Monóxido de carbono

composto químico
Monóxido de carbono
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC Monóxido de carbono
Óxido de carbono II
Outros nomes Óxido de carbono
Identificadores
Número CAS 630-08-0
PubChem 281
Número EINECS 211-128-3
ChemSpider 275
ChEBI 17245
Número RTECS FG3500000
Propriedades
Fórmula química CO
Massa molar 28 g mol-1
Aparência Gás incolor, e inodoro[1]
Densidade 1,25 kg·m−3 (0 °C)[2]
Ponto de fusão

−205,07 °C[2][1]

Ponto de ebulição

−191,55 °C[2][1]

Solubilidade em água 30 mg·l−1 (20 °C)[2]
Solubilidade Solúvel em clorofórmio, ácido acético, acetato de etila, etanol, hidróxido de amônio [carece de fontes?]
Momento dipolar 0.112 D [carece de fontes?]
Riscos associados
MSDS ICSC 0023
Classificação UE Pouco inflamável (F+)
Repr. Cat. 1
Tóxico (T)
Índice UE 006-001-00-2
NFPA 704
2
4
0
 
Frases R R61, R12, R23, R48/23
Frases S S53, S45
Ponto de fulgor -191 °C
Temperatura
de auto-ignição
605 °C[1]
LD50 40.000 ppm·2 min[2]
16.000 ppm·5 min[2]
8.000 ppm·10 min[2]
3.000 ppm·30 min[2]
1.500 ppm·60 min[2]
Compostos relacionados
Outros aniões/ânions Monossulfeto de carbono
Outros catiões/cátions Monóxido de silício
Óxido nítrico
Óxido de carbono relacionados Dióxido de carbono
Subóxido de carbono
Compostos relacionados Ácido fórmico
Níquel tetracarbonilo
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

O monóxido de carbono (CO) é um gás levemente inflamável,[3] inodoro e muito perigoso devido à sua grande toxicidade. É produzido pela queima em condições de pouco oxigênio (combustão incompleta) e/ou alta temperatura de carvão ou outros materiais ricos em carbono, como derivados de petróleo, por exemplo, pelos motores dos veículos.[4][5][6] Grande quantidade de subproduto de CO é formada durante os processos oxidativos para a síntese de produtos químicos. Por essa razão, os gases de processo precisam ser purificados. Por outro lado, esforços consideráveis ​​de pesquisa são feitos para otimizar as condições do processo,[7] desenvolver catalisadores com melhor seletividade[8] e entender os caminhos de reação que levam ao produto alvo e aos produtos secundários. Além disso, o monóxido de carbono realiza ligações estáveis com a hemoglobina, sendo mais tóxico para o corpo do que o dióxido de carbono.[9][10]

O monóxido de carbono é um agente redutor, retirando oxigênio de muitos compostos em processos industriais (formando CO), como na produção de ferro e outros metais a partir de seus minérios e hidrogênio a partir da água. Também se combina com o níquel metálico produzindo um composto volátil que é usado na purificação deste metal (processo Mond). Também é usado na síntese de vários compostos orgânicos, como ácido acético (processo Monsanto), plásticos, metanol, hidrocarbonetos,[11] carbonato de dimetilo[12] e formatos.

Foi utilizado[13] na Segunda Guerra Mundial pelos nazistas na eliminação sistemática de judeus e outros seres humanos considerados não arianos. Seis instalações foram criadas com esse objetivo: Bernburg, Brandenburg, Grafeneck, Hadamar, Hartheim e Sonnenstein. Estes campos de extermínio utilizavam o monóxido de carbono em sua forma pura, produzido quimicamente.

Também já foi muito usado como combustível, sob o nome de gás de síntese, que é feito passando-se vapor de água sobre carvão superaquecido, formando uma mistura de CO, hidrogénio, nitrogénio e dióxido de carbono.

