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Azerbaijão (Irã)

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 Nota: Este artigo é sobre uma região do Irã. Para outros significados, veja Azerbaijão (desambiguação).
Localização do Azerbaijão no mapa do Irã.

Azerbaijão ou Azarbaijão (em persa: آذربایجان; Āzarbāijān; em azeri: آذربایجان , em curdo: آذربایجان ), também Azerbaijão iraniano, Azarbaijão iraniano (persa: آذربایجان ایران; Āzarbāijān-e Irān), é uma região no noroeste do Irã. É também historicamente conhecida por Atropatene e Aturpatakan.

A região é chamada por alguns sul-azerbaijanos ou azerbaijanos meridionais (em azeri: جنوبی آذربایجان, Na república do Azerbaijão: Cənubi Azərbaycan, گونئي آذربایجان, Na República do Azerbaijão (estilo turco anatoliano): Güney Azərbaycan)[1][2] entretanto, algumas fontes vêem esses termos como sendo falsos e politicamente motivados.[3][4].

Etimologia e uso

O nome Azerbaijão é derivado de Atropates,[5] o sátrapa (governador) dos Medos no Império Aquemênida, que governou uma região localizada no atual Azerbaijão iraniano chamada Atropatene. Acredita-se que o nome Atropate origina-se do persa antigo significando "protegido pelo fogo".[6]

O nome também é mencionado no Frawardin Yasht avestano: âterepâtahe ashaonô fravashîm ýazamaide, que traduzido literalmente significa: Adoramos o Fravashi do santo Atare-pata.[7] Segundo a Enciclopédia do Islã, o nome da província foi indicado como: No médio persa, o nome da província foi chamado Āturpātākān, no mais antigo neopersa, Ādharbādhagān آذربادگان/آذرآبادگان, Ādharbāyagān, atualmente Āzerbāydjān/Āzarbāydjān, em grego ᾿Ατροπατήνη, em grego bizantino ᾿Αδραβιγάνων, em armênio Atrpatakan, siríaco Adhorbāyghān.[8]

O nome 'Atropat', no médio persa, foi transformado em 'Adharbad' e está relacionado com Zoroastrianismo. Um famoso sacerdote zoroastrista de nome Adarbad Mahraspandan é bem conhecido por seus conselhos.[9] O Azerbaijão, devido aos seus numerosos templos do fogo também foi citado em uma variedade de fontes históricas como sendo o local de nascimento do profeta Zaratustra, embora estudiosos modernos ainda não tenham chegado a um acordo sobre o local de seu nascimento.[10]

Geografia

O Azerbaijão iraniano é geralmente considerado a porção noroeste do Irã, compreendendo as províncias de Zanjan, Azerbaijão Oriental, Azerbaijão Ocidental e Ardabil. Faz fronteira com a República do Azerbaijão,[11] a Armênia, Turquia e Iraque e tem uma população de cerca de 10 milhões de habitantes. O Azerbaijão é famoso por sua grande beleza natural. Existem 17 rios e dois lagos da região. Suas principais indústrias são as do algodão, dos frutos de casca dura, dos produtos têxteis, do chá, de máquinas e equipamentos elétricos. O norte, região de clima alpino, que inclui o lago Urmia, é montanhoso, com vales profundos e férteis planícies.

A região é delimitada ao norte pela Armênia e a República do Azerbaijão e a oeste pelo lago Urmia e a região de população curda do Irã, e a leste pelo Talistão e a província de Gilan.

Agricultura

Grãos, frutas, algodão, arroz, amêndoas, e tabaco são as culturas básicas da região.

Indústrias e artesanatos

As indústrias incluem máquinas e ferramentas, fábricas de veículos, refinarias de petróleo, complexo petroquímico, transformação de alimentos, cimento, têxteis, equipamentos elétricos, usinas de açúcar. Oleodutos e gasodutos correm através da região. Também são produzida lã, tapetes, peças em metal.

