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Alfredo d'Escragnolle Taunay

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Alfredo d'Escragnolle Taunay

Nascimento 22 de fevereiro de 1843
Rio de Janeiro, Município Neutro, Império do Brasil
Morte 25 de janeiro de 1899 (55 anos)
Rio de Janeiro, Distrito Federal
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Escritor, professor, político, historiador e sociólogo
Magnum opus Inocência
Escola/tradição Romantismo/Realismo

Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay, primeiro e único visconde de Taunay, (Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1843 — Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1899) foi um nobre, escritor, músico, professor, engenheiro militar, político, historiador e sociólogo brasileiro.

Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, ocupando a Cadeira n.° 13.[1] Também é o patrono da Cadeira n.° 17 da Academia Brasileira de Música.[2]

Biografia

Família e educação

O brasão de armas do visconde de Taunay, as mesmas armas francesas das famílias Taunay (1.º e 4.º quartéis) e Escragnolle (2.º e 3.º quartéis).

Alfredo Taunay nasceu no Rio de Janeiro, em uma família aristocrática de origem francesa. Seu pai, Félix Émile Taunay, 2º barão de Taunay, era pintor, professor e diretor da Academia Imperial de Belas Artes, e seu avô paterno, 1º barão de Taunay, foi o também conceituado pintor Nicolas-Antoine Taunay, membro da Missão Artística Francesa.[3][4] Sua mãe, Gabrielle Herminie de Robert d'Escragnolle, era irmã do barão d'Escragnolle, filha de Alexandre-Louis-Marie de Robert, conde d'Escragnolle, sobrinha do visconde de Beaurepaire-Rohan e neta de Jacques Antoine Marc, conde de Beaurepaire.

Após obter seu bacharelado em literatura no Colégio Pedro II em 1858, aos quinze anos de idade, Taunay estudou física e matemática na Escola Militar de Aplicação, da qual se originaram a Escola Militar da Praia Vermelha (atual Academia Militar de Agulhas Negras), a Escola Técnica do Exército (atual Instituto Militar de Engenharia) e a Escola Central Politécnica (atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro)[5][6], tornando-se bacharel em Matemática e Ciências Naturais em 1863.

Casou-se com Cristina Teixeira Leite, filha do barão de Vassouras, neta do primeiro barão de Itambé e sobrinha-neta do barão de Aiuruoca. Seu filho foi o historiador Afonso d'Escragnolle Taunay, membro da Academia Brasileira de Letras.

Guerra do Paraguai e carreira política

Taunay lutou na Guerra do Paraguai como engenheiro militar, de 1864 a 1870. Desta experiência surgiu seu livro La Retraite de Laguna, de 1871. Após seu retorno ao Rio de Janeiro, Taunay lecionou na Escola Militar e iniciou simultaneamente sua carreira como político do Segundo Império. Atingiu o posto de major em 1875. Foi eleito para a Câmara dos Deputados pela província de Goiás em 1872, cargo para o qual seria reeleito três anos mais tarde.

O Conde d'Eu (com a mão na cintura no centro a direita) e à sua esquerda, José Paranhos, futuro visconde do Rio Branco, e entre ambos, o visconde de Taunay, cercados por oficiais brasileiros durante a Guerra do Paraguai.

No dia 26 de abril de 1876, foi nomeado presidente da província de Santa Catarina. Assumiu o cargo de 7 de junho de 1876 a 2 de janeiro de 1877, quando o passou ao vice-presidente Hermínio Francisco do Espírito Santo, que presidiu a província por apenas um dia. Em 1 de janeiro de 1877, durante seu mandato como presidente, ele havia inaugurado, no Largo do Palácio, atual Praça Quinze de Novembro, o monumento aos heróis catarinenses da Guerra do Paraguai.

