Mostrar código-fonte de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band

{{Info/Álbum
 |nome           = Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
 |tipo           = estúdio
 |alt            = 
 |artista        = [[The Beatles]]
 |lançado        = 1⁰ de junho de 1967
 |gravado        = 6 de dezembro de 1966 – 21 de abril de 1967
 |estúdio        = [[Abbey Road Studios|EMI]] e Regent Sound, Londres
 |gênero         = {{hlist|''[[Rock]]''|''[[Música pop|pop]]''|[[Rock psicodélico|''rock'' psicodélico]]|''[[art rock]]''}}
 |duração        = 39:36
 |gravadora      = {{hlist|[[Parlophone Records|Parlophone]]|[[Capitol Records|Capitol]]}}
 |produtor       = [[George Martin]]
 |último álbum   = ''[[Revolver (álbum)|Revolver]]''
 |próximo álbum  = ''[[Magical Mystery Tour]]''
 |borda          = 
 |miscelânea     = 
 |capa           = Sgt Peppers.jpg
 |ano anterior   = 1966
 |ano seguinte   = 1967
}}
'''''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band''''' (comumente referido apenas como '''''Sgt. Pepper''''') é o oitavo [[álbum de estúdio]] da banda Inglesa de ''[[rock]]'' [[The Beatles]], lançado em 1⁰ de junho de 1967. Foi um sucesso crítico e comercial imediato, permanecendo no topo das paradas britânicas por vinte e duas semanas, e durante quinze semanas nas paradas estadunidenses. A revista [[Time (revista)|''Time'']] declarou-o como "uma partida histórica no progresso da música", e o periódico ''[[New Statesman]]'' prezou sua elevação do [[Música pop|''pop'']] [[Alta cultura|ao nível da arte]]. Venceu quatro [[Grammy Awards|prêmios Grammy]] em 1968, incluindo [[Grammy Award para Álbum do Ano|Álbum do Ano]], sendo o primeiro LP de ''rock'' a receber o prêmio.

Em agosto de 1966, os Beatles terminaram permanentemente suas turnês e iniciaram um período de férias de três meses. Durante um voo para retornar à [[Londres]] em novembro daquele ano, [[Paul McCartney]] concebeu a ideia de uma canção envolvendo uma banda militar da [[era eduardiana]] que eventualmente formou o ímpeto do conceito de ''Sgt. Pepper''. As sessões de gravação do disco tiveram início em 24 de novembro no Estúdio 2 do [[Abbey Road Studios|EMI Studios]] com as composições "[[Strawberry Fields Forever]]" e "[[Penny Lane]]", ambas inspiradas pelas infâncias dos integrantes do grupo; contudo, devido à pressão da [[EMI]], as faixas foram lançadas como um ''[[single]]'' de [[Lado A e lado B|duplo lado A]] e não foram incluídas no álbum.

Em fevereiro de 1967, após gravarem a [[Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (canção)|faixa-título]], Paul sugeriu que os Beatles lançassem um álbum inteiro que representasse uma performance da banda fictícia Sgt. Pepper. Essa [[Alter ego|personalidade alternativa]] da banda deu-lhes a liberdade de experiências musicais. Durante as gravações, o grupo esforçou-se para melhorar a qualidade da produção em comparação com seus projetos anteriores. Sabendo que não iriam apresentar as canções ao vivo, eles adotaram uma abordagem experimental as composições, escrevendo canções como "[[With a Little Help from My Friends]]", "[[Lucy in the Sky with Diamonds]]" e "[[A Day in the Life]]". A gravação inovadora do álbum usada pelo produtor [[George Martin]] incluiu a aplicação liberal de som com processamento de sinal e o uso de uma orquestra formada por quarenta músicos, tocando [[Dinâmica musical|''crescendos'']] [[Música aleatória|aleatórios]]. As gravações foram finalizadas em 21 de abril de 1967. A capa do disco, apresentando a banda posando na frente de celebridades e figuras históricas, foi designada pelos artistas ''pop'' ingleses [[Peter Blake]] e [[Jann Haworth]], e baseada em um esboço feito por McCartney.

''Sgt. Pepper'' é considerado por musicólogos como um [[Álbum conceptual|álbum conceitual]] que avançou o uso da [[forma cíclica]] na música popular, ao passo em que continuou a maturação artística vista nos lançamentos anteriores do grupo. Foi descrito como um dos primeiros discos de ''[[art rock]]'', auxiliando o desenvolvimento do [[Rock progressivo|''rock'' progressivo]], e creditado por ter marcado o início da "[[:en:Album_era|Era do Álbum]]"<sup>{{En}}</sup>. Um trabalho importante da [[psicodelia]] britânica, o álbum de múltiplos gêneros incorpora diversas influências estilísticas, incluindo [[vaudeville|''vaudeville'']], [[música circense]], ''[[music hall]]'', ''[[Música de vanguarda|avant-garde]]'' e a [[música clássica]] ocidental e indiana. Em 2003, a [[Biblioteca do Congresso|Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos]] incluiu o álbum no [[Registro Nacional de Gravações]], honorando o trabalho como "culturalmente, historicamente ou esteticamente significante". No mesmo ano, a ''[[Rolling Stone]]'' posicionou-o no topo da lista de "[[500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos da Rolling Stone|500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos]]". Até 2014, comercializou mais de 30 milhões de unidades em âmbito global, sendo um dos [[Lista dos álbuns mais vendidos do mundo|álbuns mais vendidos mundialmente]]. Escrevendo para a Enciclopédia Oxford da Literatura Britânica, o Prof. Kevin J Dettmar definiu-o como "o álbum de ''[[rock and roll]]'' mais importante e influente já gravado".

== Contexto ==
{{quote box
| quote = Estávamos fartos de ser os Beatles. Detestávamos aquela abordagem de merda dos quatro pequenos ''mop-tops''.{{Nota de rodapé|Um homem com corte de cabelo desgrenhado e à tigela. Os ''mop-tops'' mais famosos foram os Beatles, que popularizaram o estilo de corte na década de 1960, quando o seu empresário lhes disse que o público iria apreciá-los mais se eles adotassem tal estilo.}} Não éramos rapazes, éramos homens (...) e pensávamos em nós mesmos como artistas e não apenas como músicos para entreter.{{sfn|Miles|1997|p=303}}
| source = – [[Paul McCartney]]
| width = 25%
| align = left
| style = padding:8px;
}}

Em 1966, os Beatles estavam cansados de realizar apresentações ao vivo.{{sfn|Lewisohn|1992|p=210}} Na opinião de [[John Lennon]], eles podiam "enviar quatro bonecos de cera, e seria o bastante para satisfazer a multidão. Os concertos dos Beatles já não tinham nada a ver com música. Eram apenas malditos ritos tribais."{{sfn|The Beatles|2000|p=229}} Em junho daquele ano, dois dias depois de terem finalizado o álbum ''[[Revolver (álbum)|Revolver]]'', o grupo iniciou uma turnê mundial a partir da [[Alemanha Ocidental]].{{sfn|MacDonald|2005|p=212}} Em Hamburgo, entretanto, receberam um telegrama anônimo que dizia: "Não vão a Tóquio. A suas vidas correm perigo".{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=7}} A ameaça foi levada a sério à luz da controvérsia criada por grupos conservadores e religiosos do Japão, opostos à ideia planejada pelos Beatles de realizarem uma apresentação na arena sagrada [[Nippon Budokan]].{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=7}} Como precaução, 35 mil policiais foram mobilizados e encarregados de proteger o grupo, que foi transportado dos locais de ''shows'' para os hotéis em carros blindados.<ref>{{harvnb|Lewisohn|1992|p=211}}; {{harvnb|Martin|Pearson|1994|p=7}}.</ref> A prudência do público japonês e a ausência de fãs a gritar durante os ''shows'' permitiram ao quarteto ouvir suas performances e perceber o quanto elas tinham perdido qualidade.

Quando chegaram às [[Filipinas]], foram ameaçados e maltratados pelos cidadãos por não visitarem a primeira-dama [[Imelda Marcos]]. O grupo manifestava descontentamento com o seu empresário, [[Brian Epstein]], por este insistir no que eles consideravam ser um itinerário desgastante e desmoralizante.{{sfn|MacDonald|2005|pp=212–213}} Depois do regresso a [[Londres]], [[George Harrison]] respondeu a uma questão sobre os futuros planos da banda: "Tiraremos um par de semanas para recuperação (da viagem) antes de irmos (aos Estados Unidos) e sermos espancados pelos norte-americanos."{{sfn|MacDonald|2005|p=213}} Tal comentário provou ser profético, uma vez que o posterior comentário de John Lennon sobre os Beatles serem "[[mais populares que Jesus]]" envolveu a banda em enorme controvérsia, gerando protestos no [[Bible Belt|''Bible Belt'']]{{Nota de rodapé|O ''Bible Belt'' (em [[língua portuguesa|português]], Cinturão Bíblico) é uma região dos Estados Unidos onde a prática do [[protestantismo]] faz parte da cultura local. O ''Bible Belt'' está localizado no sudeste do país, em decorrência das fundações coloniais da região a partir desse ramo do cristianismo.}} dos Estados Unidos.{{sfn|MacDonald|2005|p=213}} Um pedido de desculpas público amenizou a polêmica, mas a pobre excursão no país, marcada por estádios em meia lotação e atuações abaixo da expectativa, provou ser a última da banda.<ref>{{harvnb|Lewisohn|1992|pp=210: the Beatles grew tired of touring, 230: the Beatles' final commercial performance}}; {{harvnb|MacDonald|2005|p=213}}</ref> O autor Nicholas Schaffner lembra que, "para os Beatles, tocar esses concertos tinha se tornado um fingimento tão distante dos novos rumos que eles estavam a perseguir, que nem uma única melodia foi tocada do recém-lançado LP ''Revolver'', cujos arranjos eram, na sua maior parte, impossíveis de reproduzir no palco devido ao seu alinhamento de duas guitarras-baixo-bateria".{{sfn|Schaffner|1978|pp=58–59}}

Ao retornar à Inglaterra, começaram a circular rumores de que o grupo tinha decidido encerrar suas atividades.{{sfn|Julien|2008b|p=1}} George informou a Epstein que iria deixar a banda, mas foi convencido a ficar com a promessa que não haveria mais turnês.{{sfn|MacDonald|2005|p=213}} O grupo tirou sete semanas de férias, concentrando-se em interesses individuais. Harrison viajou para a [[Índia]] e lá permaneceu por seis semanas, tendo aulas avançadas de [[sitar]] com [[Ravi Shankar]].{{sfn|Julien|2008b|p=2}} [[Paul McCartney]] e o produtor [[George Martin]] colaboraram para a trilha sonora do filme ''[[The Family Way]]''.{{sfn|Blaney|2007|p=8}} Lennon atuou no filme ''[[How I Won the War]]'' e participou de mostras de arte, como uma na galeria Indica, em [[cidade de Westminster|Westminster]], onde viria a conhecer [[Yoko Ono]], a sua futura esposa.{{sfn|Womack|2007|p=158, 160–161}} [[Ringo Starr]] aproveitou a pausa para passar mais tempo com sua esposa [[Maureen Cox|Maureen]] e o filho [[Zak Starkey|Zak]].<ref>{{harvnb|Harry|2000|pp=323, 333}}; {{harvnb|Julien|2008b|p=2}}.</ref>

== Inspiração e concepção ==
Em novembro de 1966, durante um voo de retorno do [[Quénia|Quênia]] para Londres, onde estava de férias com o ''road manager'' [[Mal Evans]], McCartney teve ideia para uma canção. Tal ideia, que formaria o ímpeto para o conceito de ''Sgt. Pepper'', envolvia uma banda militar da [[era eduardiana]], de nome inventado por Evans, ao estilo de [[San Francisco Sound|grupos contemporâneos de São Francisco]] como [[Big Brother and the Holding Company]] e [[Quicksilver Messenger Service]].{{sfn|Womack|2007|p=168}} Em fevereiro de 1967, Paul sugeriu que os Beatles gravassem um disco inteiro que representasse uma performance desse grupo ficcional.{{sfn|Moore|1997|pp=20–21}} Tal [[alter ego|''alter ego'']] daria a eles a liberdade para experimentar musicalmente novos estilos sem a pressão de serem "os Beatles". McCartney explicou: "Eu pensei, vamos deixar de ser nós mesmos. Vamos desenvolver ''alter egos''."{{sfn|Miles|1997|pp=303–304}}
{{quote2|''Pepper'' não apareceu até a metade do processo de feitura do álbum. Era uma canção do Paul, somente um número comum de ''rock''. Paul disse: "Porque não fazemos um álbum como se a banda de Pepper realmente existisse, como se o 'Sergeant Pepper' estivesse gravando? Gravaremos efeitos e tudo mais." Eu amei a ideia, e, daquele momento em diante, foi como se ''Pepper'' tivesse vida própria.{{sfn|Martin|1994|p=202}}|autor=[[George Martin]]}}

Em 1966, o crescente interesse do músico norte-americano [[Brian Wilson]] por estética de gravação, além da sua admiração pela [[parede de som]] do produtor [[Phil Spector]] e por ''[[Rubber Soul]]'', serviram de fonte criativa ao que resultou no lançamento de ''[[Pet Sounds]]'', dos [[Beach Boys]], que mostrou sua competência e maestria em [[Produtor musical|produção musical]] e em [[Composição musical|composição]] e [[Arranjo (música)|arranjo]].<ref>{{harvnb|MacFarlane|2008|pp=36–37}}: Wilson's growing interest in the aesthetics of recording; {{harvnb|Kimsey|2009|pp=37, 235}}: Wilson's admiration for the Beatles' ''[[Rubber Soul]]'' and [[Phil Spector]].</ref>{{Nota de rodapé|Durante o início e metade da década de 1960, o grupo norte-americano The Beach Boys lançou trabalhos de crescente nível de sofisticação. Liderados pelo seu principal compositor e produtor, Brian Wilson, eles combinavam [[Harmonia (música)|harmonias]] vocais inspiradas no ''[[jazz]]'' com ''[[surf music]]'', criando seu estilo único.{{sfn|MacFarlane|2008|p=36}} Wilson, escrevendo no encarte de ''Pet Sounds'', explicou sua inspiração: "Em dezembro de 1965, eu ouvi o álbum ''Rubber Soul''. Foi definitivamente um desafio para mim. Vi que cada parte era fascinante e estimulante artisticamente. Eu, imediatamente, fui trabalhar nas canções de ''Pet Sounds''."{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=48}} O biografo de Beatles Jonathon Gould escreveu: "dos tantos ''[[single|singles]] pop'' lançados durante o outono de 1966, nenhum teve mais forte influência dos Beatles que o '[[Good Vibrations]]' dos Beach Boys"; uma faixa criada durante as sessões de ''Pet Sounds'', mas lançada vários meses depois.{{sfn|Gould|2007|p=35}}}} O autor Thomas MacFarlane define o lançamento de ''Pet Sounds'' como inspirador de muitos músicos daquele tempo, com McCartney, em particular, a cantar seus louvores e extrair inspiração para uma "expansão do foco de trabalho dos Beatles com sons e texturas não usualmente associadas à música popular."{{sfn|MacFarlane|2008|pp=36–37}} Paul pensava que, por ele constantemente tocar o álbum, foi difícil John "escapar da influência", adicionando: "Foi inteligentemente executado, então nós fomos inspirados por ele e pegamos algumas ideias."<ref>{{harvnb|Babiuk|2002|p=204}}: "It's very cleverly done"; {{harvnb|Julien|2008c|p=158}}: "escape the influence".</ref> Martin afirmou: "Sem ''Pet Sounds'', ''Sgt. Pepper'' nunca teria acontecido. ''<nowiki/>'Pepper''' foi uma tentativa de se igualar a ''Pet Sounds''."<ref>{{citar web|url=http://articles.latimes.com/1997/nov/01/entertainment/ca-48891|título='Pet Sounds Sessions': Body of Influence Put in a Box|autor=|data=1º de novembro de 1997|publicado=[[Los Angeles Times]]|acessodata=8 de abril de 2015}}</ref>{{Nota de rodapé|''[[Freak Out!]]'', do [[Mothers of Invention]], é também citado como influenciador de ''Sgt. Pepper''.{{sfn|Julien|2008c|p=160}} De acordo com o autor Philip Norman, durante as sessões de gravação de ''Sgt. Pepper'', Paul afirmou repetidamente: "Este é nosso ''Freak Out!''".{{sfn|Julien|2008c|p=158}} O jornalista musical Chet Flippo pondera que McCartney foi inspirado, no tocante à gravação de um [[álbum conceitual]], após ouvir ''Freak Out!''.{{sfn|Julien|2008c|p=160}} O autor Will Romano observa que ''Sgt. Pepper'' termina com vocais sem sentido, assim como ''Freak Out!''.{{sfn|Romano|2010|p=20}} O autor [[Barry Miles]] nota que "[[Carnival of Light]]", música não lançada do quarteto, gravada durante as sessões para o que depois evoluiu para ''Sgt. Pepper'', tem uma notável semelhança com a última faixa de ''Freak Out!'', "The Return of the Son of Monster Magnet". The Mothers of Invention posteriormente parodiou a capa de ''Sgt. Pepper'' com seu álbum de 1968, ''[[We're Only in It for the Money]]''.{{sfn|Everett|1999|p=123}}}}

== Gravação e produção ==

=== Histórico de gravação ===
[[Ficheiro:Abbeyroadtomswain.jpg|thumb|direita|Estúdio 2 do EMI Studios (atual [[Abbey Road Studios]]), onde quase todas as faixas de ''Sgt. Pepper'' foram gravadas.{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=184, 190}}|246x246px]]
De acordo com o musicólogo Walter Everett, ''Sgt. Pepper'' marcou o início da ascensão de Paul como a liderança e força criativa dominante dos Beatles. Ele compôs e cantou mais da metade do material do LP, além de ter obtido crescente controle do processo de gravação das canções, liderando as gravações junto a George Martin. Ele proveria, desse ponto em diante, direção artística para os lançamentos do grupo.{{sfn|Everett|1999|p=99}}{{Nota de rodapé|Na opinião de Emerick, os trabalhos em ''Sgt. Pepper'' marcaram a emergência de McCartney como o produtor ''de facto'' dos Beatles, já que Martin mostrava-se cada vez mais ausente aos finais das sessões de tarde da noite, que sempre duravam até o amanhecer.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=163}} Emerick sustenta também que, no tempo das sessões de ''Sgt. Pepper'', "era evidente que a personalidade de John estava mudando. Em vez de mostrar teimosia a respeito de tudo, ele estava se tornando complacente. Em verdade, ele parecia de certa forma contente de ter alguém pensando no lugar dele."{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=174}}}} As sessões de gravação do disco foram iniciadas em 24 de novembro de 1966, no Estúdio 2 do [[Abbey Road Studios|EMI Studios]], na primeira vez que os Beatles se reuniram desde setembro daquele ano.{{sfn|Lewisohn|1992|p=232}} Cobertos pelo luxo de um orçamento quase ilimitado, eles reservavam sessões sem data de volta marcada, buscando rotinas de trabalho flexíveis, em horário tão tarde quanto quisessem.{{sfn|MacDonald|2005|p=215}}{{Nota de rodapé|A [[EMI]] era proprietária das gravações do grupo e do estúdio. Por isso, a entidade não descontou taxas de tempo de estúdio dos pagamentos em ''royalties'' da banda durante a gravação e produção de ''Sgt. Pepper''.{{sfn|MacDonald|2005|p=215}}}}