Pessoas

O Azerbaijão é a principal área de língua turca, uma das mais ricas e uma das regiões mais povoadas do Irã, apresentando um quadro de clareza étnica e homogeneidade que é talvez enganoso. Ele compreende vários grupos lingüísticos, religiosos, e minorias tribais, e até mesmo os próprios azeris são encontrados em muitos lugares fora da região.[12]

Os azeris são seguidores do Xiismo. Os azeris iranianos compõem a maioria da população na região iraniana do Azerbaijão. A população de azeris do Irã (também conhecidos como azerbaijanos) é encontrada principalmente nas províncias do noroeste: Azerbaijão Oriental, Azerbaijão Ocidental, Ardabil, Zanjan, e como minoria em algumas regiões do Curdistão, Hamadã e Markazi. Muitos outros vivem em Teerã, Karaj e em outras regiões.[13]

Grupos menores de curdos, armênios, assírios, taliches, judeus, georgianos e persas também habitam a região.

Províncias e cidades

O Azerbaijão iraniano está dividido em províncias: Azerbaijão Oriental (1996 pop. 3.325.540), Azerbaijão Ocidental (1996 pop. 2.496.320), Ardabil (1996 pop. 1.168.011), Zanjan (1996 pop. 900.890)[14][3] As principais cidades são: Tabriz (a capital do Azerbaijão Oriental), Urmia (a capital do Azerbaijão Ocidental), Ardabil (a capital de Ardabil), Maragheh, Marand, Zanjan e Khoy (Khvoy).

História

Período pré-islâmico

O mais antigo reino conhecido no Azerbaijão iraniano é o do Mannea que governou a região sudeste do lago Urmia centrado em torno da atual cidade de Saqqez. Os manneanos eram uma confederação de grupos iranianos e não-iranianos. Segundo o professor Zadok:

Segundo a Enciclopédia Britânica, os Medos foram um:

No século VIII a.C., o Azerbaijão, assim como Hamadã, Teerã e Isfahan foram colonizados pelos medos. O Azerbaijão mais tarde se constituiu na província da Média Menor do Império Persa.

Depois que Alexandre, o Grande conquistou a Pérsia, ele nomeou (328 a.C.) como governador da região, o general persa Atropates, que posteriormente fundou uma dinastia independente. A região, que veio a ser conhecida como Atropatene ou Média Atropatene (depois Atropates), foi muito disputada. No século II a.C., foi libertada da dominação selêucida por Mitridates I da Dinastia arsácida, e mais tarde foi feita província do Império Sassânida de Ardacher I da Pérsia. Sob o governo sassânida, o Azerbaijão foi governado por um marzubān, e, no final do período, pertenceu à família de Farrukh-Hormuzd. Heráclio, o imperador bizantino, dominou por pouco tempo a região, no século VII até que a paz foi feita com os sassânidas. Depois da conquista islâmica da Pérsia, os árabes invasores converteram a maior parte do povo da região para o Islamismo, e o Azerbaijão passou a fazer parte do califado.

Período islâmico

A conquista árabe

Durante a invasão islâmica do Azerbaijão, o nome do general do Irã, era Rostam, filho de Farrukh Hurmuz também conhecido como Rustam Farrokhzad. Rostam nasceu no Azerbaijão e conduziu o exército sassânida nas batalhas.

Ele também é mencionado no Shahnameh:

چو نامه بخوانی تو با مهتران/برانداز و برساز لشکر بران

همی تاز تا آذرآبادگان/ دیار بزرگان و آزادگان

همیدون گله هرچه داری ز اسب/ببر سوی گنجور آذرگشسب

O exército sassânida persa foi derrotado na batalha de Qadisiya e Rostam foi morto na mesma batalha. Em 642, o comandante persa Piruzan lutou contra os muçulmanos em Nahavand, que era a porta de entrada para as províncias do Azerbaijão, Armênia e Albânia. A batalha foi vencida mais uma vez pelos muçulmanos, que invadiram então o Azerbaijão. Os muçulmanos se fixaram no Azerbaijão como também em muitas outras partes do Irã. De acordo com o historiador Kasravi, os muçulmanos fixaram no Azerbaijão um número de pessoas maior do que em outras províncias, devido às suas vastas e verdejantes pastagens. As revoltas locais contra o Califado eram comuns e a mais famosa delas foi a do movimento persa dos Khurramitas.

Abássidas e Seljúcidas

Depois da revolta de Babak Khorramdin que era um zoroastriano de formação neomazdaquita, a influência do califado abássida no Azerbaijão ficou enfraquecida, permitindo o ressurgimento de dinastias nativas no Azerbaijão. Mais tarde, o Azerbaijão foi tomado pelo curdo Daisam e o daylamita Marzuban. Os daylamitas foram sucedidos pelos curdos Rawadidas. Após confrontos com as populações locais curdas que já tinham criado suas próprias dinastias e emirados em vastas áreas do Azerbaijão, os seljúcidas dominaram a região no século XI e início do XII, dando início à turquificação das populações nativas. Em 1136, o Azerbaijão foi dividido em Atabakan-e-Azerbaijão e Atabakan-e-Maragheh. Foi invadido pelo Khwarizm Shah Jalal ad-din até o advento das invasões mongóis.

