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Conclave de 1492: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:C o a Alessandro VI.svg|160px|thumb|Brasão papal de Sua Santidade o papa Alexandre VI]]


O [[conclave|conclave papal]] de [[1492]] ocorreu logo após a morte do [[Papa Inocêncio VIII]], no qual foi eleito o '''[[Papa Alexandre VI]]''' como [[pontífice]]. Foi composto por vinte e sete cardeais; dois deles eram cardeais “''[[in pectore]]''”, ou seja, eleitos, mas não proclamados; o conclave os aceitou, como foi feito em outras ocasiões.
O [[conclave|conclave papal]] de [[1492]] ocorreu logo após a morte do [[Papa Inocêncio VIII]], no qual foi eleito o '''[[Papa Alexandre VI]]''' como [[pontífice]]. Foi composto por vinte e sete cardeais; dois deles eram cardeais “''[[in pectore]]''”, ou seja, eleitos, mas não proclamados; o conclave os aceitou, como foi feito em outras ocasiões.


== Cardeais participantes ==
== Cardeais participantes ==
[[Ficheiro:C o a Alessandro VI.svg|160px|thumb|esquerda|Brasão papal de Sua Santidade o papa Alexandre VI]]
Dos 23 cardeais que participaramm no conclave, quatorze tinha sido elevado pelo [[Papa Sisto IV]].<ref>Pastor, Ludwig. 1906. ''The History of Popes''. K. Paul, Trench, Trübner & Co., Ltd. p. 416.</ref> Os cardeais de Sisto IV, conhecidos como "Cardeais da Capela Sistina" e liderados por Giuliano della Rovere, haviam controlado o [[Conclave de 1484]], elegendo um dos seus, Giambattista Cibo, como o [[Papa Inocêncio VIII]].<ref>Signorotto, Gianvittorio, and Visceglia, Maria Antonietta. 2002. ''Court and Politics in Papal Rome, 1492-1700''. Cambridge University Press. ISBN 0521641462. p. 17.</ref> Desde 1431, a composição do [[Colégio Cardinalício]] foi radicalmente transformada, aumentando o número de [[cardeal-sobrinho|cardeais-sobrinhos]] (3-10), [[cardeal da Coroa|cardeais da coroa]] (de 2 a 8), e representantes de poderosas famílias nobres romanas (2-4).<ref name="b-y">Burke-Young, Francis A. 1998. "[http://www.fiu.edu/~mirandas/election-alexandervi.htm The Cardinals of the Holy Roman Church: Papal elections in the Fifteenth Century: The election of Pope Alexander VI (1492)]." Retrieved on August 28, 2009.</ref> Com a exceção de três funcionários da Cúria e um pastor, os cardeais eram "príncipes seculares, em grande parte sem se preocupar com a vida espiritual, quer da Igreja latina ou de seus membros."<ref name="b-y"/>


Os cardeais presentes no conclave eram todos italianos, exceto pelos cardeais Borja e Costa, ibéricos<ref name=fiu />:
Dos 23 cardeais que participaramm no conclave, quatorze tinha sido elevado pelo [[Papa Sisto IV]]<ref>Pastor, Ludwig. 1906. ''The History of Popes''. K. Paul, Trench, Trübner & Co., Ltd. p. 416.</ref>. Os cardeais de Sisto IV, conhecidos como "Cardeais da Capela Sistina" e liderados por Giuliano della Rovere, haviam controlado o [[Conclave de 1484]], elegendo um dos seus, Giambattista Cibo, como o [[Papa Inocêncio VIII]]<ref>Signorotto, Gianvittorio, and Visceglia, Maria Antonietta. 2002. ''Court and Politics in Papal Rome, 1492-1700''. Cambridge University Press. ISBN 0521641462. p. 17.</ref>. Desde 1431, a composição do [[Colégio Cardinalício]] foi radicalmente transformada, aumentando o número de [[cardeal-sobrinho|cardeais-sobrinhos]] (3-10), [[cardeal da Coroa|cardeais da coroa]] (de 2 a 8), e representantes de poderosas famílias nobres romanas (2-4)<ref name="b-y">Burke-Young, Francis A. 1998. "[http://www.fiu.edu/~mirandas/election-alexandervi.htm The Cardinals of the Holy Roman Church: Papal elections in the Fifteenth Century: The election of Pope Alexander VI (1492)]." Retrieved on August 28, 2009.</ref>. Com a exceção de três funcionários da Cúria e um pastor, os cardeais eram "príncipes seculares, em grande parte sem se preocupar com a vida espiritual, quer da Igreja latina ou de seus membros."<ref name="b-y"/>


