Juncaceae Juss. é uma família de monocotiledôneas, parte da ordem Poales, formada por 8 gêneros e 464 espécies reconhecidas[1]. São geralmente plantas herbáceas perenes, rizomatosas e de crescimento lento. São superficialmente semelhantes e muitas vezes confundidas com gramíneas[2]. A maior parte das espécies são capazes de utilizar solos úmidos e de baixa fertilidade.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaJuncaceae
Juncus hostii
Juncus hostii
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Plantae
Superdivisão: Spermatophyta
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Subclasse: Commelinidae
Ordem: Poales
Família: Juncaceae
Juss. (1789)
Géneros
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Descrição

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Apresentam caules cilíndricos não-lenhosos com até 100 cm de altura. Possuem folhas simples, alternadas e geralmente rentes ao caule formando uma capa[3][4]. Em algumas espécies, as folhas são reduzidas a ponto de não serem facilmente observáveis, se confundindo com o caule[4].

As flores são geralmente bissexuais, com algumas espécies dioicas, e apresentam estrutura trímera, com três pétalas e três sépalas (ou, em alguns casos, seis tépalas), dois a três estames e um pistilo trilocular[4]. Como em outras Poales, as flores são bastante reduzidas, com 3-6mm de comprimento, e organizadas em inflorescências que podem atingir até 6 cm de comprimento[4].

Ocorrência

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São plantas com distribuição ampla, presentes em regiões temperadas e árticas de todos os continentes exceto a Antártida[5][6]. São capazes de explorar ambientes muito diversos, com diferentes níveis de umidade e fertilidade. Várias espécies são especializadas para solos extremamente úmidos ou de drenagem ruim, caracterizando-as como espécies pantanosas e de galeria por excelência.

 
Riqueza de espécies de Juncaceae

No Brasil, sua distribuição é geralmente limitada a ambientes de clima ameno e regiões montanhosas, especialmente espalhadas ao longo da região Sul e dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e partes de Minas Gerais e Espírito Santo[7]. Entre as espécies encontradas em território brasileiro incluem-se uma do gênero Luzula (no caso, Luzula campestris) e onze espécies do gênero Juncus (incluindo Juncus acutus, J. krausii, J. tenuis, J. capillaceus, J. effusus, J. conglomeratus/leersi, J. marginatus, J. microcephalus, J. densiflorus, J. ustulatus, J. michranthus).

Taxonomia

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A família Juncaceae é composta por oito gêneros, com a maior parte das espécies concentradas nos gêneros Juncus e Luzula[1][5][6]. Os gêneros restantes são geralmente pequenos e predominantemente neotropicais[5]. Juncus aparenta ser um gênero parafilético, enquanto Luzula é monofilético[5][6]. A relação entre esses e os outros gêneros é relativamente mal resolvida[6]. Juncaceae parece ter evoluído em ambientes abertos e relativamente secos, adaptados para dispersão anemocórica, a cerca de 72 milhões de anos, no Cretáceo tardio[8].

A família foi reconhecida pela APG II em 2003, e mantida nas APG III e APG IV subsequentes, como parte de Poales[9]. Nessa ordem, Juncaceae é parte de um clado ciperídeo relativamente basal, composto por Cyperaceae, Juncaceae e Thurniaceae e agrupado com outro clado formado por todas as outras Poales exceto bromelíadas[8].

Poales

Bromeliaceae

Typhaceae

Ciperídeas

Mayacaceae

Rapateaceae

Thurniaceae

Cyperaceae

Juncaceae

Eriocaulaceae

Xyridaceae

Flagellariaceae

Poaceae

Ecdeiocoleaceae

Joinvilleaceae

Anarthriaceae

Centrolepidaceae

Restionaceae

Os juncos e seus parentes têm um amplo histórico de uso humano. São parte da composição tradicional dos tatames japoneses, usados a partir do século IX, junto de bambu e palha de arroz[10][11]. No Norte da Europa medieval, por outro lado, era costumeiro usar juncos secos - às vezes misturados com ervas aromáticas - como uma cobertura espalhada pelo chão de terra batida, propiciando isolamento térmico e absorvendo sujeira e detritos para fácil remoção[12]. Também nessa região era comum o uso da medula de junco, mergulhada em graxa ou azeite, como uma vela de brilho forte e de baixo custo[13][14].

Em tempos mais recentes, plantas da família Juncaceae têm sido exploradas como uma fonte de fenantrenos, compostos aromáticos com propriedades medicinais[15].

Géneros

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Ligações externas

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Referências

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  1. a b Xu, Zhenghao; Chang, Le (2017). Xu, Zhenghao; Chang, Le, eds. «Juncaceae». Singapore: Springer (em inglês): 821–834. ISBN 978-981-10-5403-7. doi:10.1007/978-981-10-5403-7_29. Consultado em 27 de março de 2023 
  2. «Juncaceae - an overview | ScienceDirect Topics». www.sciencedirect.com. Consultado em 27 de março de 2023 
  3. «Poales». www.mobot.org. Consultado em 27 de março de 2023 
  4. a b c d «Juncaceae (Rush Family)». plants.montara.com. Consultado em 27 de março de 2023 
  5. a b c d Drábková, Lenka Záveská. «Phylogenetic Relationships within Juncaceae: Evidence from all three Genomic Compartments with Notes to the Morphology». Consultado em 27 de março de 2023 
  6. a b c d Roalson, Eric H. (maio de 2005). «Phylogenetic Relationships in the Juncaceae Inferred from Nuclear Ribosomal DNA Internal Transcribed Spacer Sequence Data». International Journal of Plant Sciences (em inglês) (3): 397–413. ISSN 1058-5893. doi:10.1086/428757. Consultado em 27 de março de 2023 
  7. Balslev, Henrik (1996). «Juncaceae». Flora Neotropica: 1–167. ISSN 0071-5794. Consultado em 27 de março de 2023 
  8. a b academic.oup.com. doi:10.1111/boj.12160 https://academic.oup.com/botlinnean/article-lookup/doi/10.1111/boj.12160. Consultado em 27 de março de 2023  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  9. academic.oup.com. doi:10.1111/boj.12385 https://academic.oup.com/botlinnean/article-lookup/doi/10.1111/boj.12385. Consultado em 27 de março de 2023  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  10. «Structure of Tatami | Original Kyoto Tatami | MOTOYAMA TATAMI SHOP». kyo-tatami.com (em inglês). 28 de junho de 2015. Consultado em 27 de março de 2023 
  11. «What are Tatami Mats? All You Need to Know». Japan Objects (em inglês). Consultado em 27 de março de 2023 
  12. «Rush-bearing | Folk Customs» (em inglês). Consultado em 27 de março de 2023 
  13. «Rushlight | lighting | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 27 de março de 2023 
  14. «The Rushlight Club: What is a Rushlight?». www.rushlight.org. Consultado em 27 de março de 2023 
  15. Bús, Csaba; Tóth, Barbara; Stefkó, Dóra; Hohmann, Judit; Vasas, Andrea (1 de agosto de 2018). «Family Juncaceae: promising source of biologically active natural phenanthrenes». Phytochemistry Reviews (em inglês) (4): 833–851. ISSN 1572-980X. doi:10.1007/s11101-018-9561-5. Consultado em 27 de março de 2023 
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