Mein Kampf
Mein Kampf | |
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Primeira edição do "Mein Kampf" em alemão, julho de 1925. Exposição do Museu Histórico alemão em Berlim. | |
Autor(es) | Adolf Hitler |
Idioma | Alemão |
País | Alemanha |
Editora | Eher Verlag |
Lançamento | 18 de Julho de 1925 |
Mein Kampf (em português Minha Luta) é o título do livro de dois volumes de autoria de Adolf Hitler, no qual ele expressou suas idéias anti-semíticas, nacionalistas então adotadas pelo partido nazista. O primeiro volume foi escrito na prisão e editado em 1925, o segundo foi escrito por Hitler fora da prisão e editado no ano seguinte. Mein Kampf tornou-se um guia ideológico e de ação para os nazistas e também atualmente os neonazistas, sendo chamado de "Bíblia Nazista". É importante ressaltar que as idéias propostas em Mein Kampf não surgiram com Hitler, originaram-se em teorias e argumentos então correntes na Europa. Na Alemanha nazista era uma exigência não-oficial possuir o livro, porém, devido ao seu tamanho, muitos alemães na realidade, não o leram. Para se casar os noivos precisavam de um examplar do livro, todos os estudantes o recebiam na sua formatura em todos os colégios. [1]
É importante notar que a flexibilidade conotativa e contextual da lingua alemã da palavra "Kampf", que traz diversas possibilidades de traduções do título para o português. A palavra também pode ser traduzida como "luta", "combate", ou até mesmo como "guerra"' o que é evidenciado por vários exemplos como os nomes alemães de diversos tanques ("Panzerkampfwagen", "Veículo de guerra blindado") ou por números de bombardeiros ("Sturzkampfflugzeug", "Avião bombardeiro de guerra"). Muitos ainda acham "Minha Luta" a tradução correta, porém, de acordo com o texto, Hitler descreve as várias tribulações que ele e seu movimento experimentaram durante seus primeiros anos. Precedentes para essa tradução podem ser encontrados em títulos de outras obras literárias da época como "Der Kampf ums Recht" (A luta pela Justiça), de Rudolf von Ihering.
História
Hitler começou a ditar o livro para Emil Maurice enquanto estava preso em Landsberg, e depois de Julho de 1924 passou a ditar para Rudolf Heß, que depois, junto com muitos outros, foi editando o livro. Por sua peculiar natureza verbal, a obra original mostrou-se repetitiva e de difícil leitura, por isso precisou ser editada e re-editada antes de chegar à editora. Ele foi dedicado a Dietrich Eckart, membro da Sociedade Thule. O título original da obra era "Viereinhalb Jahre [des Kampfes] gegen Lüge, Dummheit und Feigheit" ("Quatro anos e meio de luta contra mentiras, estupidez e covardia"), porém Max Amann, o encarregado das publicações nazistas, decidiu que o título era muito complicado e então achou melhor abreviá-lo para Mein Kampf - Minha Luta. Amann ficou desapontado com o conteúdo da obra, pois esperava uma história pessoal de Hitler detalhada e com ênfase no Putsch da Cervejaria, que acreditava se tornaria uma ótima leitura, Hitler porém não entrou em detalhes sobre sua vida pessoal e não escreveu pouco sobre o Putsch.[1]
O primeiro volume, intitulado Eine Abrechnung, é essencialmente autobiográfico e foi publicado em 18 de Julho de 1925; o segundo volume, Die Nationalsozialistische Bewegung (O movimento nacional-socialista), é mais preocupado em expressar a doutrina nazista e foi publicado em 1926.
Conteúdo
As principais idéias do livro são aquelas que mais tarde se tentariam aplicar durante a Alemanha nazista e a Segunda Guerra Mundial. Hitler desejava transformar a Alemanha num novo tipo de Estado, que se alicerçasse com o conceito de raças humanas e incluísse todos os alemães que viviam fora da Alemanha, estabelecendo também o Führerprinzip - conceito do líder -, em que Hitler dita que ele deveria deter grandes poderes, se autodesignando na última página do livro "soberano da Terra", estabelecendo uma ideologia universal (Weltanshauung). O livro é dominado pelo anti-semitismo, por exemplo, Hitler diz que a língua internacional Esperanto faz parte da conspiração dos judeus, e faz comentários a favor da antiga idéia nacionalista Alemã do "Drang nach Osten": a necessidade de ganhar o Lebensraum (espaço vital) para o leste, especialmente na Rússia.
