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De Consolatione ad Polybium: diferenças entre revisões

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A obra dirige-se a Políbio, Secretário particular do [[Cláudio|Imperador Cláudio]], para consolá-lo sobre a morte de seu irmão. O ensaio contém a [[Estoicismo|filosofia estoica]] de Sêneca, com particular atenção à inescapável realidade da morte. Embora seja sobre um assunto muito pessoal, o ensaio em si não parece particularmente empático ao caso específico de Políbio, dando uma visão mais ampla sobre a dor e o luto, sem nunca citar o nome do irmão falecido. Fonte: https://www.estoico.com.br/1705/resenha-consolacao-a-polibio/
A obra dirige-se a Políbio, Secretário particular do [[Cláudio|Imperador Cláudio]], para consolá-lo sobre a morte de seu irmão. O ensaio contém a [[Estoicismo|filosofia estoica]] de Sêneca, com particular atenção à inescapável realidade da morte. Embora seja sobre um assunto muito pessoal, o ensaio em si não parece particularmente empático ao caso específico de Políbio, dando uma visão mais ampla sobre a dor e o luto, sem nunca citar o nome do irmão falecido. Fonte: https://www.estoico.com.br/1705/resenha-consolacao-a-polibio/

O texto é, sem dúvida, uma tentativa de Sêneca de conseguir seu retorno do exílio, usando boa parte do texto para lisonjear e vergonhosamente bajular o Imperador Cláudio, ironicamente procurando atrair empatia para si mesmo no processo: ''“Eu forçaria algumas gotas a fluir destes olhos, exaustos como estão com o choro sobre as minhas próprias aflições domésticas, se isso pudesse ser de alguma utilidade para você.” (II, 1)''<ref name=":0">{{citar web|url=https://www.estoico.com.br/1705/resenha-consolacao-a-polibio/|titulo=Resenha de Consolação a Políbio|data=|acessodata=09.07.2020|publicado=O Estoico|ultimo=Vieira|primeiro=}}</ref>

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== Tema e Estrutura ==
A carta começa com uma interpretação de Sêneca do significado de ''[[Memento mori|memeto mori]]'', ajudando o amigo a colocar as coisas em perspectiva e fazendo referência à cosmologia estoica e sua ideia de que o universo é cíclico e que passa por séries de criação e destruição<ref name=":0" />. Explica as posições dos fundadores do estoicismo [[Zenão de Cítio|Zenão]], [[Cleantes de Assos|Cleantes]] e [[Crísipo de Solos|Crísipo]].

A finalidade é dupla: lembrar a Políbio que seria soberba pensar que nosso próprio destino deve ser diferente do de qualquer outro, e também levar consolo com a compreensão do funcionamento do mundo.

== Trechos ==
<blockquote>''“O que, de fato, já fez mãos mortais que não seja mortal? As sete maravilhas do mundo, e quaisquer maravilhas ainda maiores que a ambição de eras posteriores tenha construído, serão vistas um dia niveladas com o chão. Assim é: nada dura para sempre, poucas coisas duram até mesmo por muito tempo… todo esse universo, contendo deuses e homens e todas as suas obras, um dia será varrido e mergulhado uma segunda vez em sua escuridão e caos originais”.'' (I, 1-2)<ref name=":1">{{citar livro|url=http://montecristoeditora.com.br/9781619651821-consola%C3%A7%C3%A3o-a-pol%C3%ADbio#wbStoreElementwb_element_instance7|título=Consolação a Políbio|ultimo=Sêneca|primeiro=|editora=Montecristo Editora|ano=2020|local=São Paulo|página=|páginas=|asin=B08CCFGLZV|isbn=9781619651821}}</ref>

''“Você deve imitar os grandes generais em tempos de desastre, quando eles têm o cuidado de provocar um comportamento alegre e esconder as desgraças por uma alegria manipulada, de modo que, se os soldados vissem seu líder derrubado, eles mesmos ficariam desanimados”. (V, 2)''<ref name=":1" />

“''Eu sei, de fato, que há alguns homens, cuja inteligência é mais áspera do que brava, que dizem que o homem sábio nunca choraria.''” (XVIII, 5). “''Deixe suas lágrimas fluírem, mas deixe-as um dia parar de fluir: lamente tão profundamente quanto você quiser, mas deixe seus lamentos cessarem um dia: regule sua conduta de modo que tanto filósofos quanto irmãos possam aprová-la.''” (XVIII, 7)<ref name=":1" /></blockquote>

