Mostrar código-fonte de Classe Reina Victoria Eugenia

{{Info/Classe de navio
|título         = Classe ''Reina Victoria Eugenia''
|origem         = {{flag|Espanha|1785}}
|utilizadores   = [[Armada Espanhola]]
|antecedido     = {{navio|Classe|España}}
|planejados     = 3
|tipo           = [[Couraçado]]
|deslocamento   = {{formatnumif|21300}} t
|propulsão      = 4 hélices<br/>4 [[Turbina a vapor|turbinas a vapor]]
|velocidade     = 21 [[Nó (unidade)|nós]] (39 km/h)
|armamento      = 8 canhões de 343 mm<br/>20 canhões de 152 mm
}}
A '''Classe ''Reina Victoria Eugenia''''' foi uma [[Classe (navio)|classe]] de [[couraçado]]s planejada pela [[Armada Espanhola]], composta pelo ''Reina Victoria Eugenia'' e duas embarcações chamadas provisoriamente de B e C. A classe foi concebida para suplementar a predecessora [[Classe España|Classe ''España'']] e levar em conta desenvolvimentos navais recentes de couraçados estrangeiros. Teria um deslocamento de 21 mil toneladas, um armamento principal de oito canhões de 343 milímetros e um sistema de propulsão com [[Turbina a vapor|turbinas a vapor]], mas outras especificações não foram decididas devido ao início da [[Primeira Guerra Mundial]] em 1914. A [[Espanha na Primeira Guerra Mundial|Espanha declarou sua neutralidade]] e a necessidade de novos couraçados desapareceu, com o governo abandonando o projeto.

==Antecedentes==
A [[Restauração Bourbon na Espanha|Espanha]] sofreu perdas desastrosas na [[Guerra Hispano-Americana]] de 1898 e carecia do dinheiro para reconstruir sua armada, mas mesmo assim o comando naval fez repetidos pedidos por fundos a fim de iniciar uma reconstrução. As [[Cortes Gerais (Espanha)|Cortes Gerais]] não concederam o financiamento para as primeiras duas tentativas, o Plano de Frota de 1903 e o Plano de Frota de 1905.<ref> {{harvnb|Fernandez|Mitiukov|Crawford|2007|pp=63, 65}} </ref> Desenvolvimentos internacionais logo aumentaram o apoio pela reconstrução da frota. O expansionismo da [[Império Alemão|Alemanha]] fez [[Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda|Reino Unido]] e a [[Terceira República Francesa|França]] superarem  sua tradicional rivalidade e firmarem a ''[[Entente Cordiale]]''. O acordo afetava a Espanha diretamente porque resolvia questões sobre o controle do [[Protetorado Espanhol em Marrocos|Marrocos]] e colocava [[Tânger]] sob controle anglo-franco-espanhol. O acordo aproximou a Espanha do Reino Unido e França, levando a uma troca de mensagens entre os três governos e maio de 1907 que criaram um acordo informal para fazer frente contra a Alemanha e seus aliados. O Reino Unido concentraria a maior parte da [[Marinha Real Britânica]] no [[Mar do Norte]] enquanto a [[Armada Espanhola]] daria apoio para a [[Marinha Nacional Francesa]] no [[Mar Mediterrâneo]] contra a força combinada da [[Marinha Austro-Húngara]] e [[Marinha Real Italiana]].<ref> {{harvnb|Rodríguez González|2018|pp=268–270}} </ref>

Nesta altura na Espanha, um novo governo liderado por [[Antonio Maura]] tinha assumido o poder, fazendo a armada tentar novamente com o Plano de Frota de 1907, que desta vez foi foi aprovado pelas Cortes Gerais e se tornou em 7 de janeiro de 1908 a Lei Naval. Ela autorizava três a construção de [[couraçado]]s, que se tornariam a [[Classe España|Classe ''España'']], mais vários [[contratorpedeiro]]s e [[Barco torpedeiro|barcos torpedeiros]]. O tamanho dos couraçados era limitado em quinze mil toneladas devido às instalações navais espanholas existentes, pois a Espanha não tinha dinheiro suficiente para construir os navios e dragar portos e ampliar seus estaleiros para poderem acomodar embarcações maiores.<ref> {{harvnb|Fernandez|Mitiukov|Crawford|2007|p=65}} </ref><ref> {{harvnb|Rodríguez González|2018|pp=270–271}} </ref>

