judaísmo e outro sobre a tradição judaico-islâmica. Um artigo separado, A Bíblia no Islão discute a forma como os muçulmanos entendem, tradicionalmente, a Bíblia.

Existem artigos sobre o islão e o anti-semitismo e projectos de luta pela paz entre israelitas e árabes.

Ver também: judeus, religiões abrâmicas, Israel, Sionismo, Anti-Semitismo, Siddur e história dos judeus na Rússia e na União Soviética

Referências

  • Living Judaism: The Complete Guide to Jewish Belief, Tradition and Practice Wayne Dosick.
  • Conservative Judaism: The New Century, Neil Gillman, Behrman House.
  • American Jewish Orthodoxy in Historical Perspective Jeffrey S. Gurock, 1996, Ktav.
  • Philosophies of Judaism Julius Guttmann, trad. por David Silverman, JPS. 1964
  • Back to the Sources: Reading the Classic Jewish Texts Ed. Barry W. Holtz, Summit Books
  • A History of the Jews Paul Johnson, HarperCollins, 1988
  • A People Divided: Judaism in Contemporary America, Jack Wertheimer. Brandeis Univ. Press, 1997.
  • Encyclopaedia Judaica, Keter Publishing, edição CD-ROM, 1997
  • O artigo sobre "The American Jewish Identity Survey" por Egon Mayer, Barry Kosmin e Ariela Keysar; uma parte de The American Religious Identity Survey, City University of New York Gradute Center. Um artigo sobre este estudo foi publicado em The New York Jewish Week, de 2 de Novembro de 2001.

Ligações externas

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