Inconformado com a queda do Partido Conservador, Taunay retirou-se da vida política em 1878, deixando o país para estudar, durante dois anos, na Europa. Em 1881 foi eleito deputado pela província de Santa Catarina e, em 1885, nomeado presidente da província do Paraná. Em Curitiba, foi um dos responsáveis pela criação do primeiro parque da cidade, o Passeio Público, inaugurado em 2 de maio de 1886 (véspera do dia da entrega do cargo).[7]. Exerceu tal cargo até 3 de maio de 1886. Neste ano, torna-se senador por Santa Catarina, tendo sido escolhido de uma lista tríplice pelo Imperador em 6 de setembro de 1886, sucedendo Jesuíno Lamego da Costa.

Recebeu o título nobiliárquico de visconde de Taunay de D. Pedro II em 6 de setembro de 1889. Com a proclamação da República naquele mesmo ano, Taunay deixou a política para sempre.

Carreira literária e artística

Alfredo d'Escragnolle Taunay.

Crítico das influências da literatura francesa, Taunay buscava promover a arte brasileira no exterior. No dia 21 de agosto de 1883 propõe à câmara dos deputados a autorização de uma soma para a realização de uma sinfonia por Leopoldo Miguez em Paris, nos Concerts-Collone. Anteriormente fora responsável pela promoção de Carlos Gomes no exterior.

Taunay foi um autor prolífico, produzindo ficção, sociologia, música (compondo e tocando) e história. Na ficção, a obra Inocência é considerada pelos críticos como seu melhor livro. Faleceu diabético no dia 25 de janeiro de 1899.

Foi oficial da Imperial Ordem da Rosa e cavaleiro das imperiais ordens de São Bento de Avis e de Cristo.

Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a Cadeira n.° 13, que tem como patrono Francisco Otaviano

  • Cenas de viagem: Exploração entre os rios Taquary e Aquidauana no distrito: de Miranda : memoria descritiva, 1868
  • A Campanha da Cordilheira
  • La Retraite de Laguna, 1871 (em francês, traduzido como "A retirada da Laguna", 1874, por Salvador de Mendonça)
  • Inocência, romance, 1872 (em português, traduzido em diversas línguas)
  • Lágrimas do Coração. Manuscrito de uma Mulher, romance, 1873
  • Histórias brasileiras, 1874
  • Ouro sobre Azul, romance, 1875
  • Narrativas Militares, 1878
  • Estudos críticos, 2 vols., 1881 e 1883
  • Amélia Smith, drama, 1886
  • No Declínio, romance, 1889
  • Ao Entardecer, 1901
  • O Encilhamento: cenas contemporâneas da Bolsa do Rio de Janeiro em 1890, 1891 e 1892, romance, 1ª edição 1893
  • Reminiscências, memórias, 1908 (póstumo)

Inocência

Capa da Primeira Edição de Inocência (1872).

Romance de maior expressão da carreira do autor,[8] a obra Inocência cativa o leitor logo nos primeiros capítulos. A narrativa possui suas dualidades. Por um lado é suave, proporciona uma sensação curiosa. Uma ponta de curiosidade que se instala na cabeça do leitor que estará sempre indagando qual será o final daquela situação em que os protagonistas se encontram. Por outro lado, o começo da obra é composto por um capítulo no qual o autor descreve o espaço onde a narrativa será encontrada. Em tal, encontra-se certa oposição à suavidade tão presente na história de Inocência e Cirino. Os vocábulos encontrados nesse trecho são típicos da região de Santana do Paranaíba

Personagens

  • Inocência - Inocência é uma jovem moça com seus 18 anos recém completados. É retratada como bela moça de traços delicados, olhar sereno e encantadora ingenuidade. Indefesa, fora criada pelo pai no sertão, uma vez que sua mãe morrera quando ainda pequena. 
  • Cirino Ferreira dos Santos – Cirino é um farmacêutico que, após alguns tempo de experiência, começou a se intitular doutor. Possui presença agradável, é inteligente e decidido.
  • Manecão Doca – Noivo de Inocência. Sertanejo rude, mas decente. Acumulara fortuna com seu trabalho.
  • Martinho dos Santos Pereira – Pai de Inocência. Nascido em Minas gerais, Pereira é descrito como um homem honesto e trabalhador. Ao passo que é muito hospitaleiro, é também muito desconfiado e conservador. Tais características podem ser atribuídas aos costumes do século XIX
  • Tico – Tico é um anão mudo que, às vezes, aparecia na fazenda de Pereira. Amigo e protetor de Inocência, gostava muito da moça e passava dias ao lado dela.
  • Maria Conga – Maria Conga é a escrava da casa de Pereira. A negra cuidava de Inocência e dos afazeres domésticos. 
  • Guilherme Tembel Meyer – Naturalista e alemão, Meyer é um homem comunicativo que adora a natureza e viaja muito. Jovem, é o estereótipo europeu: cabelos e olhos claros.
  • José Pinho (Juque) - Juque é ajudante, acompanhante e amigo de Meyer
  • Antônio Cesário - Padrinho de Inocência, Cesário é um homem simples e honesto que vive em uma fazenda nas Minas Gerais 

