Mostrar código-fonte de Establishment

Na [[sociologia]] e na [[ciência política]], o termo "'''''establishment'''''"{{nre|Sem possibilidade de aportuguesamento para "estabelecimento" devido à distinta semântica entre os dois termos.<ref>{{Citar web|ultimo=Carvalho|primeiro=Ulisses Wehby de|url=https://www.teclasap.com.br/establishment/|titulo=ESTABLISHMENT: qual é o significado e a tradução do anglicismo?|data=2011-05-30|acessodata=2023-04-23|website=Tecla SAP|lingua=pt-BR}}</ref>}} descreve o [[Grupo (sociologia)|grupo social]] dominante, a [[elite]] que controla uma [[política]], uma [[organização]] ou uma [[instituição]]. Na [[práxis]] do [[poder]], o ''establishment'' geralmente é uma elite fechada e autosselecionada entrincheirada em instituições específicas — portanto, uma [[classe social]] relativamente pequena pode exercer todo o controle [[Sociologia política|sócio-político]].<ref>“The Establishment”, ''The New Fontana Dictionary of Modern Thought'' Third Edition (1999) Alan Bullock and Stephen Trombley, Eds., pp. 283–284.</ref>

Em 1955, o [[jornalista]] [[Henry Fairlie]] popularizou o uso contemporâneo do termo ''establishment'' para denotar a rede de pessoas socialmente proeminentes e politicamente importantes:

{{quote|Por ‘''establishment''’ não quero dizer apenas os centros do poder oficial — embora certamente façam parte dele — mas sim toda a matriz de relações oficiais e sociais dentro das quais o poder é exercido. O exercício do poder na [[Grã-Bretanha]] (mais especificamente, na [[Inglaterra]]) não pode ser entendido a menos que se reconheça que é exercido socialmente.<ref>{{citar jornal|url=http://archive.spectator.co.uk/page/23rd-september-1955/5 |último=Fairlie |primeiro=Henry |autorlink=Henry Fairlie |título=Political Commentary |obra=The Spectator |páginas=5–7 |data=23 de setembro de 1955 |acessodata=22 de junho de 2022}}</ref>}}

Consequentemente, o termo ''establishment'' tornou-se de uso comum na [[imprensa]] de [[Londres]];<ref>however, that usage already had occurred in the late 19th century, in 1882, when [[Ralph Waldo Emerson]] used the term as politics: “There are always two parties, the party of the Past and the party of the Future: the Establishment and the Movement.” See {{citar revista|autorlink=Henry Fairlie |último1=Fairlie |primeiro1=Henry |título=Evolution of a Term |url=http://www.newyorker.com/archive/1968/10/19/1968_10_19_173_TNY_CARDS_000293928 |revista=[[The New Yorker]] |data=19 de outubro de 1968}} and Darrel Abel, ''Democratic Voices and Vistas'' (2002) p. 2.</ref> O ''[[Oxford English Dictionary]]'' cita a coluna de Fairlie originando os usos [[britânicos]] do termo ''establishment'', como na [[igreja]] estabelecida denotando a oficial [[Igreja Anglicana]].<ref>Wodak, Ruth. "The “Establishment”, the “Élites”, and the “People”, ''Journal of Language and Politics'' 16.4 (2017): 551-565.</ref> Além disso, no [[jargão]] sociológico, um [[Êmica e ética|estranho]] é a pessoa que não é membro do ''establishment''.<ref>{{citar livro|primeiro1= Norbert |último1= Elias |author-link1= Norbert Elias |primeiro2= John L |último2= Scotson |título= The Established and the Outsiders |ano= 1965 |oclc= 655412048 | url = https://books.google.com/books?id=LhEZAAAAIAAJ}}{{Page needed|date= May 2012}}</ref><ref>{{citar livro|primeiro1= Norbert |último1= Elias| author-link1= Norbert Elias|primeiro2= Herminio |último2= Martins|primeiro3= Richard |último3= Whitley|título= Scientific Establishments and Hierarchies|ano= 1982 |publicado= Reidel|local= Dordrecht |isbn= 978-90-277-1322-3| url = https://books.google.com/books?id=AKu1BwAAQBAJ|página= 4 |citação= Those who are outsiders, in relation to a given establishment, as a rule, have on their part resources needed by the establishments' members.... Established and outsiders, in other words, have specific functions for each other. No established-outsider relationship is likely to maintain itself for long without some reciprocity of dependence.... Members of an establishment usually are very careful to maintain and, if possible, to increase the high dependence ratio of their outsider groups and thus the power differentials between these and themselves.}}</ref>

