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Vaginite: diferenças entre revisões

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tratamento e prevenção da tricomoniase
 
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<!-- Diagnóstico -->
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O diagnóstico geralmente consiste num [[Teste de Papanicolau|exame vaginal]], na medição do [[pH]], e na [[cultura microbiológica]] do corrimento vaginal.<ref name=Mer2018/> Para o diagnóstico deve ser excluída a presença de outras doenças que manifestam sintomas semelhantes, como a [[Cervicite|inflamação do colo do útero]], a [[doença inflamatória pélvica]], o [[cancro]], a presença de corpos estranhos ou doenças da pele.<ref name=Mer2018/>
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<!-- Tratamento e epidemiologia -->
<!-- Tratamento e epidemiologia -->
O tratamento depende da causa subjacente.<ref name=NIH2016Main/> Se a causa é uma infeção, essa infeção deve ser tratada.<ref name=Mer2018/> Os [[Banho de assento|banhos de assento]] podem ajudar a aliviar os sintomas.<ref name=Mer2018/> Os sabões e produtos de higiene feminina como ''sprays'' não devem ser usados.<ref name=Mer2018/> Cerca de um terço das mulheres são afetadas por vaginite pelo menos uma vez na vida.<ref name=ACOG2017>{{citar web|título=Vaginitis |url=https://www.acog.org/Patients/FAQs/Vaginitis |website=ACOG |acessodata=14 de outubro de 2018 |data=setembro de 2017}}</ref> A doença é mais comum entre mulheres em idade fértil.<ref name=ACOG2017/>
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{{Referências}}
== Vaginose Bacteriana ==

=== Definição ===
A vaginose bacteriana é uma síndrome clínica polimicrobiana caracterizada por um desequilíbrio da microbiota vaginal causado por um aumento exagerado de bactérias anaéróbicas ''(Provetella sp. e Mobiluncus sp.''), ''Gardnerella vaginalis, Ureasplasma sp., Mycoplasma sp.'' e outros anaeróbicos que associados à redução ou ausência dos lactobacilos acidófilos (''Lactobacillus sp. produtores de peróxido de hidrogênio''). <ref>TEIXEIRA, Pedro; SILVA, Glenda; TEIXEIRA, Luiz. PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À VAGINOSE BACTERIANA EM MULHERES ATENDIDAS PELO SUS NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO/MG. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS, [S. l.], p. 1-86, 16 ago. 2018.</ref>

=== '''Epidemiologia''' ===
Dentre as infecções genitais, a vaginose bacteriana é a principal desordem vaginal em mulheres em idade fértil, sendo responsável por mais 60% das alterações vulvovaginais. Estima-se que aproximadamente 20 a 30% das mulheres no mundo apresentem vaginose bacteriana, podendo elevar a prevalência para 50 a 60% nas populações com comportamento de risco.<ref>SOCIEDADE PORTUGUESA DE GINECOLOGIA. REVISÃO DOS CONSENSOS EM INFECÇÕES VULVOVAGINAIS: Vaginose bacteriana. Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, [S. l.], p. 39-43, 17 mar. 2012.</ref>

Além disso, é a causa mais comum de corrimento vaginal, afetando cerca de 10-30% das gestantes e 10% das mulheres atendidas na Atenção Básica, podendo ser em alguns casos, assintomática.<ref>PROTOCOLO Clínico e Diretrizes Terapêuticas Infecções Sexualmente Transmissíveis: Relatório de Recomendação. CONITEC, [S. l.], p. 39, 1 abr. 2015.</ref>

O principal agente etiológico envolvido é a ''Gardnerella vaginalis'', sendo uma bactéria presente na microbiota vaginal normal sendo detectada em torno de 20 a 80% das mulheres sexualmente ativas e em quase todas as mulheres sintomáticas. Além dela, há outras bactérias que podem causar a vaginose bacteriana, tais como as dos gêneros ''Prevotella, Peptostreptococcus, Bacterioides, Mobiluncos, Micoplasma'' e a espécie ''Atopobium vaginae''<ref>Duarte, Suzane (Outubro de 2019). «Fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da vaginose bacteriana». BrazilianJournal of Development. Consultado em 14 de outubro de 2020</ref>

=== Fisiopatologia ===
A vagina é um ambiente microbiológico seletivo, com isso a flora residente resiste a colonização de microoranismos exógenos e auxilia na saúde da mulher. Essa flora consiste de microorganismos que coexistem com o organismo humano, mas é um equilíbrio delicado e qualquer mudança pode tornar esses mesmos organismos agressivos tornando-os responsáveis por infecções.

