Discovery (ônibus espacial)
Discovery é o terceiro dos cinco orbitadores que constituíram o programa de ônibus espaciais da NASA.[3] Os dois primeiros foram o Columbia e o Challenger, respectivamente.[4] Sua primeira missão foi a STS-41-D, que aconteceu entre os dias 30 de agosto e 5 de setembro de 1984. Foi ao espaço 39 vezes ao longo de 27 anos em serviço, tornando-se assim o ônibus espacial que mais realizou missões.[5] Após as tragédias com o Challenger e o Columbia, o Discovery passou a ser o ônibus espacial mais antigo em funcionamento.
Discovery | |
---|---|
OV-103 | |
País | Estados Unidos |
Status | Descomissionado Em exposição no Steven F. Udvar-Hazy Center em Chantilly, Virginia[1] |
Primeiro Voo | STS-41-D 30 de agosto de 1984 |
Último Voo | STS-133 24 de fevereiro de 2011 |
Número de Missões | 39 |
Tripulantes | 252 |
Tempo em órbita | 365 dias, 12 horas, 53 minutos, 34 segundos |
Número de órbitas | 5 830 |
Distância percorrida | 238 539 663 km[2] |
Satélites lançados | 31 incluindo o Telescópio Hubble |
Acoplagens na Mir | 1[2] |
Acoplagens na ISS | 13[2] |
O Discovery também acoplou-se uma vez à estação espacial russa Mir e 13 vezes à Estação Espacial Internacional. Com sua grande quantidade de voos espaciais, o Discovery pôs no espaço um total de 31 satélites, incluindo o Telescópio Hubble, e durante sua missão STS-95 levou ao espaço o astronauta John Glenn, o primeiro norte-americano a orbitar a Terra a bordo da Friendship 7 e o astronauta mais velho a voar em um ônibus espacial. Fez seu último pouso em 9 de março de 2011 e atualmente encontra-se em exposição no Steven F. Udvar-Hazy Center em Chantilly, Virginia.[1][6]
História
editarNome
editarSegundo a NASA, o nome Discovery foi escolhido em referência aos navios usados nas missões do britânico James Cook e do navegador Henry Hudson.[3][7] Henry Hudson, um explorador inglês, descobriu o Estreito de Hudson, a Baía de Hudson e o Rio Hudson, enquanto James Cook foi o explorador, navegador e cartógrafo britânico responsável pela descoberta da Austrália e do Havaí, bem como a primeira circum-navegação registrada da Nova Zelândia.[8]
O HMS Discovery foi um dos navios comandados pelo capitão James Cook durante suas viagens pelo Pacífico Sul durante a década de 1770, enquanto o Discovery de Henry Hudson[3] foi usado entre 1610 a 1611 para explorar a Baía de Hudson e pesquisar a Passagem do Noroeste. Ambos emprestam seu nome ao ônibus espacial. Outros navios também tinham o nome Discovery, incluindo o HMS Discovery,[9] usado na Expedição Ártica Britânica que aconteceu entre 1875 a 1876 com o objetivo de chegar ao polo norte; e o RRS Discovery, que participou da Expedição Discovery entre 1901 a 1904 para a Antártida.[10]
Missões
editarCom a sua última missão, a STS-133, o Discovery voou mais de 238 milhões de quilômetros em 39 missões, completou 5 830 órbitas e passou 365 dias em órbita com mais de 27 anos de missões.[11] O Discovery voou mais voos do que qualquer outro ônibus espacial, sendo quatro voos apenas no ano de 1985. O Discovery também foi o responsável por retomar os voos de ônibus espaciais após os dois acidentes mais conhecidos de toda a exploração espacial. Primeiramente, em 1988, na STS-26, dois anos após o trágico acidente do ônibus espacial Challenger.[12][13] E posteriormente, em 2005, na STS-114, também dois anos após o acidente do ônibus espacial Columbia. Durante essa missão, o Discovery sofreu os mesmos problemas que levaram à destruição do Columbia, mas os defeitos foram reparados ali mesmo em órbita.[14]
O ônibus espacial Discovery iniciou suas atividades com a missão STS-41-D, responsável por colocar em órbita três satélites de comunicação no ano de 1984.[15][16] Em 1990, o Discovery levou ao espaço o telescópio espacial Hubble na STS-31.[17][18] Com diferentes defeitos no Hubble nos anos seguintes, foram necessárias cinco missões de serviço para repará-lo. A primeira missão foi a STS-61 (1993); a segunda e a terceira foram as missões STS-82 e STS-103, estas realizadas pelo Discovery em 1997 e 1999, respectivamente; a quarta foi a STS-109 (2002) e a quinta e última foi a STS-125 (2009).[19]
No ano de 1994, Sergei Krikalev se tornou o primeiro cosmonauta a voar a bordo de um ônibus espacial, por meio do Discovery, como integrante da tripulação da STS-60.[20] Já no ano de 1998, na STS-95, o ônibus Discovery levou ao espaço o astronauta John Glenn, que havia sido o primeiro norte-americano a orbitar a Terra a bordo da Friendship 7 no ano de 1962. Nessa missão com o Discovery, John Glenn se tornou a pessoa mais velha a voar ao espaço aos seus 77 anos.[21] A STS-133 foi a última missão do Discovery, que tinha objetivo de atracar à Estação Espacial Internacional para continuar sua construção.[22]
