Lucídio Portela Nunes
Lucídio Portela Nunes (Valença do Piauí, 8 de abril de 1922 – Teresina, 30 de outubro de 2015) foi um médico e político brasileiro, governador do estado do Piauí de 1979 a 1983.[1] É o irmão mais velho de Petrônio Portela Nunes, articulador da abertura política havida nos governos de Ernesto Geisel e João Figueiredo.[2]
Lucídio Portela | |
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Lucídio Portela | |
40° Governador do Piauí | |
Período | 15 de março de 1979 15 de março de 1983 |
Vice-governador | Waldemar Macedo |
Antecessor(a) | Djalma Veloso |
Sucessor(a) | Hugo Napoleão |
11° Vice-governador do Piauí | |
Período | 15 de março de 1987 31 de janeiro de 1991 |
Governador | Alberto Silva |
Antecessor(a) | Bona Medeiros |
Sucessor(a) | Guilherme Melo |
Senador pelo Piauí | |
Período | 1º de fevereiro de 1991 1º de fevereiro de 1999 |
Antecessor(a) | João Lobo |
Sucessor(a) | Alberto Silva |
Dados pessoais | |
Nascimento | 8 de abril de 1922 Valença do Piauí, PI, Brasil |
Morte | 30 de outubro de 2015 (93 anos) Teresina, PI, Brasil |
Alma mater | Universidade Federal do Rio de Janeiro |
Primeira-dama | Myriam Portela |
Partido | UDN, ARENA, PDS, PPR, PPB, PP |
Profissão | médico |
Assinatura |
Dados biográficos
editarFormação acadêmica
editarFilho de Eustáquio Portela Nunes e Maria Ferreira de Deus Nunes. Formado em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1947 com especialização em Pneumologia pelo Ministério da Saúde e pós-graduação em Radiologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e em Gestão Hospitalar pelo Ministério do Planejamento. Membro da Associação Piauiense de Medicina, integrou ainda a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e o Colégio Internacional de Cirurgiões.[3][4]
Sucessor político do irmão
editarDurante pelo menos três décadas sua atividade política resumiu-se a acompanhar a carreira do irmão sempre recusando um papel mais ativo na política estadual.[5] Tal postura mudou quando foi referendado pela ARENA para o cargo de governador do Piauí, após indicação feita pelo presidente Ernesto Geisel em 1978, sendo o último titular do Palácio de Karnak eleito pelo voto indireto.[6] Com a morte de Petrônio Portela em 1980, assumiu o comando do PDS no estado,[7] sendo que em 1982 o partido elegeu o governador Hugo Napoleão, o vice-governador Bona Medeiros e o senador João Lobo, num pleito onde os governistas venceram por ampla maioria.[8][nota 1]
Lucídio Portela deixou o governo em 15 de março de 1983,[2] mantendo-se afinado com o sucessor até que Hugo Napoleão aderiu à Frente Liberal ignorando a candidatura de Paulo Maluf à Presidência da República em favor de Tancredo Neves.[9][10][11] O resultado desse embate foi a criação do PFL, partido liderado por Hugo Napoleão e que recebeu a adesão de quase todos os pedessistas.[nota 2][nota 3] Aturdido pelo golpe, lançou a candidatura de sua esposa, Myriam Portela, à prefeitura de Teresina em 1985 visando aferir a extensão de seu capital político.[12] Em 1986 avalizou a coligação de seu partido com o PMDB e foi eleito vice-governador na chapa de Alberto Silva, até então o maior inimigo político de sua família, em especial de seu irmão Petrônio Portela. Como resultado, o PDS elegeu três deputados federais e seis deputados estaduais.[8]
Em 1990 o PDS rompeu com Alberto Silva e firmou uma coligação com o PFL denominada Frente de Recuperação do Piauí. Nela a chapa majoritária seria encabeçada por Freitas Neto, candidato a governador, enquanto o PDS indicou Guilherme Melo candidato a vice-governador e Lucídio Portela candidato a senador, todos vitoriosos ao final do pleito.[8] Durante sua estadia na Câmara Alta do Parlamento, Lucídio Portela absteve-se de votar na sessão de julgamento do impeachment de Fernando Collor em 1992.[3] Extinto o PDS no ano seguinte, migrou para o PPR e depois filiou-se ao PPB e PP, sucedâneos do mesmo.[13] Deixou a vida pública ao final de seu mandato como senador.