== Austrália ==
O termo ''establishment'' é freqüentemente usado na [[Austrália]] para se referir aos principais partidos políticos e também aos poderes por trás desses partidos. No livro, ''Anti-political Establishment Parties: A Comparative Analysis'' de Amir Abedi (2004),<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com/books?id=B8oPfqRUqOYC |título=Anti-political Establishment Parties: A Comparative Analysis - Amir Abedi - Google Buku |isbn=9780415319614 |acessodata=2015-05-13 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20161225084343/https://books.google.com/books/about/Anti_political_Establishment_Parties.html?id=B8oPfqRUqOYC&redir_esc=y |arquivodata=2016-12-25 |urlmorta= não|último1=Abedi |primeiro1=Amir |ano=2004 }}</ref> Amir Abedi refere-se ao [[Partido Trabalhista Australiano|Partido Trabalhista]] e aos Partidos de Coalizão (o [[Partido Liberal da Austrália|Partido Liberal]] e o [[Partido Nacional da Austrália|Partido Nacional/País]]) como partidos do ''establishment''.

== Hong Kong ==
O termo também é usado na política de [[Hong Kong]], onde [[Partido político|partidos políticos]], grupos [[Comunidade|comunitários]], câmaras de [[comércio]], [[sindicato]]s e [[indivíduo]]s que cooperam e são [[Lealdade|leais]] ao [[Partido Comunista da China]] e ao [[governo de Hong Kong]] [[Transferência da soberania de Hong Kong|pós-transferência]] são rotulados (na maioria das vezes autodenominada) "[[Campo pró-Pequim (Hong Kong)|pró-Pequim]]" ou "[[Campo pró-Pequim (Macau)|pró-establishment]]". O termo apareceu pela primeira vez em 2004.<ref>Sonny Shiu-Hing Lo, Steven Chung-Fun Hung, and Jeff Hai-Chi Loo. "The Democratic Alliance for the Betterment and Progress of Hong Kong as Flagship of China's United Front Work." in ''China's New United Front Work in Hong Kong'' (Palgrave Macmillan, Singapore, 2019) pp. 43-75.</ref>

== Irlanda ==
O termo "Irlanda oficial" é comumente usado na República da [[Irlanda]] para denotar a [[Meios de comunicação social|mídia]], o ''establishment'' [[cultura]]l e [[Religião|religioso]].<ref>Elaine Byrne, "OFFICIAL IRELAND" [http://www.macgillsummerschool.com/official-ireland/ ''McGill Summer School 2019''.]</ref>

== Reino Unido ==
O [[Reino Unido]] tem numerosos grupos entrincheirados que são considerados formadores do ''establishment'': estes incluem a [[Família real britânica|família real]], a [[Pariato do Reino Unido|aristocracia]], a pequena [[nobreza]], o [[Conselho Privado do Reino Unido|conselho privado]], altos [[Serviço Público (Reino Unido)|funcionários públicos]], [[advogado]]s, [[Academia|acadêmicos]], [[Clero|clérigos]] da Igreja da Inglaterra, [[Finanças|financistas]], [[Aristocracia operária|industriais]], [[forças armadas]] e outros [[Trabalhador|profissionais]].<ref>{{citar jornal|último1=Jones |primeiro1=Owen |título=The establishment uncovered: how power works in Britain |url=https://www.theguardian.com/society/2014/aug/26/the-establishment-uncovered-how-power-works-in-britain-elites-stranglehold |obra=The Guardian |data=26 de agosto de 2014}}</ref><ref>Peter Hennessy, ''The great and the good: An inquiry into the British establishment'' (Policy Studies Institute, 1986).</ref>