Toxicidade

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Todas as pessoas e animais estão em risco de envenenamento por monóxido de carbono. Os sintomas mais comuns deste são dores de cabeça e no peito, tonturas, confusão, fraqueza, náuseas e vómitos, que podem facilmente ser confundidos com outras enfermidades (por exemplo constipação ou intoxicação alimentar), e em casos mais graves pode ocorrer perda da consciência e morte. Pode haver também, a longo prazo, sequelas cardíacas e neuronais posteriores a uma intoxicação.[14]

O monóxido de carbono, depois de inalado e difundido para os vasos sanguíneos, combina com a hemoglobina formando carboxihemoglobina, com muito mais afinidade do que o oxigénio (200 a 240 vezes superior), diminuindo a quantidade de hemoglobina disponível para o transporte de oxigénio. Pode, desta forma, ocorrer o desenvolvimento de hipóxia tecidual, caso os mecanismos compensatórios falhem em manter o fornecimento do oxigénio.[14]

Para além do já referido, o monóxido de carbono também inibe a citocromo C oxidase mitocondrial, tem efeitos a nível inflamatório e aumenta o estresse oxidativo perivascular.[14]

Os recém-nascidos, crianças pequenas, idosos e pessoas com doenças cardíacas crónicas, problemas respiratórios ou anemia são grupos de risco devido à sua maior suscetibilidade aos efeitos deste gás.[14]

A exposição a doses relativamente elevadas em pessoas saudáveis pode provocar problemas de visão, redução da capacidade de trabalho, redução da destreza manual, diminuição da capacidade de aprendizagem, dificuldade na resolução de tarefas e até mesmo levar a morte.

Concentrações abaixo de 400 ppm no ar causam dores de cabeça e acima deste valor são potencialmente mortais, tanto para plantas e animais quanto para alguns micro-organismos.

O monóxido de carbono está associado ao desenvolvimento de doença isquémica coronária, pensando-se que esse fato resulte da interferência com a oxigenação do miocárdio e do aumento da adesividade das plaquetas e dos níveis de fibrinogénio o que ocorre particularmente com os fumantes.

fisiologia humana normal

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O monóxido de carbono é produzido naturalmente pelo corpo humano como uma molécula sinalizadora. Assim, o monóxido de carbono pode ter um papel fisiológico no corpo humano, como um neurotransmissor ou relaxante dos vasos sanguíneos.[15] Devido ao papel do monóxido de carbono pelo corpo, as anormalidades em seu metabolismo foram associados a uma variedade de doenças, incluindo neurodegenerações, hipertensão, insuficiência cardíaca e inflamação patológica.[15]

Absorção: O monóxido de carbono existente no ar atmosférico atinge a corrente sanguínea através das vias aéreas.[carece de fontes?]

Distribuição: A inalação de ar contendo altos níveis de monóxido de carbono aumenta rapidamente a carboxihemoglobina (COHb) sanguínea pela ligação imediata e forte do monóxido de carbono à hemoglobina, o que permite a difusão de monóxido de carbono na corrente sanguínea. A inalação subsequente de ar isento de monóxido de carbono diminui progressivamente o gradiente até ao ponto de reversão, permitindo a libertação do monóxido de carbono através do ar alveolar. O gradiente de pressão arterial para o monóxido de carbono sanguíneo é geralmente muito maior do que o gradiente de oxigénio sanguíneo, pelo que a absorção de monóxido de carbono será um processo proporcionalmente mais rápido do que a sua eliminação. A taxa de libertação de monóxido de carbono é ainda afetada pelos produtos do metabolismo tecidual. Embora exista uma exposição contínua ao monóxido de carbono, apenas uma pequena quantidade de monóxido de carbono é difundido devido à existência de uma barreira significativa à difusão do monóxido de carbono no epitélio das vias sanguíneas, o que torna o processo de difusão e absorção extremamente lentos.[carece de fontes?]

Metabolização: Após distribuição pelos diferentes órgãos e tecidos, o monóxido de carbono sofre vários processos de metabolização, como a ligação a proteínas heme, metabolismo oxidativo e a produção metabólica de monóxido de carbono a partir de percursores endógenos e exógenos.[carece de fontes?]

Eliminação: Numa fase final, o monóxido de carbono absorvido é eliminado do organismo pelo ar exalado e pelo seu metabolismo oxidativo.[16][17][18][19]

Fontes de exposição

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O monóxido de carbono é formado quando os combustíveis (gás, derivados do petróleo, combustíveis sólidos e solventes) não são queimados completamente. É produzido ainda quer por fontes naturais quer por fontes produzidas por humanos. É comum encontrar em grandes concentrações em incêndios, no fumo libertado pelos automóveis e na indústria siderúrgica. Dentro de casa, as principais fontes são os fornos, aquecedores a gás os fogões a lenha e as ligações de gás mal efetuadas.[14]