Resumo

Cirino Ferreira dos Santos é um farmacêutico que viajava pelo sertão do Império apresentando-se às pessoas como médico. Dispunha de alguns anos de experiência na área da medicina, não possuía, todavia, certificado daquela profissão. Ainda assim, Cirino trabalhava naquele ramo com amor. Dedicado, ajudava os enfermos por onde passava.

Certo dia, quando seguia viagem por uma estrada próximo à região de Santana do Paranaíba, Cirino encontra em seu caminho Martinho dos Santos Pereira. Conhecido apenas pelo último nome na localidade, Pereira era um homem do sertão, nascido em Minas Gerais e criado nos costumes conservadores do século XIX. Embora possua comportamento autoritário, Pereira é muito hospitaleiro e, na narrativa, sempre enfatiza que em sua casa sempre haverá lugar para uma pessoa que precise seja de abrigo, seja de alimento. Na fazenda em que mora, vive também sua amada e única filha, Inocência.

No momento em que Pereira encontra Cirino, os dois passam a conversar enquanto seguem pela mesma estrada. Nesse ínterim, o sertanejo descobre que o rapaz que acabara de conhecer é médico. Em um átimo vem à sua mente Inocência, que há dias está doente. Sabendo que o doutor ali pode curar sua filha, Pereira convida Cirino à sua casa. O rapaz, a partir daí, passa a ser um hóspede na fazenda de Pereira.

Algumas horas após sua chegada a fazenda, Pereira leva Cirino até Inocência para que o rapaz possa ministrar o remédio à menina. Quando Inocência é vista pela primeira vez, fala-se que está magra e sem cor por decorrência da doença. Entretanto, a enfermidade não impede que Cirino veja o quão bela é a jovem.

Inocência que, na narrativa, tem seus 18 anos fora criada pelo pai na fazenda. Sua mãe, de quem nem ao menos se lembra, morrera quando a menina ainda era muito nova. É noiva de Manecão Doca, com quem seu pai arranjou casamento. Inocência possui "encantadora ingenuidade, realçada pela meiguice do olhar sereno". A pele alva combinada com o nariz fino, a boca pequena e os longos cabelos negros contrastam na mocinha perfeitamente com a personalidade humilde, meiga, carinhosa e apaixonada.

A partir daí, Cirino passa a se apaixonar pela delicada sertaneja chamada Inocência.

É apresentado ainda, Tico, um menino anão que é mudo e vive também na região de Santana do Paranaíba. Costuma às vezes deixar a casa de sua mãe e seguir até a fazenda de Pereira onde passa o tempo todo grudado em Inocência. É amigo e protetor da menina, dessa forma, faz tudo para agradar a moça.

Pouco tempo após a chegada de Cirino à fazenda, outros viajantes chegam ao local. É no meio da madrugada que Meyer, um naturalista alemão que procura no Brasil novas espécies de insetos, e seu ajudante e acompanhante, Juque, conhecem Pereira. O homem prestativo e hospitaleiro abre sua casa aos desconhecidos, abrigando-os pela noite. Logo Pereira descobre que seu irmão, Chiquinho, com quem há muito não possuía contato, enviara-lhe uma carta por Meyer que coincidentemente encontrara o destinatário. Na carta Chiquinho recomenda fielmente Meyer, afirmando ser um homem honesto em quem Pereira poderia confiar. Assim, este convida aquele para ser também seu hóspede pelo tempo que lhe achar conveniente. Quando Meyer conhece Inocência e não para de falar pelos cantos sobre a beleza da jovem, Pereira passa a ficar desconfiado do rapaz, chegando a pedir a Tico que vigie sempre o alemão.