Período mongol e turcomano

Os mongóis sob o comando de Hulagu Khan estabeleceram sua capital em Maragheh. O Safina-yi Tabriz é um livro que descreve a condição intelectual geral de Tabriz durante o período Ilkhanida. Depois de ter sido conquistada por Tamerlão, no século XIV, Tabriz se tornou uma importante capital provincial do Império Timúrida. Mais tarde, Tabriz tornou-se a capital do Império Qara Qoyunlu.

Safávidas, interlúdio afegão, Afshars e Qajar

Foi a partir de Ardabil (antiga Artavilla), que a dinastia safávida surgiu para renovar o Estado da Pérsia e estabelecer o Xiismo como a religião oficial do Irã. Após 1502, o Azerbaijão passou a ser o principal baluarte e base militar dos safávidas. Entretanto, entre 1514 e 1603, os otomanos freqüentemente ocuparam Tabriz e outras partes da província. O controle safávida foi restaurado pelo Abbas, mas durante a invasão do Afeganistão (1722-1728) os otomanos recapturaram o Azerbaijão Ocidental e outras províncias do Irã, até Nadir Shah expulsá-los.

No início do reinado de Karim Khan Zand, o afegão Azad Khan revoltou-se no Azerbaijão e, posteriormente, os curdos Dumbuli de Khoy e outros chefes tribais governaram várias partes do território. Com o advento dos Qajars, o Azerbaijão tornou-se a tradicional residência dos príncipes-herdeiros. Neste momento, a última fronteira norte do Irã com a Rússia (ao longo do rio Aras) foi criada em 1828 (Tratado de Turkmenchay). Depois de 1905 os representantes do Azerbaijão foram muito ativos na Revolução Constitucional Iraniana.

Período Moderno

O exército (tsarista) russo ocupou o Azerbaijão em 1909, e novamente nos períodos 1912-1914 e 1915-1918. As forças otomanas ocuparam-no nos períodos 1914-1915 e 1918-1919. As forças bolchevique ocuparam o Azerbaijão iraniano e outras partes do Irã em 1920-1921,[17] e as forças soviéticas ocuparam o Azerbaijão iraniano em 1941. Em maio de 1946 foi criado o Estado autônomo do Azerbaijão, apoiado pela União Soviética, mas que teve curta duração sendo dissolvido após a reunificação do Azerbaijão iraniano com o Irã, em novembro do mesmo ano.[18] As províncias azerbaijanas têm desempenhado um papel importante na vida cultural e econômica do Irã, tanto na dinastia Pahlavi, quanto na Revolução Iraniana.

Cultura

Ficheiro:Bahram-e Gur.jpg
O rei sassânida Bahram Gur foi um grande incentivador das tradições e poesias persas. Citado por Nezami em "Bahram e a princesa indiana no Pavilhão Negro" Khamse ("Quinteto"), séc. XVI, período Safávida.

Os azeris estão culturalmente muito próximos do restante dos iranianos, embora sua língua seja a turcomana. O povo do Azerbaijão têm DNA semelhante a de outros povos iranianos[19][20], assim como sua religião que é a Xiita e que os diferenciam de outros falantes do turcomano (que são na sua maioria de muçulmanos sunitas). Os azeris festejam o Naw-Rúz como a virada do ano novo iraniano, a chegada da primavera.

O Azerbaijão tem um estilo de música própria no Irã. Muitas danças locais e músicas folclóricas permanecem vivas entre os diversos povos das províncias. Embora a língua azeri não seja uma língua oficial, ela é amplamente utilizada, principalmente nas tradições orais, entre os azeris do Irã. Muitos poetas oriundos do Azerbaijão escrevem poesia em persa e em azeri. Dentre os renomados poetas de língua azeri estão: Nasimi, Shah Ismail I (que ficou conhecido com os pseudônimos de Khatai), Fuzuli, e Mohammad-Hossein Shahriar.