===Cardeais votantes===
===Cardeais votantes===
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===Cardeais Bispos===
Os cardeais presentes no conclave eram todos italianos, exceto pelos cardeais Borja e Costa, ibéricos<ref name=fiu />:
Participaram dos escrutínios os seguintes cardeais<ref name=fiu>{{link|en|2=http://www2.fiu.edu/~mirandas/conclave-xvi.htm#1513|3=The Cardinals of the Holy Roman Church}}</ref>:
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=== Ausentes ===
===Cardeais Presbíteros===
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|[[Paolo Fregoso]]
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|[[Giovanni Giacomo Schiaffinati]]
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|[[Ardicino della Porta]], iuniore
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===Cardeais Diáconos===
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|[[Giovanni Battista Savelli]]
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|[[Giovanni Colonna]]
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|[[Giovanni Battista Orsini]]
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|[[Ascanio Sforza|Ascanio Maria Sforza Visconti]]
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|[[Maffeo Gherardi]], {{small|[[Ordem dos Camaldulenses|O.S.B.Cam]]}}
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|[[Papa Leão X|Giovanni de' Medici]]
|-
|23
|[[Federico di Sanseverino]]
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===Cardeais ausentes===
====Cardeais Presbíteros====
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|[[Luis Juan de Milà y Borja]]
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|[[André d'Espinay]]
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===Cardeais Diáconos===
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|[[Pierre d'Aubusson]], {{small|[[Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém|O.S.Io.Hieros.]]}}
|{{nowrap| Março 1489 }}
|IVIII
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== O Conclave ==
== O Conclave ==
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Foi razoável incluir os nomes dos cardeais eleitores porque em primeiro lugar se depara com uma prova fiel do “nepotismo” por parte dos pontífices anteriores e que muitos desses “príncipes da igreja” pertenciam a várias das famílias poderosas da [[península itálica]] que para tanto comprar seus votos fosse muito difícil, já que sua honra era reconhecida e careciam de necessidades econômicas; as riquezas dos [[Bórgia]] não eram excessivas pelo qual, por lógica, se descarta a [[simonia]], já que esses cardeais inclusive podiam comprar votos entre eles mesmos.<ref>FERRARA, Orestes: “El Papa Borgia”, Colección “La Nave”, Madrid, 1948.</ref>
Foi razoável incluir os nomes dos cardeais eleitores porque em primeiro lugar se depara com uma prova fiel do “nepotismo” por parte dos pontífices anteriores e que muitos desses “príncipes da igreja” pertenciam a várias das famílias poderosas da [[península itálica]] que para tanto comprar seus votos fosse muito difícil, já que sua honra era reconhecida e careciam de necessidades econômicas; as riquezas dos [[Bórgia]] não eram excessivas pelo qual, por lógica, se descarta a [[simonia]], já que esses cardeais inclusive podiam comprar votos entre eles mesmos.<ref>FERRARA, Orestes: “El Papa Borgia”, Colección “La Nave”, Madrid, 1948.</ref>


O dia [[6 de agosto]] foi consumido pela elaboração e subscrição da [[capitulação em conclave]], que, embora não tenha sobrevivido aos nossos dias, é conhecido por ter restringido o número de novos cardeais que poderiam ser criados pelo novo papa<ref name="b-y"/>.
O dia [[6 de agosto]] foi consumido pela elaboração e subscrição da [[capitulação em conclave]], que, embora não tenha sobrevivido aos nossos dias, é conhecido por ter restringido o número de novos cardeais que poderiam ser criados pelo novo papa.<ref name="b-y"/>