O grupo iniciou a empreitada com três canções intencionadas a serem lançadas em um álbum tematicamente conectado à infância dos membros: "[[Strawberry Fields Forever]]", "[[When I'm Sixty-Four]]" e "[[Penny Lane]]".<ref>{{harvnb|Everett|1999|p=99}}; {{harvnb|MacDonald|2005|pp=212–223}}.</ref> A primeira sessão foi marcada pela introdução de um novo instrumento, o [[Mellotron]],{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=135–136}} cujas teclas desencadeavam gravações de fita de uma variedade de instrumentos.{{sfn|Awde|2008|p=17}} Um notório exemplo do uso do equipamento é a performance de Paul na introdução de "Strawberry Fields Forever" usando uma configuração de [[flauta]].{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=135–136}} A complexa produção da faixa envolveu inovadora divisão de duas [[Tomada (cinema)|tomadas]], que foram gravadas em diferentes [[andamento|tempo]]s e [[altura (música)|tons]].{{sfn|MacDonald|2005|pp=217–220}} O [[engenheiro de som]] [[Geoff Emerick]] relembra que, durante a gravação de ''Revolver'', "nós nos acostumamos a solicitações para se fazer o impossível, e nós sabíamos que a palavra 'não' não existia no vocabulário dos Beatles."{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=139}} Na opinião de Martin, "''Sgt. Pepper'' cresceu naturalmente a partir de ''Revolver''", perfazendo "uma era de quase contínua experimentação tecnológica".<ref>{{harvnb|Martin|Pearson|1994|p=78}}: "continuous technological experimentation"; {{harvnb|Martin|Pearson|1994|p=82}}: ''Sgt. Pepper'' "grew naturally out of ''Revolver''".</ref>{{Nota de rodapé|De acordo com o biógrafo especializado nos Beatles [[Hunter Davies]], a "experimentação realmente séria" foi iniciada em abril de 1966, com a última faixa de [[Revolver (álbum)|Revolver]], "[[Tomorrow Never Knows]]".<ref>{{harvnb|Davies|2009|p=261}}; {{harvnb|MacDonald|2005|pp=185–193}}.</ref> Martin concorda, notando o uso da [[tambura]] com vocais [[Backmasking|invertidos]] em "[[Rain (canção de The Beatles)|Rain]]" como um importante avanço que levou à produção experimental de "Tomorrow Never Knows".{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=79}} Na opinião de Emerick, a "maior diferença" entre ''Revolver'' e ''Sgt. Pepper'' é que não houve prazo absoluto para conclusão do segundo. Ele também pondera que as sessões de gravação de ''Revolver'' eram primariamente marcadas para a tarde e começo da noite, enquanto que as sessões para ''Sgt. Pepper'' tipicamente começavam após as 19 horas.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=142}} Ele atribui a diferença técnica de som entre os dois álbuns ao fato de que ''Revolver'' foi primariamente gravado no Estúdio 3 do EMI, que era muito menor e dotado de um "som de estúdio acusticamente mais sujo", em comparação ao Estúdio 2.{{sfn|Scapelliti|2007|p=96}}}}

{{quote box
| quote = Revistas de música começaram a nos depreciar, porque (o disco) demorou cinco meses para ser gravado, e eu lembro da grande graça em ver, em um desses periódicos, "como os Beatles tinham se tornado improdutivos", e eu estava sentado, esfregando minhas mãos e dizendo: "Espere só."{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=111}}
| source = – Paul McCartney
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}}

"Strawberry Fields Forever" e "Penny Lane" foram ulteriormente lançadas como um [[lado A e lado B]] em fevereiro de 1967, após a gravadora e Brian Epstein pressionarem Martin por um ''[[single]]''.{{sfn|Moore|1997|pp=19–20}} Quando o trabalho falhou em alcançar o topo das paradas no Reino Unido, as agências da imprensa britânica especularam que o caminho de sucesso do grupo talvez tivesse acabado, com manchetes como "Beatles falham em alcançar o topo", "Primeira vez em quatro anos" e "A bolha estourou?".{{sfn|Harry|2002|p=714}} Após tal lançamento, o conceito de infância foi abandonado em favor do "Sgt. Pepper", e, sob a insistência de Epstein, o ''single'' não foi incluso no LP.{{Nota de rodapé|Martin e Epstein decidiram que era inapropriado requerer que fãs pagassem o dobro pelo mesmo material. Por isso, não incluíram "Strawberry Fields Forever" ou "Penny Lane" no álbum ''Sgt. Pepper''.{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=27}}}} Martin posteriormente descreveu a decisão de excluir essas duas canções como "o maior erro de minha vida profissional".{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=26}} Não obstante, no seu julgamento, "Strawberry Fields Forever", na qual ele e a banda permaneceram 55 horas de tempo de estúdio gravando, "estabelece a agenda de todo o álbum."<ref>{{harvnb|MacDonald|2005|p=219}}: 55 hours of studio time; {{harvnb|Martin|Pearson|1994|p=13}}: "set the agenda for the whole album."</ref>{{Nota de rodapé|Após três semanas, eles concluíram somente duas canções. De acordo com Emerick, isso provocou críticas da parte de seus colegas da EMI, que foram respondidas com mensagens que basicamente diziam "somente espere".{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=141}}}} Martin explicou uma das principais características do disco: "Seria um trabalho (...) (com músicas que) não poderiam ser tocadas ao vivo: elas foram concebidas para serem produções de estúdio e essa era a diferença."{{sfn|Julien|2008b|p=6}}{{Nota de rodapé|O momento de gravação de "Strawberry Fields Forever" foi a primeira ocasião em que o grupo pode trabalhar sem o fardo de um prazo, e marcou o início dos "anos de estúdio" dos Beatles.<ref>{{harvnb|Julien|2008c|p=156}}: the beginning of the studio years; {{harvnb|Lewisohn|1992|p=233}}: no deadline.</ref>}} Paul acreditava que estava a gravar o melhor trabalho dos Beatles, declarando: "Agora, nossa performance 'é' esse álbum."<ref>{{harvnb|Emerick|Massey|2006|p=132}}: McCartney's goal; {{harvnb|Julien|2008b|p=6}}: "Now our performance ''is'' that record."</ref> Emerick relembra: "Por sabermos que os Beatles nunca tocariam essas músicas ao vivo, não existiram barreiras criativas."{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=190}} Em 6 de dezembro de 1966, o grupo começou a trabalhar em "When I'm Sixty-Four", a primeira faixa que seria incluída no lançamento.{{sfn|MacDonald|2005|pp=220–221}}

=== Técnicas de gravação ===
''Sgt. Pepper'' foi gravado com o uso de um [[Gravação multicanal|máquina de quatro trilhas]]. Embora fitas de oito trilhas estivessem disponíveis nos Estados Unidos, as primeiras unidades não eram consideradas operacionais para estúdios comerciais de Londres até 1967.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=191}}{{Nota de rodapé|Gravadores de oito trilhas foram usados pela primeira vez em trabalho dos Beatles em 1968, durante as sessões para o ''[[The Beatles (álbum)|The Beatles]]''.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=176}}}} No oitavo LP dos Beatles, assim como nos anteriores, foi feito uso extensivo da técnica conhecida como ''"ping-pong"'', ou ''"boucing"'', por meio da qual entre uma e quatro pistas do gravador são combinadas e passam por um processo de transferência entre dispositivos de armazenamento de mídia de diferentes formatos a partir de um equipamento ''master'' de quatro trilhas. O procedimento possibilitou aos engenheiros da Abbey Road dar ao conjunto um tratamento virtual multi-trilha.{{sfn|Lewisohn|2009|p=29}} Os equipamentos Studer J37 de quatro trilhas da EMI eram propriamente adequados para [[mixagem]] de redução, já que as gravações de alta qualidade produzidas por eles minimizavam o acrescido ruído associado com o processo utilizado.{{sfn|Babiuk|2002|p=199}} Preferindo gravar suas passagens de [[baixo elétrico]] por último, McCartney preferia tocar outros instrumentos nas sessões para as faixas de apoio. Esse costume custou-lhe tempo extra necessário para escrever e gravar linhas melódicas de baixo que complementassem o arranjo final das músicas.{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=169–170}} Na gravação de orquestra para "[[A Day in the Life]]", Martin sincronizou um gravador de quatro trilhas tocando a faixa de apoio dos Beatles com outro gravando a orquestra. O engenheiro Ken Townsend idealizou um método para realizar esse procedimento por meio do uso de um controle de sinal de 50Hz entre dois equipamentos.{{sfn|Lewisohn|1992|p=244}}

[[Imagem:Studer J37 4-track tape recorder (1964-1972), Abbey Road Studios.jpg|thumb|right|Studer J37 de quatro trilhas utilizado na gravação de ''Sgt. Pepper''.<ref>{{citar livro|último =Martland|primeiro =Peter|título=Since Records Began: EMI, the First Hundred Years|ano=1997|publicado=Amadeus Press|isbn=978-1-57467-033-2|página=250}}</ref>|235x235px]]

Um dos principais procedimentos técnicos aplicados em ''Sgt. Pepper'' por Martin e Emerick para moldar o som da gravação foi o [[processamento de sinal]], que incluiu a aplicação de [[Compressor (efeito)|compressão dinâmica]], [[reverberação]] e [[Limitador|limitação de sinal]].{{sfn|Kimsey|2008|p=133}} Foram usadas unidades modulares de efeito relativamente novas, como ao produzir sons de vozes e instrumentos por meio de um [[altifalante Leslie|auto-falante Leslie]].{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=190}} Várias técnicas inovadoras de produção foram utilizadas proeminentemente nas gravações, incluindo [[unidade DI|conexão direta]], ''[[ambiophonics]]'' e [[Pitch shift|controle de ''pitch'']],{{sfn|Hannan|2008|p=62}} este último associado ao ''[[:en:Pitch_control|varispeeding]]''<sup>{{En}}</sup>.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=190}} Outra importante aplicação foi o ''[[automatic double tracking|Automatic Double Tracking]]'' (ADT), um sistema que usa gravadores de fita para criar duplicações sonoras simultâneas. Embora na época já existisse largo reconhecimento de que o uso de fitas multi-trilhas para gravação de vocais principais duplos produzia som aprimorado, antes do ADT era necessário gravar tais faixas vocais duas vezes, uma tarefa considerada entediante e de grande exigência. O ADT foi inventado por Townsend durante as sessões de ''Revolver'', em 1966, especialmente para os Beatles. O processo tão logo se transformou em uma prática de gravação comum na música popular.{{sfn|Lewisohn|1992|p=216}} Martin divertidamente relatava: "Isso dobra sua voz, John."{{sfn|Martin|Pearson|1994|pp=82–83}} Lennon percebeu que Martin estava brincando, mas, desse momento em diante, ele passou a se referir ao efeito como ''"flanging"'', um rótulo que foi universalmente adotado pela indústria da música.{{sfn|Martin|Pearson|1994|pp=82–83}} Martin cita "[[Lucy in the Sky with Diamonds]]" como tendo o maior número de variações de velocidade de fita em ''Sgt. Pepper''. Durante a gravação dos vocais de John, a redução de velocidade ia de 50 ciclos para 45, o que produzia uma faixa de som mais alto e fino quando retornada à velocidade normal.{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=105}}

{{quote2|Ouvindo cada fase de gravação deles, uma vez que terminaram as primeiras faixas, é difícil ver o que eles ainda estão almejando. (…) Frequentemente, a versão final, complexa, cheia de camadas, parece ter afogado a melodia simples inicial. Mas eles sabem que não é certo, mesmo que não possam colocar isso em palavras. A dedicação deles é gigantesca, minando, por períodos de dez horas, cada canção.{{sfn|Davies|2009|pp=273–274}}|autor=[[Hunter Davies]], 1968}}

No intento de obter a sonoridade correta, os Beatles realizaram numerosas regravações de "[[Getting Better]]". Quando a decisão de realizar tal procedimento com a faixa de base foi então tomada, [[Ringo Starr]] foi convocado ao estúdio, mas foi dispensado logo em seguida, quando o foco mudou do ritmo para o acompanhamento vocal.{{sfn|Davies|2009|p=270}} O baterista, após completar as gravações básicas de seu instrumento, viu sua contribuição ser limitada a trechos adicionais menores de [[Instrumento de percussão|percussão]] e lamentou: "A maior memória que eu tenho de ''Sgt. Pepper''... é que eu aprendi a jogar xadrez."{{sfn|Everett|1999|p=100}}

Para a canção título,"[[Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (canção)|Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band]]", a gravação do conjunto de bateria de Starr foi aprimorada pelo uso de ''[[damping]]'' e da prática de posicionar os microfones estrategicamente próximos ao instrumento. O musicólogo [[Ian MacDonald]] credita a nova prática de gravação como criadora de um som "tridimensional", que, junta a outras inovações dos Beatles, engenheiros de som dos Estados Unidos viriam a adotar como procedimento padrão.{{sfn|MacDonald|2005|pp=233–234}} Paul tocou um [[piano|piano de cauda]] em "A Day in the Life" e um órgão Lowrey em "Lucy in the Sky with Diamonds", enquanto Martin tocou um [[pianet]] Hohner em "Getting Better", um [[cravo (instrumento musical)|cravo]] em "[[Fixing a Hole]]" e um [[harmônio]] em "[[Being for the Benefit of Mr. Kite!]]".<ref>{{harvnb|Everett|1999|p=104}}: a Lowrey organ on "Lucy in the Sky with Diamonds"; {{harvnb|Everett|1999|p=106}}: a Hohner Pianet on "Getting Better", {{harvnb|Everett|1999|p=107}}: a harpsichord on "Fixing a Hole"; {{harvnb|Everett|1999|p=110}}: a pump organ on "Being for the Benefit of Mr. Kite!"; {{harvnb|Everett|1999|p=120}}: a grand piano on "A Day in the Life".</ref> George utilizou um ''[[Tanbur|tanbūr]]'' em várias faixas, incluindo "Lucy in the Sky with Diamonds" e "Getting Better".{{sfn|Everett|1999|pp=104, 106}}

A prensagem britânica de ''Sgt. Pepper'' foi a primeira ocasião na qual um álbum ''pop'' foi [[Masterização de áudio|masterizado]] sem os intervalos que normalmente são colocados entre as faixas como ponto de demarcação.{{sfn|Womack|2007|p=170}} Foi feito uso de dois ''[[Fade (áudio)|crossfades]]'' que combinaram as faixas, dando a impressão de contínua performance ao vivo.<ref>{{harvnb|Julien|2008c|p=162}}; {{harvnb|Lewisohn|1992|p=251}}.</ref>{{Nota de rodapé|Foi aplicado ''[[Fade (áudio)|crossfade]]'' entre as faixas "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" e "With a Little Help from My Friends" e entre a reprise de "Sgt. Pepper" e "A Day in the Life".{{sfn|Lewisohn|1992|p=251}}}} Embora tivessem sido produzidas versões do disco tanto no formato [[Estereofonia|estereofônico]] quanto [[Monaural|monofônico]], os Beatles estiveram envolvidos de forma mínima na tarefa, que eles consideravam a menos importante das sessões de [[mixagem]], deixando-a a cargo de Martin e Emerick.{{sfn|Lewisohn|1992|p=252}} Emerick relembra: "Nós passamos três semanas na mixagem mono e talvez três dias na estéreo."{{sfn|Scapelliti|2007|p=100}} Ele estima que foram gastas setecentas horas no LP, tempo trinta vezes maior que o gasto no primeiro disco da banda, ''[[Please Please Me]]'', que custou £400 para ser produzido à época.<ref>{{harvnb|Davies|2009|p=262}}: the recording of ''Please Please Me'' cost £400; {{harvnb|Lewisohn|1992|p=253}}: they spent 700 hours recording ''Sgt. Pepper''.</ref> O custo final de ''Sgt. Pepper'' foi então de aproximadamente £25,000.{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=168}} Os trabalhos foram finalizados em 21 de abril de 1967, com a gravação de ruídos aleatórios, como um som em uma frequência audível apenas por cães que foi incluído ao fim do disco.{{sfn|Lewisohn|1992|pp=252–253}}

== Música e letra ==

=== Visão geral ===
''Sgt. Pepper'' é um trabalho multigênero de ''[[rock]]'' e ''[[Música pop|pop]]''.<ref>{{harvnb|Hannan|2008|p=61}}: "The album is made up of a broad variety of musical and theatrical genres"; {{harvnb|Moore|1997|pp=18, 70–79}}: rock and pop; {{harvnb|Wagner|2008|p=76}}: the "multigenre nature of ''Sgt. Pepper''".</ref> Incorpora diversidade estilística de influências advindas do ''[[rock and roll]]'', ''[[vaudeville]]'', ''[[big band]]'', ''[[jazz piano]]'', ''[[blues]]'', [[música de câmara]], [[música circense]], ''[[music hall]]'', ''[[música de vanguarda|avant-garde]]'', [[Música clássica|música clássica ocidental]] e [[música clássica indiana]].<ref>{{harvnb|Hannan|2008|pp=61–62}}: music hall and blues; {{harvnb|Wagner|2008|p=76}}; rock and roll, vaudeville, big band, piano jazz, chamber, circus, avant-garde, western and indian classical music.</ref> De acordo com o autor Naphtali Wagner, sua música reconcilia os "ideais estéticos diametralmente opostos" da música clássica e da [[psicodelia]], angariando uma  "síntese 'psicoclássica'" das duas formas musicais.{{sfn|Wagner|2008|pp=76, 89–90}}

{{quote box
| quote = (Martin) me perguntou, "Você sabe o que causou ''Pepper''?" Eu disse, "Uma palavra por vez: George. Drogas. Maconha." E George disse, "Não, não. Você não estava drogado o tempo todo." "Sim, estávamos." ''Sgt. Pepper'' foi o álbum das drogas.<ref>{{citar web|título=1 – 'A Day in the Life'|url=http://www.rollingstone.com/music/lists/100-greatest-beatles-songs-20110919/a-day-in-the-life-19691231|obra=100 Greatest Beatles Songs|publicado=''Rolling Stone''|acessodata=24 de abril de 2014}}</ref>
| source = – Paul McCartney
| width = 25%
| align = right
| style = padding:8px;
}}

A preocupação acerca de referências ao [[uso recreativo de drogas]] em algumas das letras levou a [[BBC]] a banir várias canções das rádios britânicas, como "A Day in the Life", em decorrência do verso ''"I'd love to turn you on"'' ("Eu adoraria excitá-lo/ligá-lo"), com a alegação de que trechos como esse poderiam "encorajar atitude permissiva em favor do uso de drogas."<ref>{{citar livro|último =Grillo|primeiro =Ioan|título= El Narco: Inside Mexico's Criminal Insurgency |ano=2011|publicado= Bloomsbury Press|isbn=978-1-60819-401-8|url=http://books.google.com/books?id=1G4FlXMOgfkC&pg=PT28&dq |página=38}}</ref> Embora Lennon e McCartney negassem qualquer interpretação relacionada a drogas à época, Paul posteriormente sugeriu que o verso foi escrito deliberadamente de forma ambígua para referir-se tanto ao uso ilícito de drogas quanto a atividades sexuais.<ref>{{harvnb|Glausser|2011|p=29}}: Lennon and McCartney's contemporary denial of an intentional reference to illicit drugs in the lyrics to "A Day in the Life"; {{harvnb|Moore|1997|p=60}}: McCartney's immediate denial in ''[[Melody Maker]]''; {{harvnb|Miles|1997|p=325}}: McCartney later suggested that the line was deliberately written to ambiguously refer to either illicit drugs or sexual activity.</ref> A música "Lucy in the Sky with Diamonds" também foi assunto de especulação, muitos acreditando que o título era uma metáfora sobre a droga alucinógena [[LSD]].{{sfn|MacDonald|2005|p=240}} A BBC decidiu banir a faixa a partir desse argumento.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=174}} O grupo de mídia baniu, ainda, "Being for the Benefit of Mr. Kite!", pela menção, em sua letra, de ''"Henry the Horse"'', uma expressão que contém duas gírias comuns para [[heroína]].{{sfn|Whiteley|2008|pp=18–19}} Fãs especularam que ''"Henry the Horse"'' significaria um traficante e que o título da faixa "Fixing a Hole" fosse uma referência ao uso de heroína.{{sfn|Spitz|2005|p=697}} Também foram apontados versos como ''"I get high"'' ("Eu fico chapado") em "With a Little Help from My Friends", ''"take some tea"'' ("tomar um chá"), gíria para o uso da ''[[cannabis]]'', em "Lovely Rita" e ''"digging the weeds"'' ("arrancando as ervas daninhas") em "When I'm Sixty-Four", por exemplo.{{sfn|Moore|1997|p=60}}