Atualizações e funcionalidades
editarO Discovery pesava 3 120 kg a menos do que o seu antecessor, o Columbia, quando foi colocado em serviço, o que foi possível devido a possíveis otimizações observadas ao longo da construção e dos testes dos ônibus Enterprise, Challenger e Columbia.[23] Parte dessas melhorias incluiu um maior uso de cobertores acolchoados AFRSI, em vez de azulejos brancos LRSI na fuselagem, e o uso de epóxi de grafite em vez de alumínio para as portas do compartimento de carga e alguns dos apoios das asas e vigas.[24]
Após a sua entrega ao Centro Espacial Kennedy, em 1983, o Discovery e Challenger foram adaptados para acomodar o Centaur-G, um impulsionador de combustível líquido que havia sido planejado para entrar em operação em 1986. Seu funcionamento, no entanto, foi cancelado em consequência do acidente do Challenger.[25]
No final de 1995, o orbitador passou um período de nove meses no Orbiter Maintenance Down Period (OMDP) em Palmdale, Califórnia. Lá, o Discovery foi equipado com um quinto conjunto de tanques criogênicos e uma câmara externa para apoio nas missões à Estação Espacial Internacional. Como aconteceu com todos os ônibus, o Discovery passou por uma adaptação que permitiu ser anexado a uma aeronave específica para poder ser transportado, o que aconteceu em 1996, quando ele voltou para o Centro Espacial Kennedy, e mais tarde, em abril de 2012, quando ele foi enviado para o Centro Udvar-Hazy, instalado sobre os piggy-back dos Boeings 747 modificados da NASA.[23]
Depois da STS-105, o Discovery se tornou o primeiro da frota de ônibus a ser submetido a um período no Orbiter Major Modification (OMM) no Centro Espacial Kennedy para que vários de seus componentes pudessem ser modernizados, o que incluiu atualizações regulares e modificações adicionais de segurança.[23] Esse período iniciou-se em setembro de 2002 e foi concluído em 2003, mas devido ao desastre do Columbia, que fez com que o programa de ônibus espaciais fosse paralisado por dois anos, o Discovery só voltou a voar em 2005. O Discovery era 2,7 kg mais pesado do que o Atlantis e 165 kg mais pesado do que o Endeavour.[26]
Descomissionamento
editarA última missão do Discovery foi a STS-133, que aconteceu no dia 24 de fevereiro de 2011 e consistiu em levar o Módulo de Logística Multifuncional Leonardo para ser atracado à Estação Espacial Internacional.[27] Como programado, além do Discovery também estavam em fase de descontinuação o Endeavour e o Atlantis. O Endeavour fez a sua última missão no dia 16 de maio de 2011, na STS-134, em que levou ao espaço o Espectômetro Magnético Alpha para continuar a construção da Estação Espacial Internacional, já na reta final. Logo após, o Atlantis também fez a sua última missão, a STS-135, no dia 8 de julho de 2011, em que finalmente concluiu a construção da EEI após 13 anos de construção.[28]
Em 12 de abril de 2011, a NASA anunciou os locais e as instalações para onde os quatro ônibus ainda existentes, Enterprise, Atlantis, Discovery e Endeavour, seriam exibidos permanentemente, após a conclusão do programa de ônibus espaciais dos Estados Unidos.[29][30] O Discovery foi o primeiro a ser descomissionado, no dia 9 de março de 2011.[31][32] A NASA encaminhou o Discovery ao Museu do Ar e Espaço do Instituto Smithsoniano para ser exibido e preservado, depois de um processo de descontaminação de um mês de duração,[33] sendo então incluído na coleção nacional.[34][35][36] O Discovery substitui o Enterprise, que já estava em exibição no Instituto Smithsoniano no Steven F. Udvar-Hazy Center, na Virginia, no entanto ele nunca foi usado em missões na órbita da Terra.[37][38][39] O Discovery foi transportado para o Aeroporto Internacional Washington Dulles em 17 de abril de 2012, a bordo de um Boeing 747-100, e foi transferido para o Udvar-Hazy no dia 19 de abril, onde uma cerimônia de boas-vindas foi realizada.[40][41]
Estatísticas
editarEstatísticas de Voo | |||||||||||
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Ônibus | Designação | Voos | Dias de voo | Órbitas | Voo mais longo | Primeiro voo | Último voo | Ações na Mir/ISS | Fontes | ||
Voo | Data | Voo | Data | ||||||||
