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Vaginite

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Vaginite
Vaginite
Células do colo do útero revestidas por bactérias Gardnerella vaginalis durante uma vaginose bacteriana, a infeção vaginal mais comum.
Sinónimos Vulvovaginite, infecção vaginal, inflamação vaginal[1]
Especialidade Ginecologia
Sintomas Prurido, ardor, dor, corrimento vaginal, mau odor[1]
Causas Infeções (vaginose bacteriana, vaginite por candidíase , tricomoníase), reações alérgicas, estrogénio baixo[2]
Método de diagnóstico Exame vaginal, medição do pH, cultura microbiológica do corrimento[3]
Condições semelhantes Inflamação do colo do útero, doença inflamatória pélvica, cancro, presença de corpos estranhos[3]
Tratamento Baseado nas causas[1]
Frequência ~33% das mulheres em dado momento da vida[4]
Classificação e recursos externos
CID-9 616.10, 616.1
CID-11 290861382
DiseasesDB 14017
MedlinePlus 000566
eMedicine 257141
MeSH D014627
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Vaginite ou vulvovaginite é a inflamação da vagina e da vulva.[4][5] Os sintomas mais comuns são comichão, ardor, dor, corrimento vaginal e mau odor.[1] Alguns tipos de vaginite podem causar complicações durante a gravidez.[1]

As três principais causas são infeções, especificamente vaginose bacteriana, vaginite por candidíase e tricomoníase).[2] Entre outras causas menos comuns estão alergias a substâncias como espermicidas e sabões, ou a diminuição da quantidade de estrogénio no corpo durante a amamentação ou durante a menopausa.[2] É possível que a mesma infeção tenha mais de uma causa.[2] As causas mais comuns variam conforme a idade.[3]

O diagnóstico geralmente consiste num exame vaginal, na medição do pH, e na cultura microbiológica do corrimento vaginal.[3] Para o diagnóstico deve ser excluída a presença de outras doenças que manifestam sintomas semelhantes, como a inflamação do colo do útero, a doença inflamatória pélvica, o cancro, a presença de corpos estranhos ou doenças da pele.[3]

O tratamento depende da causa subjacente.[1] Se a causa é uma infeção, essa infeção deve ser tratada.[3] Os banhos de assento podem ajudar a aliviar os sintomas.[3] Os sabões e produtos de higiene feminina como sprays não devem ser usados.[3] Cerca de um terço das mulheres são afetadas por vaginite pelo menos uma vez na vida.[4] A doença é mais comum entre mulheres em idade fértil.[4]

Vaginose Bacteriana

Definição

A vaginose bacteriana é uma síndrome clínica polimicrobiana caracterizada por um desequilíbrio da microbiota vaginal causado por um aumento exagerado de bactérias anaéróbicas (Provetella sp. e Mobiluncus sp.), Gardnerella vaginalis, Ureasplasma sp., Mycoplasma sp. e outros anaeróbicos que associados à redução ou ausência dos lactobacilos acidófilos (Lactobacillus sp. produtores de peróxido de hidrogênio). [6]

Epidemiologia

Dentre as infecções genitais, a vaginose bacteriana é a principal desordem vaginal em mulheres em idade fértil, sendo responsável por mais 60% das alterações vulvovaginais. Estima-se que aproximadamente 20 a 30% das mulheres no mundo apresentem vaginose bacteriana, podendo elevar a prevalência para 50 a 60% nas populações com comportamento de risco.[7]

Além disso, é a causa mais comum de corrimento vaginal, afetando cerca de 10-30% das gestantes e 10% das mulheres atendidas na Atenção Básica, podendo ser em alguns casos, assintomática.[8]

O principal agente etiológico envolvido é a Gardnerella vaginalis, sendo uma bactéria presente na microbiota vaginal normal sendo detectada em torno de 20 a 80% das mulheres sexualmente ativas e em quase todas as mulheres sintomáticas. Além dela, há outras bactérias que podem causar a vaginose bacteriana, tais como as dos gêneros Prevotella, Peptostreptococcus, Bacterioides, Mobiluncos, Micoplasma e a espécie Atopobium vaginae[9]

Fisiopatologia

A vagina é um ambiente microbiológico seletivo, com isso a flora residente resiste a colonização de microoranismos exógenos e auxilia na saúde da mulher. Essa flora consiste de microorganismos que coexistem com o organismo humano, mas é um equilíbrio delicado e qualquer mudança pode tornar esses mesmos organismos agressivos tornando-os responsáveis por infecções.