O atraso nas aprovações dos navios permitiu que a Espanha tirasse vantagem da experiência adquirida pelas outras grandes potências navais que já tinham construído couraçados no novo estilo [[dreadnought]]. A Armada Espanhola tinha pouca experiência na construção de navios capitais, assim ela emitiu especificações e pediu propostas de estaleiros estrangeiros, conseguindo participações vindas do Reino Unido, França, [[Reino de Itália (1861–1946)|Itália]] e [[Áustria-Hungria]]. As melhores características de cada candidatura foram coletadas pela armada e esta fez seus próprios melhoramentos, entregando então o contrato para a Sociedad Española de Construcción Naval (SECN), um consórcio criado pelos estaleiros britânicos [[Armstrong Whitworth]], [[Vickers Limited|Vickers]] e [[John Brown & Company]]. A SECN também foi contratada para construir um estaleiro em [[Ferrol]] onde os couraçados seriam construídos.<ref name=fitzsimons856 > {{harvnb|Fitzsimons|1978|p=856}} </ref><ref> {{harvnb|Fernandez|Mitiukov|Crawford|2007|pp=66–72}} </ref>

Os repetidos atrasos nos programas espanhóis acabaram também trabalhando para seu detrimento, pois a Classe ''España'' foi rapidamente superada por navios estrangeiros maiores e mais poderosos.<ref name=fitzsimons856 /> A necessidade de mais couraçados ficou aparente em 1912, assim o [[Presidente do Governo da Espanha|presidente do governo]] [[José Canalejas]] defendeu mais três embarcações. Canalejas foi assassinado no final do ano, com seu sucessor [[Álvaro Figueroa y Torres, 1.º Conde de Romanones|Álvaro Figueroa]] e o Ministro da Marinha, Amalio Gimeno, conseguindo aprovar o Plano da Segunda Esquadra. Este previa uma esquadra com três couraçados de 21,3 mil toneladas para suplementar a Classe ''España'', mais dois cruzadores de reconhecimento, nove contratorpedeiros e três [[submarino]]s. Esses couraçados se tornariam a Classe ''Reina Victoria Eugenia''. Suas construções começariam em 1914 e 1915 e ficariam prontos até 1920.<ref> {{harvnb|Sturton|1985|p=376}} </ref><ref name=sturton144 > {{harvnb|Sturton|1987|p=144}} </ref><ref name=rodriguez274 > {{harvnb|Rodríguez González|2018|p=274}} </ref>

==Desenvolvimento==
A classe teria três navios, chamados ''Reina Victoria Eugenia'' e outros dois chamados provisoriamente de B e C.<ref name=sturton144 /> Foram projetados pela SECN com um deslocamento de 21,3 mil toneladas e velocidade máxima de 21 [[Nó (unidade)|nós]] (39 quilômetros por hora). Os planos iniciais eram para um armamento principal de oito canhões de 381 milímetros em quatro [[Torre de artilharia|torres de artilharia]] duplas, porém dificuldades financeiras resultaram na adoção de oito canhões de 343 milímetros, que mesmo assim teriam um alcance maior do que a maioria dos couraçados contemporâneos.<ref> {{harvnb|Garzke|Dulin|1985|p=438}} </ref> O armamento secundário seria de vinte canhões de 152 milímetros.<ref name=sturton144 /> O sistema de propulsão teria quatro [[Turbina a vapor|turbinas a vapor]] Parsons, cada uma girando uma hélice. Outras especificações nunca chegaram a ser decididas ou não sobreviveram ao tempo, porém segundo o historiador Ian Sturton é provável que o arranjo da bateria principal fosse similar aos couraçados britânicos, com duas torres sobrepostas à vante e duas sobrepostas à ré, mais duas chaminés próximas uma da outra.<ref> {{harvnb|Sturton|1985|p=378}} </ref>