A vaginose bacteriana é um exemplo, essa doença é uma infecção causada pelo microorganismo Gardnerlla varginales que é uma bactéria presente em até 80% das mulheres sexualmente ativas e saudáveis. Mas a VB ocorre quando há um desequilíbrio da microbiota vaginal, esse desequilíbrio pode ser causado tanto por fatores endógenos como pelo estrógeno, como por fatores exógenos, como o esperma. Esses fatores levam a mudanças no PH vaginal, com essa mudança há uma seleção com aumento exagerado da flora anaeróbica levando a um aumento concomitante da produção de substâncias protetoras quem em alta quantidade se tornam prejudiciais e levam ao mau cheiro.

Na vaginose, ao contrário das vaginites, não há lesão tecidual, ou quando ela existe é mínima, o que ocorre é apenas o desequilíbrio da microbiota vaginal.

A VB pode ainda ser dividida em dois tipos: I – quando há predomínio de Gardnerella vaginalis

e a tipo II, quando esta está associada a Mobilluncus sp e demais bactérias.

Nessa patologia, as bactérias anaeróbias tem como produto final de seu metabolismo ácido succínico e ácido acético o que impede a quimiotaxia dos leucócitos o que dificulta a resposta imune do hospedeiro.<ref>{{Citar periódico |titulo=Fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da vaginose bacteriana |primeiro3=Ricardo Matos |primeiro8=Liliane Buzzi Borghezan |ultimo7=Martins |primeiro7=Miquéias de Oliveira |ultimo6=Guimarães |primeiro6=Greg Resplande |ultimo5=Maia |primeiro5=Tatiana Mesquita Basto |ultimo4=Sampaio |primeiro4=Jéssica Soares |ultimo3=Souza Lima |ultimo2=Faria |url=http://dx.doi.org/10.34117/bjdv5n10-300 |primeiro2=Felipe Venancio |ultimo=Silva Duarte |primeiro=Suzane Meriely |doi=10.34117/bjdv5n10-300 |acessodata=2020-10-14 |numero=10 |paginas=21467–21475 |issn=2525-8761 |data=2019 |jornal=Brazilian Journal of Development |ultimo8=Deprá}}</ref>

=== Quadro Clínico ===
Clinicamente, a vaginose bacteriana pode ser tanto assintomática quanto sintomática. 2 O quadro clínico caracteriza-se por corrimento de intensidade variável, acompanhado de odor vaginal fétido (descrito frequentemente como “odor de peixe”). Por vezes, a paciente refere apenas o odor, estando o corrimento ausente. O odor fétido piora com a relação sexual desprotegida e durante a menstruação, devido a alcalinidade do sêmen ou do sangue menstrual. O corrimento pode variar de um aspecto esbranquiçado ao amarelo.

Não é comum o paciente apresentar prurido, a menos que haja outras afecções associadas, como a candidíase. <ref name=":1">Fernandes, Cesar Eduardo (2019). ''Tratado de Ginecologia Febrasgo''. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil Ltda. p. 267</ref>

=== Diagnóstico ===
Pode ser feito através dos critérios de Amsel, porém a associação de apenas 3 sinais ou sintomas já é suficiente para confirmar o diagnóstico de vaginose bacteriana. Os critérios são:

* pH vaginal maior que 4,5;

* Leucorréia: cremosa, homogênea, cinzenta e aderida às paredes vaginais e colo;
* Teste das aminas/ Whiff-test: é adicionado de 1 a 2 gotas de hidróxido de potássio (KOH) a 10% na secreção vaginal e depositado em uma lâmina. Se houver o surgimento imediato de um odor desagradável (peixe em putrefação) é característico à teste positivo. Esse é um exame simples e de fácil avaliação.
* Exame a fresco (microscopia): há a presença de clue cells (células epiteliais vaginais cobertas de gardnerella vaginalis). Essas células constituem um dos melhores indicadores de vaginose, especialmente quando presentes em mais de 20% das células.