Ramificações familiares
editarAlém do irmão e da esposa mencionados anteriormente, outros familiares de Lucídio Portela atuaram na política piauiense ao longo dos anosː seu pai, Eustáquio Portela Nunes, foi prefeito de Valença do Piauí entre 1933 e 1935, retornando ao cargo via eleição direta pela UDN em 1948,[14] seu sobrinho, Marcelo Coelho, foi deputado estadual, seu ex-genro, Guilherme Melo, tornou-se governador do Piauí quando Freitas Neto renunciou ao cargo antes de eleger-se senador em 1994.[15] Entre abril e dezembro de 1998 seu irmão, Elói Portela, exerceu o mandato de senador enquanto Freitas Neto foi ministro extraordinário das Reformas Institucionais no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso.[16] Atualmente, sua filha, Iracema Portela, é deputada federal[17] e seu ex-genro, Ciro Nogueira, licenciou-se do mandato de senador para assumir a chefia da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro.[18][19]
Homenagens
editarO Terminal Rodoviário de Teresina é oficialmente "Terminal Rodoviário Governador Lucídio Portela" e uma escola da rede estadual de ensino localizada na referida cidade também leva o seu nome.
Notas
- ↑ Além disso, o PDS conquistou seis das nove vagas na Câmara dos Deputados e dezessete das vinte e sete cadeiras na Assembleia Legislativa do Piauí, além de assegurar o controle de 102 das 113 prefeituras em disputa (número elevado para 104 por causa da nomeação de Freitas Neto para prefeito de Teresina e a manutenção de Júlio César como prefeito de Guadalupe, por decisão de Hugo Napoleão), além de 774 vereadores entre 971 possíveis. O PMDB apresentou a candidatura do senador Alberto Silva e elegeu três deputados federais, dez estaduais, onze prefeitos e 194 vereadores. Já o PT elegeu três vereadores no município de Esperantina e teve José de Ribamar Santos como candidato a governador.
- ↑ Aderiram ao PFL o governador, o vice-governador e o senador eleitos no Piauí em 1982, assim como quatro dos seis deputados federais e dezesseis dos dezessete deputados estaduais eleitos pelo PDS (apenas um deputado ficou ao lado de Lucídio Portela, seu sobrinho Marcelo Coelho).
- ↑ Durante o governo Hugo Napoleão, Teresina e Guadalupe recuperaram a autonomia política e foi emancipado o município de Alagoinha do Piauí. Haviam então noventa e oito prefeitos filiados ao PFL, treze ao PMDB e cinco ao PDS.
Referências
- ↑ Redação (30 de outubro de 2015). «Morre aos 93 anos o ex-governador e senador do Piauí Lucídio Portela». g1.globo.com. G1 Piauí. Consultado em 10 de julho de 2022
- ↑ a b SANTOS, José Lopes dos. Novo Tempo Chegou. Brasília: Senado Federal, 1983.
- ↑ a b BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Lucídio Portela no CPDOC». Consultado em 10 de julho de 2022
- ↑ SANTOS, José Lopes dos. Política e Políticos: eleições 1986, v. II. Teresina: Gráfica Mendes, 1988.
- ↑ SANTOS, 1983; p.15.
- ↑ Redação (2 de setembro de 1978). «Lucídio é a força do clã Portela. Política e Governo – p. 05». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 10 de abril de 2012
- ↑ Redação (20 de janeiro de 1980). «Morte de Petrônio não muda o esquema político do Piauí. Política, p. 05». acervo.estadao.com.br. O Estado de S. Paulo. Consultado em 10 de julho de 2022
- ↑ a b c BRASIL. Tribunal Regional Eleitoral do Piauí. «Eleições Anteriores». Consultado em 10 de julho de 2022
- ↑ Redação (7 de fevereiro de 1984). «Lucídio adere a Maluf no Piauí. Primeiro Caderno, Política – p. 02». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 10 de julho de 2022
- ↑ Redação (20 de agosto de 1984). «Bases de Napoleão preferem a Frente. Primeiro Caderno, Política – p. 03». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 10 de julho de 2022
- ↑ Henrique Gonzaga Jr. (1 de novembro de 1984). «Tancredo diz ser o candidato da conciliação nacional. Política, p. 05». acervo.folha.com.br. Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de julho de 2022
- ↑ Redação (20 de março de 1985). «Lucídio rompe com Napoleão. Primeiro Caderno, Política – p. 03». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 10 de julho de 2022
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Lucídio Portela». Consultado em 10 de julho de 2022
- ↑ BASTOS, Cláudio de Albuquerque. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí. Teresina; Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1994.
- ↑ Bárbara Rodrigues (22 de abril de 2021). «Ex-governador Guilherme Melo morre aos 68 anos em hospital de Teresina». g1.globo.com. G1 Piauí. Consultado em 11 de julho de 2022
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Elói Portela». Consultado em 11 de julho de 2022
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia da deputada Iracema Portela». Consultado em 11 de julho de 2022
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Ciro Nogueira». Consultado em 11 de julho de 2022
- ↑ Redação (28 de julho de 2021). «Bolsonaro nomeia Ciro Nogueira para Casa Civil». g1.globo.com. G1. Consultado em 11 de julho de 2022