Álgebra booliana
Em álgebra abstrata, álgebras booleanas (ou álgebras de Boole) são estruturas algébricas que "captam as propriedades essenciais" dos operadores lógicos e de conjuntos, ou ainda oferecem uma estrutura para se lidar com "afirmações",[1] são assim denominadas em homenagem ao matemático George Boole.[2]
História
O termo "álgebra booleana" é uma homenagem a George Bolas, um matemático inglês autodidata. Boole introduziu o sistema algébrico, inicialmente, em um pequeno panfleto, o The Mathematical Analysis of Logic, publicado em 1847, em resposta a uma controvérsia em curso entre Augustus De Morgan e William Hamilton, e mais tarde como um livro mais substancial, The Laws of Thought, publicado em 1854. A formulação de Boole difere das descritas acima em alguns aspectos importantes. Por exemplo, a conjunção e a disjunção em Boole não era um duplo par de operações. A álgebra booleana surgiu na década de 1860, em artigos escritos por William Jevons e Charles Sanders Peirce.[3] A primeira apresentação sistemática de álgebra booleana e reticulados distributivos é devido ao 1890 Vorlesungen de Ernst Schröder . O primeiro tratamento extensivo de álgebra booleana em inglês foi em 1898 na Universal Algebra de Whitehead.[4][5]
Definição
Uma álgebra booleana é uma 6-upla consistindo de um conjunto munido de duas operações binárias (também denotado por , é geralmente chamado de "ou") e (também denotado por ou por , é geralmente chamado de "e"), uma operação unária (também denotada por ou por uma barra superior, é geralmente chamado de "não"), e duas constantes (também denotada por ou por , geralmente chamado de "zero" ou de "falso") e (também denotada por ou por , geralmente chamado de "um" ou de "verdadeiro"), e satisfazendo os seguintes axiomas, para quaisquer :
Propriedades Associativas | ||
Propriedades Comutativas | ||
Propriedades Absortivas | ||
Propriedades Distributivas | ||
Elementos Neutros | ||
Elementos Complementares |
Alguns autores também incluem a propriedade , para evitar a álgebra booleana com somente um elemento.
Exemplos
- O exemplo mais simples de álgebra booleana com mais de um elemento é o conjunto munido das seguintes operações:
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- Um outro exemplo de álgebra booleana é o conjunto (o elemento é geralmente chamado de "desconhecido" ou de "talvez") munido das seguintes operações:
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- Dado um conjunto , o conjunto das partes de munido das operações , , , e onde e , é uma álgebra booleana.
- O intervalo munido das operações , , e , é uma álgebra booleana. Essa álgebra booleana recebe o nome de lógica fuzzy.
Teoremas
Dado uma álgebra booleana sobre , são válidos para quaisquer :
Dupla Negação
Leis de De Morgan
Leis de Absorção
Elementos Absorventes
Negações do Zero e do Um
Definições alternativas da operação binária (também denotado por , é geralmente chamado de "xor" ou de "ou exclusivo")
Ordem
Dado uma álgebra booleana sobre , é válido para quaisquer :
- se e somente se
A relação definida como se e somente se uma das duas condições equivalentes acima é satisfeita é uma relação de ordem em . O supremo e o ínfimo do conjunto são e , respectivamente.
Homomorfismos e isomorfismos
Um homomorfismo entre duas álgebras booleanas e é uma função que para quaisquer :
Uma consequência é que .
Um isomorfismo entre duas álgebras booleanas e é um homomorfismo bijetor entre e . O inverso de um isomorfismo é um isomorfismo. Se existe um isomorfismo entre e , dizemos que e são isomorfos.
Anéis Booleanos
Dado uma álgebra booleana sobre , é possível obter um anel com unidade em que as operações são definidas como:
Neste anel, todo elemento é seu próprio oposto (isto é, para todo ). O anel assim obtido é chamado de anel booleano.
Ideais e Filtros
Num anel booleano , um conjunto é um ideal de se e somente se satisfaz as seguintes condições:
- e
- Se e então
- Se e então
Essa noção coincide com a de ideal próprio de teoria dos anéis.
A ideia dual à de ideal é a de filtro. Um conjunto é um filtro de se e somente se satisfaz as seguintes condições:
- e
- Se e então
- Se e então
Ver também
- Reticulado
- Ultrafiltro
- Princípio do terceiro excluído
- Números binários
- Lógica binária
- Tabela verdade
- Função booleana
- Circuito digital
- Forma canónica
- Sistema formal
- Mapa de Karnaugh
- Diagrama de Venn
- Álgebra de Heyting
Referências
- ↑ Edward R. Scheinerman. Matemática Discreta - Uma Introdução. Cengage Learning Editores; 2003. ISBN 978-85-221-0291-4. p. 27.
- ↑ Seymour Lipschutz; Marc Lipson. Matemática Discreta: Coleção Schaum. Bookman; 2004. ISBN 978-85-363-0361-1. p. 454.
- ↑ Hélio Augusto Godoy de Souza. Documentario, Realidade E Semiose. Annablume; 2002. ISBN 978-85-7419-224-6. p. 198.
- ↑ CAIO AUGUSTUS MORAIS BOLZANI. Residências Inteligentes. Editora Livraria da Fisica; 2004. ISBN 978-85-88325-25-8. p. 45.
- ↑ Linda Null; Julia Lobur. Princípios Básicos de Arquitetura e Organização de Computadores. Bookman; ISBN 978-85-7780-766-6. p. 140.