== Leitura Adicional ==

==== Traduções ====

* Alexandre Pires Vieira. <small>ISBN 9781619651821</small>

== Ligações externas ==

* ''[http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3atext%3a2007.01.0019 De Consolatione ad Polybium]''i (Latin) (ed. [[John W. Basore]])
* Resenha de '''[https://www.estoico.com.br/1705/resenha-consolacao-a-polibio/ Consolação a Políbio]'''
{{referências}}{{Estoicismo}}{{Controle de autoridade}}
[[Categoria:Estoicismo]]
[[Categoria:Livros do século I]]

Revisão das 14h26min de 13 de julho de 2020

De Consolatione ad Polybium ("Consolação a Políbio") é uma obra em latim do filósofo estoico Sêneca (4 a.C.-65 d.C.). É a terceira carta de consolação de Sêneca, escrita no ano 44 quando o filósofo se encontrava no exílio na ilha de Córsega para o qual fora enviado sob a acusação de adultério com Júlia Lívila, irmã de Calígula. As outras duas cartas de consolação para sua mãe e outra para Marcia, filha de um influente historiador romano.

A obra dirige-se a Políbio, Secretário particular do Imperador Cláudio, para consolá-lo sobre a morte de seu irmão. O ensaio contém a filosofia estoica de Sêneca, com particular atenção à inescapável realidade da morte. Embora seja sobre um assunto muito pessoal, o ensaio em si não parece particularmente empático ao caso específico de Políbio, dando uma visão mais ampla sobre a dor e o luto, sem nunca citar o nome do irmão falecido. Fonte: https://www.estoico.com.br/1705/resenha-consolacao-a-polibio/

O texto é, sem dúvida, uma tentativa de Sêneca de conseguir seu retorno do exílio, usando boa parte do texto para lisonjear e vergonhosamente bajular o Imperador Cláudio, ironicamente procurando atrair empatia para si mesmo no processo: “Eu forçaria algumas gotas a fluir destes olhos, exaustos como estão com o choro sobre as minhas próprias aflições domésticas, se isso pudesse ser de alguma utilidade para você.” (II, 1)[1]

Estudiosos são unânimes na consideração de que Consolação a Políbio é uma adulação para que Políbio interceda junto a Cláudio em favor de Sêneca[2]. Isso mostra um momento de fraqueza do filósofo já que Sêneca faz uso da dor alheia para tirar vantagens pessoais. Essa realidade não impede a obra de exemplificar uma das mais significativas faces do brilhante autor e de documentar lados menos explorados de sua personalidade histórica.

Tema e Estrutura

A carta começa com uma interpretação de Sêneca do significado de memeto mori, ajudando o amigo a colocar as coisas em perspectiva e fazendo referência à cosmologia estoica e sua ideia de que o universo é cíclico e que passa por séries de criação e destruição[1]. Explica as posições dos fundadores do estoicismo Zenão, Cleantes e Crísipo.

A finalidade é dupla: lembrar a Políbio que seria soberba pensar que nosso próprio destino deve ser diferente do de qualquer outro, e também levar consolo com a compreensão do funcionamento do mundo.

Trechos

“O que, de fato, já fez mãos mortais que não seja mortal? As sete maravilhas do mundo, e quaisquer maravilhas ainda maiores que a ambição de eras posteriores tenha construído, serão vistas um dia niveladas com o chão. Assim é: nada dura para sempre, poucas coisas duram até mesmo por muito tempo… todo esse universo, contendo deuses e homens e todas as suas obras, um dia será varrido e mergulhado uma segunda vez em sua escuridão e caos originais”. (I, 1-2)[3]

“Você deve imitar os grandes generais em tempos de desastre, quando eles têm o cuidado de provocar um comportamento alegre e esconder as desgraças por uma alegria manipulada, de modo que, se os soldados vissem seu líder derrubado, eles mesmos ficariam desanimados”. (V, 2)[3]

Eu sei, de fato, que há alguns homens, cuja inteligência é mais áspera do que brava, que dizem que o homem sábio nunca choraria.” (XVIII, 5). “Deixe suas lágrimas fluírem, mas deixe-as um dia parar de fluir: lamente tão profundamente quanto você quiser, mas deixe seus lamentos cessarem um dia: regule sua conduta de modo que tanto filósofos quanto irmãos possam aprová-la.” (XVIII, 7)[3]

Leitura Adicional

Traduções

Ligações externas

Referências

  1. a b Vieira. «Resenha de Consolação a Políbio». O Estoico. Consultado em 9 de julho de 2020 
  2. R Scott Smith - Brill's Companion to Seneca: Philosopher and Dramatist (edited by Andreas Heil, Gregor Damschen) BRILL, 13 Dec 2013 ISBN 9004217088 [Retrieved 2015-3-16]
  3. a b c Sêneca (2020). Consolação a Políbio. São Paulo: Montecristo Editora. ASIN B08CCFGLZV. ISBN 9781619651821