À medida que as desconfianças de Pereira concentram-se em Meyer, Cirino ganha cada vez mais a confiança de Pereira. O doutor, que há semanas não via Inocência uma vez que a moça já estava curada, passa a ter mais liberdade para explorar a propriedade e ter contato com a jovem de seus sonhos.

Em certa noite, Cirino caminhava pelos laranjais, e ao passar perto do quarto de Inocência vê que ela estava ali, acordada também. Ao aproximar-se dela, os dois passam a trocar algumas palavras e Cirino acaba por declarar seu amor à moça. "Você que é uma mulher como nunca vi! Seus olhos me queimaram, sinto fogo dentro de mim... já não vivo. Só quero vê-la, amá-la". Inocência então confessa que se sente da mesma forma em relação a ele. Ambos estão perdida e irremediavelmente apaixonados.

Pereira passa a estar cada dia mais desconfiado de Meyer. Este, durante suas explorações nas terras próximas ao local em que estava hospedado, encontrou uma nova espécie de borboleta. A esta deu o nome de Papilio Innocentia em homenagem a tão bela filha de Pereira. Logo após a sua descoberta, Meyer decide voltar para a estrada na intenção de encontrar mais espécies novas e levá-las à Sociedade Geral Entomológica.

Durante esse tempo que seu pai estava preocupado em mantê-la longe de Meyer, Inocência encontrava-se às escondidas com Cirino, mais uma vez, no laranjal. O casal apaixonado tentava encontrar formas de ficarem juntos, de saírem daquela vida camuflada, de serem feliz para sempre juntos. Infelizmente o noivo e o pai de Inocência impediam tal evento.

Cirino chamara Inocência para que juntos fugissem em meio à madrugada. A moça, sendo boa e fiel ao pai amado, não aceita. Lembra-se então da única pessoa em quem ela acredita poder dissuadir os pensamentos de Pereira, de fazer com que ele esqueça seu casamento arranjado com Manecão e deixá-la ser feliz com seu verdadeiro amor. Essa pessoa é seu padrinho, Antônio Cesário.  Ela conta a Cirino que ele mora em Minas Gerais, não tão distante da fazendo de seu pai. Cirino, apaixonado e desesperado, decide partir em viagem para ainda tentar salvar a vida de sua amada e a sua de uma morte iminente.

Na manhã seguinte Cirino parte para o local indicado por Inocência para encontrar o padrinho da menina. E então, inexplicavelmente,  Manecão, noivo de Inocência que só havia sido citado por toda a obra, aparece para se casar com a menina. Quando vê o noivo, Inocência passa a agir anormalmente. Pereira, então, começa a desconfiar de algo. Quando questiona a menina sobre o porquê de ela não querer se aproximar daquele homem que será seu marido, ela começa a implora ao pai que não a case, afirma veementemente que não quer se casar com Manecão. Pereira, furioso, deixa o quarto da filha, não sem antes lembrá-la que a vontade dele será feita, e ela será uma mulher casada em poucas semanas.

Cirino, por sua vez, não está tendo mais sorte que a flor do sertão. Hospeda-se na casa de Cesário, e passa, aos poucos, a conquistar a confiança do homem. Uma dia diz a ele que gostaria de tratar de um assunto sério. Quando eles se encontram mais tarde para isso, Cirino revela que conhece Inocência, e que é perdidamente apaixonado por ela. Ele pede insistentemente que Cesário o ajude a persuadir Pereira. Inicialmente o homem fica chocado, mas as justificativas de Cirino faz com que fique balanceado. No fim, fica acordado que Cirino voltará ao sertão do Paranaíba e esperará por Cesário lá até que ele decida se ajudará Cirino e Inocência ou não.