Fuzuli e Nasimi provavelmente nasceram fora do que é hoje o Azerbaijão iraniano. O azeri era a língua dominante das dinastias reinantes dos governantes turcomanos da região, tais como Ak Koyunlu e, mais tarde, foi utilizada nas cortes safávidas por um curto período de tempo, até que o persa foi adotado, no entanto, o turcomano era utilizado principalmente entre os guerreiros Qizilbash. Como uma grande província do Irã (Pérsia), o Azerbaijão é mencionado em muitas ocasiões, na Literatura persa pelos grandes autores e poetas persas. Exemplos:

گزیده هر چه در ایران بزرگان
زآذربایگان و ری و گرگان
Todos os nobres e grandes do Irã,
Escolhidos do Azerbaijão, Ray, e Gorgan.
Vis o Ramin

از آنجا بتدبیر آزادگان
بیامد سوی آذرآبادگان
A partir daí, os sábios e os livres,
foram para a Azerbaijão
Nizami

به یک ماه در آذرآبادگان
ببودند شاهان و آزادگان
Durante um mês, Os Reis e Os Livres,
Escolheriam estar no Azerbaijão
Ferdowsi

Colégios e Universidades

  • Universidade de Tecnologia de Sahand
  • Universidade de Medicina e Ciências de Tabriz
  • Universidade de Tabriz
  • Universidade de Medicina e Ciências de Urmia
  • Universidade de Urmia
  • Universidade de Medicina e Ciências de Ardabil
  • Universidade Mohaghegh Ardabili
  • Instituto para Estudos Avançados em Ciências Básicas
  • Universidade de Zanjan
  • Universidade de Tarbiat Moallem do Azerbaijão
  • Universidade de Artes Islâmicas de Tabriz
  • Universidade de Maragheh

Ligações externas

Referências

  1. Encyclopaedia Iranica: "Azerbaijan", viii "Azerbaijan Turkish", Doerfer, G. pag. 246, (LINK)
  2. Brown, Cameron S. 2002 (Dez.). "Observations from Azerbaijan." Middle East Review of International Affairs: v. 6, no. 4, (LINK)
  3. Michael P. Croissant, "The Armenia-Azerbaijan Conflict: Causes and Implications", Praeger/Greenwood, 1998
  4. Ethnic Conflict and International Security, Edited by Michael E. Brown, Princeton University Press, 1993
  5. Atroapates. Encyclopedia Iranica. [1]
  6. Encyclopædia Iranica, "ATROPATES" M. L. Chaumont.
  7. FRAWARDIN YASHT ("Hino aos Anjos da Guarda") Traduzido por James Darmesteter (From Sacred Books of the East, American Edition, 1898)
  8. Minorsky, V.; Minorsky, V. "Azerbaijan" Encyclopaedia of Islam. Edited by: P. Bearman, Th. Bianquis, C.E. Bosworth, E. van Donzel and W.P. Heinrichs. Brill
  9. R. C. Zaehner, The Teachings of the Magi, London, 1956, p. 101 [2]
  10. G. Gnoli, Zoroaster's time and homeland, Naples, 1980
  11. M. N. POGREBOVA, Encyclopedia Iranica, ARCHEOLOGY. viii. NORTHERN AZERBAIJAN (REPUBLIC OF AZERBAIJAN), 16 de junho de 2004
  12. Encyclopaedia Iranica, page 243 = acessado em 9 de janeiro de 2007]
  13. Azarbaijanis
  14. Provinces of Iran - 1996 Census figures, page last updated: 19-04-2006, acessado em 2 de abril de 2007
  15. MANNEA by R. Zadok in Encyclopaedia Iranica
  16. "Mede." Encyclopædia Britannica. 2007. Encyclopædia Britannica Online. 12 February 2007 <http://www.britannica.com/eb/article-9051719>
  17. Younes Parsa Benab, "The Gilan Soviet Republic and Azadistan in Iranian Azerbaijan (1917-1921)", acessado em 2 de abril de 2007
  18. Cold War International History Project Virtual Archive 2.0 Collection: 1945-46 Iranian Crisis
  19. "Maziar Ashrafian Bonab"Department of Genetics, University of Cambridge (retrieved 9 de junho de 2006)
  20. "Cambridge Genetic Study of Iran"ISNA (Iranian Students News Agency), 06-12-2006, news-code: 8503-06068 (retrieved 9 de junho de 2006)