Outro aspecto importante é o posicionamento político claramente anti-comunista, e uma preocupação evidente com a expansão da ideologia marxista, tida pelo autor como "uma idéia tão judaica quanto o próprio capitalismo". Hitler usou como tese principal o "Perigo Judeu", que fala sobre a conspiração dos Judeus para ganhar a liderança na Alemanha. No entanto, o livro também é autobiográfico, dá detalhes da infância de Hitler e o processo pelo qual ele se transformou em um nacionalista, depois num anti-semita, e finalmente num militarista, tendo sido marcado pela sua juventude em Viena, Áustria.
Popularidade
Com a apreensão dos extratos de conta dos direitos autorais da Eher Verlag - a editora nazista - feitas pelos Aliados em 1945, revelou que em 1925, ano de seu lançamento, Mein Kampf (custando 12 marcos cada volume) vendeu 9.473 exemplares, à partir de então as vendas caíram gradativamente para 6.913 em 1926, para 5.607 em 1927 e somente 3.015 em 1928. Com as vitórias nas eleições pelos nazistas à parti de 1929 as vendas cresceram, para 7.669 naquele ano, 54.086 em 1930, quando surgiu uma edição popular de oito marcos, para 50.808 em 1931 e 90.351 em 1932. Em 1933 quando Hitler se tornou chanceler, as vendas saltaram para um milhão de exemplares. Em 1940, seis milhões de exemplares de Mein Kampf forma vendidos.[2] O Partido nazista afirmou que o livro antes disso já era um grande vendedor. Hitler possuí rendimento de 10% dos direitos autorais sobre o livro (sua principal fonte de renda à partir de 1925), 15% à partir de 1933, quando o rendimento da venda do livro superou um milhão de marcos, tornando Hitler um milionário e o mais próspero escritor da Alemanha.[1]
Índices
O arranjo dos capítulos é como segue:
- Introdução
- Volume I: Uma conta
- Capítulo 1: Na casa paterna
- Capítulo 2: Anos de aprendizado e de sofrimento em Viena
- Capítulo 3: Reflexões gerais sobre a política da época de minha estadia em Viena
- Capítulo 4: Munique
- Capítulo 5: A Guerra Mundial
- Capítulo 6: A propaganda da guerra
- Capítulo 7: A revolução
- Capítulo 8: O começo de minha atividade política
- Capítulo 9: O Partido Trabalhista Alemão
- Capítulo 10: Causas primárias do colapso
- Capítulo 11: Povo e Raça
- Capítulo 12: O primeiro período de desenvolvimento do Partido Nacional Socialista
- Volume II: O movimento nacional-socialista
- Capítulo 1: Doutrina e partido
- Capítulo 2: O Estado
- Capítulo 3: Cidadãos e súditos do Estado
- Capítulo 4: Personalidade e concepção do Estado Nacional
- Capítulo 5: Concepção do mundo e organização
- Capítulo 6: A luta nos primeiros tempos - A importância da oratória
- Capítulo 7: A luta com a frente vermelha
- Capítulo 8: O forte é mais forte sozinho
- Capítulo 9: Idéias fundamentais sobre o fim e a organização dos trabalhadores socialistas
- Capítulo 10: A máscara do federalismo
- Capítulo 11: Propaganda e organização
- Capítulo 12: A questão sindical
- Capítulo 13: Política de aliança da Alemanha após a Guerra
- Capítulo 14: Orientação para leste ou política de leste
- Capítulo 15: O direito de defesa
- Conclusão
- Índice
Referências
- ↑ a b c Ascensão e queda do Terceiro Reich Triunfo e Consolidação 1933-1939. Volume I. William L. Shirer. Tradução de Pedro Pomar. Agir Editora Ldta., 2008. Pág.:320-321. ISBN 978-85-220-0913-8
- ↑ Adolf Hitler: Tax-payer (Adolf Hitler: contribuinte) publicado no The Americal Historical Review, julho de 1955, Oron James Hale.
Ligações externas
- Mein Kampf - Versão eletrônica em português (em português)
- Mein Kampf - original em alemão (em alemão)