A equipe de projeto preferia as armas de 381 milímetros, assim o presidente do governo [[Eduardo Dato]] e o almirante Augusto Miranda, o Ministro da Marinha, autorizaram em 1913 uma revisão com os canhões maiores, o que necessitaria de um aumento do deslocamento para pelo menos 25 mil toneladas. Os canhões, placas de blindagem e sistemas de controle de disparo seriam fabricados no Reino Unido, necessitando também de significativa assistência técnica britânica em geral. O início da [[Primeira Guerra Mundial]] em julho de 1914 atrapalhou os planos. A Itália declarou sua neutralidade e a Espanha fez o mesmo pouco depois, pois a Armada Espanhola seria desnecessária na contenção da Marinha Austro-Húngara, algo que a Marinha Nacional Francesa poderia fazer por conta própria. Desta forma a necessidade estratégica de novos couraçados desapareceu, assim Miranda imediatamente decidiu reduzir o programa de construção naval para se focar em cruzadores, contratorpedeiros e submarinos, pois eram alternativas mais baratas. O programa revisado foi aprovado pelas Cortes Gerais em 30 de julho de 1914. A armada considerou após o fim da guerra outro programa de construção com quatro [[Cruzador de batalha|cruzadores de batalha]] com deslocamento de aproximadamente 30,5 mil toneladas, mas isto foi considerado muito ambicioso e o plano nunca chegou a ser formalmente apresentado.<ref name=rodriguez274 /><ref> {{harvnb|Sturton|1985|pp=376, 379}} </ref><ref> {{harvnb|Fernandez|Mitiukov|Crawford|2007|p=73}} </ref>

==Referências==
{{reflist|3}}

==Bibliografia==
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* {{citar periódico|ultimo1=Fernández|primeiro1=Rafael|ultimo2=Mitiukov|primeiro2=Nicholas|ultimo3=Crawford|primeiro3=Kent|mês=março|ano=2007|título=The Spanish Dreadnoughts of the ''España'' class|local=Toledo|editora=International Naval Research Organization|jornal=Warship International|volume=44|número=1|issn=0043-0374|ref=harv }}
* {{citar livro|ultimo1=Fitzsimons|primeiro1=Bernard|ano=1978|capítulo=España|título=The Illustrated Encyclopedia of 20th Century Weapons and Warfare|volume=8|local=Milwaukee|editora=Columbia House|isbn=978-0-8393-6175-6|ref=harv }}
* {{citar livro|ultimo1=Garzke|primeiro1=William H.|ultimo2=Dulin|primeiro2=Robert O.|ano=1985|título=Battleships: Axis and Neutral Battleships in World War II|local=Annapolis|editora=Naval Institute Press|isbn=978-0-87021-101-0|ref=harv }}
* {{citar livro|ultimo1=Rodríguez González|primeiro1=Agustín Ramón|ano=2018|capítulo=The Battleship ''Alfonso XIII'' (1913)|editor=Taylor, Bruce|título=The World of the Battleship: The Lives and Careers of Twenty-One Capital Ships of the World's Navies, 1880–1990|local=Barnsley|editora=Seaforth Publishing|isbn=978-0-87021-906-1|ref=harv }}
* {{citar livro|ultimo1=Sturton|primeiro1=Ian|ano=1985|capítulo=Spain|editor=Gardiner, Robert; Gray, Randal|título=Conway's All the World's Fighting Ships 1906–1921|local=Londres|editora=Conway Maritime Press|isbn=978-0-85177-245-5|ref=harv }}
* {{citar livro|ultimo1=Sturton|primeiro1=Ian|ano=1987|título=Conway's All The World's Battleships: 1906 to the Present|local=Annapolis|editora=Naval Institute Press|isbn=978-0-85177-448-0|ref=harv }}
{{-fim}}

{{Classe Reina Victoria Eugenia}}
{{Portal3|Náutico|Espanha}}

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[[Categoria:Couraçados da Armada Espanhola]]
[[Categoria:Classes de couraçados]]
[[Categoria:Propostas de navios]]
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