== Estados Unidos ==
[[Imagem:Beacon Hill and Massachusetts State House P1010887.jpg|thumb|[[Beacon Hill (Boston)|Beacon Hill]], um proeminente bairro brâmane de Boston.<ref>{{citar livro|título=The Urban Establishment: Upper Strata in Boston, New York, Charleston, Chicago, and Los Angeles|primeiro=Frederic |último=Cople Jaher|ano=1982| isbn=9780252009327|página=25|publicado=University of Illinois Press|citação=}}</ref>]]
Nos [[Estados Unidos]], o termo ''establishment'' normalmente se refere ao [[Forma de governo|sistema político]] [[Bipartidarismo|bipartidário]], no qual o [[Partido Republicano (Estados Unidos)|Partido Republicano]] e o [[Partido Democrata (Estados Unidos)|Partido Democrata]] geralmente são vistos como iguais em suas políticas antitrabalhistas, políticas pró-federais e defesa de interesses [[Corporação|corporativos]]. O uso refere-se à cunhagem original do termo ''establishment'' em 1955, referindo-se à intrincada matriz de poder e conexões entre corporações, políticos, [[Agência governamental|agências governamentais]] e alguns grupos sociais.

O ''establishment'' também se referia aos [[WASP|protestantes anglo-saxões brancos]] (WASPs), que constituíam a maioria das elites sociais que dominaram a [[Povo dos Estados Unidos|sociedade]], a [[Cultura dos Estados Unidos|cultura]] e a [[Política dos Estados Unidos|política]] americanas durante a maior parte da [[história dos Estados Unidos]], desfrutando de vantagens na [[educação]], [[Sufrágio|direitos de voto]] e propriedade da terra. Na década de 1950, a [[Nova Esquerda]] criticou a [[hegemonia]] dos WASPs na sociedade americana.<ref>By the 1950s, the emerging New Left was "thumbing their noses at the stuffy white, Anglo-Saxon, Protestant establishment." W. J. Rorabaugh, "Challenging Authority, Seeking Community, and Empowerment in the New Left, Black Power, and Feminism," ''Journal of Policy History'' (Jan 1996) vol 8 p. 110.</ref> Algumas famílias americanas proeminentes mantiveram uma riqueza desproporcional e exerceram poder político desproporcional ao longo das décadas. Especialistas falam sobre o que [[Charles Wright Mills|C. Wright Mills]] chamou de "elite do poder",<ref>G. William Domhoff,  ''The power elite and the state.'' (Routledge, 2017).</ref><ref>Mark S. Mizruchi, "The Power Elite in historical context: a reevaluation of Mills's thesis, then and now." ''Theory and Society'' 46.2 (2017): 95-116.</ref> e sobre comunidades de [[liderança]] em áreas políticas como a [[política externa]].<ref>Priscilla Roberts,  "'All the Right People': The Historiography of the American Foreign Policy Establishment." ''Journal of American Studies'' 26.3 (1992): 409-434. [https://www.researchgate.net/profile/Priscilla_Roberts/publication/231747954_All_the_Right_People_The_Historiography_of_the_American_Foreign_Policy_Establishment_Prize-winning_article_1993_runner-up_Arthur_Miller_Prize_for_best_British_article_in_American_studies_British_Assoc/links/5830c66508aef19cb817fb67/All-the-Right-People-The-Historiography-of-the-American-Foreign-Policy-Establishment-Prize-winning-article-1993-runner-up-Arthur-Miller-Prize-for-best-British-article-in-American-studies-British-As.pdf online]</ref> Muitas dessas famílias costumam ter laços com cidades mais antigas da [[Costa Leste dos Estados Unidos|Costa Leste]], como [[Boston]], [[Nova Iorque]], [[Filadélfia]] e [[Newport (Rhode Island)|Newport]], [[Rhode Island]]. Um desses grupos de famílias de elite interconectadas é o dos [[Elite de Boston|brâmanes de Boston]]. Muitos no estabelecimento da Costa Leste têm laços com faculdades da [[Ivy League]] e escolas preparatórias na [[Nova Inglaterra]] e no [[Nordeste]].<ref>Donhoff, G. William, ''Who Rules America?'', Prentice Hall, 1967.</ref> No sul dos Estados Unidos, as [[primeiras famílias da Virgínia]] são um exemplo do ''establishment''.