O diagnóstico pode ser feito também por meio do Gram da secreção vaginal e do citopatológico, onde será possível visualizar as clue cells. <ref name=":0">''Passos, Eduardo Pandolfi (2017). Rotinas em Ginecologia. Porto Alegre: Artmed Editora Ltda. p. 141''</ref>

=== Tratamento ===
As pacientes sintomáticas devem ser tratadas, não sendo necessário o tratamento de todas as pacientes assintomáticas (50 – 70% dos casos), destas serão tratadas apenas as que forem submetidas a procedimentos ginecológicos.

Geralmente o tratamento consiste na administração de antibióticos, como a clindamicina ou metronidazol.

O metronidazol via oral (VO) ou tópico durante 5 a 7 dias é a droga de primeira escolha e em pacientes alérgicas ou impossibilitadas de fazer o uso do metronidazol, o fármaco de escolha será a clindamicina.

Apesar do tratamento em esquema de dose única ter eficácia reduzida, pode ser utilizado em pacientes com risco de descontinuação do tratamento. Nestes casos utilizar metronidazol ou secnidazol 2g, VO dose única.

É comum a recorrência após o tratamento em mais de 30% das mulheres em até três meses. Nestes casos o tratamento usual com metronidazol deve ser repetido e na ausência de resposta deve ser reavaliado o esquema terapêutico.

O tratamento também deve ser realizado nas gestantes sintomáticas e também para aquelas com alto risco de desenvolverem trabalho de parto prematuro (TPP), já que a presença de infecção se associa a esta condição. O esquema terapêutico de escolha nas gestantes é o metronidazol VO e durante a lactação, dar preferência as medicações tópicas.

Está em discussão se a profilaxia probiótica diminui a recorrência de vaginose bacteriana.<ref name=":0" />

== Tricomoníase ==

=== Definição ===
A tricomoníase é uma infecção geniturinária pelo protozoário anaeróbio Trichomonas vaginalis. É a doença sexualmente transmissível (DST) não viral mais comum em todo o mundo. As mulheres são afetadas com mais frequência do que os homens, pois, a infecção nos homens geralmente é assintomática e com isso eles acabam transmitindo involuntariamente a seus parceiros. A tricomoníase é uma das três causas infecciosas comuns de queixas vaginais entre mulheres em idade reprodutiva, junto com a vaginose bacteriana e a vulvovaginite por cândida, é uma causa de uretrite em homens; no entanto, a infecção costuma ser assintomática.<ref>Jack D Sobel,MD & Caroline Mitchell, MD, MPH; Jun 30, 2020;Trichomoniasis;Robert L Barbieri, MD(Edit) UpToDate</ref>

=== Epidemiologia ===
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, existem aproximadamente 170 milhões de casos reportados anualmente em pessoas entre 15 e 49 anos, a maioria (92%) em mulheres de países em desenvolvimento . A prevalência em adultos jovens nos Estados Unidos foi de 2,3%, em pesquisa realizada por meio de amplificação de genes para Trichomonas vaginalis na urina de homens e mulheres . Estudos no Brasil referem prevalência que varia de 2,6% a 20% no sexo feminino.É a terceira causa mais comum de corrimento vaginal, correspondendo a 20% dos casos. Na maioria dos casos a tricomoníase encontra-se associada a outras doenças de transmissão sexual , além de facilitar a transmissão do HIV. <ref name=":1" />

=== Fisiopatologia ===
O parasita Trichomonas vaginalis possui quatro flagelos e uma membrana ondulante, responsável por sua grande mobilidade. A transmissão é predominantemente sexual, embora raramente possam ocorrer outras formas, pois o parasita pode sobreviver fora de seu habitat por algumas horas em condições de umidade. Ele deve adquirir nutrientes do meio externo para sua sobrevivência e consegue isso fagocitando fungos, vírus e bactérias como Micoplasmas, Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, transportando-os ao trato genital superior e facilitando, assim, o aparecimento de doença inflamatória pélvica. É importante cofator na transmissão e aquisição do HIV.

