António Fernando dos Santos
António Fernando dos Santos | |
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Nascimento | 1918 (106 anos) Vila Real de Santo António |
Morte | agosto de 1991 Lisboa |
Cidadania | Portugal |
Ocupação | pintor, desenhista, gráfico |
António Fernando dos Santos (Vila Real de Santo António, 1918 - Lisboa, Agosto de 1991), mais conhecido por Tóssan, foi um pintor, ilustrador, decorador e gráfico português.
História
[editar | editar código-fonte]Nasceu em Vila Real de Santo António, em 1918.[1]
Exerceu como publicista e ilustrador,[1] tendo tido uma carreira multifacetada, com a produção de retratos, anúncios publiciários, caricaturas, textos, livros, crónicas na imprensa, e ilustrações para histórias infantis.[2] Em 1963 produziu a curta-metragem muda A Gravata de Tóssan, a preto e branco,[3] com um tom cómico, onde o próprio Tóssan recebe uma gravata que ganha vida e se esconde, forçando-o a procurá-la pela casa.[2]
Colaborou no Teatro Lethes, em Faro, no Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, e com a Embaixada do Brasil.[3] Fez trabalhos para o Diário de Notícias e para várias editoras, como a Terra Livre.[3] Entre as suas obras encontram-se a série Lógica Zoológica, que foram editadas em 1983 no semanário satírico O Bisnau.[3] Travou amizade com grandes figuras da cultura e política nacional, como António Aleixo, Almeida Santos, Mário Viegas e Raul Solnado.[3] Uma das suas obras mais destacadas foi a Ode ao Futebol, escrita em 1945, que foi publicada no jornal A Bola, e declamada por Raul Solnado em 1969 no programa Zip Zip.[3] Na década de 1950 viveu em Ferreira do Alentejo, tendo então produzido várias ilustrações para a feira anual daquela vila.[1] Também viveu e laborou na cidade de Brasília.[3] Faleceu em Agosto de 1991, na cidade de Lisboa.[4]
De acordo com o catálogo da exposição A Vida É Engraçada, organizada na cidade de Setúbal em 2018, António Fernando dos Santos foi descrito como «o humorista total, o poeta do absurdo, o declamador de memória prodigiosa, o incrível conviva que reinava em jantares e festas, desfiando ininterruptamente histórias fantásticas que muitas vezes eram apenas episódios da sua vida real, o eterno apaixonado pela infância, que brindava as crianças, que não teve, com jogos desenhados e papéis recortados».[2] O comissário da exposição, Jorge Silva, referiu que «Tóssan era o vulcão explosivo que contagiava tudo o que tocava. Foi assim no Teatro Lethes em Faro, no TEUC em Coimbra, na Embaixada do Brasil, no Diário de Lisboa e na editora Terra Livre. Escrevia para a gaveta, em centenas de papéis rabiscados com ideias, esboços e poemas completos, de um nonsense e humor irresistíveis, a dar um sentido à vida, que Tóssan acreditava absurda».[2] Na exposição organizada nesse ano em Matosinhos, Jorge Silva classificou António Fernando dos Santos como «uma personagem extraordinária, de grande qualidade humorista», e como «uma parte fundamental do nosso passado gráfico, das nossas artes visuais».[3]
Após o seu falecimento, as suas obras integraram várias exposições temáticas, incluindo na Galeria Municipal do 11, no âmbito da Festa da Ilustração de Setúbal,[2] em Outubro desse ano na Casa do Design, em Matosinhos,[5] e em 2023 no Centro Cultural Manuel da Fonseca, em Ferreira do Alentejo.[1]
Em Agosto de 2019 foi lançado em Loulé um conjunto de três livros sobre o autor, composto por dois livros de poemas e contos e o catálogo da exposição O homem que só queria ser Tóssan, organizada na Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo.[6] Os livros, intitulados de Lógica zoológica, Frutos e desfrutos, Animalia, Contos e descontos e Versos côncavos e com versos, são uma compilação de textos do autor, dos quais alguns eram inéditos.[6]
Obras
[editar | editar código-fonte]Cão pêndio, Lisboa, Portugália, 1959.
Trabalhos de ilustração de livros
[editar | editar código-fonte]- Caldwell, Erskine (1903-1987).
