Movimento dos Focolares
Fundação |
7 de dezembro de 1943 (81 anos) |
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Tipo |
Associação de Fiéis de Direito Pontifício |
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Fundador |
Chiara Lubich |
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Presidente |
Margaret Karram (d) |
Website |
(en + it) www.focolare.org |
O Movimento dos Focolares (oficialmente Obra de Maria) é um movimento católico internacional de renovação espiritual e social que busca contribuir para a unidade da família humana segundo o mandato evangélico: "Que todos sejam um" (Jo 17, 21)[1][2][3]. Aderem ao Movimento também cristãos de outras Igrejas, fiéis de diversas religiões e mesmo pessoas de convicções não religiosas[1][4]. Atua em âmbitos sociais e culturais buscando a construção de pontes e a fraternidade entre indivíduos e povos.[1][5][6]
O Movimento foi fundado por Chiara Lubich em 1943 na cidade de Trento, norte da Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.[1][7][8] Está entre os movimentos eclesiais e novas comunidades que surgiram na Igreja Católica entre a primeira metade do século XX e os anos após o Concílio Vaticano II.[3]
O Movimento se insere na chamada Espiritualidade da Comunhão[9], que também se faz presente em vários outros movimentos da Igreja Católica,[9] enraizado no que chamam de Carisma da Unidade[10].
De acordo com informações da instituição, o Movimento mantém atividades em 182 países, com mais de 2 milhões de aderentes (sendo fiéis de outras religiões aproximadamente 0,5% do total de membros)[11].
Etimologia
O termo focolares vem do italiano focolari, plural de focolare, que significa "lareira" como sinédoque de "casa" ou mais propriamente "lar". O termo focolare tem sua origem no latim tardio focularis, derivado de focŭlus, diminutivo de focus, «fogo».[12]
História
Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, a professora Chiara Lubich, então com 23 anos, criou o Movimento Focolares junto com seus amigos mais próximos.[7] Ao final dessa mesma década com a guerra terminada, já contava com um número de seguidores suficiente para ocupar um acampamento de verão nas montanhas Dolomitas.[7]
Somente 19 anos depois, em 1962, obteve a aprovação papal de João XXIII, recebendo deste o nome de Obra de Maria, durante o Concílio Vaticano II.[6]
Em mensagem dirigida aos sete cardeais e 137 bispos amigos do Movimento dos Focolares, provenientes de 50 países, reunidos em Trento por ocasião do centenário de nascimento de Chiara Lubich, o Papa Francisco afirmou que o carisma da unidade, defendido por ela, “é uma dessas graças do nosso tempo, que experimenta uma mudança histórica e pede uma reforma espiritual e pastoral simples e radical, que leve a Igreja à fonte sempre nova e atual do Evangelho de Jesus".[13]
Focolares no Brasil
O Movimento alega que o primeiro brasileiro a ter contato com o Movimento foi o Pe. João Batista Zattera, de Pelotas, que passou a ter um relacionamento profundo com Chiara Lubich.[14] Em 1958 chegam ao Brasil um grupo de vários focolarinos vindos da Itália, inluindo Lia Brunet, Marco Tecilla, Fiore Ungaro, Ginetta Calliari, Volo Morandi e outros, que se estabeleceram em Recife e depois em São Paulo. Dez anos depois, um grupo adere ao convite de Dom Helder Câmara e se estabelecem na Ilha de Santa Teresinha.[15]
Em 25 de março de 2014, Maria Voce, então presidente do Movimento dos Focolares, esteve no Brasil para a inauguração da "Cátedra Chiara Lubich de Fraternidade e Humanismo" na Universidade Católica do Recife.[16]
Economia de Comunhão (EdC)
Parte empresarial do movimento dos Focolares,[17] que "visa atrair a intervenção divina para o mundo dos negócios" a partir da visão de que a busca do lucro é atitude divina, apresentando o empresário como modelo de ética e principal protagonista social e na exploração dos trabalhadores através da manipulação psicológica.[18] Ele reúne empresas que se comprometem a empregar o seu lucro em favor de três causas: o sustento daqueles que se encontram em necessidade, projetos de formação cultural e de incentivo ao empreendedorismo e o incremento da própria empresa. O projeto tem um objetivo claro: produzir riquezas em prol de quem se encontra em dificuldade e fomentar uma nova cultura em que a economia não esteja atrelada ao individualismo e ao crescimento das desigualdades.[19]
No Brasil, a Economia de Comunhão está presente em 177 empresas de 12 estados. No mundo todo, são mais de 800 empresas.[19]
Controvérsias
O Movimento dos Focolares foi acusado de pelo ex-padre e ex-membro do Movimento Gordon Urquhart no livro "A Armada do Papa" de totalitarismo ao utilizar técnicas de controle mental entre os seus membros.[7][20] O jornalista Stephen Heuser considera-o como um movimento fundamentalista, acusando-o de ortodoxia doutrinal sob a aparência de uma linguagem mais liberal.[7]
Referências
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Pesquisadores em História da Educação
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