A resposta imune celular à Trichomonas vaginalis pode ser agressiva, com inflamação da mucosa da vagina e exocérvice em mulheres e da uretra em homens. Ocorre intensa infiltração de leucócitos, incluindo os da linhagem TCD4, que são alvo do HIV. Ao penetrar na vagina, o parasita cobre-se com as proteínas do hospedeiro, o que permite a evasão dos mecanismos de defesa locais; além disso, possui a capacidade de sobreviver no meio vaginal ácido, hostil, durante longos períodos de tempo, permanecendo firmemente ligado às células da mucosa vaginal.

No homem, infecta a uretra inferior, podendo atingir a próstata, vesícula seminal e epidídimo. Na mulher, além da vagina e exocérvice, pode acometer a uretra, bexiga, glândulas de Skenne e Bartholin e endocérvix. Após a infecção, o parasita raramente é eliminado, podendo permanecer indefinidamente no trato genital. O impacto da infecção durante a gravidez não está totalmente determinado, mas estudos têm demonstrado correlação com prematuridade. A infecção do trato genital feminino pelo protozoário não induz imunidade duradoura, sendo comuns as infecções recorrentes.<ref name=":1" />

=== Sinais e sintomas ===
Nas mulheres é apresentado corrimento bolhoso geralmente abundante, amarelado ou amarelo-esverdeado, frequentemente acompanhado de ardor genital, sensação de queimação, disúria e dispareunia. Por ser um agente anaeróbio eventualmente pode produzir odor fétido, bem como prurido. Os sintomas acentuam-se no período pós-menstrual devido à elevação do pH vaginal e à aquisição de ferro da hemoglobina pelo parasita, o que aumenta sua virulência.

Ao exame ginecológico, geralmente se observam hiperemia dos genitais externos e presença de corrimento espesso, de aspecto purulento, exteriorizando-se pela fenda vulva. Ao exame especular, verifica-se aumento do conteúdo vaginal, de coloração amarelada ou amarelo-esverdeada, por vezes acompanhado de pequenas bolhas. As paredes vaginais e a ectocérvice apresentam-se hiperemiadas, observando-se ocasionalmente o “colo uterino com aspecto de morango” (colpitis macularis), devido às pequenas sufusões hemorrágicas. A medida do pH vaginal revela valores acima de 4,5 e o teste das aminas (whiff test) pode ser positivo devido à presença de germes anaeróbios associados à vaginose bacteriana. É importante lembrar que em muitas mulheres os sintomas podem ser discretos ou mesmo ausentes.<ref name=":1" />

Diferentemente da mulher, homens infectados pelo contato com parceira sexual infectada, por razão desconhecida, podem ter somente infecção autolimitada.<ref>{{Citar periódico |titulo=Biology of trichomonosis |url=http://dx.doi.org/10.1097/00001432-200002000-00007 |jornal=Current Opinion in Infectious Diseases |data=2000-02 |issn=0951-7375 |paginas=37–45 |numero=1 |acessodata=2020-10-14 |doi=10.1097/00001432-200002000-00007 |primeiro=Michael W. |ultimo=Lehker |primeiro2=John F. |ultimo2=Alderete}}</ref>

A tricomoníase em homens pode ser classificada em três grupos: estado assintomático; estado agudo, caracterizado por uretrite purulenta abundante; e doença assintomática leve, clinicamente indistinguível de outras causas de uretrite.<ref name=":2">{{Citar periódico |titulo=Clinical and Microbiological Aspects ofTrichomonas vaginalis |primeiro=Dino |primeiro4=Gary |ultimo3=Bhatt |primeiro3=Renuka |ultimo2=Delgaty |primeiro2=Kiera |ultimo=Petrin |doi=10.1128/cmr.11.2.300 |url=http://dx.doi.org/10.1128/cmr.11.2.300 |acessodata=2020-10-14 |numero=2 |paginas=300–317 |issn=1098-6618 |data=1998-04-01 |jornal=Clinical Microbiology Reviews |ultimo4=Garber}}</ref>