A autora Sheila Whiteley relaciona a filosofia subjacente de ''Sgt. Pepper'' não somente à cultura das drogas, mas também à [[metafísica]] e ao movimento ''[[flower power]]''.{{sfn|Whiteley|2008|pp=15, 22}} O musicólogo Oliver Julien enxerga o disco como uma materialização das "mudanças sociais, musicais e, de forma mais geral, culturais, dos anos 1960".{{sfn|Julien|2008c|p=166}} O psicólogo e personalidade da [[contracultura]] [[Timothy Leary]] sustenta que o LP "deu voz ao sentimento de que o passado foi superado, o álbum veio na hora certa" e salientou a necessidade de uma mudança cultural com base em uma agenda pacífica.{{sfn|Whiteley|2008|p=22}} Seu valor primário, de acordo com o intelectual Alan F. Moore, é a habilidade de "capturar, mais vividamente que quase tudo na contemporaneidade, seu próprio tempo e lugar".{{sfn|Moore|2008|p=140}} Whiteley concorda, creditando o trabalho como "provedor de uma captura instantânea da Inglaterra durante a ocorrência do [[Verão do Amor]]".{{sfn|Whiteley|2008|p=22}} Vários acadêmicos aplicaram estratégias [[hermenêutica]]s em suas análises das letras de ''Sgt. Pepper'', identificando "perda e inocência" e os "perigos da excessiva complacência em relação a fantasias e ilusões" como os temas mais proeminentes do disco.{{sfn|Moore|1997|pp=61–62}}

=== Lado um ===

==== "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" ====
{{escute|posição=direita|arquivo=-Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band- by the Beatles 1967.ogg|título=<small>Início da primeira estrofe de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band".</small>|descrição=<small>Ian MacDonald louva o "vocal ''hard rock'' de Paul. Martin considera a faixa como a "mais característica do estilo dos Beatles" presente no LP.</small><ref>{{harvnb|Martin|Pearson|1994|p=76}}; {{harvnb|MacDonald|2005|p=233}}.</ref>}}

''Sgt. Pepper'' é iniciado com a [[Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (canção)|faixa-título]], que começa com dez segundos de sons combinados de uma orquestra a ensaiar e de uma plateia à espera do concerto, introduzindo a ilusão do álbum como uma performance ao vivo.<ref>{{harvnb|Everett|1999|p=101}}: pit orchestra and audience; {{harvnb|Moore|1997|p=23}}: the illusion of a live performance; {{harvnb|Moore|1997|p=27}}: 10 seconds of introductory ambiance.</ref>{{Nota de rodapé|Os sons da plateia em ''Sgt. Pepper'' foram retirados dos arquivos da EMI. Para os murmúrios, foi usado o "Volume 28: Audience Applause and Atmosphere, [[Royal Albert Hall]] and Queen Elizabeth Hall". Já para as risadas, Martin coletou uma de suas gravações de 1961 do programa de comédia ''Beyond the Fringe''. O grito que se ouve com a passagem para "With a Little Help from My Friends" é uma versão em ''[[overdubbing|overdub]]'' de um dos registros de Martin dos Beatles em apresentação no [[Hollywood Bowl]].{{sfn|Lewisohn|1992|p=248}} Segundo MacDonald, eles também usaram gravações de sons ambientes capturados durante a sessão de 10 de fevereiro da orquestra para "A Day in the Life".{{sfn|MacDonald|2005|p=233}}}} O musicólogo Kenneth Womack descreve a letra da faixa "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" como "um momento revolucionário na vida criativa dos Beatles", que preenche a lacuna, às vezes descrita como [[quarta parede]], entre a audiência e o artista. Ele argumenta que, paradoxalmente, a letra "exemplifica a retórica descompromissada dos gracejos em ''shows'' de rock", enquanto "zomba da própria noção da capacidade de álbuns ''pop'' de engendrar autêntica ligação entre artista e público".{{sfn|Womack|2007|p=169}} Ele credita o uso, na gravação, de grupos de [[Instrumento de sopro|instrumentos de sopro]] e da [[distorção (áudio)|distorção]] em guitarras elétricas como exemplo primitivo de ''rock fusion''.{{sfn|Womack|2007|p=169}} Ian MacDonald concorda, descrevendo a faixa como uma [[abertura (música)|abertura]] em vez de propriamente uma das canções, além de uma "astuta combinação entre uma variedade de tipos orquestrais da era eduardiana" e com ''[[hard rock]]'' contemporâneo.{{sfn|MacDonald|2005|p=233}}{{Nota de rodapé|Moore identifica a parte central de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" como o momento em que a justaposição se transforma em fusão.{{sfn|Moore|1997|p=28}}}}

O musicólogo Michael Hannan descreve a mixagem estereofônica não ortodoxa da faixa como "típica do álbum", com o vocal principal no microfone direito durante os versos, mas no esquerdo durante o refrão.{{sfn|Hannan|2008|p=48}} "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" foi a primeira faixa dos Beatles a ser beneficiada pela técnica de produção conhecida como "injeção direta", que, de acordo com Womack, "proporcionou ao baixo de McCartney texturas mais ricas e claridade tonal".{{sfn|Womack|2007|p=170}}{{Nota de rodapé|A "injeção direta" foi concebida pelo engenheiro assistente da EMI Ken Townshend como um método em que são plugadas guitarras elétricas diretamente nos consoles de gravação, eliminando a necessidade de amplificadores e microfones.{{sfn|Womack|2007|p=170}}}} O arranjo da canção utiliza [[Progressão musical|progressão harmônica]] em [[modo lídio]] orientada ao ''rock and roll'' durante a introdução e nos versos construídos em [[acorde de sétima|acordes de sétima]] [[Tonalidade paralela|paralelos]], os quais Everett descreve como "a força da música".{{sfn|Everett|1999|p=101}} A [[Ponte (música)|ponte]] de cinco [[Compasso (música)|compasso]]s é preenchida por um quarteto de [[trompa]]s eduardiano cujo arranjo Martin concebeu a partir da melodia vocal de Paul.{{sfn|MacDonald|2005|p=233}} A faixa muda para a [[escala pentatônica]] no refrão, onde sua progressão de ''[[blues rock]]'' é aumentada pelo uso de ''[[power chord]]s'' de guitarras elétricas, tocadas em [[Quinta paralela|quintas paralelas]].{{sfn|Everett|1999|p=101}}{{Nota de rodapé|O trecho de guitarra principal na música foi tocado por Paul, em substituição a George, que permaneceu por sete horas tentando gravá-lo. MacDonald especula que isso talvez tenha contribuído para a minimização do papel de Harrison em ''Sgt. Pepper''.<ref>{{harvnb|MacDonald|2005|p=233}}: (fonte secundária); {{harvnb|Martin|Pearson|1994|pp=66–67}}: (fonte primária).</ref>}}

==== "With a Little Help from My Friends" ====
Paul atua como [[mestre de cerimônias]] no trecho próximo ao final da faixa, introduzindo Ringo como um ''alter ego'' chamado Billy Shears.{{sfn|Womack|2007|p=170}} A canção então segue ininterruptamente para "[[With a Little Help from My Friends]]" em meio a um momento de regozijo da plateia.{{sfn|Womack|2007|pp=170–171}} Womack descreve o vocal principal [[barítono]] de Starr como "encantadoramente sinceros", atribuindo a eles a transmissão de um elemento de "seriedade em nítido contraste com o irônica distância da faixa-título."{{sfn|Womack|2007|pp=170–171}} John e Paul, nos [[Vocal de apoio|vocais de apoio]], fazem perguntas a Starr sobre o significado da amizade e do amor verdadeiro.{{sfn|Womack|2007|p=171}}{{Nota de rodapé|No meio de março de 1967, durante uma sessão de composição de letras na casa de Paul em St John's Wood, em [[Cidade de Westminster|Westminster]], ele e Lennon escreveram "With a Little Help from My Friends" como uma música para Ringo. Com Lennon na guitarra e McCartney no piano, eles trocavam versos em vai e volta, eventualmente decidindo-se acerca do formato de pergunta e resposta característico da música.{{sfn|Davies|2009|pp=263–268}} De acordo com Emerick, foi "uma das poucas músicas" que Lennon e McCartney "escreveram juntos nos anos recentes".{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=181}}}} Na opinião de MacDonald, a letra é "ao mesmo tempo comum e pessoal, comoventemente entregue por Starr (e) significativa de um gesto de inclusão; todos poderiam participar."{{sfn|MacDonald|2005|p=247}} Womack concorda, identificando "necessidade de comunhão", como o "dogma ético central" da canção, um tema que ele atribui ao LP como um todo.{{sfn|Womack|2007|p=171}}

Walter Everett observa o uso de uma [[Cadência|cadência plagal]] dupla que teria se tornado comum na música ''pop'' após o lançamento de ''Sgt. Pepper''. Ele caracteriza o arranjo como inteligente, particularmente a sua inversão da relação de perguntas e respostas na estrofe final, em que os vocais de apoio fazem perguntas importantes e Ringo fornece respostas inequívocas.{{sfn|Everett|1999|p=103}} A canção termina com uma alta nota vocal que McCartney, Harrison e Lennon incentivaram Starr a atingir, apesar de sua falta de confiança como cantor.{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=182–183}}

==== "Lucy in the Sky with Diamonds" ====
{{escute|posição=esquerda|arquivo=Lucy in the Sky with Diamonds- by the Beatles 1967.ogg|título=<small>Início de "Lucy in the Sky with Diamonds".</small>|descrição=<small>A gravação utiliza o som de ''[[Tanbur|tanbür]]'' misturado ao do órgão Lowrey, criando o que Michael Hannan caracteriza como uma das "mais inusitadas combinações sonoras" de todas as faixas.</small>{{sfn|Hannan|2008|p=50}}}}

Apesar da suspeita generalizada de que "[[Lucy in the Sky with Diamonds]]" continha uma referência oculta ao LSD, John insistiu que foi derivada de um desenho [[pastel (arte)|pastel]] do seu filho de quatro anos, [[Julian Lennon|Julian]]. Um capítulo de ''[[Through the Looking-Glass]]'', novela de 1871 de [[Lewis Carroll]], teria inspirado a atmosfera da música.<ref>{{harvnb|MacDonald|2005|p=240}}; {{harvnb|Womack|2007|p=172}}</ref> Paul confirmou a existência do desenho e a influência de Carroll na faixa, notando que, embora a aparente referência às drogas no título não tivesse sido intencional, a letra foi propositalmente escrita para uma música psicodélica.{{sfn|Martin|Pearson|1994|pp=103–104}} A primeira estrofe começa com o que Womack caracteriza como "um convite na forma de um imperativo", em ''"Picture yourself in a boat on a river"'' ("Imagine-se em um barco em um rio"), e continua com descrições imaginárias de cenários, incluindo ''"tangerine trees"'' ("árvores de tangerina"), ''"rocking horse people"'' ("pessoas em cavalinho de pau") e ''"newspaper taxis"'' ("táxis de jornal"), por exemplo.{{sfn|Womack|2007|p=172}} Martin considera a melodia da introdução como "crucial para o vigor da música".{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=102}} Na sua opinião, a estrofe pode soar monótona se não pela justaposição "dessa quase única nota vocal contra as inspiradas notas introdutórias", as quais ele descreve como "irresistivelmente mesméticas". {{sfn|Martin|Pearson|1994|p=103}}

Na visão de Womack, com a união entre a letra de Lennon e a introdução do órgão Lowrey de McCartney, "os Beatles alcançaram a mais vívida instância do [[timbre|timbre musical]]".{{sfn|Womack|2007|pp=171–172}} O musicólogo Tim Riley identifica a música como o momento "no álbum, (onde) o mundo material é completamente nublado na mítica do texto e da atmosfera musical."{{sfn|Riley|1988|p=216}} De acordo com MacDonald, "o caráter explícito da letra recria a experiência psicodélica".{{sfn|MacDonald|2005|p=240}} Lennon explicou: "Era a Alice no barco. Ela está comprando um ovo e ele se transforma no [[Humpty Dumpty]]. A mulher que serve na loja se transforma em ovelha e no minuto seguinte eles estão... em um barco a remo e eu estava visualizando isso. Havia também a imagem de uma mulher que viria um dia me salvar, uma 'menina com olhos [[Caleidoscópio|caleidoscópicos]]', que viria do céu. Ela acabou por ser [[Yoko Ono|Yoko]], então talvez deveria se chamar 'Yoko in the Sky with Diamonds'."{{sfn|Sheff|1981|p=181}}

==== "Getting Better" ====
MacDonald acredita que "[[Getting Better]]" contém "a performance mais efervescente" em ''Sgt. Pepper''.{{sfn|MacDonald|2005|p=241}} Womack credita a "condução sonora de ''rock''" da faixa como o fator distintivo em relação ao material abertamente psicodélico do disco, e sua letra inspiraria o ouvinte "a usurpar o passado vivendo bem e fazendo florescer o presente".{{sfn|Womack|2007|p=172}} Ele cita a canção como um exemplo da força da escrita colaborativa de Lennon e McCartney, particularmente a adição, por parte de John, do verso: "''It can't get no worse''" ("Não pode piorar mais"), que serve como uma tréplica sarcástica ao refrão de Paul: "''It's getting better all the time''" ("Está melhorando toda hora").{{sfn|Womack|2007|p=173}} McCartney descreve a letra de Lennon como "sarcástica" e "contra o espírito da canção", o que ele conclui ser o "típico John".{{sfn|Everett|1999|p=106}}{{Nota de rodapé|A contribuição de Lennon para a letra inclui uma confissão em relação a sua atitude violenta com suas companheiras, no verso "''I used to be cruel to my woman''" ("Eu costumava ser cruel com a minha mulher").{{sfn|Womack|2007|p=173}} Ele explicou: "Eu era um batedor. Eu não podia me expressar e eu batia".{{sfn|Womack|2007|p=173}} Na opinião de Womack, a música encoraja o ouvinte a seguir o exemplo do falante e "alterar seus próprios caminhos de angústia" no trecho "''Man I was mean but I'm changing my scene and I'm doing the best that I can''" ("Cara, eu era cruel, mas estou mudando a minha cena e eu estou fazendo o melhor que eu posso").{{sfn|Womack|2007|p=173}}}}

MacDonald caracteriza o início da faixa como "alegremente inortodoxo", com duas guitarras em [[staccato|''staccato'']] a tocar o [[dominante (música)|dominante]] contra o [[subdominante]] de uma corda [[Fá maior]] com nona, com a [[tônica]] [[Dó]] a resolver quando a estrofe se inicia. O dominante, que atua como um [[pedal (música)|pedal]], é reforçado pelo uso de [[oitava]]s tocadas no baixo e arrancadas nas cordas do piano.{{sfn|MacDonald|2005|p=242}}

==== "Fixing a Hole" ====
Kenneth Womack interpreta a letra de "[[Fixing a Hole]]" como "a busca do falante por identidade entre o público", em particular, "buscas por consciência e conexão" que diferenciam da sociedade como um todo.{{sfn|Womack|2007|p=173}} Ian MacDonald caracteriza-a como uma "faixa distraída e introvertida", durante a qual Paul esquece sua "usualmente suave projeção" em favor de "algo mais preocupado".{{sfn|MacDonald|2005|p=236}} Womack acrescenta que a guitarra elétrica de George acompanha bem a faixa, capturando seu tom e transmitindo desapego.{{sfn|MacDonald|2005|p=236}} McCartney buscou inspiração para a canção em parte do seu trabalho de restauração de uma fazenda escocesa.{{sfn|Everett|1999|pp=106–107}} Womack nota uma adaptação da letra de "We're Gonna Move", de [[Elvis Presley]], no trecho ''"a hole in the roof where the rain leaks in"'' ("um buraco no telhado por onde entra a chuva").{{sfn|Womack|2007|pp=106–107}} A música denota o desejo de Paul de deixar sua mente vaguear livremente e expressar sua criatividade sem o fardo de inseguranças autoconscientes.{{sfn|Miles|1997|pp=314–315}}{{Nota de rodapé|A faixa de apoio de "Fixing a Hole" foi gravada no Regent Sound Studios, na região oeste de Londres.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=165}}}}

==== "She's Leaving Home" ====
Na perspectiva de Everett, a letra de "[[She's Leaving Home]]" fala sobre o problema da alienação "entre pessoas discordantes", particularmente entre grupos afetados por separações entre gerações.{{sfn|Everett|1999|p=107}} A "narração descritiva" de McCartney, que detalha os apuros de uma "garota solitária" que escapa do controle de seus "egoístas porém bem intencionados pais", foi inspirada por uma reportagem do ''[[Daily Mail]]'' sobre as fugas de adolescentes de suas casas.{{sfn|Everett|1999|p=108}} É a primeira faixa de ''Sgt. Pepper'' que evita o uso de guitarras e baterias, caracterizada por um noneto de cordas e [[harpa]], estimulando comparações com "[[Yesterday (canção de The Beatles)|Yesterday]]" e "[[Eleanor Rigby]]", as quais usam um [[quarteto de cordas|quarteto]] e um octeto de cordas, respectivamente.{{sfn|Moore|1997|p=37}}{{Nota de rodapé|Para a gravação a 17 de março de 1967 de "[[She's Leaving Home]]", Paul contratou Mike Leander para os trechos de arranjos de cordas enquanto Martin esteve ocupado com a produção de outro de seus artistas, [[Cilla Black]].<ref>{{Harvnb|Emerick|Massey|2006|pp=180–181}}: (fonte primária) and Martin recording with Cilla Black; {{Harvnb|Lewisohn|1992|p=249}}: (fonte secundária).</ref> Martin ficou bravo ao descobrir que Leander escreveu os arranjos em sua ausência, mas conduziu os músicos usando as partituras mais ou menos como foram escritas.{{sfn|MacDonald|2005|p=245}}}}

[[Ficheiro:Affiche MrKite.jpg|thumb|Cartaz de 1843 do ''Circus Royal'' que serviu de inspiração para "[[Being for the Benefit of Mr. Kite!]]".|276x276px]]

Enquanto a resenha de Richard Goldstein em 1967 para o ''[[The New York Times|New York Times]]'' caracteriza a canção como pouco inspirada, MacDonald identifica a faixa como uma das duas melhores do disco. Moore nota o julgamento do resenhista como feito a partir de "critérios de oposição", considerando que Goldstein opinou durante o surgimento dos movimentos de [[contracultura da década de 1960]], enquanto MacDonald, a escrever em 1995, é "intensamente consciente dos revezes (do movimento)".{{sfn|Moore|1997|p=37}}