Tradicionalmente, as famílias de WASPs e [[Protestantismo|protestantes]] têm sido associadas a denominações episcopais (ou anglicanas), [[Presbiterianismo|presbiterianas]], [[Metodismo|metodistas unidas]], [[Congregacionalismo|congregacionalistas]] e outras denominações [[Protestantismo de linha principal|protestantes tradicionais]].<ref name="Davidson & Pyle">{{citar periódico|primeiro1=James D. |último1=Davidson |primeiro2=Ralph E. |último2=Pyle |primeiro3=David V. |último3=Reyes |título=Persistence and Change in the Protestant Establishment, 1930-1992 |periódico=[[Social Forces]] |volume=74 |número=1 |ano=1995 |páginas=157–175 [p. 164] |doi=10.1093/sf/74.1.157 |jstor=2580627}}</ref> De acordo com o [[Pew Research Center]] a [[Igreja episcopal|Igreja Episcopal]] "muitas vezes tem sido vista como a instituição religiosa mais intimamente associada ao estabelecimento americano, produzindo muitos dos líderes mais importantes da nação na política e nos negócios."<ref>{{Citar web|primeiro = Michael |último = Lipka|url= https://www.pewresearch.org/fact-tank/2018/07/02/5-facts-about-episcopalians/ |título=5 facts about Episcopalians |data=2 de julho de 2018 |publicado=Pew Research Center}}</ref>

== Ver também ==
{{div col}}
* [[Anti-establishment]]
* [[Areópago]]
* [[Corporativismo]]
* [[Elitismo]]
* [[Governança]]
* [[Nomenklatura]]
* [[Oligarquia]]
* [[Populismo]]
* [[Totalitarismo]]
{{div col end}}

{{Notas}}
{{Referências}}

== Bibliografia ==
{{Refbegin}}
*{{citar periódico|último1=Burch |primeiro1=Philip H. Jr. |título=The American establishment: Its historical development and major economic components. |periódico=Research in Political Economy |data=1983 |volume=6 |páginas=83–156 }}
* Campbell, Fergus. ''The Irish Establishment 1879–1914'' (2009)
* Dogan, Mattéi, ''Elite configurations at the apex of power'' (2003)
* Hennessy, Peter. ''The great and the good: an inquiry into the British establishment'' (Policy Studies Institute, 1986)
* Jones, Owen. ''The Establishment – and how they get away with it'' (Penguin, 2015)
* Kauppi, N. and Madsen, M.R., eds. ''Transnational Power Elites: The New Professionals of Governance, Law and Security'' (Routledge, 2013). [https://jyx.jyu.fi/bitstream/handle/123456789/63625/1/nonelected%20political%20elites%20nk%201062016.pdf online]
* Page, E.C. ''People Who Run Europe'' (1997).
* Rovere, Richard. ''The American establishment and other reports, opinions, and speculations'' (1962), a famous spoof; [http://archive.wilsonquarterly.com/sites/default/files/articles/WQ_VOL2_SU_1978_Article_05.pdf it is online]
* Silk, Leonard Solomon and Mark Silk. ''American Establishment'' (1980)
* Valentine, C. ''The British Establishment, 1760-1784: An Eighteenth-Century Biographical Dictionary'' (University of Oklahoma Press, 1970)
* Wodak, Ruth. "The “Establishment”, the “Élites”, and the “People”." ''Journal of Language and Politics'' 16.4 (2017): 551-565. [https://eprints.lancs.ac.uk/86929/1/Who_is_who2017revised.pdf online]
{{Refend}}
{{Portal3|Política|Sociologia}}
{{Título em itálico}}

[[Categoria:Palavras, frases e expressões em inglês]]
[[Categoria:Sociolinguística]]
[[Categoria:Sociologia]]