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Língua crioula belizenha: diferenças entre revisões

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Revisão das 16h43min de 4 de dezembro de 2011

Crioulo belizenho

Kreol

Falado(a) em: Belize
Total de falantes: 125 051 hab. (como língua materna)
227 140 (como segundo idioma)
Família: Crioulo
 Crioulo do inglês
  Atlântico
   Ocidental
    Crioulo belizenho
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: nenhum
ISO 639-3: bzj

O crioulo belizenho, também conhecido como kriol pelos seus falantes, é um idioma crioulo, aparentado ao crioulo costal de Mosquitia, ao crioulo de Rio Abajo, ao crioulo de Colón e ao crioulo de Santo André e Providência. O crioulo belizenho tem cerca de 350.000 falantes nativos em Belize, onde é a lingua franca, falada por 70% da população. Também é falado pela diáspora belizenha, concentrada especialmente nos Estados Unidos.

O crioulo belizenho foi falado, historicamente, pelos crioulos belizenhos, uma população de origem primordialmente africana e britânica. No entanto, diversos grupos étnicos do país, como os garifunas, os mestiços e os maias falam o crioulo belizenho como segunda língua.

História

O crioulo belizenho é um idioma crioulo, derivado basicamente do inglês, com influências recentes e mínimas do espanhol. O seus substratos são línguas ameríndias como o misquito, e os diversos idiomas da África Ocidental que foram trazidos ao país com os escravos. O pídgin que surgiu após o contato dos proprietários de terra ingleses e seus escravos africanos como forma de comunicação básica acabou se desenvolvendo ao longo dos anos. Jamaicanos também foram trazidos à colônia, trazendo suas próprias adições ao vocabulário, e eventualmente esta tornou-se a língua materna dos filhos de escravos nascidos em Belize.

Esta crioulização ocorreu entre 1680 e 1700, quando os britânicos já haviam se assentado permanentemente no Caribe. Não era, no entanto, o crioulo belizenho atual, e sim o crioulo da costa de Mískito, que com os anos se desenvolveu e se transformou no kriol, o idioma atual.

O crioulo belizenho é o idioma nativo da maioria dos habitantes do país. Muitos deles também falam o inglês padrão, e um rápido processo de descrioulização está ocorrendo. Assim sendo, um contínuo pós-crioulo existe atualmente, e os falantes são capazes de alternar de código entre os diversos registros mesoletais, das suas variantes mais basiletal até o acroleto (dialeto atlântico central do inglês). O acroleto puro, no entanto, como o basileto puro, raramente é ouvido.

Fonologia

O kriol possui semelhanças com diversos dialetos crioulos caribenhos, no que diz respeito à fonologia e ortografia. Muitas de suas palavras e estruturas são similares tanto em seu léxico quanto na sua fonologia com o inglês, seu superestrato.

Fonologicamente, o crioulo belizenho é um exemplo perfeito de um idioma crioulo: utiliza-se dum grande número de vogais nasais, palataliza as oclusivas não-labiais e prenasaliza as oclusivas sonoras. Além disso, os pidgins possuem uma tendência de simplificar, geralmente, a fonologia dum idioma, de maneira a facilitar a comunicação. Muitos crioulos mantiveram esta tendência, e o crioulo belizenho não é uma exceção.

Vogal Examplo Origem
/ei/ /beik/ 'bake' ("assar")
/i/ /gi/giv/ 'give' ("dar")
/a & aa / /la(a)ng/ 'long' ("longo")
/uu/ /buut/ 'booth' ("cabine")
/ii/ /tiif/ 'steal' ("roubar")
/ai/ /bwai/ 'boy' ("garoto")
/oa/ /coal/ 'cold' ("frio")
/o/ /don/ 'done' ("feito")
/au/ /baut/ 'about' ("sobre")
  • Como a maioria dos idiomas crioulos, o kriol tende a uma estrutura silábica aberta, o que que significa que muitas palavras terminam em vogais. Esta característica se consolida ainda mais com a tendência do idioma a eliminar consoantes no fim das palavras, especialmente quando a vogal que o precede seja átona.
  • Como todos os crioulos, o kriol também tem uma tendência a reduzir ou simplificar os encontros consonantais, onde quer que ocorram. Encontros consonantais no final de palavras quase sempre são reduzidos com a eliminação da segunda consoante. Quando situados no início e no meio de palavras, são reduzidos de maneira muito menos consistente.
  • Quando o /r/ ocorre no fim de palavras, quase sempre é eliminado. Quando ocorre no meio duma palavra, quase sempre é eliminado, deixando apenas um resíduo na quantidade vocálica.
  • Embora o seu superestrato, o inglês, faça o uso extensivo das fricativas dentais (/θ/ /ð/), o crioulo belizenho não as utiliza, empregando, em seu lugar, as alveolares /t/ e /d/. No entanto, devido ao processo contínuo de descrioulização, alguns falantes ainda incluem estas fricativas dentais em suas falas.
  • As vogais átonas em início de palavra frequentemente são omitidas no kriol, e em seu lugar surge uma oclusiva glotal.
  • As vogais no kriol tendem a ser a ser alteradas a partir das vogais usadas originalmente no inglês, como por exemplo, /bwai/ ou /bwoi/ (boy, "garoto") se torna /boi/, /angri/ (angry, "nervoso") se torna /ængri/, se assim por diante.

Ao contrário da maioria dos crioulos, o kriol possui uma ortografia padronizada.

Consoantes e vogais

O kriol utiliza três consoantes consoantes plosivas sonoras (/b/ /d/ /g/) e três plosivas surdas (/p/ /t/ /k/). As oclusivas surdas também podem ser aspiradas. No entanto, a aspiração não é constante, e as formas aspiradas e não-aspiradas são alófonos. O idioma emprega três consoantes nasais (/m/ /n/ /ŋ/), e faz uso frequente de fricativas, e tanto das consoantes surdas (/f/ /s/ /ʂ/) como das sonoras (/v/ /z/ /ʐ/. Suas líquidas, /l/ e /r/, são articuladas de maneira alveopalatal. A língua fica mais solta do que no inglês estadunidense, numa posição mais semelhante à do inglês britânico. As semivogais do kriol, /w/, /j/, e /h/ são muito utilizados. As oclusivas glotais ocorrem rara e inconsistentemente. O crioulo belizenho se utiliza de onze vogais; nove monotongos, três ditongos e o xevá [ə]. O ditongo mais frequente, /ai/, é utilizado em todas as variedades regionais. Tanto o /au/ quanto o /oi/ podem ocorrer, porém são adições recentes e são vistos como sinais de descrioulização.

Morfologia

Tempo verbal

O tempo verbal não é assinalado no kriol. O idioma também não possui qualquer indicação de número ou pessoa. O verbo pode se referir tanto ao tempo presente quanto ao passado. O indicador de passado do inglês |d| indica uma forma acroletal. No entanto, existe a possibilidade de se marcar o tempo pretérito através do marcador |mi| antes do verbo. Tal uso, porém, é raro, se a sentença incluir algum marcador temporal semântico, como yestudeh ("yesterday", "ontem") or laas season ("last season", "estação passada").

O futuro é indicado através do emprego do marcador pré-verbal |wa| ou |a|. Ao contrário dos indicadores de passado, este marcador não é opcional.

Ligações externas