==== "Being for the Benefit of Mr. Kite!" ====
Lennon adaptou a letra para "[[Being for the Benefit of Mr. Kite!]]", a partir de um cartaz circense de 1843 comprado em [[Kent]], no dia da filmagem do [[videoclipe]] para "Strawberry Fields Forever".{{sfn|MacDonald|2005|pp=237–238}} Womack elogia a mistura bem sucedida das características visuais do impresso com a música: "O poder interpretativo da aplicação de mistura de mídias tem sua importância advinda da produção musical com a qual o grupo imbui o texto original do pôster."{{sfn|Womack|2007|p=175}} MacDonald nota no pedido de John por uma "produção de campo na qual se pudesse sentir o cheiro da serragem", uma atmosfera que Martin e Emerick tentaram criar com uma colagem sonora que compreendeu gravações aleatoriamente montadas de harmônios, [[harmónica (instrumento musical)|harmônica]]s e [[calíope (instrumento musical)|calíope]]s.<ref>{{harvnb|MacDonald|2005|pp=237–238}}; {{harvnb|Moore|1997|p=40}}.</ref>{{Nota de rodapé|Emerick empregou primeiramente esse método em 1966, enquanto criava ambiência para a canção "[[Yellow Submarine (canção)|Yellow Submarine]]", de ''Revolver''.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=168}}}} MacDonald descreve a canção como "expressão espontânea do [[hedonismo]] brincalhão do autor".{{sfn|MacDonald|2005|p=238}} Everett pensa que o uso de imaginários eduardianos na faixa a liga tematicamente ao número de abertura do álbum.{{sfn|Everett|1999|p=110}}

=== Lado dois ===

==== "Within You Without You" ====
{{escute|posição=esquerda|arquivo=Beatles - Within You Without You.ogg|título=<small>Introdução de "Within You Without You".|descrição=<small>A principal contribuição de [[George Harrison]] para o disco, "Within You Without You" é uma canção de ''rock'' bastante influenciada pela [[Música da Índia|musicalidade indiana]] e por isso considerada dentro do gênero ''raga rock''.}}Após Martin decidir que "[[Only a Northern Song]]" não era boa o suficiente para ser incluída em ''Sgt. Pepper'', [[George Harrison]] escreveu "[[Within You Without You]]", inspirada na [[Música clássica indiana|música clássica hindu]].<ref>{{harvnb|Everett|1999|pp=111–112}}; {{harvnb|Womack|2007|p=176}}.</ref> MacDonald descreve a faixa como uma "ambiciosa composição de fusão intercultural e filosofia meditativa", embora muitos a tivessem rejeitado e classificado como entediante, outros críticos caracterizando-a como fraca em termos de "atratividade harmônica", com letra "santimonial... didática e datada".{{sfn|MacDonald|2005|p=243}}{{Nota de rodapé|Na opinião de Tim Riley, "Within You Without You", a qual ele descreve como monótona, enfadonha e "sem propósito", é a "mais antiquada do disco (...) (ela) poderia facilmente ter sido deixada de fora com pouco ou nenhum prejuízo".{{sfn|Riley|1988|pp=220–221}}}} Moore defende a dependência da gravação na melodia em detrimento da harmonia como um atributo musical inteiramente apropriado para o gênero. Ele caracteriza a resposta crítica como "extremamente variada", notando que Goldstein identifica a faixa como um dos pontos altos do disco enquanto outros a veem como uma epítome adequada do material do lado um.{{sfn|Moore|1997|p=45}} MacDonald considera a canção como um "distante afastamento" do estilo sonoro dos Beatles e uma "notável conquista" que representa a "consciência" do LP.{{sfn|MacDonald|2005|pp=243–244}} Womack concorda, definindo-a como "sem dúvida, a alma ética do álbum".{{sfn|Womack|2007|p=176}}

Maximizando a "potência da expressividade" do disco, a música apresenta um tempo ''[[tempo rubato|rubato]]'' que não apresenta precedentes na discografia dos Beatles.{{sfn|Womack|2007|p=176}} A altura da música é derivada da escala oriental da ''[[Khamaj]]'', a qual é semelhante ao [[modo mixolídio]] no mundo ocidental.{{sfn|Everett|1999|p=112}}{{Nota de rodapé|"[[Within You Without You]]" foi gravada em 15 de março com George nos vocais principais, [[sitar]] e [[tambura]]; os outros instrumentos, incluindo ''[[tabla]]'', ''[[esraj]]'', ''swarmandal'' e uma ''tambura'' adicional, foram tocados por quatro músicos britânicos de origem indiana. Nenhum dos outros Beatles participou da gravação.<ref>{{Harvnb|Lewisohn|1992|p=248}}: London-based Indian musicians and non-participation of the other Beatles; {{Harvnb|MacDonald|2005|pp=243–244}}: Harrison singing and playing sitar and tambura on "Within You Without You".</ref>}} A música termina com um arroubo de risos que alguns ouvintes interpretavam como escárnio à canção, mas Harrison explicou: "Bem, depois de toda essa coisa indiana você deseja algum alívio. É uma libertação depois de cinco minutos de música triste. Você deveria ouvir o público, de qualquer maneira, como eles ouvem a apresentação do Sergeant Pepper. Esse é o conceito do álbum."{{sfn|Davies|2009|p=321}}{{Nota de rodapé|Martin e Emerick desaconselharam a inclusão do riso, o qual foi retirado de uma fita de efeitos da EMI chamada "Volume 6: Applause and Laughter", porém George insistiu.<ref>{{harvnb|Emerick|Massey|2006|p=187}}: Martin and Emerick advised against inclusion of the laughter; {{harvnb|Lewisohn|1992|p=251}}: gleaned from Abbey Road effects tape.</ref>}} Martin utilizou o momento de leveza como transição para a canção que ele descreveu como a "faixa humorística" de ''Sgt. Pepper''.{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=148}}
{{Cquote|texto=Não estamos a tentar superar o público. A ideia é tentar levar as pessoas a diferentes gostos.{{sfn|Rodriguez|2012|p=210}}|autor=[[George Harrison]], 1967}}

==== "When I'm Sixty-Four" ====
{{escute|posição=direita|arquivo=-When I'm Sixty-Four- by the Beatles 1967.ogg|título=<small>"When I'm Sixty-Four".</small>|descrição=<small>Hannan escreve: "Os ricos timbres de clarinetes dão à mixagem uma sonoridade mais completa, mais cheia, que muitas das outras faixas do trabalho".{{sfn|Hannan|2008|p=56}}{{Nota de rodapé|De acordo com seu gênero, "When I'm Sixty-Four" representa a mais prevalecente aplicação de [[dominante secundária]] em ''Sgt. Pepper''.{{sfn|Everett|1999|p=113}}}}}}

Ian MacDonald cita "[[When I'm Sixty-Four]]" como um exemplo da versatilidade dos Beatles. Ele classifica a música como "destinada principalmente aos pais", tomando emprestado muito do estilo de [[Música de salão|música inglesa de salão]] de [[George Formby, Sr.|George Formby]], enquanto evoca imaginários de "cartões postais de beira-mar" do ilustrador [[Donald McGill]].{{sfn|MacDonald|2005|pp=220–221}} Seu esparso arranjo inclui [[carrilhão de orquestra]], [[clarinete]] e piano.{{sfn|MacDonald|2005|p=220}} MacDonald nota que a faixa tem "fria recepção" da maioria do público mais jovem e Everett atribui isso à propensão de McCartney pelo "''vaudeville'' aprazível à audiência... que Lennon detestava".<ref>{{harvnb|Everett|1999|p=113}}: McCartney's "penchant for the audience-charming vaudeville"; {{harvnb|MacDonald|2005|p=221}}: a "cool reception"</ref>

Paul compôs a música no final da década de 1950 como um ato instrumental, com uma de suas versões apresentada ocasionalmente durante ''shows'' em Hamburgo.<ref>{{harvnb|Everett|1999|p=112}}: written in the late 1950s; {{harvnb|Womack|2007|p=177}}: performed in Hamburg.</ref> Ele revisitou a composição em 1966, por volta da época em que seu pai completou 64 anos.{{sfn|Everett|1999|p=112}} Moore caracteriza a canção como uma síntese de ''[[ragtime]]'' e ''pop'', notando que sua posição, logo após "Within You Without You", uma mistura de música clássica indiana e ''pop'', é representativa da diversidade presente no trabalho.{{sfn|Moore|1997|p=47}} 

O baixista requisitou clarinetes e pediu que eles fossem arranjados "de forma clássica", o que, de acordo com Martin, "deixou um sentimentalismo à espreita".{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=34}} MacDonald nota que a inclusão da faixa em meio às "texturas psicodélicas repletas de camadas" características das outras faixas "proporciona um singelo interlúdio" ao LP.{{sfn|MacDonald|2005|pp=220–221}} Moore define os arranjos de clarinete de Martin e o uso de [[vassourinha]]s por Ringo como estabelecedores de uma atmosfera ''music hall'', que é reforçada pela entrega vocal de McCartney e pelo uso de [[cromatismo]], um padrão harmônico que remonta ao "The Ragtime Dance" de [[Scott Joplin]] e ao [[Danúbio Azul|''Danúbio Azul'']] de [[Johann Strauss (filho)|Johann Strauss]].{{sfn|Moore|1997|p=46}} A técnica de ''varispeed'' foi utilizada na faixa, elevando a altura da música por um [[semitom]] na intenção de fazer Paul soar mais jovem.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=137}} Everett nota que o protagonista da letra é, às vezes, associado à Lonely Hearts Club Band, mas, em sua opinião, a canção é tematicamente desconexa às outras do disco.{{sfn|Everett|1999|p=113}}

==== "Lovely Rita" ====
Kenneth Womack caracteriza "[[Lovely Rita]]" como um trabalho de "acelerada psicodelia" que contrasta nitidamente com a faixa precedente.{{sfn|Womack|2007|p=177}} Ele identifica a música como um exemplo do talento de Paul para "criar retratos musicais [[Imagismo|imagístico]]s", mas a coloca entre as mais fracas de todo o disco, pressagiando o que ele descreve como as "composições menos eficazes" que os Beatles viriam a gravar pós-''Pepper''.{{sfn|Womack|2007|p=177}} Na sua perspectiva, "a canção realiza pouco na jornada do álbum em direção a uma consciência humana mais expansiva".{{sfn|Womack|2007|p=177}} Apesar das suas observações, ele considera a faixa "irresistivelmente charmosa".{{sfn|Womack|2007|p=177}} Moore concorda, definindo a composição como "de se desconsiderar", embora louve o que caracteriza como seu "forte senso de direção harmônica".{{sfn|Moore|1997|p=48}} MacDonald descreve a canção como "sátira à autoridade" que é "imbuída com um exuberante interesse na vida, que eleva espíritos, dispersando auto absorção".{{sfn|MacDonald|2005|p=239}}

==== "Good Morning Good Morning" ====
"[[Good Morning Good Morning]]" foi inspirada por um comercial de televisão sobre [[flocos de milho]], cujo ''[[jingle]]'' John adaptou como o refrão da canção. A faixa utiliza o modo mixolídio em [[Lá]], e, na visão de Everett, "expressa perfeitamente a queixa de Lennon contra a complacência".<ref>{{harvnb|Everett|1999|p=116}}: "grievance against complacency"; {{harvnb|Moore|1997|p=50}}: the bluesy mixolydian mode in A.</ref> John, no entanto, considerava a música "um lixo", e Paul via essa postura como uma reação do parceiro às frustrações de sua vida doméstica.{{sfn|MacDonald|2005|p=234}} Womack louva a variedade de tempos da faixa, incluindo 5/4, 3/4 e 4/4, chamando-a de "obra-prima da energia elétrica".{{sfn|Womack|2007|pp=177–178}} MacDonald nota a "performance de alta qualidade" de Ringo e o "cintilante solo de guitarra pseudo-indiano" de Paul, o qual ele acredita criar o clímax da faixa.{{sfn|MacDonald|2005|p=235}}

A pedido de Lennon, uma série de sons de animais foram inseridos e sequenciados durante o ''[[Fade (áudio)|fade-out]]'' da canção, como se cada sucessivo animal fosse um maior a devorar o precedente.{{sfn|MacDonald|2005|p=235}} Martin emendou o som de uma galinha a cacarejar ao final da faixa para sobrepor com uma guitarra sendo sintonizada na próxima, criando uma transição suave entre as duas músicas.{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=75}}

==== "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)" ====
A reprise de "[[Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (canção)|Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band]]" serve como um suporte delimitador e uma transição ao ato final. A música, um característico ''[[hard rock]]'', foi escrita após sugestão do assistente do grupo, [[Neil Aspinall]], já que a música original, que inicia o disco, demandava uma "reaparição" da banda ficcional no momento próximo ao fim do disco.{{sfn|MacDonald|2005|p=248}} A reprise omite a seção de metais da faixa-título e apresenta um andamento mais rápido.{{sfn|Womack|2007|p=178}} MacDonald observa nessa faixa a emoção aparente dos Beatles, tangivelmente traduzida a partir das sessões de gravação.{{sfn|Womack|2007|p=181}}

Quando o último acorde de "Sgt. Pepper... (Reprise)" é tocado, um dedilhar não usual de colcheia de guitarra acústica é iniciado, introduzindo o que Alan F. Moore descreve como "uma das músicas mais pungentes já escritas".{{sfn|Moore|1997|p=52}}

==== "A Day in the Life" ====
{{escute|posição=direita|arquivo=-A Day in the Life- by the Beatles 1967.ogg|título=<small>A "sequência onírica" de "A Day in the Life".</small>|descrição=<small>Kenneth Womack descreve o final dessa sequência como o "momento mais decisivo" de ''Sgt. Pepper''.{{sfn|Womack|2007|p=181}}}}

"[[A Day in the Life]]" consiste em quatro estrofes de John, uma [[Ponte (música)|ponte]], dois [[Dinâmica musical|''crescendos'']] orquestrais aleatórios e uma parte média escrita e cantada por McCartney. O primeiro ''crescendo'' desempenha papel de transição entre a terceira estrofe e a parte média, conduzindo à ponte conhecida como "sequência [[Onirismo|onírica]]", caracterizada pelas vocalizações de John.{{sfn|Moore|1997|p=52}} Na opinião de Martin, o "lamento", tratado com eco de fita e lento ''[[panning (áudio)|panning]]'' da direita para a esquerda e repetido uma vez antes do término repentino na escuta esquerda, contribuiu para que a crítica considerasse tal música como um "sonho de ''marijuana''".<ref>{{harvnb|Martin|Pearson|1994|p=156}}: "vocal wailings", {{harvnb|Riley|1988|pp=227–228}}: panning.</ref> O acompanhamento de [[metais]] indica altamente o fim da sequência e o começo da quarta e final estrofe, após a qual a canção entra num último ''crescendo'' antes do desfecho com um acorde de piano a desvanecer por quase um minuto.<ref>{{harvnb|Moore|1997|p=54}}; {{harvnb|Riley|1988|p=228}}: an aggressive brass section.</ref>

A ideia de usar uma orquestra foi de Paul. Ele buscou inspiração a partir dos compositores de vanguarda [[John Cage]] e [[Karlheinz Stockhausen]].{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=56}} Os ''crescendos'' são executados por quarenta músicos selecionados dos quadros da [[Orquestra Filarmônica Real]] e da [[Orquestra Filarmônica de Londres]], incumbidos da tarefa de preencher o espaço da música com o que Womack descreve como "a sonoridade de puro apocalipse".{{sfn|Womack|2007|p=179}} Martin também destaca o pedido de Lennon por "um tremendo composto, a partir do nada até algo absolutamente próximo ao fim do mundo".{{sfn|Martin|1994|p=209}}

John lembrava que a inspiração para a letra veio de um jornal: "Eu estava escrevendo a canção com o ''[[Daily Mail]]'' deitado na minha frente quando eu estava no piano, havia um parágrafo sobre quatro mil buracos de asfalto em [[Blackburn]], [[Lancashire]]".{{sfn|Davies|2009|p=275}}{{Nota de rodapé|O trecho "''lucky man who made the grade''" ("homem sortudo que conseguiu a nota") foi inspirado – mas não diretamente baseado – na morte acidental do amigo da banda e então herdeiro da [[Guinness]] Tara Brown. Lennon lembrava: "Não entendi o acidente. Tara não enlouqueceu, mas aquilo ficou na minha cabeça quando eu estava escrevendo aquele verso."{{sfn|Davies|2009|p=276}} De acordo com Martin, "''he blew his mind out in a car''" ("ele estourou a cabeça em um carro") é uma referência às drogas.{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=50}}}} Ele não havia gostado do som da sua própria voz e sempre pedia por generosas quantidades de eco de fita nos seus vocais no intento de "enterrá-lo" em meio a efeitos e mixagens. Para "A Day in the Life", ele queria que sua voz soasse como Elvis Presley em "[[Heartbreak Hotel]]". Martin e Emerick, então, adicionaram noventa milissegundos de eco.{{sfn|Martin|Pearson|1994|pp=52–53}} Womack define a performance de Ringo como "uma das mais inventivas passagens de bateria do álbum", algo que McCartney o encorajou a executar a despeito de protestos do baterista contra os "rufos espalhafatosos".{{sfn|Womack|2007|p=179}}

O violento acorde de piano que conclui a faixa, e consequentemente o disco, foi executado por John, Ringo, Paul e Mal Evans simultaneamente tocando um acorde de [[Mi maior]] em três pianos distintos; Martin então ampliou a sonoridade com um harmônio.{{sfn|Womack|2007|p=180}}{{Nota de rodapé|As gravações de "[[A Day in the Life]]" foram iniciadas em 19 de janeiro de 1967 com John acrescentando à primeira tomada o balbucio "''sugar plum fairy, sugar plum fairy''" ("fada da ameixa açucarada").{{sfn|Womack|2007|p=179}} O vocal principal de Paul no meio da faixa foi gravado no dia seguinte. Já a sessão de ''overdub'' orquestral aconteceu em 10 de fevereiro. Martin gravou quatro trilhas dos músicos de orquestra e as dispôs em camadas dentro de uma faixa composta.{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=59}} O acorde final de piano foi gravado doze dias depois.{{sfn|Lewisohn|1992|pp=241, 244–245, 247}}}} O autor Tim Riley caracteriza a música como um "desfecho à fantasia de ''Pepper'', que coloca todas as outras músicas do álbum em perspectiva", enquanto quebra a ilusão de uma "Pepperlândia" ao introduzir um "universo paralelo da vida cotidiana".{{sfn|Riley|1988|p=225}} Ian MacDonald descreve a faixa como "uma canção não de desilusão com a vida, mas de desencanto com os limites da percepção mundana".{{sfn|MacDonald|2005|p=229}} De acordo com ele, tal faixa "permanece entre as mais penetrantes e inovadoras reflexões artísticas de sua era", representando "a mais alta realização única" dos Beatles.<ref>{{harvnb|MacDonald|2005|p=228}}: "finest single achievement"; {{harvnb|MacDonald|2005|p=232}}: "among the most penetrating and innovative artistic reflections".</ref>