Entre os mais “''[[papabile]]s''” encontra-se num primero escalão Caraffa, Costa e Ardicino della Porta, assim como logo se falou de Zeno e Piccolomini, entretanto, Giuliano della Rovere era apoiado pela [[França]] e [[República de Gênova|Gênova]], que teriam 300 mil [[Ducado (moeda)|ducados]] de ouro depositados em Roma para usá-los em favor de sua eleição como também o rei de [[Reino de Nápoles|Nápoles]] o apoiava com suas tropas nas portas de Roma. De Borja só se falava como uma remota possibilidade<ref name="b-y"/>.
Entre os mais “''[[papabile]]s''” encontra-se num primero escalão Caraffa, Costa e Ardicino della Porta, assim como logo se falou de Zeno e Piccolomini, entretanto, Giuliano della Rovere era apoiado pela [[França]] e [[República de Gênova|Gênova]], que teriam 300 mil [[Ducado (moeda)|ducados]] de ouro depositados em Roma para usá-los em favor de sua eleição como também o rei de [[Reino de Nápoles|Nápoles]] o apoiava com suas tropas nas portas de Roma. De Borja só se falava como uma remota possibilidade.<ref name="b-y"/>


Na primeira votação, os mais votados foram Caraffa e Costa; na segunda, esta tendência mudou para della Rovere e Ascanio Sforza, este último apoiado por Borja, mas devido a seu irmão Ludovico Sforza ter grandes ambições para com a “Cidade Eterna”, Sforza decidiu dar seu apoio ao vice-chanceler que finalmente o acompanhou, não obstante se Sforza não podia ser eleito com o apoio de Borja, dificilmente este último podia ser eleito com o apoio de Sforza.
Na primeira votação, os mais votados foram Caraffa e Costa; na segunda, esta tendência mudou para della Rovere e Ascanio Sforza, este último apoiado por Borja, mas devido a seu irmão Ludovico Sforza ter grandes ambições para com a “Cidade Eterna”, Sforza decidiu dar seu apoio ao vice-chanceler que finalmente o acompanhou, não obstante se Sforza não podia ser eleito com o apoio de Borja, dificilmente este último podia ser eleito com o apoio de Sforza.


As principais razões para que Borja não fosse eleito eram, em primeiro lugar, sua nacionalidade [[Espanha|espanhola]] e no conclave, além dele, o único estrangeiro era o purpurado português Jorge da Costa, que já era considerado “''papabile''”. Além disso, Borja era considerado inimigo por França, Nápoles, [[República de Veneza|Veneza]] e [[República Florentina|Florença]], devido a sua supremacia na Igreja que não era agradável para os Príncipes Temporais<ref name="b-y"/>. Por exemplo, se o fraco [[Papa Inocêncio VIII]] pode causar terríveis males ao rei de Nápoles, então o inimigo Borja era de se temer ainda mais.
As principais razões para que Borja não fosse eleito eram, em primeiro lugar, sua nacionalidade [[Espanha|espanhola]] e no conclave, além dele, o único estrangeiro era o purpurado português Jorge da Costa, que já era considerado “''papabile''”. Além disso, Borja era considerado inimigo por França, Nápoles, [[República de Veneza|Veneza]] e [[República Florentina|Florença]], devido a sua supremacia na Igreja que não era agradável para os Príncipes Temporais.<ref name="b-y"/> Por exemplo, se o fraco [[Papa Inocêncio VIII]] pode causar terríveis males ao rei de Nápoles, então o inimigo Borja era de se temer ainda mais.


Devido a essas razões, o vice-chanceler não conseguiu sequer apresentar seu nome, já que os outros dois cardeais espanhóis não se encontravam no conclave. Supostamente, alguns consideram simoníaca a eleição, não obstante se assim tivesse sido, o cardeal della Rovere teria sido eleito pelo apoio dos grandes Estados mais ricos que qualquer outro indivíduo.
Devido a essas razões, o vice-chanceler não conseguiu sequer apresentar seu nome, já que os outros dois cardeais espanhóis não se encontravam no conclave. Supostamente, alguns consideram simoníaca a eleição, não obstante se assim tivesse sido, o cardeal della Rovere teria sido eleito pelo apoio dos grandes Estados mais ricos que qualquer outro indivíduo.