A vaginose bacteriana é um exemplo, essa doença é uma infecção causada pelo microorganismo Gardnerlla varginales que é uma bactéria presente em até 80% das mulheres sexualmente ativas e saudáveis. Mas a VB ocorre quando há um desequilíbrio da microbiota vaginal, esse desequilíbrio pode ser causado tanto por fatores endógenos como pelo estrógeno, como por fatores exógenos, como o esperma. Esses fatores levam a mudanças no PH vaginal, com essa mudança há uma seleção com aumento exagerado da flora anaeróbica levando a um aumento concomitante da produção de substâncias protetoras quem em alta quantidade se tornam prejudiciais e levam ao mau cheiro.

Na vaginose, ao contrário das vaginites, não há lesão tecidual, ou quando ela existe é mínima, o que ocorre é apenas o desequilíbrio da microbiota vaginal.

A VB pode ainda ser dividida em dois tipos: I – quando há predomínio de Gardnerella vaginalis

e a tipo II, quando esta está associada a Mobilluncus sp e demais bactérias.

Nessa patologia, as bactérias anaeróbias tem como produto final de seu metabolismo ácido succínico e ácido acético o que impede a quimiotaxia dos leucócitos o que dificulta a resposta imune do hospedeiro.[10]

Quadro Clínico

Clinicamente, a vaginose bacteriana pode ser tanto assintomática quanto sintomática. 2 O quadro clínico caracteriza-se por corrimento de intensidade variável, acompanhado de odor vaginal fétido (descrito frequentemente como “odor de peixe”). Por vezes, a paciente refere apenas o odor, estando o corrimento ausente. O odor fétido piora com a relação sexual desprotegida e durante a menstruação, devido a alcalinidade do sêmen ou do sangue menstrual. O corrimento pode variar de um aspecto esbranquiçado ao amarelo.

Não é comum o paciente apresentar prurido, a menos que haja outras afecções associadas, como a candidíase. [11]

Referências

  1. a b c d e f «Vaginitis». NICHD (em inglês). 2016. Consultado em 14 de outubro de 2018 
  2. a b c d «What causes vaginitis?». NICHD (em inglês). 2016. Consultado em 14 de outubro de 2018 
  3. a b c d e f g h «Overview of Vaginitis». Merck Manuals Professional Edition. Maio de 2018. Consultado em 14 de outubro de 2018 
  4. a b c d «Vaginitis». ACOG. Setembro de 2017. Consultado em 14 de outubro de 2018 
  5. Ferri, Fred F. (2016). Ferri's Clinical Advisor 2017 E-Book: 5 Books in 1 (em inglês). [S.l.]: Elsevier Health Sciences. p. 1333. ISBN 9780323448383 
  6. TEIXEIRA, Pedro; SILVA, Glenda; TEIXEIRA, Luiz. PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À VAGINOSE BACTERIANA EM MULHERES ATENDIDAS PELO SUS NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO/MG. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS, [S. l.], p. 1-86, 16 ago. 2018.
  7. SOCIEDADE PORTUGUESA DE GINECOLOGIA. REVISÃO DOS CONSENSOS EM INFECÇÕES VULVOVAGINAIS: Vaginose bacteriana. Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, [S. l.], p. 39-43, 17 mar. 2012.
  8. PROTOCOLO Clínico e Diretrizes Terapêuticas Infecções Sexualmente Transmissíveis: Relatório de Recomendação. CONITEC, [S. l.], p. 39, 1 abr. 2015.
  9. Duarte, Suzane (Outubro de 2019). «Fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da vaginose bacteriana». BrazilianJournal of Development. Consultado em 14 de outubro de 2020
  10. Silva Duarte, Suzane Meriely; Faria, Felipe Venancio; Souza Lima, Ricardo Matos; Sampaio, Jéssica Soares; Maia, Tatiana Mesquita Basto; Guimarães, Greg Resplande; Martins, Miquéias de Oliveira; Deprá, Liliane Buzzi Borghezan (2019). «Fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da vaginose bacteriana». Brazilian Journal of Development (10): 21467–21475. ISSN 2525-8761. doi:10.34117/bjdv5n10-300. Consultado em 14 de outubro de 2020 
  11. Fernandes, Cesar Eduardo (2019). Tratado de Ginecologia Febrasgo. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil Ltda. p. 267