No estado sintomático há escasso corrimento, disúria, prurido, ulceração peniana(6) e sensação de queimação imediatamente após a relação sexual. Complicações são raras, mas podem incluir epididimite, infertilidade e prostatite.<ref name=":2" />

A significância clínica da tricomoníase em homens parece ser controversa, visto que muitos homens infectados são assintomáticos. No entanto, foi observada inflamação uretral com uretrite não-gonocócica. O zinco é altamente tóxico para T. vaginalis, e é possível que muitos homens refratários a esta infecção tenham quantidades consideráveis deste metal no fluido prostático.<ref>{{Citar periódico |titulo=Strategies by which some pathogenic trichomonads integrate diverse signals in the decision-making process |ultimo=LÓPEZ |primeiro5=FERNANDO COSTA E |ultimo4=ARROYO |primeiro4=ROSSANA |ultimo3=ORTEGA LÓPEZ |primeiro3=JAIME |ultimo2=BRAGA |primeiro2=MARIANE BANDEIRA DE MELO |primeiro=LUCIENE BOTTENTUIT |url=http://dx.doi.org/10.1590/s0001-37652000000200006 |doi=10.1590/s0001-37652000000200006 |acessodata=2020-10-14 |numero=2 |paginas=173–186 |issn=0001-3765 |data=2000-06 |jornal=Anais da Academia Brasileira de Ciências |ultimo5=SILVA FILHO}}</ref>

=== Diagnóstico ===
O diagnóstico laboratorial microbiológico mais comum é a bacterioscopia a fresco, mediante gota do conteúdo vaginal e soro fisiológico, com observação do parasita ao microscópio. Habitualmente visualiza-se o movimento do protozoário, que é flagelado, e um grande número de leucócitos. O pH quase sempre é maior que 5,0. Na maioria dos casos, o teste das aminas é positivo. À bacterioscopia com coloração pelo método de Gram, observa-se o parasita Gram-negativo, de morfologia característica. A cultura pode ser requisitada em casos de difícil diagnóstico. Os meios de cultura são vários e incluem o de Diamond, Trichosel e In Pouch TV .<ref>PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA ATENÇÃO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST)  Ministério da Saúde 2020</ref>

=== Prevenção e tratamento ===
Incontestavelmente, o mecanismo de contágio da tricomoníase é a relação sexual, portanto o seu controle é constituído pelas mesmas medidas preventivas tomadas no combate às outras DSTs. Na abordagem dos pacientes com DST, são essenciais dados sobre data do último contato sexual, número de parceiros, hábitos e preferências sexuais, uso recente de antibióticos, métodos anticoncepcionais e história pregressa deste tipo de doença. Convém salientar que a presença de uma DST é fator de risco para outra.<ref>AZULAY, M. M.; AZULAY, D. R. Doenças sexualmente transmissíveis. In: SCHECHTER, M.; MARANGONI, D. V. Doenças infecciosas: conduta diagnóstica e terapêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994. p. 335-57</ref>

Preconizam-se estratégias de prevenção às DSTs, tais como:

1) prática de sexo seguro, que inclui aconselhamentos que auxiliam a população a fazer as escolhas sexuais mais apropriadas para a redução do risco de contaminação com agentes infecciosos;

2) uso de preservativos;

3) abstinência de contatos sexuais com pessoas infectadas; e

4) limitação das complicações patológicas mediante a administração de tratamento imediato e eficaz, tanto para os casos sintomáticos como para os assintomáticos, ou seja, tratamento do casal, mesmo que a doença tenha sido diagnosticada em apenas um dos cônjuges.

Apenas os nitroimidazóis (p. ex., metronidazol e tinidazol) curam consistentemente a tricomoníase..O tinidazol possui meia-vida mais longa do que o metronidazol, causa menos sintomas gastrintestinais e pode ser útil no tratamento da tricomoníase que não responde ao metronidazol. O tratamento dos parceiros sexuais – facilitado pelo fornecimento de metronidazol à paciente para que ela o dê a seu(s) parceiro(s), com a advertência de evitar o uso concomitante de álcool – reduz significativamente tanto o risco de reinfecção quanto o reservatório da infecção; o tratamento do parceiro constitui o padrão de cuidados.O uso sistêmico do metronidazol é recomendado durante toda a gravidez. Em um grande estudo clínico randomizado, o tratamento da tricomoníase com metronidazol durante a gravidez não reduziu a frequência de morbidade perinatal – e, na verdade, a aumentou; assim, o rastreamento de rotina de gestantes assintomáticas para tricomoníase não é recomendado.