De volta à fazenda de Pereira, este, revoltado com as atitudes de sua filha, esbraveja que aquele comportamento era decorrente de Meyer. Ele afirma que as atitudes do rapaz modificaram os pensamentos de sua menina. Tico, que estava ouvindo a conversa quando passava pelo quintal, tenta explicar, à sua maneira, que, na verdade, o culpado era Cirino, o rapaz em quem Pereira confiou. Isso porque Tico, sorrateiro, havia descoberto sobre o romance de Inocência com aquele que se chamava médico.

Pereira fica enfurecido ao descobrir que deu sua confiança àquele que, em seu pensamento, menos a mereceu. Manecão, também enraivecido, decide agir pela honra de seu nome e matar Cirino. Deixa, rapidamente a propriedade de Pereira e parte a caça de amante de sua noiva.

Cirino passou dias no povoado de Santana de Paranaíba esperando por Cesário e se esquivando de Manecão. O fato era que o rapaz estava começando a se desesperar, à medida que o prazo de acordo com o padrinho de Inocência se esgotava. No último dia deste, Cirino deixou o povoado e seguiu pelo rio Paranaíba abaixo. Já havia decidido: se Cesário não aparecesse, matar-se-ia.

Distraído pela preocupação, Cirino não percebeu que Manecão se aproximava. Este, sedento por vingança, atirou logo contra Cirino, que caiu agonizante no chão.

A alguns metros vinha um homem na estrada. Era ele Antônio Cesário. Quando percebeu que aquele ferido na estrada era Cirino, o sertanejo tentou ajudá-lo de alguma forma. Entretanto, não havia mais nada a ser feito. Como últimos pedidos, o doutor pediu a Cesário que honrasse algumas de suas dívidas, que rezasse por ele e que dissesse à Inocência que ele a amava. E foi assim que morreu, com um último suspiro saindo de seus lábios. Era esse o nome de sua amada.

Inocência não tardou a entregar seu corpo terra. Morreu de desgosto algum tempo após a morte daquele que amou. 

Recepção Crítica

Geral

Para compreender o espaço que Taunay tem no campo literário, foram encontradas críticas favoráveis ou não às suas produções e a ele em específico. Em uma época na qual o esforço de imaginação era visto como algo negativo, pois indicava que o escritor não presenciou o que escreve e, de seu gabinete, descreve uma realidade que não conhece verdadeiramente, Taunay era louvado por escrever com estilo natural, já que suas narrativas baseavam-se em suas experiências no exército e em suas viagens pelo território do país. O que José Veríssimo, importante crítico literário do fim do século XIX e início do século XX, ressalta, no entanto, é que tal propriedade narrativa não se repetiria na obra do autor, que apesar de vasta e considerável, não é comparável a obra prima que foi Inocência.

“O visconde de Taunay (Sylvio Dinarte) é uma das grandes figuras do Brazil. Vindo de uma familia nobre francesa, elle recebeu uma educação esthetica brilhante. Depois de ter servido como official na guerra do Paraguay, na qual elle se distinguiu por sua coragem, elle escreveu, em francez, A retirada da Laguna, episodio vibrante de bravura, no qual um punhado de heróes se bate com inimigos dez vezes superiores em numero, enquanto a peste os dizima. É um relato epico que conjuga a beleza do estylo com uma boa composição. Seus romances e novelas, e entre elles Innocencia, foram traduzidos para varias lingoas. Innocencia é um idylio campestre suave, ingenuo, pitoresco, charmoso. A mocidade de Trajano, Ouro sobre azul, Lagrimas do coração são novelas graciosas. Ceos e terras do Brazil (Sites et Terres), um dos livros mais modernos de Sylvio Dinarte, é admiravel pela eloquencia do pensamento e pela sedução da fórma, que se apropria das descripções das scenas magestosas da flora nacional e americana. Esta ultima obra rendeu a seu author os elogios os mais lisonjeiros.” (Retirado do Periódico “La Revue des Revues”, publicado em 1897)

Taunay era reconhecido e elogiado não só no Brasil. Somam-se à essas críticas, diversos comentários feitos junto ao anúncio de algumas de suas obras (na grande maioria Inocência) nos jornais brasileiros, franceses e ingleses, além de catálogos de algumas livrarias nacionais.