Ver também

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Notas e referências

  1. a b c d MONOXYDE DE CARBONE, fiche de sécurité du Programme International sur la Sécurité des Substances Chimiques, consultée le 9 mai 2009
  2. a b c d e f g h i Registo de CAS RN 630-08-0 na Base de Dados de Substâncias GESTIS do IFA, accessado em 12 de Dezembro de 2007
  3. SERGIO, Mirza Pascoa Manuel de (2010). O segredo da vida - ciências naturais 7 classe. Maputo: texto Editores. 111 páginas 
  4. [www.scielo.br/pdf/jbchs/.../0103-5053-jbchs-27-12-2192.pdf «Emissions of Criteria and Non-Criteria Pollutants by a Flex-Fuel Motorcycle»] Verifique valor |url= (ajuda) (PDF). J. Braz. Chem. Soc.,. 27 (12). 2016 
  5. Tipanluisa, Luis E.; Remache, Abel P.; Ayabaca, Cesar R.; Reina, Salvatore W. (2017). «Polluting Emissions of a Spark Engine Operating at Two Heights with Two Qualities Fuels». Información tecnológica. 28 (1): 03–12. ISSN 0718-0764. doi:10.4067/S0718-07642017000100002 
  6. Egúsquiza, J. C.; Braga, S. L.; Braga, C. V. M. (junho de 2009). «Performance and gaseous emissions characteristics of a natural gas/diesel dual fuel turbocharged and aftercooled engine». Journal of the Brazilian Society of Mechanical Sciences and Engineering. 31 (2): 142–150. ISSN 1678-5878. doi:10.1590/S1678-58782009000200007 
  7. Kinetic studies of propane oxidation on Mo and V based mixed oxide catalysts (PDF). [S.l.: s.n.] 2011 
  8. «Multifunctionality of Crystalline MoV(TeNb) M1 Oxide Catalysts in Selective Oxidation of Propane and Benzyl Alcohol». ACS Catalysis (3(6)): 1103-1113. 2013 
  9. «Surface chemistry of phase-pure M1 MoVTeNb oxide during operation in selective oxidation of propane to acrylic acid» (PDF). Journal of Catalysis (285): 48-60. 2012. Arquivado do original (PDF) em 30 de outubro de 2016 
  10. «The reaction network in propane oxidation over phase-pure MoVTeNb M1 oxide catalysts» (PDF). Journal of Catalysis (311): 369-385. 2014. Arquivado do original (PDF) em 15 de fevereiro de 2016 
  11. Mazzone, L. C. A.; Fernandes, F. a. N. (julho de 2006). «Modeling of Fischer-Tropsch synthesis in a tubular reactor». Latin American applied research. 36 (3): 141–148. ISSN 0327-0793 
  12. Wang, Xiaoyan; Jia, Gan; Yu, Yuting; Gao, Yanfang; Zhang, Wen; Wang, Hong; Cao, Zhenzhu; Liu, Jinrong (2015). «A NEW HOMOGENEOUS ELECTROCATALYST FOR ELECTROCHEMICAL CARBONYLATION METHANOL TO DIMETHYL CARBONATE». Química Nova. ISSN 0100-4042. doi:10.5935/0100-4042.20150003 
  13. [1]
  14. a b c d e «Monóxido de carbono». 2015 
  15. a b «Monóxido de carbono:produção endógena,funções fisiológicas e aplicações farmacológicas». ASPET pharmacological reviews. Dezembro de 2005  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  16. SIPES, I (maio de 1982). «Casarett and Doull's toxicology: The basic science of poisons Second edition. Edited by J. Doull, C. D. Klaassen, and M. O. Amdur. Macmillan, 1980». Toxicology and Applied Pharmacology. 63 (3). 481 páginas. ISSN 0041-008X. doi:10.1016/0041-008x(82)90276-9 
  17. SAX, N. IRVING (maio de 1958). «Dangerous Properties of Industrial Materials». Soil Science. 85 (5). 287 páginas. ISSN 0038-075X. doi:10.1097/00010694-195805000-00012 
  18. Bentur, Yedidia (2005). «Hyperbaric Oxygen for Carbon Monoxide Poisoning». Toxicological Reviews. 24 (3): 153–154. ISSN 1176-2551. doi:10.2165/00139709-200524030-00004 
  19. Walzel, E. (1994). «S. Dobson: Cadmium-Environmental Aspekts. Environmental Health Criteria 135. 156 Seiten, 4 Abb. World Health Organization, Geneva 1992. Preis: 19,— Sw.fr.; 17,10 US $». Food / Nahrung. 38 (4): 454–454. ISSN 0027-769X. doi:10.1002/food.19940380435