O tratamento pode aliviar os sintomas de corrimento vaginal em gestantes, além de prevenir infecção respiratória ou genital em recém-nascidos.<ref>KASPER, Dennis L.. Medicina interna de Harrison. 19 ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2017. 1 v,</ref>{{Referências}}


{{Doenças da pelve, genitais e mamas}}
{{Doenças da pelve, genitais e mamas}}

Edição atual tal como às 11h39min de 23 de novembro de 2020

Vaginite
Vaginite
Células do colo do útero revestidas por bactérias Gardnerella vaginalis durante uma vaginose bacteriana, a infeção vaginal mais comum.
Sinónimos Vulvovaginite, infecção vaginal, inflamação vaginal[1]
Especialidade Ginecologia
Sintomas Prurido, ardor, dor, corrimento vaginal, mau odor[1]
Causas Infeções (vaginose bacteriana, vaginite por candidíase , tricomoníase), reações alérgicas, estrogénio baixo[2]
Método de diagnóstico Exame vaginal, medição do pH, cultura microbiológica do corrimento[3]
Condições semelhantes Inflamação do colo do útero, doença inflamatória pélvica, cancro, presença de corpos estranhos[3]
Tratamento Baseado nas causas[1]
Frequência ~33% das mulheres em dado momento da vida[4]
Classificação e recursos externos
CID-9 616.10, 616.1
CID-11 290861382
DiseasesDB 14017
MedlinePlus 000566
eMedicine 257141
MeSH D014627
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Vaginite ou vulvovaginite é a inflamação da vagina e da vulva.[4][5] Os sintomas mais comuns são comichão, ardor, dor, corrimento vaginal e mau odor.[1] Alguns tipos de vaginite podem causar complicações durante a gravidez.[1]

As três principais causas são infeções, especificamente vaginose bacteriana, vaginite por candidíase e tricomoníase).[2] Entre outras causas menos comuns estão alergias a substâncias como espermicidas e sabões, ou a diminuição da quantidade de estrogénio no corpo durante a amamentação ou durante a menopausa.[2] É possível que a mesma infeção tenha mais de uma causa.[2] As causas mais comuns variam conforme a idade.[3]

O diagnóstico geralmente consiste num exame vaginal, na medição do pH, e na cultura microbiológica do corrimento vaginal.[3] Para o diagnóstico deve ser excluída a presença de outras doenças que manifestam sintomas semelhantes, como a inflamação do colo do útero, a doença inflamatória pélvica, o cancro, a presença de corpos estranhos ou doenças da pele.[3]

O tratamento depende da causa subjacente.[1] Se a causa é uma infeção, essa infeção deve ser tratada.[3] Os banhos de assento podem ajudar a aliviar os sintomas.[3] Os sabões e produtos de higiene feminina como sprays não devem ser usados.[3] Cerca de um terço das mulheres são afetadas por vaginite pelo menos uma vez na vida.[4] A doença é mais comum entre mulheres em idade fértil.[4]

Referências

  1. a b c d e f «Vaginitis». NICHD (em inglês). 2016. Consultado em 14 de outubro de 2018 
  2. a b c d «What causes vaginitis?». NICHD (em inglês). 2016. Consultado em 14 de outubro de 2018 
  3. a b c d e f g h «Overview of Vaginitis». Merck Manuals Professional Edition. Maio de 2018. Consultado em 14 de outubro de 2018 
  4. a b c d «Vaginitis». ACOG. Setembro de 2017. Consultado em 14 de outubro de 2018 
  5. Ferri, Fred F. (2016). Ferri's Clinical Advisor 2017 E-Book: 5 Books in 1 (em inglês). [S.l.]: Elsevier Health Sciences. p. 1333. ISBN 9780323448383