Edição atual tal como às 22h58min de 16 de novembro de 2023

Conclave de 1492
Conclave de 1492
O Papa Alexandre VI
Data e localização
Pessoas-chave
Decano Rodrigo de Borja y Borja[1][2]
Vice-Decano Oliviero Carafa[2]
Camerlengo Raffaele Riario[2]
Protopresbítero Luis Juan de Milà y Borja
Protodiácono Francesco Todeschini-Piccolomini[2]
Eleição
Eleito Papa Alexandre VI
(Rodrigo de Borja y Borja)
Participantes 23
Ausentes 4
Escrutínios 4
Cronologia
Conclave de 1484
1.º Conclave de 1503
dados em catholic-hierarchy.org

O conclave papal de 1492 ocorreu logo após a morte do Papa Inocêncio VIII, no qual foi eleito o Papa Alexandre VI como pontífice. Foi composto por vinte e sete cardeais; dois deles eram cardeais “in pectore”, ou seja, eleitos, mas não proclamados; o conclave os aceitou, como foi feito em outras ocasiões.

Cardeais participantes

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Brasão papal de Sua Santidade o papa Alexandre VI

Dos 23 cardeais que participaramm no conclave, quatorze tinha sido elevado pelo Papa Sisto IV.[3] Os cardeais de Sisto IV, conhecidos como "Cardeais da Capela Sistina" e liderados por Giuliano della Rovere, haviam controlado o Conclave de 1484, elegendo um dos seus, Giambattista Cibo, como o Papa Inocêncio VIII.[4] Desde 1431, a composição do Colégio Cardinalício foi radicalmente transformada, aumentando o número de cardeais-sobrinhos (3-10), cardeais da coroa (de 2 a 8), e representantes de poderosas famílias nobres romanas (2-4).[5] Com a exceção de três funcionários da Cúria e um pastor, os cardeais eram "príncipes seculares, em grande parte sem se preocupar com a vida espiritual, quer da Igreja latina ou de seus membros."[5]

Os cardeais presentes no conclave eram todos italianos, exceto pelos cardeais Borja e Costa, ibéricos[1]:

Cardeais votantes

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* Eleito Papa

Cardeais Bispos

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Participaram dos escrutínios os seguintes cardeais[1]:

Cardeais Presbíteros

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Cardeais Diáconos

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Cardeais ausentes

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Cardeais Presbíteros

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Cardeais Diáconos

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Foi razoável incluir os nomes dos cardeais eleitores porque em primeiro lugar se depara com uma prova fiel do “nepotismo” por parte dos pontífices anteriores e que muitos desses “príncipes da igreja” pertenciam a várias das famílias poderosas da península itálica que para tanto comprar seus votos fosse muito difícil, já que sua honra era reconhecida e careciam de necessidades econômicas; as riquezas dos Bórgia não eram excessivas pelo qual, por lógica, se descarta a simonia, já que esses cardeais inclusive podiam comprar votos entre eles mesmos.[6]

O dia 6 de agosto foi consumido pela elaboração e subscrição da capitulação em conclave, que, embora não tenha sobrevivido aos nossos dias, é conhecido por ter restringido o número de novos cardeais que poderiam ser criados pelo novo papa.[5]

Entre os mais “papabiles” encontra-se num primero escalão Caraffa, Costa e Ardicino della Porta, assim como logo se falou de Zeno e Piccolomini, entretanto, Giuliano della Rovere era apoiado pela França e Gênova, que teriam 300 mil ducados de ouro depositados em Roma para usá-los em favor de sua eleição como também o rei de Nápoles o apoiava com suas tropas nas portas de Roma. De Borja só se falava como uma remota possibilidade.[5]

Na primeira votação, os mais votados foram Caraffa e Costa; na segunda, esta tendência mudou para della Rovere e Ascanio Sforza, este último apoiado por Borja, mas devido a seu irmão Ludovico Sforza ter grandes ambições para com a “Cidade Eterna”, Sforza decidiu dar seu apoio ao vice-chanceler que finalmente o acompanhou, não obstante se Sforza não podia ser eleito com o apoio de Borja, dificilmente este último podia ser eleito com o apoio de Sforza.