{{anchor|Inner groove}}Enquanto "A Day in the Life" termina, um tom de alta frequência de 15kHz é ouvido; Ele foi adicionado, por sugestão de John, no intento de que sua potência fosse capaz de perturbar cães.{{sfn|Womack|2007|p=182}}{{Nota de rodapé|Lennon não sabia que a maioria das vitrolas e alto-falantes da época eram incapazes de reproduzir o tom, e que por isso muitos ouvintes não o ouviriam, até o lançamento da versão em CD em 1987.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=188}}}} Seguem-se, então, sons de risadas de trás para frente e falas sem nexo adicionadas ao ''groove'' de desfecho, que volta e é tocado em ''[[Loop (música)|loop]]'' interminavelmente em qualquer tocador não equipado com retorno automático de agulha. Lennon pode ser ouvido falando: "''Been so high''" ("Estive tão chapado"), seguido pela resposta de McCartney: "''Never could be any other way''" ("Nunca poderia ser de outra forma").{{sfn|Everett|1999|p=122}}{{Nota de rodapé|Quando o áudio contido no ''groove'' de desfecho é tocado em reverso e em velocidade reduzida, Paul pode ser ouvido a gritar: "''I will fuck you like Superman''", com Ringo e George a rir ao fundo.{{sfn|Julien|2008c|p=164: see end note number 11}} Quando o álbum foi prensado novamente para o relançamento em 2012, foram necessárias várias tentativas até o sucesso na reprodução do efeito do ''groove'' de desfecho.<ref>{{citar web|último =Knopper |primeiro =Steve |url=http://www.rollingstone.com/music/news/inside-the-beatles-vinyl-album-remasters-20121112 |título=Inside the Beatles' Vinyl Album Remasters |obra=[[Rolling Stone]] |data=12 de novembro de 2012 |acessodata=4 de abril de 2014}}</ref>}}

== Conceito ==
De acordo com Kenneth Womack, com a primeira canção do disco, "os Beatles fabricaram um espaço textual artificial no qual puderam encenar sua arte."{{sfn|Womack|2007|p=170}} A reprise de tal faixa, que aparece no segundo lado, logo antes da climática "A Day in the Life", criaria uma "estrutura narrativa".{{sfn|MacDonald|2005|p=248}} Na opinião de Ringo, apenas as duas primeiras canções e a reprise são conceitualmente conectadas.{{sfn|Everett|1999|p=99}} Lennon concorda e, em 1980, comentou: "''Sgt. Pepper'' é chamado de primeiro álbum conceitual, mas ele não vai a lugar algum... funcionou porque nós 'dissemos' que funcionou."{{sfn|Sheff|1981|p=197}} John era especialmente inflexível a respeito da sua afirmação de que suas contribuições para o LP não tinham relação com o conceito "Sgt. Pepper". Em outra ocasião, ele sugeriu que a maioria das outras canções eram igualmente desconectadas, afirmando: "Com exceção de Sgt. Pepper a introduzir Billy Shears e a posterior reprise, todas as outras músicas poderiam estar em qualquer outro trabalho."{{sfn|Sheff|1981|p=197}} Logo após a conclusão do trabalho, Martin preocupou-se que a falta de unidade musical pudesse incitar críticas e acusações de presunção.<ref>{{harvnb|Martin|Pearson|1994|p=150}}: (fonte primária); {{harvnb|Moore|1997|p=64}}: (fonte secundária).</ref>

MacFarlane nota que, apesar dessas preocupações, ''Sgt. Pepper'' "é amplamente aclamado como o primeiro grande álbum conceitual na história da música popular".{{sfn|MacFarlane|2008|p=33}} Na sua visão, os Beatles "escolheram empregar um abrangente conceito num esforço aparente de unir faixas caracteristicamente individuais."{{sfn|MacFarlane|2008|p=33}} Everett sustenta que a "unidade musical resulta das relações nucleares entre áreas tonais, particularmente envolvendo [[Dó]], [[Mi]] e [[Sol (nota)|Sol]]."{{sfn|Everett|1999|p=122}} Moore argumenta que o "uso de padrões harmônicos comuns" contribui para a coesão geral, que ele descreve como unidade narrativa, mas não necessariamente unidade conceitual.{{sfn|Moore|2008|p=144}} MacFarlane concorda, sugerindo que, com exceção da reprise de "Sgt. Pepper", o disco é carente da continuidade melódica e harmônica que é consistente na forma cíclica.{{sfn|MacFarlane|2008|pp=33, 37}}

Em maio de 1967, em uma resenha publicada no ''Times'' pelo crítico musical William Mann, foi feita uma observação similar, indicando a conexão temática entre a faixa título, sua reprise e "Being for the Benefit of Mr. Kite!", enquanto sugeria que, com exceção dessas faixas, a "unidade (do disco) é ligeiramente especiosa".{{sfn|MacFarlane|2008|p=37}} Em 1972, o musicólogo Richard Middleton argumentou que o trabalho estaria "sub codificado", e que seus ouvintes podiam compreender apenas a ideia geral do material que, em suma, não seria dotado de grandes significados.{{sfn|Moore|1997|p=65}} A autora Martina Elicker, no entanto, afirma que o lançamento de ''Sgt. Pepper'' familiarizou de forma semelhante a crítica e os fãs com a noção de um "conceito e estrutura unificadas subjacentes a um LP de música ''pop''", então originando o termo "[[Álbum conceptual|álbum conceitual]]".{{sfn|Elicker|2001|p=231}}{{Nota de rodapé|De acordo com Riley, "estritamente falando, ''Freak Out!'', de The Mothers of Invention's, é reivindicado como o primeiro "álbum conceitual", mas ''Sgt. Pepper'' foi o primeiro trabalho que fez tal ideia tornar-se convincente à maioria dos amantes de música."{{sfn|Riley|1988|p=11}}}}

== Arte da capa ==
A capa do trabalho foi concebida pelos artistas de ''[[pop art]]'' [[Peter Blake]] e [[Jann Haworth]], a partir de um desenho em tinta de Paul.<ref>{{harvnb|Inglis|2008|p=92}}: on McCartney's design for the ''Sgt. Pepper'' cover (fonte secundária); {{harvnb|Inglis|2008|pp=92–95}}: the involvement of Robert Fraser, Perter Blake, Jann Haworth and Michael Cooper; {{harvnb|Inglis|2008|p=96}}: winning the 1967 Grammy Award for the Best Album Cover; {{harvnb|Miles|1997|p=333}}: McCartney's design for the ''Sgt. Pepper'' cover (fonte primária).</ref> A direção de arte ficou a cargo de Robert Fraser e a fotografia, de Michael Cooper.{{sfn|Inglis|2008|pp=92–95}} A frente do LP inclui uma colagem colorida, marcada pela presença do quarteto em fantasias, a representar o grupo fictício Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, à frente de um grupo de recortes de papelão de pessoas famosas em tamanho real.<ref>{{harvnb|Gould|2007|pp=391–395}}: the ''Sgt. Pepper'' cover featured the Beatles as the imaginary band alluded to in the album's title track, standing with a host of celebrities (fonte secundária); {{harvnb|The Beatles|2000|p=248}}: standing with a host of celebrities (fonte primária).</ref> Segundo o biógrafo Jonathan Gould, os bigodes espessos usados pelos Beatles refletiam a crescente influência das tendências de estilo [[hippie|''hippie'']], enquanto que as vestimentas "falsificavam a moda britânica para fardamentos militares".<ref>{{harvnb|The Beatles|2000|p=236}}: the growing influence of hippie style on the Beatles; {{harvnb|Gould|2007|p=385}}: "spoofed the vogue in Britain for military fashions".</ref> O grupo posa ao centro em frente a uma [[pele (instrumento musical)|pele]] de bateria, na qual o artista Joe Ephgrave pintou o título do disco. À frente da pele, está um arranjo de flores em que se lê "Beatles".{{sfn|Inglis|2008|p=95}} O quarteto veste-se de uniformes de cetim e coloridos em ''[[Fluorescência|day-glo]]''. A indumentária foi confeccionada pela empresa de figurinos para teatro M. Berman Ltd., de Londres.<ref>{{harvnb|Inglis|2008|p=95}}; {{harvnb|Sounes|2010|p=169}}.</ref> As letras das canções do álbum foram impressas por completo na contracapa, a primeira vez em que isso foi feito em um LP de ''rock''.<ref>{{harvnb|Lewisohn|1992|p=236}}: the first time lyrics were printed in full on a rock album; {{harvnb|Inglis|2008|p=96}}: the lyrics were printed on the back cover.</ref>

[[Imagem:Sgt. Pepper gatefold.png|thumb|esquerda|305px|alt=Uma imagem dos quatro integrantes nas coloridas e reluzentes vestes em [[ciano]], [[magenta]], [[amarelo]] e [[laranja]]|Fotografia que compõe a ''innersleeve'' de ''Sgt. Pepper''. Paul pode ser visto usando uma insígnia na sua manga esquerda, que apresenta as iniciais O.P.P. Adeptos da [[lenda da morte de Paul McCartney]] alegam que a sigla é, na verdade, O.P.D., o que eles interpretam como ''"Officially Pronounced Dead"'' ("Oficialmente Declarado Morto", em português). De acordo com George Martin, o distintivo foi um presente de um fã e as iniciais representariam ''"[[Polícia Provincial de Ontário|Ontario Provincial Police]]"''.<ref>{{harvnb|Crouse|2000|p=60}}: "Ontario Provincial Police"; {{harvnb|Martin|Pearson|1994|p=168}}: the badge was a gift from a fan.</ref>{{Nota de rodapé|McCartney e Harrison são também vistos vestindo suas medalhas da [[Ordem do Império Britânico]].{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=168}} De acordo com Gould, a capa de ''Sgt. Pepper'' despertou uma frenesi de análises e interpretações.{{sfn|Gould|2007|pp=391–395}} Inglis a cita como o único exemplo na história da música popular onde a arte visual do álbum atraiu tanta atenção quanto o álbum em si. Ele lista vários elementos da capa que podem e/ou foram interpretados como evidências da morte de McCartney, destacando a tese de que o quarteto estaria de pé sobre um túmulo, a mão acima da cabeça de Paul seria um notório "símbolo da morte", e o fato de que, na foto da contracapa, tal Beatle é o único a estar de costas.{{sfn|Inglis|2008|p=98–99}}}}]]

Em 30 de março de 1967, foi realizada uma sessão de fotos com Cooper, que também produziu as imagens da contracapa e do encarte, as quais o musicólogo Ian Inglis acredita transmitir "um óbvio e imediato 'calor', que as distanciam da esterilidade e artificialidade típica de tais imagens (produzidas em estúdios de fotografia)."{{sfn|Inglis|2008|p=95}} McCartney explicou: "Uma das coisas que mais nos interessava naqueles tempos eram mensagens visuais... Então, (na sessão) para a foto interna de Michael Cooper, nos dissemos: 'Agora, olhe para essa câmera e diga um real 'eu te amo!" De fato, tente sentir amor; dê amor nisso! Vai dar certo; Vai transparecer; É uma atitude.' E foi o que aconteceu, se você olhar para ela (a foto), você vai ver nos (nossos) olhos o grande esforço."{{sfn|Miles|1997|pp=344–345}}

A ''innersleeve'' do álbum apresenta arte do coletivo [[Países Baixos|neerlandês]] de [[design gráfico|''design'' gráfico]] The Fool, que evitou pela primeira vez o uso de papel branco comum em favor de um tipo de material com padrão abstrato de ondas de castanho, vermelho, rosa e branco.{{sfn|Inglis|2008|p=95}} Inclusos ao trabalho como presentes bônus, estavam uma folha de recortes de papelão criada por Blake e Haworth, um retrato em tamanho de postal de Sgt. Pepper baseado em uma estátua da casa de Lennon que foi usada na capa principal, um bigode falso, dois conjuntos de insígnias de [[sargento]], dois emblemas de lapela e um modelo para recortar dos Beatles em seus uniformes de cetim.{{sfn|Inglis|2008|p=96}} Moore acredita que a inclusão desses itens ajudou os fãs a imergir no universo do disco e da banda fictícia.{{sfn|Moore|1997|p=57}}

A famosa colagem da capa incluiu 57 fotografias e nove [[Museu de cera|trabalhos em cera]] que retratam uma diversidade de personalidades famosas, entre atores, esportistas, cientistas, pensadores, por exemplo, e até mesmo – a pedido de Harrison – os gurus [[Mahavatar Babaji]], [[Lahiri Mahasaya]], [[Sri Yukteswar Giri]] e [[Paramahansa Yogananda]] da [[Self-Realization Fellowship|''Self-Realization Fellowship'']].<ref>{{harvnb|Inglis|2008|p=93}}: 57 photographs and 9 waxworks; {{harvnb|Tillery|2011|p=81}}: the [[Self-Realization Fellowship]] [[guru]]s.</ref> Inglis vê o quadro "como um guia da topografia da cultura daquela década", denotando uma crescente democratização na sociedade, pela qual as "tradicionais barreiras entre 'alta' e 'baixa' cultura estavam a ser corroídas."{{sfn|Inglis|2008|p=93}}{{Nota de rodapé|Inglis também parafraseia George Melly, que, em 1970, descreveu a capa de ''Sgt. Pepper'' como "um microcosmos do mundo ''underground''".{{sfn|Inglis|2008|p=93}}}}{{Nota de rodapé|A montagem da capa é composta pelos cantores [[Bob Dylan]], [[Bobby Breen]] e [[Dion DiMucci]]; os atores [[Marlon Brando]], [[Tony Curtis]], [[Marlene Dietrich]], [[Marilyn Monroe]], [[Mae West]], [[Shirley Temple]], [[Bette Davis]], [[Diana Dors]], Huntz Hall, [[Tom Mix]] e [[Tyrone Power]]; os artistas plásticos e escultores [[Aubrey Beardsley]], Richard Merkin, Wallace Berman, Richard Lindner, Larry Bell, H. C. Westermann, [[Aubrey Beardsley]] e Simon Rodia; os atletas [[Sonny Liston]], [[Albert Stubbins]] e [[Johnny Weissmuller]]; os comediantes [[W. C. Fields]], [[Lenny Bruce]], Tommy Handley, [[Stan Laurel]], [[Oliver Hardy]], Max Miller e Issy Bonn; os escritores [[Edgar Allan Poe]], [[Aldous Huxley]], [[Terry Southern]], [[William S. Burroughs]], [[H. G. Wells]], [[Oscar Wilde]], [[Stephen Crane]], [[Lewis Carroll]], [[Dylan Thomas]], [[James Joyce]] e [[George Bernard Shaw]]; o psiquiatra [[Carl Gustav Jung]]; o ocultista [[Aleister Crowley]]; o filósofo político [[Karl Marx]]; o primeiro ministro britânico do século XIX [[Robert Peel]]; o missionário [[David Livingstone]]; o militar [[T. E. Lawrence]]; o físico [[Albert Einstein]]; além de figuras anônimas, como um legionário americano, uma ''[[pin-up]]'' "''pretty girl''" de George Petty, um manequim de cera de um cabeleireiro e uma ''pin-up'' "''vargas girl''" de [[Alberto Vargas]].{{sfn|Inglis|2008|p=93}} Ringo foi o único Beatle que não sugeriu ninguém a incluir na colagem.{{sfn|Inglis|2008|p=94}}}} [[Adolf Hitler]] e [[Jesus|Jesus Cristo]] foram solicitados por John, mas foram, ao final, rejeitados.{{sfn|Harry|2000|p=412}} Quando Paul foi perguntado sobre o porquê do quarteto não ter incluído Elvis Presley, foi dada a resposta: "Elvis era muito importante e muito acima do resto para ser até mesmo mencionado... então nós não colocamos ele na lista, já que ele era mais que um mero... cantor ''pop'', ele era Elvis, o Rei."{{sfn|Harry|2002|p=727}} O custo final da arte da capa foi de aproximadamente £3.000 da época, uma vultosa soma em um tempo onde capas do gênero custavam normalmente cerca de £50.{{sfn|Inglis|2008|p=96}} Pelo seu trabalho em ''Sgt. Pepper'', o então casal Blake e Haworth conquistou um [[Grammy Awards|prêmio Grammy]] em 1968 na categoria "[[:en:Grammy_Award_for_Best_Recording_Package|Melhor Capa de Álbum]]<sup>{{En}}</sup>".<ref name="grammys">Para o prêmio Grammy de 1968, veja: {{citar web|url=http://www.grammy.com/awards/10th-annual-grammy-awards|título=10th Annual GRAMMY Awards|publicado=[[Grammy Awards|GRAMMY.com]]|acessodata=14 de abril de 2014|arquivourl=https://www.webcitation.org/6Opv9BGkj?url=http://www.grammy.com/awards/10th-annual-grammy-awards|arquivodata=2014-04-14|urlmorta=não}} Para o primeiro LP de ''rock'' a receber o prêmio Grammy de "Álbum do Ano", veja: {{harvnb|Glausser|2011|p=143}}</ref>

== Lançamento ==
Entre a finalização e o lançamento comercial do LP, os Beatles levaram uma versão de [[Dubplate|disco de acetato]] do álbum ao apartamento da cantora estadunidense [[Cass Elliot]] nas imediações de [[King's Road]], Chelsea, onde, às seis da manhã, eles puseram o material para tocar em volume máximo com caixas de som direcionadas a janelas abertas. O assessor de imprensa do grupo, [[Derek Taylor]], relembra que residentes da vizinhança abriram suas janelas e ouviram sem reclamações o que eles haviam entendido ser um conjunto de músicas inéditas dos Beatles.{{sfn|MacDonald|2005|p=249}}

Em 1º de junho de 1967, ''Sgt. Pepper'' tornou-se o primeiro trabalho do grupo a ser lançado no mundo todo simultaneamente.<ref>{{harvnb|Lewisohn|1992|pp=350, 351}}; {{harvnb|Southall|Perry|2006|p=59}}.</ref>{{Nota de rodapé|''Sgt. Pepper'' foi lançado poucos dias antes do quinto aniversário desde a primeira sessão de gravações do quarteto pela EMI.{{sfn|Lewisohn|1992|p=236}}}} Foi também o primeiro álbum do grupo no qual as listas de faixas das versões estadunidense e britânica não se diferenciavam. Sendo o oitavo álbum da banda, estreou no Reino Unido em primeiro lugar nas paradas e nessa posição permaneceu por 22 semanas consecutivas, vendendo 250 mil cópias na primeira semana de comercialização.<ref>{{harvnb|Everett|1999|p=123}}: debuted in the UK at number one; {{harvnb|Moore|1997|p=19}}: eight studio album.</ref> Em 4 de junho, [[The Jimi Hendrix Experience]] tocou uma versão da faixa título ao abrir um concerto no teatro Saville, em [[Camden (borough)|Camden]]. Epstein era o proprietário do Saville à época, e George e Paul assistiram à performance. Paul descreveu o momento: "As cortinas foram abertas e ([[Jimi Hendrix]]) veio caminhando para a frente do palco, tocando 'Sgt. Pepper'. Uma baita e única homenagem. Eu vejo aquilo como uma das maiores honras em minha carreira."<ref>{{citar livro|último =McDermott|primeiro =John|título=Ultimate Hendrix: An Illustrated Encyclopedia of Live Concerts and Sessions|ano=2009|publicado=Backbeat Books|isbn=978-0-87930-938-1|url=http://books.google.com/books?id=o6ty_6SqPE4C&dq|página=52}}</ref>

''Sgt. Pepper'' foi amplamente visto pelos seus ouvintes como uma trilha sonora para o "[[Verão do Amor]]".{{sfn|Scapelliti|2007|p=104}} Na opinião de Tim Riley, o trabalho "uniu as pessoas por meio da experiência comum da música popular em uma escala maior que qualquer outra que já existiu".{{sfn|Riley|1988|pp=205–206}} Estações de rádio norte-americanas interrompiam suas programações regulares para tocar o LP de forma virtualmente incessante, sempre do começo ao fim.<ref>{{harvnb|MacDonald|2005|p=249}}: radio stations interrupted their regular scheduling; {{harvnb|Riley|1988|p=205}}: some played the album from start to finish.</ref> O lançamento ocupou a primeira posição da parada [[Billboard 200|''Top'' LPs]] da ''[[Billboard]]'' nos Estados Unidos por quinze semanas, de 1º de julho a 13 de outubro de 1967.{{sfn|Rosen|1996|p=95}} Com 2,5 milhões de cópias vendidas nos primeiros três meses, o sucesso comercial inicial de ''Sgt. Pepper'' ultrapassou as conquistas de todos os discos anteriores do quarteto.{{sfn|Spitz|2005|p=697}} Nenhuma de suas faixas, entretanto, foi lançada como ''single'' naquele tempo.{{sfn|Lewisohn|1992|p=260}}