- A coelhinha do rabito de algodão. Lisboa, Portugália, 196?.
- Colaço, Maria Rosa (1935-2004).
- Estas crianças aqui. Fotografias de Eduardo Gageiro. Lisboa, Terra Livre, 1979. Edição especial para o Ano Internacional da Criança.
- Dias, Maria Helena da Costa (1917-).
- Animais: esses desconhecidos. Lisboa, Portugália, 1965.
- Freitas, António Sousa (1921-2004).
- Três contos para o Natal. Lisboa, Lisfarma, 196?.
- Gomes, Madalena (1928)
- O leão vegetariano: contos para crianças. Coimbra, Atlântida, 1975.
- Mirepoix, Camille
- O leão Heitor. Lisboa, Portugália, 196?.
- Muralha, Sidónio (1920-1982).
- A amizade bate à porta. Lisboa, A Comuna, 1975.
- Neves, Leonel (1921-1996).
- Sete contos de espantar. Coimbra, Atlântida, 1975.
- O elefante e a pulga: poemas para crianças. Lisboa, Horizonte, 1976.
- O livrinho dos macacos: poemas e um conto para crianças. Lisboa, Livros Horizonte, 1978.
- Bichos de trazer por casa. Lisboa, A Comuna, 1978.
- O menino e as estrelas e outras histórias em verso. Lisboa, Horizonte, 1979.
- O policia bailarino e outros contos. Lisboa, Horizonte, 1979.
- Histórias do Zé Palão. Lisboa, Livros Horizonte, 2.ª edição, 1979.
- Um cavalo da cor do arco-íris: romancinho. Lisboa, Livros Horizonte, 1980.
- Uma dúzia de adivinhas. Lisboa, Livros Horizonte, 1981.
- O soldadinho e a pomba. Lisboa, Livros Horizonte, 1981.
- Bichos de trazer por casa: poemas para crianças. Lisboa, Livros Horizonte, 1981.
- João Careca, mestre detective: contos. Lisboa, Horizonte, 1984.
- O mistério do quarto bem fechado. Lisboa, Horizonte, 1985.
- Extraterrestre em Lisboa. Lisboa, Horizonte, 1993.
- Santos, António de Almeida (1926).
- Rã no pântano: contos. Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1959.
- Contos do tempo do ódio. Lisboa, Notícias, 2001.
- Semedo, Curvo (1766-1838).
- O velho, o rapaz e o burro: parábola. Lisboa, Prelo, 1978.
- Vicente, Gil.
- Gil Vicente e as crianças. Textos seleccionados por Maria Leonor de Carvalhão Buescu; pref. Paulo Quintela. Lisboa, Ministério da Educação Nacional, Comissão Nacional do V Centenário de Gil Vicente, 1965.
Referências
- ↑ a b c d «Feira de Ferreira do Alentejo recupera raízes históricas». Rádio Campanário. 24 de Agosto de 2023. Consultado em 14 de Abril de 2024
- ↑ a b c d e PIMENTA, Rita (24 de Junho de 2018). «Tóssan: rir a sério da vida». Público. Consultado em 14 de Abril de 2024
- ↑ a b c d e f g h «Obra de Tóssan em Matosinhos». Câmara Municipal de Matosinhos. 4 de Outubro de 2018. Consultado em 14 de Abril de 2024
- ↑ SOBRAL, Fernando (23 de Junho de 2018). «Tóssan ou a arte divertida». Jornal de Negócios. Consultado em 14 de Abril de 2024
- ↑ Agência Lusa (3 de Outubro de 2018). «Casa do Design de Matosinhos acolhe exposição sobre trabalho gráfico de Tóssan». Diário de Notícias. Consultado em 14 de Abril de 2024
- ↑ a b LOUREIRO, Nuno de Santos (23 de Agosto de 2019). «Tóssan. Já ninguém tem justificação para não conhecer este artista algarvio!». Barlavento. Consultado em 14 de Abril de 2024
- Biblioteca Municipal de Lisboa (Consultado em 13 de Abril de 2008).
- Biblioteca Nacional de Lisboa (Consultado em 13 de Abril de 2008).
- Blogue Guitarra de Coimbra (Consultado em 13 de Abril de 2008).