As principais razões para que Borja não fosse eleito eram, em primeiro lugar, sua nacionalidade espanhola e no conclave, além dele, o único estrangeiro era o purpurado português Jorge da Costa, que já era considerado “papabile”. Além disso, Borja era considerado inimigo por França, Nápoles, Veneza e Florença, devido a sua supremacia na Igreja que não era agradável para os Príncipes Temporais.[5] Por exemplo, se o fraco Papa Inocêncio VIII pode causar terríveis males ao rei de Nápoles, então o inimigo Borja era de se temer ainda mais.

Devido a essas razões, o vice-chanceler não conseguiu sequer apresentar seu nome, já que os outros dois cardeais espanhóis não se encontravam no conclave. Supostamente, alguns consideram simoníaca a eleição, não obstante se assim tivesse sido, o cardeal della Rovere teria sido eleito pelo apoio dos grandes Estados mais ricos que qualquer outro indivíduo.

O conclave finalmente elegeu por unanimidade [Um conclave aprova a eleição quando se obtém os dois terços de todos os eleitores, no caso de Rodrigo Borja o conclave foi com votação oral e quando se obteve os dois terços daqueles que estavam votando, se deu por concluída a eleição, sem importar o resto dos votos ainda não emitidos] ao vice-chanceler, pois os cardeais decidiram que nenhum candidato apoiado por outro Estado podia ser eleito porque Roma ficaria subjugada sob o poder estrangeiro. Também lembraram do Papa Calisto III, acusado de nepotismo porque quase todos os integrantes deste conclave eram criados por ele. Algo necessário era um candidato forte e com conhecimentos nos assuntos da igreja. Além disso, independente do resto dos Estados e nesses aspectos, Borja se encaixava à perfeição. Cabe destacar que entre todos os cardeais, na administração e na força, ele era o melhor, de tal forma que foi eleito em 11 de agosto de 1492, para ser coroado com a “tríplice coroa” no domingo 16 de agosto[7] pelo cardeal protodiácono Francesco Todeschini-Piccolomini, adotando o nome de Alexandre VI, não tanto em homenagem a Alexandre Magno, porque não era muito favorável ter um nome com tamanha característica militar, mas também pelo Papa Alexandre III, que obrigou a Frederico Barbarossa a respeitar a Igreja de Roma.

  1. a b c «The Cardinals of the Holy Roman Church» (em inglês) 
  2. a b c d «GCatholic» (em inglês) 
  3. Pastor, Ludwig. 1906. The History of Popes. K. Paul, Trench, Trübner & Co., Ltd. p. 416.
  4. Signorotto, Gianvittorio, and Visceglia, Maria Antonietta. 2002. Court and Politics in Papal Rome, 1492-1700. Cambridge University Press. ISBN 0521641462. p. 17.
  5. a b c d e Burke-Young, Francis A. 1998. "The Cardinals of the Holy Roman Church: Papal elections in the Fifteenth Century: The election of Pope Alexander VI (1492)." Retrieved on August 28, 2009.
  6. FERRARA, Orestes: “El Papa Borgia”, Colección “La Nave”, Madrid, 1948.
  7. BERENCE, Fred: “Lucrecia Borgia” (Segunda Edición), Losada S.A., Buenos Aires, 1942.
  • FUSERO, Clemente: “César Borgia”, Editorial Planeta, Barcelona, 1967.
  • Baumgartner, Frederic J. 2003. Behind Locked Doors: A History of the Papal Elections. Palgrave Macmillan. ISBN 0-312-29463-8.

Ligações externas

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