{{Cquote|texto=O mais próximo que a civilização ocidental chegou de união desde o [[Congresso de Viena]], em 1915, foi a semana em que o disco ''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band'' foi lançado. Em toda cidade da Europa e da América, as estações de rádio tocavam (o álbum), e todos ouviam. Aquilo foi a coisa mais incrível que eu já tinha ouvido. Por um breve momento, a irreparavelmente fragmentada consciência ocidental foi unificada, ao menos nas mentes dos jovens.{{sfn|Riley|1988|p=205}}|autor=[[Langdon Winner]], editor da revista [[Rolling Stone]].}}

== Recepção crítica ==

=== Avaliações contemporâneas ===
{{Críticas profissionais
 |cri1 = [[AllMusic]]
 |ava1 = {{Avaliação|5|5}} <ref>{{citar web|url=http://www.allmusic.com/album/sgt-peppers-lonely-hearts-club-band-mw0000649874|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|língua=en|autor= Stephen Thomas Erlewine|data=|publicado=Allmusic|acessodata=25 de maio de 2015}}</ref>
 |cri2 = ''[[The A.V. Club]]''
 |ava2 = B+<ref name="Klosterman">{{citar jornal|último =Klosterman|primeiro =Chuck|data=8 de setembro de 2009|url=http://www.avclub.com/articles/chuck-klosterman-repeats-the-beatles,32560/|título=Chuck Klosterman Repeats the Beatles|jornal=[[The A.V. Club]]|acessodata=26 de maio de 2013|arquivourl=http://www.webcitation.org/6GuiHAk0V|arquivodata=26 de maio de 2013|urlmorta=não}}</ref>
 |cri3 = [[Robert Christgau]]
 |ava3 = (A) <ref name="Christgau77">{{citar jornal|último =Christgau|primeiro =Robert|autorlink =Robert Christgau|data=20 de dezembro de 1976|url=http://news.google.com/newspapers?id=6N9LAAAAIBAJ&sjid=RYsDAAAAIBAJ&pg=6134,4535773|título=Christgau's Consumer Guide to 1967|jornal=[[The Village Voice]]|página=69|acessodata=22 de junho de 2013}}</ref>
 |cri4 = ''[[The Daily Telegraph]]''
 |ava4 = {{Avaliação|5|5}} <ref>{{citar jornal|último =McCormick |primeiro =Neil|url=http://www.telegraph.co.uk/culture/music/the-beatles/6150302/The-Beatles-Sgt-Peppers-Lonely-Hearts-Club-Band-review.html |título=The Beatles – Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band, review |obra=The Telegraph |data= 7 de setembro de 2009|acessodata=23 de outubro de 2011}}</ref>
 |cri5 = ''[[Encyclopedia of Popular Music]]''
 |ava5 = {{Avaliação|5|5}} <ref name="Larkin">{{citar livro|último =Larkin|primeiro =Colin|ano=2006|publicado=Muze|título=[[Encyclopedia of Popular Music]]|volume=1|páginas=487–489|isbn=0-19-531373-9}}</ref>
 |cri6 = ''[[MusicHound]]''
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 |cri7 = ''[[Paste (revista)|Paste]]''
 |ava7 = 89/100<ref name="Kemp">{{citar periódico|último =Kemp|primeiro =Mark|url=http://www.pastemagazine.com/articles/2009/09/the-beatles-the-long-and-winding-repertoire.html|título=The Beatles: The Long and Winding Repertoire|data=8 de setembro de 2009|acessodata=6 de janeiro de 2013}}</ref>
 |cri8 = ''[[Pitchfork Media]]''
 |ava8 = 10/10<ref>{{citar web|url=http://pitchfork.com/reviews/albums/13435-sgt-peppers-lonely-hearts-club-band/ |título=Album Reviews: The Beatles: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band |publicado=Pitchfork |data=9 de setembro de 2009 |primeiro =Scott |último =Plagenhoef |acessodata=10 de agosto de 2011}}</ref>
 |cri9 = ''[[The Rolling Stone Album Guide]]''
 |ava9 = {{Avaliação|5|5}} <ref>{{citar livro|capítulourl=http://books.google.com/books?id=t9eocwUfoSoC&pg=PA51#v=onepage&q|acessodata=23 de março de 2014|páginas=51–54|título=The New Rolling Stone Album Guide|editor-nome1 =Nathan|editor-sobrenome1 =Brackett|editor-nome2 =Christian|editor-sobrenome2 =Hoard|publicado=[[Simon & Schuster]]|edição=4th|data=2 de novembro de 2004|isbn=978-0-7432-0169-8|capítulo=The Beatles|último1 =Sheffield|primeiro1 =Rob|autorlink =Rob Sheffield}}</ref>
 |cri10 = ''[[Sputnikmusic]]''
 |ava10 = 5/5<ref name="Ponton">{{citar web|autor =Ponton aka "boys, you wont"|url=http://www.sputnikmusic.com/review/38437/The-Beatles-Sgt.-Peppers-Lonely-Hearts-Club-Band/ |título=The Beatles – Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (staff review) |publicado=Sputnikmusic |data=8 de agosto de 2010 |acessodata=23 de outubro de 2011}}</ref>
 |semprosa = 
}}
A esmagadora maioria das resenhas contemporâneas ao trabalho são positivas, recebendo ampla aclamação crítica, em sintonia com seu atemporal sucesso comercial e impacto cultural.<ref>{{harvnb|Gould|2007|p=420}}; {{harvnb|Julien|2008b|pp=8–9}}; {{harvnb|Moore|1997|pp=58–59}}.</ref> Kenneth Tynan, da ''[[The Times|Times]]'', descreveu o lançamento como "um momento decisivo na história da sociedade ocidental".{{sfn|MacDonald|2005|p=249}} Richard Poirier escreveu: "ouvir ''Sgt. Pepper'' o faz pensar não somente na história da música popular, mas na história daquele século."<ref>{{harvnb|Moore|1997|p=59}}: (fonte secundária); {{citar livro|título=The Performing Self: Compositions and Decompositions in the Languages of Contemporary Life |último =Poirier |primeiro =Richard |ano=1992 |publicado=Rutgers University Press |página=137}}: (fonte primária).</ref> A revista ''[[Time (revista)|Time]]'' declarou o LP "uma evolução histórica no progresso da música – qualquer música".{{sfn|Spitz|2005|p=697}} Jack Kroll, do ''[[Newsweek]]'', classificou o trabalho como "obra-prima", comparando suas letras às obras literárias de [[Edith Sitwell]], [[Harold Pinter]] e [[T. S. Eliot]], particularmente "A Day in the Life", ao traçar paralelo com ''[[The Waste Land]]'', de Eliot.<ref>{{harvnb|Gould|2007|p=420}}; {{harvnb|Julien|2008b|p=9}}</ref> ''The New York Times Book Review'' caracterizou ''Sgt. Pepper'' como um prenúncio da "dourada Renascença da Música" e Wilfrid Mellers, do ''[[New Statesman]]'', elogiou a elevação da música ''pop'' ao nível das [[belas artes]] proporcionada pelo disco.{{sfn|Julien|2008b|p=9}}

Um dos mais conhecidos críticos musicais estadunidenses, Richard Goldstein, elaborou uma contundente resenha contemporânea no ''[[The New York Times|New York Times]]'' na qual ele descreveu ''Sgt. Pepper'' como "estragado" e "exala(ando)" "efeitos especiais. Deslumbrante, mas, no fim das contas, fraudulento".<ref>{{harvnb|Christgau|2006|p=116}}: one of the best-known American critics at the time; {{harvnb|Goldstein|2006|pp=97–101}}: "spoiled" and "reek[ing]".</ref> De acordo com o jornalista especializado em música [[Robert Christgau]], após a publicação da famigerada resenha, o jornal nova-iorquino foi "inundado por cartas, muitas abusivas, mas todas em discordância", uma reação que ele credita como "a maior resposta a uma crítica de música" na história do periódico.{{sfn|Christgau|2006|p=117}} Goldstein publicou uma defesa da sua avaliação, na qual explicou que, embora o álbum não estivesse ao nível do melhores discos anteriores dos Beatles, ele o considerava "melhor que oitenta por cento da música lançada por aí", mas sentiu que, debaixo da produção, quando "as composições são analisadas a partir de sua essência musical e lírica", o LP mostra-se como "uma elaboração sem melhora" no contexto do conjunto de produções da banda.<ref>{{citar web |url = http://blogs.villagevoice.com/runninscared/2010/03/clip_job_richar.php |primeiro = Richard |último = Goldstein |título = I Blew My Cool Through ''The New York Times'' |obra = Village Voice |data = 20 de julho de 1967 |acessodata = 28 de abril de 2014 |arquivourl = https://web.archive.org/web/20140221183737/http://blogs.villagevoice.com/runninscared/2010/03/clip_job_richar.php |arquivodata = 2014-02-21 |urlmorta = yes }}</ref> Em sua coluna de 1967 para a revista ''[[Esquire]]'', Christgau descreveu ''Sgt. Pepper'' como "uma consolidação, mais complexa que ''Revolver'', mas não mais substancial", sugerindo que Goldstein foi "vítima de uma super antecipação", identificando sua "permissão para que todos os filtros e reverberações e efeitos orquestrais e ''overdubs'' o deixassem surdo ao que existe abaixo" como seu erro primário.{{sfn|Christgau|2006|p=116}}{{Nota de rodapé|De acordo com Moore, a posição de Goldstein foi uma exceção diante de um grupo de críticas contemporâneas essencialmente positivas, que figuram, segundo ele, em quantidade maior que para qualquer outro lançamento em qualquer época.{{sfn|Moore|1997|pp=57–58}}}}

Na décima edição do ''Grammy Award'', em 1968, ''Sgt. Pepper'' conquistou os prêmios das categorias "Melhor Arte da Capa", "[[:en:Grammy_Award_for_Best_Engineered_Album,_Non-Classical|Melhor Engenharia de Som Não Clássica]]<sup>{{En}}</sup>" e "[[Grammy Award para Melhor Álbum Vocal de Pop|Melhor Álbum Contemporâneo]]". O disco também recebeu o prêmio de "[[Grammy Award para Álbum do Ano|Álbum do Ano]]", o primeiro LP de ''rock'' a receber a essa honraria.<ref name="grammys" />

=== Avaliações retrospectivas ===
{{quote box
| quote = Os Beatles nunca fingiram que estivessem a criar arte com ''Sgt. Pepper'', ou a procurar por alguma integridade musical. Eles só queriam fazer algo diferente.{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=2}}
| source = – [[George Martin]], em seu livro ''Summer of Love: The Making of Sgt. Pepper'', 1994
| width = 30%
| align = left
| style = padding:8px;
}}

Enquanto coletava material para sua antologia de 1979, ''Stranded: Rock and Roll for a Desert Island'', o jornalista e crítico cultural [[Greil Marcus]] listou vinte críticos de ''rock'' a partir de suas escolhas de melhor álbum de todos os tempos dentro do escopo desse gênero musical. Embora ''Rubber Soul'' tivesse sido mencionado no levantamento, ''Sgt. Pepper'' não foi.{{sfn|Marcus|2007|p=xxi}} Marcus afirma que, em 1968, o lançamento surgiu "vazio" em relação à conjuntura emocional da efervescência política e social na vida americana, descrevendo-o como um "triunfo de efeitos", porém também "uma lápide ''day-glo'' de seu tempo".<ref>{{harvnb|Marcus|2007|p=258}}: "a Day-Glo tombstone for its time"; {{harvnb|Moore|1997|p=60}}: "a triumph of effects".</ref> Ele o classifica como "divertido, porém artificial" e "menos um resumo e mais uma concessão à sua era".{{sfn|Riley|1988|p=205}} Marcus acredita que o LP "estrangula-se em seus próprios conceitos" enquanto é "vindicado como aclamação mundial".{{sfn|Marcus|2007|p=248}}{{Nota de rodapé|De acordo com Tim Riley, ''Rubber Soul'' e ''Revolver'' são "milagres de intuição" que são "maiores que a soma de suas partes", enquanto que, em comparação, "''Sgt. Pepper'' é colorido pela presunção".{{sfn|Riley|1988|pp=204–205}} Ele ainda descreve ''Sgt. Pepper'' como "uma obra-prima defeituosa que apenas ecoa a força de ''Revolver''.{{sfn|Riley|1988|p=203}}}}

Em 1981, Christgau declarou que, embora poucas críticas tivessem concordado com Goldstein à época de sua resenha negativa, muitas vieram a corroborar com sua linha de raciocínio tempos depois.{{sfn|Moore|1997|p=59}} Na opinião de [[Lester Bangs]] – então conhecido como o "padrinho" do jornalismo especializado em ''[[punk rock]]'', a escrever em 1981 – "Goldstein estava certo em sua muito vilipendiada resenha... prevendo que este disco tinha o poder de destruir o ''rock and roll'' praticamente sozinho."{{sfn|Kimsey|2008|p=122}}{{Nota de rodapé|A temática central da crítica de 1967 de Goldstein sobre ''Sgt. Pepper'' envolvia reclamações sobre substância estilística. Em suas palavras, o "tom toma a frente do significado (no álbum)".{{sfn|Kimsey|2008|p=130}} Ele põe muito da culpa em relação a isso no uso copioso de efeitos de produção como [[eco]] e [[reverberação]].{{sfn|Kimsey|2008|p=130}} Ele também criticava a falta de substância lírica, destacando: "até da fantasia eu espero autenticidade".{{sfn|Kimsey|2008|p=130}}}} Ele nota: "Nos anos sessenta, ''rock and roll'' começou a ser pensado como uma 'forma de arte'. ''Rock and roll'' não é uma 'forma de arte'; ''rock and roll'' é uma lamúria bruta vinda do fundo das entranhas."{{sfn|Kimsey|2008|p=135}} O musicólogo John Kimsey cita a preservação da autenticidade como um princípio guia do ''rock'' e sugere que muitos puristas denunciavam ''Sgt. Pepper'' no tocante a isso, acusando o trabalho de "instituir a queda da graça original (do gênero) à pretensão."{{sfn|Kimsey|2008|p=122}}{{Nota de rodapé|Kimsey nota que, com ''Sgt. Pepper'', o "''rock'' começou a ser chamado, de forma mais enfática, de 'forma de arte' ."{{sfn|Kimsey|2008|p=135}} Na opinião de Bangs, ''[[punk rock]]'' "é o ''rock'' em sua forma mais básica e primitiva", uma abordagem estilística que decididamente não é autoconsciente.{{sfn|Kimsey|2008|p=135}} Na visão de Riley, ''Sgt. Pepper'' tem um grau de autoconsciência que despreza a urgência e energia bruta do primitivo ''rock and roll''."{{sfn|Riley|1988|p=203}} No final de 1967, a revista ''[[Down Beat]]'' publicou uma resenha desfavorável ao trabalho, escrita por John Gabree, na qual é questionado onde o crédito apropriado para ''Sgt. Pepper'' deveria estar, com base nas acusações de que "A Day in the Life" consistiria em duas músicas que foram emendadas por Martin. Kimsey cita o suposto caso como uma demonstração de detratores a combinar preocupações éticas com questões de estética enquanto lançam dúvidas sobre a autenticidade musical do trabalho.{{sfn|Kimsey|2008|pp=124–125}}}} Em sua opinião, tais detratores consideram o LP como menos avanço e mais "destruição de tudo aquilo que é bom, verdadeiro e comovente".{{sfn|Kimsey|2008|p=122}}{{Nota de rodapé|De acordo com Kimsey, puristas de ''rock'' como Bangs – os quais ele define como "ideólogos ''punk''" – abordam o problema de autenticidade com o pressuposto de que a verdadeira música ''rock'' é inerentemente "incorruptível por habilidade ou autoconsciência".{{sfn|Kimsey|2008|p=135}} Ele compara as ideias de Bangs sobre o "artista padrão movido pela atitude" com o conceito de [[bom selvagem]] de [[Jean-Jacques Rousseau]], sugerindo que o desdém de Bangs por ''Sgt. Pepper'' é alimentado por uma rejeição romantizada da modernidade e da inovação.{{sfn|Kimsey|2008|p=135}}}} Para Christgau, "embora ''Sgt. Pepper'' seja tido como a mais influente de todas as obras-primas do ''rock'', é somente a mais famosa. Em retrospectiva, ela soa peculiarmente apolínea – precisa, controlada, até mesmo rígida – e é claramente periférica para o (meio) ''[[Corrente dominante|mainstream]]'' do ''rock''".<ref>{{citar web|último =Christgau|primeiro =Robert|url=http://www.robertchristgau.com/xg/music/rocktheater.php|título=Rock Theater|publicado=Robert Christgau|acessodata=22 de maio de 2014}}</ref> Moore considera que, "por seu impacto cultural ter sido tão grande, estava a ser exigido muito (do álbum)."{{sfn|Moore|1997|p=64}}

== Legado ==
Com 5,1 milhões de cópias certificadas, ''Sgt. Pepper'' é o [[Álbuns mais vendidos no Reino Unido|terceiro álbum mais vendido da história]] das paradas britânicas.<ref name="Highest UK retail sales">{{citar jornal|último=Caulfield|primeiro=Keith|url=http://www.billboard.com/articles/news/5901176/queen-greatest-hits-becomes-first-album-to-sell-6-million-in-uk?utm_source=twitter|título=Queen's 'Greatest Hits' Becomes First Album to Sell 6 Million in U.K.|data=10 de fevereiro de 2014|acessodata=11 de fevereiro de 2014|obra=Billboard|publicado=Prometheus Global Media}}</ref><ref name="OFC">{{citar web|url=http://www.officialcharts.com/chart-news/abba-overtake-the-beatles-as-gold-becomes-the-uks-second-biggest-selling-album-of-all-time-2225/|título=ABBA overtake The Beatles as Gold becomes the UK’s second biggest selling album of all-time|acessodata=1º de outubro de 2014|publicado=[[Official Charts Company]]}}</ref><ref name="OFC2">{{citar web|url=http://www.officialcharts.com/chart-news/the-official-top-40-biggest-selling-albums-of-all-time-2288/|título=Queen's Greatest Hits becomes first album to sell 6 million copies in the UK|acessodata=1º de outubro de 2014|publicado=[[Official Charts Company]]}}</ref> ''Sgt. Pepper'' é também um dos LPs mais bem sucedidos comercialmente nos Estados Unidos, com 11 milhões de cópias certificadas pela [[Recording Industry Association of America|Associação Americana da Indústria de Gravação]].<ref>{{citar web|url=http://www.riaa.com/goldandplatinum.php?content_selector=top-100-albums|título=Top 100 Albums|publicado=RIAA}}</ref> Em todo o mundo, o trabalho carrega a marca de 30 milhões de cópias vendidas, sendo assim um dos maiores sucessos comerciais de todos os tempos.<ref>{{citar jornal|url=http://www.euronews.com/2011/06/01/back-in-the-day-sgt-pepper-taught-the-band-to-play/|título=Back in the Day: Sgt. Pepper taught the band to play|data=1 de junho de 2011|acessodata=21 de abril de 2014|publicado=[[Euronews]]}}</ref>

