Estação Ferroviária de Espinho
Predefinição:Infobox estação CP Porto A Estação Ferroviária de Espinho é uma interface da Linha do Norte, que serve a cidade de Espinho, em Portugal. Serviu como ponto de entroncamento com a Linha do Vouga entre 1908[1] e 2004[2], sendo a gare de via estreita conhecida originalmente como Espinho - Praia.[3] A antiga estação foi encerrada e substituída por uma gare subterrânea, que entrou ao serviço em 4 de Maio de 2008.[4]
Descrição
Localização e acessos
A estação ferroviária de Espinho situa-se no interior da localidade com o mesmo nome, tendo acesso pela Avenida 8.[5]
Classificação e serviços
No Diretório da Rede de 2017, publicado em 10 de Dezembro de 2015, a estação de Espinho aparece com a tipologia A.[6]
História
Inauguração
A estação de Espinho encontra-se no troço entre Vila Nova de Gaia e Estarreja da Linha do Norte, que foi inaugurado pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses em 8 de Julho de 1863.[7]
Ampliação da estação
Em Março de 1898, previam-se obras para ampliar esta estação, com a reconstrução e alargamento do edifício principal, que se tinha tornado insuficiente para a procura; com efeito, Espinho tinha-se tornado um importante centro de turismo balnear, recebendo um grande número de visitantes estrangeiros e do Norte do país.[8]
Século XX
Ligação à Linha do Vouga
Dois alvarás, de 11 de Julho de 1889 e 23 de Maio de 1901, autorizaram Francisco Frederico Palha a construir uma linha entre Torredeita, na Linha do Dão, e Espinho, com um ramal até Aveiro.[1] Em 1895, já o ponto inicial tinha sido alterado para Viseu.[9] O projecto foi aprovado por uma portaria de 30 de Outubro de 1903, e o primeiro troço da Linha do Vale do Vouga, de Espinho a Oliveira de Azeméis, foi inaugurado a 21 de Dezembro de 1908.[1] A Compagnie Française pour la Construction et Exploitation des Chemins de Fer à l'Étranger, construtora da Linha[1], organizou um comboio especial para a cerimónia[10], que teve a presença do rei D. Manuel II.[11][12] A rede do Vouga, de Viseu a Espinho e Aveiro foi concluída com a abertura do troço entre Termas de São Pedro do Sul e Moçâmedes, em 5 de Fevereiro de 1914.[13]
Em 28 de Agosto de 1902, a Companhia Real instituiu, a partir do dia 1 de Setembro, uma paragem de um minuto nesta estação, dos comboios expressos entre o Porto e Lisboa-Rossio.[14]
Em 1903, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses ordenou que fossem instalados, nesta interface, semáforos do sistema Nunes Barbosa, devido ao bom desempenho que este equipamento teve noutras estações.[15] Em 20 de Outubro de 1906, foi duplicado o troço de Esmoriz a Espinho[16], e deste ponto até Estarreja em 26 de Novembro do mesmo ano.[17]
Em 1910, previa-se a construção de uma variante à Linha do Norte na zona de Espinho, com receio dos prejuízos que o avanço do oceano poderia fazer.[18]
Em 1932, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses abriu um poço nesta estação.[19] Em 21 de Dezembro de 1933, realizou-se um comboio especial de via estreita entre Aveiro e Espinho, para celebrar o 25.º aniversário da inauguração da Linha do Vouga; a estação de Espinho foi decorada para o evento, e foi descerrada uma placa comemorativa.[20]
Em 5 de Fevereiro de 1949, entraram ao serviço novas carruagens Schindler nos comboios entre Braga, Porto e Espinho; no primeiro comboio entre o Porto e Espinho, viajaram individualidades da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e do estado, e representantes do turismo e da imprensa.[21]
Um diploma do Ministério das Comunicações de 4 de Janeiro de 1951 ordenou que a estação de Espinho - Praia, que era o terminal da Linha do Vouga, fosse fundida com a estação principal de Espinho, nessa altura situada ao PK 317,102 da Linha do Norte.[3]
Século XXI
No programa de modernização da Linha do Norte, apresentado pela operadora Caminhos de Ferro Portugueses em 1988, estava prevista a construção de uma nova gare em Espinho.[22] Nos princípios do Século XXI, foi iniciado um projecto de enterramento do troço da Linha do Norte no interior da cidade de Espinho, incluindo a gare ferroviária.[23] Dsta forma, em Julho de 2004, foi encerrado o troço da Linha do Vouga até Espinho-Vouga.[2]
A nova gare entrou ao serviço na madrugada do dia 4 de Maio de 2008.[4]
Cerca de um ano após a inauguração da nova estação, o terreno ocupado pela antiga gare começou a ser alvo de obras de requalificação, estando projectada a instalação de vários largos e praças, destacando-se as Praças do Casino, que teria relvados e espelhos de água, e da Senhora da Ajuda, em frente da Capela, onde seriam construídos um posto de turismo e um coreto.[24] Os comerciantes da zona criticaram o atraso no arranque das obras, alegando uma quebra na procura após o encerramento da antiga estação.[24]
Em 2010, o presidente da Junta de Freguesia de Espinho, Rui Torres, criticou o Plano de Emergência Integrado do Túnel e Apeadeiro de Espinho, uma vez que os acessos de emergência previstos naquele documento eram apenas escadas, além que apenas existiam saídas de emergência de um dos lados do túnel, complicando a evacuação de pessoas com mobilidade reduzida, crianças e idosos.[25]
Referências literárias
No primeiro volume da obra As Farpas, Ramalho Ortigão, é descrita a passagem pela estação de Espinho, numa viagem de Santa Apolónia a Campanhã:
“ | Em Espinho os banheiros, vestidos de baeta, saídos do mar escorrendo água, entregam-nos os seus bilhetes de visita, enquanto os banhistas, passeando gravemente na estação, de chapéus de palha e sapatos brancos, com os seus bordões de cana-da-Índia com argolas de prata, abrem o correio de Lisboa e percorrem com zelo os jornais da manhã. | ” |
Ver também
Referências
- ↑ a b c d TORRES, Carlos Manitto (16 de Março de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 71 (1686). pp. 133–140. Consultado em 22 de Abril de 2014
- ↑ a b «Restrições em Estações e Margens Suplementares». Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2005. Rede Ferroviária Nacional. 13 de Outubro de 2004. 73 páginas
- ↑ a b PORTUGAL. Diploma sem número, de 4 de Janeiro de 1951. Ministério das Comunicações - Direcção-Geral de Caminhos de Ferro - Repartição de Exploração e Estatísticas. Publicado no Diário do Governo n.º 6, Série III, de 8 de Janeiro de 1951
- ↑ a b REIS, Filipa Castro (8 de Maio de 2008). «Linha de comboio já não divide Espinho». Jornalismo Porto Net. Consultado em 27 de Abril de 2015
- ↑ «Espinho». Comboios de Portugal. Consultado em 18 de Novembro de 2014
- ↑ «Disponibilização de instalações operacionais em estações» (PDF). Diretório da Rede de 2017. 10 de Dezembro de 2015. 120 páginas. Consultado em 22 de Março de 2017
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681). pp. 9–12. Consultado em 22 de Abril de 2014
- ↑ «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 50 (1207). 1 de Abril de 1938. 158 páginas. Consultado em 22 de Abril de 2014
- ↑ «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. 40 páginas. Consultado em 22 de Abril de 2014
- ↑ AGUILAR, Busquets de (1 de Junho de 1949). «A Evolução História dos Transportes Terrestres em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1475). pp. 383–393. Consultado em 27 de Abril de 2015
- ↑ REIS et al, p. 54
- ↑ NONO, Carlos (1 de Dezembro de 1949). «Efemérides ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1487). pp. 695–696. Consultado em 27 de Abril de 2015
- ↑ «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. pp. 528–530. Consultado em 27 de Abril de 2015
- ↑ «Avisos de serviço» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (353). 1 de Setembro de 1902. pp. 268–269. Consultado em 22 de Abril de 2014
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (363). 1 de Fevereiro de 1903. 43 páginas. Consultado em 22 de Abril de 2014
- ↑ NONO, Carlos (1 de Outubro de 1950). «Efemérides ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 63 (1507). pp. 353–354. Consultado em 27 de Abril de 2015
- ↑ NONO, Carlos (1 de Novembro de 1949). «Efemérides ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1485). pp. 655–656. Consultado em 27 de Abril de 2015
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1230). 16 de Março de 1939. pp. 177–179. Consultado em 22 de Abril de 2014
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1932» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1081). 1 de Janeiro de 1933. pp. 10–14. Consultado em 8 de Novembro de 2011
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Janeiro de 1934). «Os Caminhos de Ferro de 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1105). pp. 5–8. Consultado em 22 de Abril de 2014
- ↑ «Melhoramentos ferroviários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 61 (1468). 16 de Fevereiro de 1949. 147 páginas. Consultado em 22 de Abril de 2014
- ↑ MARTINS et al, p. 208
- ↑ NEVES, Nuno (22 de Dezembro de 2005). «Espinho: Enterramento causa transtornos». Jornalismo Porto Net. Consultado em 27 de Abril de 2015
- ↑ a b PALMA, Natacha (21 de Abril de 2009). «Dois anos de obras inquietam comércio». Jornal de Notícias. Consultado em 27 de Abril de 2015
- ↑ PALMA, Natacha (21 de Setembro de 2010). «Socorro no túnel ferroviário de Espinho só é possível a pé». Jornal de Notícias. Consultado em 27 de Abril de 2015
Bibliografia
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- ORTIGÃO, Ramalho (1986) [1890]. As Farpas. O País e a Sociedade Portuguesa. 15. Lisboa: Clássica Editora. 276 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Leitura recomendada
- CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN 989-95182-0-4
- DAHLSTRÖM, Marc (1989). Vapeur Au Portugal (em francês). [S.l.]: Edição do autor. 176 páginas. ISBN 2950249930
- NEVES, Elísio Amaral (2014). Fez-se mais curto o caminho entre o Marão e Espinho. Col: Cadernos do Museu do Som e da Imagem. 11. Vila Real: Museu do Som e da Imagem. 42 páginas. ISBN 978-989-8653-30-7
- QUEIRÓS, Amílcar (1976). Os Primeiros Caminhos de Ferro de Portugal: As Linhas Férreas do Leste e do Norte. Coimbra: Coimbra Editora. 45 páginas
- SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859-1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas
- LOPES, António José Teixeira (2013) [1998]. Espinho no limiar do século XX: o nascimento de um aglomerado urbano (Tese de Mestrado). Lisboa: Edita-me e Faculdade de Letras da Universidade do Porto. 155 páginas. ISBN 978-989-743-020-6
Ligações externas
- «Página sobre a Estação de Espinho, no sítio electrónico Wikimapia»
- «Página sobre a Estação de Espinho, no sítio electrónico da empresa Infraestruturas de Portugal»
- «Página sobre a Estação de Espinho, no sítio electrónico da operadora Comboios de Portugal»
- «Página com fotografias da Estação de Espinho, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página com fotografias da Estação de Espinho, no sítio electrónico RailPictures» (em inglês)