Com isso, percebe-se que Taunay circulava bastante, inclusive em folhetins a partir de seus livros, e era bem acolhido pela crítica do século XIX.

A crítica literária moderna, presentada aqui pelos autores Massaud Moisés, Alfredo Bosi, Antônio Amora e Antônio Cândido, elogia como no século XIX:

“Nada há que supere Inocência em simplicidade e bom gosto” (BOSI, 1994, p. 145)

“A popularidade do livro talvez se deva à autenticidade do caráter sentimental e sensível da heroína, pivô de um tocante drama amoroso em maio à uma natureza luxuriante descrita com vida e certa objetividade.” (MOISÉS, 2001; p. 413)

Estudes crescentes sobre Taunay concentram-se nas universidades paulistas UNICAMP e UNESP, assim como trabalhos podem ser encontrados nos estados do Centro-Oeste brasileiro, Minas Gerais e Rio Grande do Norte.

A doutora em Teoria Literária pela UNICAMP e professora da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP de Assis, Maria Lídia Lichtscheidl Maretti, resgata em seu livro um pouco da história de Taunay, usando como definição algo que Verríssimo diz do autor: Taunay era um polígrafo. 

Inocência

A obra-prima de Taunay reunia tudo que se apreciava no século XIX: bom enredo, verossimilhança, uma dose de moral e descrição através de real observação. Tais valores eram reconhecidos dentro e fora do Brasil, tanto que, segundo várias fontes da época, Inocência foi o romance brasileiro mais vezes traduzido, perdendo, em literatura da língua portuguesa, apenas para Os Lusíadas, de Camões.

Inocência foi traduzida nos seguintes idiomas:

  1. Inglês: 1889
  2. Italiano: 1893
  3. Dinamarquês: 1894
  4. Francês: 1896
  5. Sueco: 1896
  6. Japonês: 1897
  7. Alemão: 1901
  8. Espanhol: 1906
  9. Flamengo: 1912
  10. Crota: 1925
  11. Polonês: -

O sucesso de Inocência foi logo reconhecido, tanto que, em vida, seu autor viu serem produzidas quatro edições do romance em pouco mais de vinte e cinco anos. Inocência circulou tanto em formato de livro como em folhetins. 

Referências

  1. Site da Academia Brasileira de Letras - Membros Acessado em 22 de setembro de 2017
  2. Site da Academia Brasileira de Música - Patronos - Alfredo d'Escragnolle Taunay Acessado em 26 de março de 2016
  3. Constantino, Núncia Santoro de. Relatos de viagem como fontes à história. EDIPUCRS, 2012, p. 111
  4. "A Corte no Brasil: Vida artística urbana: Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios". In: Arquivo Nacional. O Arquivo Nacional e a História Luso-Brasileira.
  5. Claudius Gomes de Aragão Viana. Realengo e a Escola Militar: um estudo sobre memória e patrimônio urbano. Revista Mosaico. Editorial: Edição nº 2, ano I. PPHPBC/Cpdoc/FGV, Rio de Janeiro/RJ. (acesso em 24/06/2013)
  6. Rede da Memória Virtual Brasileira. Biografia sobre "André Rebouças (1838-1898)". Sítio da Biblioteca Nacional. (acesso em 24/06/2013)
  7. ANDRADE, Luis Carlos R. de. Conheça Curitiba. Curitiba, ed. Estética, 1997. 116p
  8. Inocência: Análise do livro de Visconde de Taunay, por Oscar D'Ambrosio

Ligações externas


Precedido por
João Capistrano Bandeira de Melo Filho
Presidente da província de Santa Catarina
1876 — 1877
Sucedido por
Hermínio Francisco do Espírito Santo
Precedido por
Joaquim de Almeida Faria Sobrinho
Presidente da província do Paraná
1885 — 1886
Sucedido por
Joaquim de Almeida Faria Sobrinho
Precedido por
Francisco Otaviano
(patrono)
ABL - fundador da cadeira 13
1897 — 1899
Sucedido por
Francisco de Castro



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