=== Desenvolvimento de subgêneros ===
{{quote box
| quote = A complexa tapeçaria auricular de ''Sgt. Pepper''  é o som de quatro homens em rebelião contra as convenções musicais e, assim sendo, escancarando as portas para a experimentação sonora por meio da qual nasceram o ''[[hard rock]]'', o ''[[punk rock|punk]]'', o ''[[metal (música)|metal]]'', o ''[[new wave]]'', o ''[[grunge]]'' e toda outra forma de música popular que se seguiu.{{sfn|Scapelliti|2007|p=57}}
| source = – Christopher Scapelliti, escrevendo para a ''[[Guitar World]]'' em junho de 2007
| width = 24%
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}}
Musicólogos consideram ''Sgt. Pepper'' como uma continuação da maturação artística já vista nos dois trabalhos antecedentes dos Beatles, ''Revolver'' e ''Rubber Soul''.{{sfn|O'Grady|2008|p=23}} Moore o credita como auxiliador no desenvolvimento do [[rock progressivo|''rock'' progressivo]], por meio de suas letras de autoconsciência, experimentação de estúdio e seu esforço em expandir as barreiras características das tradicionais músicas comerciais de três minutos.<ref>{{harvnb|Moore|1997|pp=18, 70–79}}; {{harvnb|Moore|2002|pp=64}}: the origins of progressive rock are "marked by the release of the Beatles' ''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band'' in 1967"; {{harvnb|Moore|2002|pp=69}}: "The beginnings of progressive rock are normally traced to the Beatles' ''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band''".</ref>{{Nota de rodapé|Moore descreve ''Sgt. Pepper'' como "um precursor do ''rock'' progressivo passional", por seu conceito unificado".{{sfn|Moore|2008|p=139}} Na opinião do autor Kevin Holm-Hudson, o disco "foi essencial para o estabelecimento da estética progressiva".{{sfn|Holm-Hudson|2008|p=10}} O jornalista de música Thomas Blackwell acredita que o LP foi "virtualmente responsável pelo nascimento do gênero ''rock'' progressivo".<ref>{{citar web|último =Blackwell|primeiro =Thomas|título=Sgt. Pepper Sets the Stage: The Album as a Work of Art|publicado=[[PopMatters]]|data=22 de novembro de 2009|url=http://www.popmatters.com/feature/115779-sgt.-pepper-sets-the-stage-the-album-as-a-work-of-art/|acessodata=21 de março de 2014}}</ref>}}

O autor Carys Wyn Jones o define como um dos primeiros álbuns de ''[[art rock]]'', e Oliver Julien o considera "uma obra-prima da psicodelia britânica".<ref>{{harvnb|Jones|2008|p=49}}: one of the first art rock albums; {{harvnb|Julien|2008a|p=xvii}}: a "masterpiece of British psychedelia".</ref> O escritor Andy Greene, da ''Rolling Stone'', comenta que o trabalho marca o início da "[[:en:Album_era|Era do Álbum]]<sup>{{En}}</sup>".<ref>{{citar jornal|último =Kokenes|primeiro =Chris|título='A Day in the Life' lyrics to be auctioned|data=30 de abril de 2010|publicado=[[CNN]]|url=http://www.cnn.com/2010/SHOWBIZ/Music/04/29/lennon.lyrics.auction/|acessodata=11 de abril de 2014}}</ref> Por vários anos após o lançamento de ''Sgt. Pepper'', o ''rock and roll'' honesto e purista foi suplantado pelo crescente interesse por [[forma cíclica]]. Com o oitavo grande lançamento dos Beatles, pela primeira vez na história da indústria da música as vendas de LPs ultrapassaram as de ''singles''.{{sfn|Moore|1997|p=72}} Julien acredita que ''Sgt. Pepper'' contribuiu para a evolução dos LPs do "formato de distribuição" para o "formato de criação".{{sfn|Julien|2008c|p=159}} Na visão de Moore, o LP ajudou "a legitimação cultural da música popular" enquanto proveu uma importante representação musical de sua geração.<ref>{{harvnb|Moore|1997|p=62}}: "the cultural legitimization of popular music"; {{harvnb|Moore|1997|pp=68–69}}: a musical representation of its generation.</ref> É louvado por jornalistas como influenciador do desenvolvimento da contracultura dos anos 1960.<ref>{{citar jornal|url=http://www.post-gazette.com/editorials/2007/06/01/Sgt-Pepper-at-40-The-Beatles-masterpiece-changed-popular-music/stories/200706010369 |título=Sgt. Pepper at 40: The Beatles' masterpiece changed popular music |obra=Pittsburgh Post-Gazette |data=1º de junho de 2007 |acessodata=7 de novembro de 2013}}</ref> Durante os anos 1970, inspirados por ''Sgt. Pepper'', grupos de [[glam rock|''glam rock'']] adotaram o uso de personas ''alter ego'' e, em 1977, o disco conquistou o prêmio da categoria "Melhor Álbum Britânico" da primeira edição do [[Brit Awards]].<ref>For the 1977 [[Brit Awards]] see: {{citar jornal|url=http://www.guardian.co.uk/news/datablog/2012/feb/22/brit-awards-winners-list-2012|título=Brit awards winners list 2012: every winner since 1977|último =Anon|obra=The Guardian|acessodata=3 de fevereiro de 2013|local=London|data=22 de fevereiro de 2012}}</ref>

=== Inovação musical e gráfica ===
{{quote box
| quote = Igual crédito (por ''Sgt. Pepper'') é atribuído justificadamente a George Martin. Ele deu forma a gloriosas canções, deu melodia e harmonia a letras fantasmagóricas e levou a técnica de gravação a níveis antes desconhecidos.{{sfn|Larkin|1994|p=7}}
| source = – [[Colin Larkin]], escrevendo em ''Guinness Book of Top 1000 Albums'', em 1994
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}}

Na opinião do autor Thomas MacFarlane, a inovação musical mais importante do álbum é a sua "integração de tecnologia de gravação e processo de composição".{{sfn|MacFarlane|2008|p=39}}{{Nota de rodapé|De acordo com Julien, a "gradual integração de arranjo e gravação em um mesmo processo" teve início em 1963, sendo seriamente desenvolvida durante as sessões de ''[[Rubber Soul]]'' e ''[[Revolver (álbum)|Revolver]]'' e "finalmente florescido" durante as de ''Sgt. Pepper''.{{sfn|Julien|2008c|p=162}}}} Ele credita o ''Poème Électronique'', de [[Edgar Varèse|Edgard Varèse]] como a peça musical que fez desse avanço algo factível, "expandindo a definição de gravação de som (do status) de documentação de arquivo para a objetificação do apuro musical". Ele identifica "A Day in the Life" como a faixa de ''Sgt. Pepper'' que melhor exemplifica essa abordagem.{{sfn|MacFarlane|2008|pp=39–40}}

Embora os primeiros sintetizadores analógicos estivessem disponíveis – e [[Robert Moog]] estivesse trabalhando na segunda geração do primeiro teclado comercialmente disponível na mesma época das sessões de ''Sgt. Pepper'' – nenhum foi usado para a gravação do álbum, que foi concebido basicamente por meio de instrumentos acústicos e eletrônicos e gravações de campo de propriedade do EMI Studios.<ref>{{harvnb|Hannan|2008|p=46}}: no keyboards were used during the album's recording; {{harvnb|Martin|Pearson|1994|p=108}}: [[Robert Moog]] was working on the second generation keyboard.</ref> O músico e produtor [[Alan Parsons]] acredita que, com ''Sgt. Pepper'', "as pessoas começaram então a pensar que seria possível permanecer por um ano gravando um disco e começaram a considerar álbuns como composição de som e não somente composição musical. Gradualmente, formou-se a ideia de que um LP é uma performance por si só e não somente uma reprodução de uma performance a vivo."{{sfn|Julien|2008c|p=167}}

[[File:Abbey road studios.jpg|thumb|right|alt=Uma imagem colorida de uma fachada de um prédio de tijolos pintado de branco.|EMI Studios (atual [[Abbey Road Studios]]), retratado em 2005.|255x255px]]

De acordo com Oliver Julien, ''Sgt. Pepper'' representa o "epítome da transformação do estúdio de gravação em uma ferramenta de composição", marcando o momento em que a "música popular entrou na era da composição fonográfica."{{sfn|Julien|2008c|pp=166–167}} O sucesso comercial duradouro e o impacto midiático de ''Sgt. Pepper'' foram amplamente influenciados pelo uso criativo dos equipamentos de estúdio feito por George Martin e seus engenheiros enquanto criavam novos processos e técnicas.{{sfn|Hannan|2008|p=46}} Experimentação artística, como a inserção de falas aleatórias sem sentido no ''groove'' de desfecho, é uma das características definidoras do trabalho.{{sfn|Julien|2008b|p=7}} Na opinião do historiador dos Beatles, [[Mark Lewisohn]], ''Sgt. Pepper'' representa o último esforço unificado do grupo, que demonstra uma coesão que começaria a se deteriorar imediatamente após a finalização do disco e que desapareceria por completo no lançamento de ''[[The Beatles (álbum)|The Beatles]]'', em 1968.{{sfn|Lewisohn|1992|p=237}} Emerick nota o envolvimento mínimo de George e Ringo, enxergando ''Sgt. Pepper'' como uma realização de John e Paul que foi menos fruto de trabalho em grupo que qualquer dos lançamentos anteriores do quarteto.{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=141}}

Ian Inglis destaca que quase toda consideração de significância de ''Sgt. Pepper'' enfatiza a "correspondência sem precedentes entre música e arte, tempo e espaço" da capa.{{sfn|Inglis|2008|p=101}} Após seu lançamento, as ''sleeves'', ou luvas, de álbuns não mais eram "uma coisa supérflua a ser descartada durante o ato de ouvir, mas um componente integral da apreciação, que expandia a experiência musical."{{sfn|Inglis|2008|p=101}} A capa ajudou a elevar a arte gráfica de álbuns a tópico respeitável para análises críticas, por meio da qual as "estruturas e culturas da música popular" poderiam doravante justificar discursos intelectuais de uma forma que – antes de ''Sgt. Pepper'' – seria vista como "presunção caprichosa".{{sfn|Inglis|2008|p=102}} Ele escreve: ''A capa de Sgt. Pepper'' tem sido louvada como inovadora em suas propriedades estético-visuais, congratulada pelo seu inovador e imaginativo ''design'', creditada como provedora de um ímpeto inicial para a expansão da indústria do [[design gráfico|''design'' gráfico]] no meio da música popular, e percebida como largamente responsável pela explicitação de conexões entre arte e ''pop''."{{sfn|Inglis|2008|p=102}} Riley a descreve como "um dos mais conhecidos trabalhos de ''pop art'' já produzidos".{{sfn|Riley|1988|p=212}} No fim da década de 1990, a BBC a incluiu na sua lista de obras-primas britânicas da arte e do ''design'' no século XX.{{sfn|Inglis|2008|p=96}} Em 2008, a icônica pele de bateria usada na capa foi leiloada por €670.000.<ref>{{citar jornal|url= http://www.rte.ie/news/2008/0711/beatles.html |título=Fab four times price for Beatles drumskin|data=11 de julho de 2008|obra=RTÉ news|publicado=RTÉ Commercial Enterprises Limited|acessodata=6 de março de 2014}}</ref>{{Nota de rodapé|Em 1968, [[The Mothers of Invention]] parodiou, na capa de seu LP ''[[We're Only in It for the Money]]'', a colagem de ''Sgt. Pepper''. Everett caracteriza ''[[Their Satanic Majesties Request]]'', dos [[Rolling Stones]], e ''[[Ogdens' Nut Gone Flake]]'', do grupo [[Small Faces]], como "LPs ''copycats''" de ''Sgt. Pepper'' .{{sfn|Everett|1999|p=123}} Em 30 de março de 2013, uma cópia do disco autografada pelos quatro membros do grupo foi vendida pela empresa Heritage Auctions, de Dallas, a um comprador anônimo da Região Centro-Oeste dos Estados Unidos por US$290.500.<ref>{{citar web|último =Couch|primeiro =Aaron|título=Signed copy of Beatles' 'Sgt. Pepper's' album sells for record $290,500|url=http://entertainment.nbcnews.com/_news/2013/03/31/17541075-signed-copy-of-beatles-sgt-peppers-album-sells-for-record-290500?lite|publicado=NBC News|data=31 de março de 2013|acessodata=31 de março de 2013}}</ref>}}

=== Aparições em listas e nomeações ===
Em uma resenha de 1987 para a revista ''[[Q (revista)|Q]]'', o jornalista musical e autor [[Charles Shaar Murray]] afirmou que o trabalho "permanece como um pilar central da mitologia e da iconografia dos anos 1960".<ref name="qMurray">{{citar periódico |url=http://www.rocksbackpages.com/Library/Article/the-beatles-isgt-peppers-lonely-hearts-club-bandi/ |título=The Beatles: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band |data=julho de 1987 |acessodata=1 de janeiro de 2013 |periódico=[[Q (magazine)|Q]] |último=Murray |primeiro=Charles Shaar |local=London}}</ref> Anthony DeCurtis, da ''[[Rolling Stone]]'', descreve-o como uma "enorme façanha" que "revolucionou o ''rock and roll''".<ref>{{citar periódico |url=http://www.rollingstone.com/music/albumreviews/sgt-peppers-lonely-hearts-club-band-19870827 |título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band; Album Reviews |data=27 de agosto de 1987 |acessodata=17 de abril de 2014 |periódico=[[Rolling Stone]] |último=DeCurtis |primeiro=Anthony}}; Para ''glam rock'' e alter egos, ver: {{harvnb|MacDonald|2005|p=232}}</ref> Em 1994, ''Sgt. Pepper'' estava ranqueado em primeiro lugar no livro ''[[All Time Top 1000 Albums]]'', de [[Colin Larkin]]. O autor o descreve como "o disco que revolucionou, alterou e reinventou os limites da música moderna."{{sfn|Larkin|1994|p=7}}{{Nota de rodapé|Na segunda edição do livro, publicada quatro anos após a original, ''Revolver'' estava ranqueado em primeiro e ''Sgt. Pepper'' em segundo.{{sfn|Larkin|1998|p=10}} Na terceira edição, publicada em 2000, ''Sgt. Pepper'' estava ranqueado em terceiro, após ''Revolver'' e ''[[The Bends]]'', do [[Radiohead]].<ref>{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/entertainment/908638.stm|título=Radiohead gun for Beatles' Revolver|publicado=BBC News|data=3 de setembro de 2000|acessodata=24 de abril de 2014}}</ref>}} Em 2003, ''Sgt. Pepper'' figurou entre os cinquenta trabalhos escolhidos pela [[Biblioteca do Congresso|Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos]] para serem adicionados ao [[Registro Nacional de Gravações]], em honra ao trabalho enquanto "cultural, histórica, ou esteticamente significante".<ref name="LoC2003">{{citar web|url=http://www.loc.gov/rr/record/nrpb/registry/nrpb-2003reg.html|título=The National Recording Registry 2003|acessodata=19 de novembro de 2007|publicado=[[Library of Congress]]|ano=2003}}</ref> Em 2003, a ''Rolling Stone'' o colocou no primeiro lugar de sua lista de "[[500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos da Rolling Stone|500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos]], descrevendo-o como "o auge dos oito anos de discos dos Beatles".{{sfn|Levy|2005|p=9}}

Em ''[[Encyclopedia of Popular Music]]'', Larkin escreveu: "ocorreu que (o trabalho) não foi somente um mero álbum ''pop'', mas sim um ícone cultural, abraçando os elementos constitutivos da década de 1960: ''pop art'', moda extravagante, drogas, misticismo instantâneo e liberdade contra o controle parental."<ref name="Larkin" /> Em 2006, foi escolhido pela revista ''Time'' como um dos cem melhores álbuns de todos os tempos.<ref>{{citar jornal|url=http://www.time.com/time/2006/100albums/index.html|título=The All-Time 100 Albums|acessodata=20 de novembro de 2007|obra=[[Time (magazine)|Time]]|ano=2007}}</ref> O acadêmico especializado em música David Scott Kastan define ''Sgt. Pepper'' como "o mais importante e influente trabalho de ''rock and roll'' de todos os tempos".{{sfn|Kastan|2006|p=139}}{{Nota de rodapé|Em 2009, a produtora de jogos de ''videogame'' [[Harmonix Music Systems|Harmonix]] lançou ''[[The Beatles: Rock Band]]'', uma versão da sua popular franquia ''[[Rock Band]]''. ''Sgt. Pepper'' foi um dos três discos totalmente incluídos no lançamento. A primeira metade do jogo consiste em recriações de performances ao vivo dos Beatles, e a segunda, "tece paisagens oníricas psicodélicas em animações dos Beatles a gravar no Estúdio Dois".<ref>{{citar web|último =Radosh|primeiro =Daniel|título=While My Guitar Gently Beeps|data=11 de agosto de 2009|publicado=''New York Times''|url=http://www.nytimes.com/2009/08/16/magazine/16beatles-t.html|acessodata=9 de maio de 2014|páginas=2, 8}}</ref>}}

==Lista de faixas==
{{Lista de faixas
| topo             = Lado um
| coluna_extra     = Solista(s)
| título1          = [[Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (música)|Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band]]
| duração1         = 2:00
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| título7          = [[Being for the Benefit of Mr. Kite!]]
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| extra7           = Lennon
| toda_composição  = [[Parceria Lennon e McCartney|Lennon–McCartney]], exceto "Within You Without You" por [[George Harrison]]. Durações das faixas e créditos dos  solistas de acordo com [[Mark Lewisohn]] e [[Ian MacDonald]]<ref>{{harvnb|Lewisohn|1992|p=350}}; {{harvnb|MacDonald|2005|pp=220–250}}.</ref>
| duração_total    = 19:36
}}
{{Lista de faixas
| topo             = Lado dois
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| coluna_extra     = Solista(s)
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| título4          = [[Good Morning Good Morning]]
| duração4         = 2:42
| extra4           = Lennon
| título5          = [[Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band#Reprise|Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)]]
| duração5         = 1:18
| extra5           = Lennon, McCartney, Harrison e Starr
| título6          = [[A Day in the Life]]
| duração6         = 5:38
| extra6           = Lennon e McCartney
}}

== Ficha técnica ==
De acordo com [[Mark Lewisohn]] e [[Ian MacDonald]]:<ref>{{harvnb|Lewisohn|1992|pp=232–253}}, {{harvnb|MacDonald|2005|pp=215–250}}.</ref>

'''The Beatles'''
*[[John Lennon]] – vocais principais, [[Harmonia (música)|harmonias vocais]] e [[vocal de apoio|vocais de apoio]]; [[Guitarra solo|guitarras solo]] e [[Guitarra rítmica|rítmica]]; [[piano]] e [[órgão Hammond]]; [[Harmónica (instrumento musical)|harmônica]], ''[[Loop (música)|loops]]'' de [[Fita magnética|fita]], [[efeito sonoro|efeitos sonoros]] e pente e papel de seda; palmas, [[pandeireta]] e [[maraca]]s; acorde final de piano em [[Mi maior]] em "A Day in the Life".
*[[Paul McCartney]] – vocais principais, harmonias vocais e vocais de apoio; guitarra solo e [[baixo elétrico]]; [[Piano elétrico|pianos elétrico]] e acústico, órgãos Lowrey e Hammond; palmas; vocalizações, ''loops'' de fita, efeitos sonoros e pente e papel de seda; acorde final de piano em Mi maior em "A Day in the Life".
*[[George Harrison]] – harmonias vocais e vocais de apoio; guitarras solo e rítmica; [[sitar]]; [[tambura]]; harmônica e [[kazoo|''kazoo'']]; palmas e maracas; vocais principais em "Within You Without You".
*[[Ringo Starr]] – [[Bateria (instrumento musical)|bateria]], [[Conga (instrumento musical)|conga]]s, pandeireta, maracas, palmas e [[Carrilhão de orquestra|sinos tubulares]]; vocais principais em "With a Little Help from My Friends"; harmônica em "Being for the Benefit of Mr. Kite!"; acorde final de piano em Mi maior em "A Day in the Life".
'''Músicos adicionais'''
*[[Sounds Incorporated]] – sexteto de [[saxofone]]s em "Good Morning, Good Morning".{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=176–179}}
*[[Neil Aspinall]] – tambura e harmônica.{{sfn|MacDonald|2005|pp=237, 243}}
*[[Mal Evans]] – contagem, harmônica, alarme de relógio e acorde final de piano em Mi maior em "A Day in the Life".{{sfn|MacDonald|2005|pp=227–232, 237}}
*[[Músico de sessão|Músicos de sessão]] – quatro [[trompa|trompas francesa]]s em "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band": Neill Sanders, James W. Buck, John Burden, Tony Randall,{{sfn|MacDonald|2005|p=232}} arranjadas e conduzidas por Martin e McCartney; seção de [[Instrumento de cordas|cordas]] e [[harpa]] em "She's Leaving Home", arranjada por Mike Leander e conduzida por Martin; harmônio, [[tabla]], sitar, [[Esraj|dilruba]], oito [[violino]]s e quatro [[violoncelo]]s em "Within You, Without You", arranjados e conduzidos por Harrison e Martin; trio de [[clarinete]]s em "When I'm Sixty-Four": Robert Burns, Henry MacKenzie e Frank Reidy, arranjados e conduzidos por Martin e McCartney; saxofones em "Good Morning, Good Morning", arranjados e conduzidos por Martin e Lennon; e orquestra de quarenta integrantes, incluindo cordas, [[metais]], [[madeiras]] e [[Instrumento de percussão|percussão]] em "A Day in the Life", arranjada por Martin, Lennon e McCartney e conduzida por Martin e McCartney.<ref>{{harvnb|Emerick|Massey|2006|p=158}}: Martin and McCartney took turns conducting; {{harvnb|Gould|2007|pp=387–388}}: the recording of "A Day in the Life" included a forty-piece orchestra; {{harvnb|Martin|Pearson|1994|p=35}}: Robert Burns, Henry MacKenzie, Frank Reidy.</ref>
'''Produção'''

* [[George Martin]] – [[Produtor musical|produção]] e [[mixagem]]; ''loops'' e efeitos sonoros; [[Cravo (instrumento musical)|cravo]] em "Fixing a Hole", harmônio, órgão Lowrey e [[glockenspiel|''glockenspiel'']] em "Being for the Benefit of Mr. Kite!", órgão Hammond em "With a Little Help from My Friends", piano em "Getting Better" e solo de piano em "Lovely Rita"; acorde final de harmônio em "A Day in the Life".<ref>{{harvnb|Emerick|Massey|2006|p=171}}: piano solo on "Lovely Rita"; {{harvnb|MacDonald|2005|pp=235, 237, 246, 239, 241}}; {{harvnb|Womack|2007|p=180}}: final harmonium chord.</ref>

*[[Geoff Emerick]] – [[Engenharia de áudio|engenharia de som]]; ''loops'' de fita e efeitos sonoros.{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=132–192}}{{Nota de rodapé|Apesar dos esforços de Martin para assegurar os créditos de engenheiro a Emerick em ''Sgt. Pepper'', a EMI recusou os pedidos feitos para esse fim com base nas políticas da empresa à época. Embora Peter Blake tenha recebido disco de ouro pela sua contribuição à capa do álbum, Emerick não recebeu o mesmo prêmio pela sua contribuição à gravação do LP. Em 1968, entretanto, ele conquistou o Grammy de "Melhor Engenharia de Som Não Clássico" pelo seu papel neste disco.{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=191–192}}}}

== Posição nas paradas musicais ==
''Sgt. Pepper'' permaneceu na [[Billboard 200|''Billboard'' 200]] dos Estados Unidos por 175 semanas não consecutivas.<ref>{{citar livro|último =Whitburn|primeiro =Joel|título=Top Pop Albums – 1955–2001 |publicado=Record Research|ano=2001|isbn=978-0-89820-183-3|página=56}}</ref>

{{col-begin}}
{{col-2}}
{| class="wikitable sortable" style="text-align:center;"
|+Tabelas semanais
!País (Tabela musical)<br/>(1967-68)
!Posição<br/>de pico
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|align="left"|{{RFA}} ([[Media Control Charts]])<ref name="dechart">{{citar web|url = https://www.offiziellecharts.de/album-details-6622|título= Album Search: The Beatles – ''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band''|língua= de|publicado= Media Control|acessodata=25 de maio de 2015|formato=ASP}}</ref>
|1
|-
|align="left"|{{AUS}} ([[Kent Music Report]])<ref name="auchart">{{citar livro|título=[[Kent Music Report|Australian Chart Book 1970–1992]]|último =Kent|primeiro =David|publicado=Australian Chart Book|local=St Ives, New South Wales|ano=1993|isbn=0-646-11917-6}}</ref>
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|-
|align="left"|{{CAN}} ([[RPM (revista)|''RPM'' Top LPs]])<ref>{{citar web|url=http://www.bac-lac.gc.ca/eng/discover/films-videos-sound-recordings/rpm/Pages/image.aspx?Image=nlc008388.10081a&URLjpg=https%3a%2f%2frp.liu233w.com%3a443%2fhttp%2fwww.collectionscanada.gc.ca%2fobj%2f028020%2ff4%2fnlc008388.10081a.gif&Ecopy=nlc008388.10081a |título=''RPM'' Top Albums/CDs – Volume 7, No. 21, Jul 22, 1967|publicado=Library and Archives Canada |acessodata=8 de abril de 2015}}</ref>
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|align="left"|{{EUA}} ([[Billboard 200|''Billboard'' Top LPs]])<ref name="billboard">{{citar web|url=http://www.billboard.com/charts/billboard-200?tag=chscr1#/charts/billboard-200?chartDate=1967-07-01 |título=Billboard 200 |obra=Billboard |acessodata=16 de novembro de 2010}}</ref>
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|align="left"|{{UK}} ([[UK Albums Chart]]){{sfn|Roberts|2005|p=54}}
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|align="left"|{{SUE}} ([[Sverigetopplistan]])<ref>{{citar web|título=Swedish Charts 1966–1969/Kvällstoppen – Listresultaten vecka för vecka > Juni 1967 > 20 Juni|url=http://www.hitsallertijden.nl/charts/swedish%20charts/SwedishCharts%200366-0969.pdf|obra=hitsallertijden.nl|língua=sv|acessodata=31 de janeiro de 2014}}''Nota: [[Sverigetopplistan|Kvällstoppen]] combinou vendas de álbuns e singles em um só chart; ''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band'' alcançou o quinto lugar na lista de 20 de junho de 1967''</ref>
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|-
!País (Tabela musical)<br/>(1987)
!Posição<br/>de pico
|-
|align="left"|{{HOL}} ([[Dutch Charts]])<ref name="nlchart">{{citar web|título=dutchcharts.nl The Beatles – ''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band''|publicado=[[MegaCharts]]|url=http://dutchcharts.nl/showitem.asp?interpret=The+Beatles&titel=Sgt.+Peppers+Lonely+Hearts+Club+Band&cat=a|língua=nl|obra=Hung Medien, dutchcharts.nl|acessodata=1º de maio de 2010|formato=ASP}}</ref>
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|-
|align="left"|{{JAP}} ([[Oricon]])<ref name="Jachart1">{{citar livro|título=Oricon Album Chart Book: Complete Edition 1970–2005|publicado=Oricon Entertainment|local=[[Roppongi]], [[Tokyo]]|ano=2006|isbn=4-87131-077-9}}</ref>
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|align="left"|{{UK}} (UK Albums Chart)<ref name="ukchart">{{citar web| url=http://www.officialcharts.com/artist/_/Beatles|título= The Beatles > Artists > Official Charts|publicado=''[[UK Albums Chart]]''|acessodata=1º de maio de 2013}}</ref>
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!País (Tabela musical)<br/>(2009)
!Posição<br/>de pico
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|align="left"|{{AUS}} ([[ARIA Charts]])<ref>{{citar web|url=http://australian-charts.com/weekchart.asp?year=2009&date=20090927&cat=a |título=Album Top 50 |publicado=Hung Medien |acessodata=16 de novembro de 2010}}</ref>
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|align="left"|{{BEL}} ([[Ultratop]] Valônia)<ref>{{citar web|título= ultratop.be The Beatles – ''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band''|url=http://www.ultratop.be/fr/showitem.asp?interpret=The+Beatles&titel=Sgt.+Peppers+Lonely+Hearts+Club+Band&cat=a|língua=fr|obra= Hung Medien|formato=ASP|publicado=Ultratop|acessodata=1º de maio de 2013}}</ref>
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|-
|align="left"|{{BRA}} ([[Associação Brasileira dos Produtores de Discos]])<ref>{{citar web |url=http://www.abpd.org.br/noticias_internas.asp?noticia=187 |título=De 14 a 20 de setembro 2009 |publicado=[[Associação Brasileira dos Produtores de Discos]] (in Portuguese) |acessodata=16 de novembro de 2010 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110928081133/http://www.abpd.org.br/noticias_internas.asp?noticia=187 |arquivodata=2011-09-28 |urlmorta=yes }}</ref>
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|align="left"|{{DIN}} ([[Hitlisten]])<ref name="dkchart">{{citar web|título=danishcharts.com The Beatles – ''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band''|obra=danishcharts.com|url=http://danishcharts.com/showitem.asp?interpret=The+Beatles&titel=Sgt.+Peppers+Lonely+Hearts+Club+Band&cat=a|formato=ASP|acessodata=12 de outubro de 2012}}</ref>
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|align="left"|{{NZL}} ([[Recorded Music NZ]])<ref>{{citar web|url=http://charts.org.nz/weekchart.asp?year=2009&date=20090914&cat=a |título=Album Top 40 |publicado=Hung Medien |acessodata=16 de novembro de 2010}}</ref>
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|align="left"|{{POR}} ([[Associação Fonográfica Portuguesa]])<ref>{{citar web|url=http://portuguesecharts.com/archive.asp?todo=show&woche=38&jahr=2009&sparte=a |título=Portuguese Charts: Albums – 38/2009 |publicado=Hung Medien |acessodata=16 de novembro de 2010}}</ref>
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|align="left"|{{ESP}} ([[Productores de Música de España]])<ref>{{citar web|url=http://spanishcharts.com/weekchart.asp?year=2009&date=20090913&cat=a |título=Album Top 100 |publicado=Hung Medien |acessodata=16 de novembro de 2010}}</ref>
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|-
|align="left"|{{SUE}} ([[Sverigetopplistan]])<ref>{{citar web|título=swedishcharts.com The Beatles – ''Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band''|formato=ASP|url=http://swedishcharts.com/showitem.asp?interpret=The+Beatles&titel=Sgt.+Peppers+Lonely+Hearts+Club+Band&cat=a|língua=sv|acessodata=1º de maio de 2013}}</ref>
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|-
|align="left"|{{UK}} ([[UK Albums Chart]])<ref>{{citar web|url=http://www.theofficialcharts.com/archive-chart/_/3/2009-09-19/ |título=UK Albums Chart |publicado=[[The Official Charts Company]] |acessodata=16 de novembro de 2010}}</ref>
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|}
{{col-2}}

{| class="wikitable" style="text-align:center;"
|+Tabelas de fim de ano
!País (Tabela musical)<br/>(1967)
!Posição
|-
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|align="left"|{{UK}} ([[UK Albums Chart]])<ref>{{citar web|arquivourl=https://web.archive.org/web/20071217020411/http://www.theofficialcharts.com/album_chart_history_1967.php|url=http://www.theofficialcharts.com/album_chart_history_1967.php|título=The Official UK Charts Company: Album Chart History|arquivodata=2007-12-17|acessodata=17 de dezembro de 2007|urlmorta=não}}</ref>
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|3
|-
!País (Tabela musical)<br/>(1968)
!Posição
|-
|align="left"|{{AUS}} ([[Australian Albums Chart]])<ref name="auchart" />
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|-
|align="left"|{{EUA}} ([[Billboard 200]])<ref>{{citar livro|url=http://books.google.com/books?id=736Mu91q_fcC&pg=PA230&lpg=PA230&dq=Beatles+Lonely+Hearts|título=Billboard - Top Pop Albums of 1968|acessodata=3 de maio de 2013}}</ref>
|6
|}

{| class="wikitable" style="text-align:center;"
|+Tabelas de fim de década
!País (Tabela musical)<br/>(1960-69)
!Posição
|-
|align="left"|{{UK}} ([[UK Albums Chart]])<ref name="UKYE69">{{citar web|arquivourl=https://web.archive.org/web/20071217020421/http://www.theofficialcharts.com/album_chart_history_1969.php|url=http://www.theofficialcharts.com/album_chart_history_1969.php|título=The Official UK Charts Company : ALBUM CHART HISTORY|arquivodata=2007-12-17|acessodata=17 de dezembro de 2007|urlmorta=não}}</ref>
|1
|}

=== Certificações ===
{|class="wikitable sortable"
! País ([[Certificações de vendas de discos no mundo|Empresa]])
! Certificação
|-
| {{ALE}} ([[Bundesverband Musikindustrie|BVMI]])
| {{Certificação|Platina|}}<ref>{{Citar certificação|país=Alemanha|artista=The Beatles|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|tipo=álbum|acessodata=22 de abril de 2015}}</ref>
|-
| {{ARG}} ([[Cámara Argentina de Productores de Fonogramas y Videogramas|CAPIF]])
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|-
| {{ARG}} ([[Cámara Argentina de Productores de Fonogramas y Videogramas|CAPIF]])
| {{Certificação|Platina|3}}<ref name="ReferenceA"/>
|-
| {{AUS}} ([[Australian Recording Industry Association|ARIA]])
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|-
| {{BRA}} ([[Associação Brasileira dos Produtores de Discos|ABPD]])
| {{Certificação|Ouro|}}<ref>{{Citar certificação|país=Brasil|artista=The Beatles|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|tipo=álbum|acessodata=22 de abril de 2015}}</ref>
|-
| {{CAN}} ([[Music Canada]])
| {{Certificação|Platina|8}}<ref>{{Citar certificação|país=Canadá|artista=The Beatles|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|tipo=álbum|acessodata=22 de abril de 2015}}</ref>
|-
| {{EUA}} ([[Recording Industry Association of America|RIAA]])
| {{Certificação|Platina|11}}<ref>{{Citar certificação|país=Estados Unidos|artista=The Beatles|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|tipo=álbum|acessodata=22 de abril de 2015}}</ref>
|-
| {{FRA}} ([[Syndicat National de l'Édition Phonographique|SNEP]])
| {{Certificação|Ouro|}}<ref>{{Citar certificação|país=França|artista=The Beatles|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|tipo=álbum|acessodata=22 de abril de 2015}}</ref>
|-
| {{ITA}} ([[Federazione Industria Musicale Italiana|FIMI]])
| {{Certificação|Ouro|}}<ref>{{Citar certificação|país=Itália|artista=The Beatles|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|tipo=álbum|acessodata=22 de abril de 2015}}</ref>
|-
| {{JAP}} ([[Oricon]])
| {{Certificação|}}<ref>{{Citar certificação|país=Japão|artista=The Beatles|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|tipo=álbum|acessodata=22 de abril de 2015}}</ref>
|-
| {{NZL}} ([[Recorded Music NZ|RMNZ]])
| {{Certificação|Platina|6}}<ref>{{Citar certificação|país=Nova Zelândia|artista=The Beatles|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|tipo=álbum|acessodata=22 de abril de 2015}}</ref>
|-
| {{UK}} ([[British Phonographic Industry|BPI]])
| {{Certificação|Platina|3}}<ref>{{Citar certificação|país=Reino Unido|artista=The Beatles|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|tipo=álbum|acessodata=22 de abril de 2015}}</ref>
|}
{{fim}}

== Ver também ==
* [[Lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame]]
* [[Álbuns mais vendidos do mundo]]
* [[Lista dos 500 melhores álbuns de sempre da revista Rolling Stone]]
* [[Álbuns número um na Billboard 200 em 1967]]

== Ligações externas ==
{{Correlatos|título=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|commonscat=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band|wikiquote=The Beatles |wikidata=Q169226}}
* {{Oficial|http://www.thebeatles.com/album/sgt-peppers-lonely-hearts-club-band|en}}
* {{Discogs master|master=23934|type=album|name=Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band}}

{{Notas}}
{{Referências}}

== Bibliografia ==
{{Refbegin}}
* {{citar livro|primeiro =Nick|último =Awde|título=Mellotron : The Machines and the Musicians that Revolutionised Rock|publicado=Bennett & Bloom|ano=2008|isbn=978-1-898948-02-5|ref=harv}}
* {{citar livro|último1 =Babiuk|primeiro1 =Andy|editor-sobrenome1 =Bacon|editor-nome1 =Tony|título=Beatles Gear: All the Fab Four's Instruments, from Stage to Studio|ano=2002|publicado=Backbeat Books|edição=Revis|isbn=978-0-87930-731-8|url=http://books.google.com/books?id=Eo743Uh2UOEC&dq|ref=harv}}
* {{citar livro|último =Blaney|primeiro =John|ano=2007|título=Lennon and McCartney: Together Alone|publicado=Jawbone Press|edição=1st|isbn=978-1-906002-02-2|url=|ref=harv}}
* {{citar livro|editor-sobrenome1 =Sawyers|editor-nome1 =June Skinner|título=Read the Beatles: Classic and New Writings on the Beatles, Their Legacy, and Why They Still Matter|capítulo= Robert Christgau: 'Secular Music', from ''Esquire'' magazine|último =Christgau|primeiro =Robert|anooriginal=dezembro de 1967|ano=2006|publicado=Penguin Books|url= http://books.google.com/books?id=EIgR8wbhPDoC&dq |isbn=978-0-14-303732-3|ref=harv}}
*{{citar livro|último =Cross|primeiro =Craig|título=The Beatles: Day-by-day, Song-by-song, Record-by-record|ano=2005|isbn=978-0-595-34663-9}}
* {{citar livro|último =Crouse|primeiro =Richard|título=Big Bang, Baby|ano=2000|publicado=Dundurn|isbn=978-0-88882-219-2|url=http://books.google.com/books?id=dYFv3ifE0f4C&dq |ref=harv}}
* {{citar livro|último =Davies|primeiro =Hunter|autorlink =Hunter Davies|título=The Beatles|ano=2009|anooriginal=1968|edição=Revis and updat|publicado=W.W. Norton|isbn=978-0-393-33874-4|url= http://books.google.com/books?id=WpsszVLFsMEC&dq |ref=harv}}
* {{citar livro|editor-sobrenome1 =Wolf|editor-nome1 =Werner|editor-sobrenome2 =Bernhart|editor-nome2 =Walter|último = Elicker|primeiro =Martina|capítulo=Concept Albums: Song Cycles in Popular Music|ano=2001|título=Essays on the Song Cycle and on Defining the Field|publicado=Rodopi B.V.|url=http://books.google.com/books?id=tVPFUS7FIAQC&pg=PA227#v=onepage&q&f=false|isbn=978-90-420-1565-4|ref=harv}}
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{{Começa caixa}}
{{Caixa de sucessão
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{{The Beatles}}
{{Canções de The Beatles}}
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{{Brit Award de Álbum Britânico do Ano}}
{{Portal3|Arte|Música|The Beatles|Inglaterra}}
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{{artigo destacado}}

{{DEFAULTSORT:Sgt. Peppers's Lonely Hearts Club Band}}
[[Categoria:Álbuns de 1967]]
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