Discovery | OV-103 | 39 | 364d 22h 39m 29s | 5,830 | 15d 02h 48m 08s | STS-41-D | 30 de agosto de 1984 | STS-133 | 24 de fevereiro de 2011 | 1 / 13 | [42][43][44][45] |
Ver também
editarReferências
- ↑ a b «Space Shuttle Discovery Joins the National Collection». 12 de abril de 2011. Consultado em 31 de julho de 2011
- ↑ a b c NASA (outubro de 2010). «NASAfacts Discovery (OV-103)» (PDF). Consultado em 21 de outubro de 2010. Cópia arquivada (PDF) em 26 de outubro de 2010
- ↑ a b c NASA (2007). «Space Shuttle Overview: Discovery (OV-103)». NASA. Consultado em 6 de novembro de 2007. Cópia arquivada em 7 de novembro de 2007
- ↑ «Discovery's last mission flight to space begun». 24 de fevereiro de 2011. Consultado em 9 de março de 2011. Arquivado do original em 16 de Julho de 2011
- ↑ «10 Cool Facts About NASA's Space Shuttle Discovery | Space Shuttle Retirement». Space.com. Consultado em 30 de agosto de 2013. Cópia arquivada em 14 de agosto de 2012
- ↑ BBC Brasil. «Ônibus espacial Discovery faz último pouso após 27 anos de serviço». Consultado em 9 de março de 2011. Cópia arquivada em 13 de janeiro de 2012
- ↑ «Por que o ônibus espacial Discovery tem esse nome?». Terra. Consultado em 8 de abril de 2016. Cópia arquivada em 5 de março de 2016
- ↑ «James Cook - Biografia». UOL - Educação. Consultado em 21 de agosto de 2012. Cópia arquivada em 3 de janeiro de 2014
- ↑ «How Did the Space Shuttle Discovery Get Its Name?». Space.com. Consultado em 1 de Fevereiro de 2015. Cópia arquivada em 2 de abril de 2015
- ↑ «RRS Discovery Oceanographic Research Vessel, United Kingdom». Ship-technology.com. Consultado em 14 de agosto de 2016. Cópia arquivada em 17 de agosto de 2016
- ↑ Dunn, Marcia (9 de março de 2011). «Space shuttle Discovery lands, ends flying career». Salt Lake Tribune. Associated Press. Consultado em 10 de março de 2011
- ↑ «Mission Archives: STS-51L». NASA. Consultado em 16 de dezembro de 2012. Cópia arquivada em 20 de agosto de 2011
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- ↑ «STS-114». NASA. Consultado em 14 de agosto de 2016. Cópia arquivada em 4 de março de 2016
- ↑ «Mission Archives: STS-41D». NASA. Consultado em 16 de dezembro de 2012. Cópia arquivada em 4 de março de 2016
- ↑ Chen, p. 31.
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- ↑ «Mission Archives: STS-60». NASA. Consultado em 19 de dezembro de 2012. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2016
- ↑ «Mission Archives: STS-95». NASA. Consultado em 19 de dezembro de 2012. Cópia arquivada em 4 de março de 2016
- ↑ «O lançamento do Discovery para a missão STS-133». Space Today. Consultado em 14 de agosto de 2016. Cópia arquivada em 25 de agosto de 2016
- ↑ a b c «Space Shuttle Overview: Discovery (OV-103)». NASA. Consultado em 10 de março de 2011. Cópia arquivada em 7 de novembro de 2007
- ↑ «STS-41D Press Kit» (PDF). NASA. Agosto de 1984. p. 13. Consultado em 12 de julho de 2013. Arquivado do original (PDF) em 15 de março de 2013.
Graphite epoxy has replaced some internal aluminum spars and beams in the wings and in the payload bay doors.
- ↑ Lardas, Mark (2012). Space Shuttle Launch System: 1972–2004. [S.l.]: Osprey Publishing. p. 37
- ↑ «Space Shuttle Discovery Facts». Florida Today. 10 de abril de 2011
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- ↑ «Construção da ISS contou com a colaboração de 15 países». Terra. Consultado em 14 de agosto de 2016. Cópia arquivada em 6 de junho de 2016
- ↑ «NASA Announces New Homes for Space Shuttle Orbiters After Retirement». Nasa (em inglês). 12 de abril de 2011. Consultado em 23 de fevereiro de 2016. Cópia arquivada em 4 de março de 2016
- ↑ «Nasa define locais que vão receber ônibus espaciais aposentados». G1. 12 de abril de 2011. Consultado em 22 de fevereiro de 2016. Cópia arquivada em 11 de março de 2016
- ↑ «Consolidated Launch Manifest». NASA. 2007. Consultado em 10 de outubro de 2007. Cópia arquivada em 13 de outubro de 2007
- ↑ Bergin, Chris (2006). «NASA sets new launch date targets through to STS-124». NASASpaceflight.com. Consultado em 15 de outubro de 2007. Cópia arquivada em 3 de março de 2016
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- ↑ Pearlman, Robert (2008). «NASA seeks shuttle suitors: Museums may need to cover the costs for retired orbiters». collectspace.com. Consultado em 17 de dezembro de 2008. Cópia arquivada em 26 de janeiro de 2009
- ↑ «NASA Solicits Ideas for Displaying Retired Space Shuttles and Main Engines» (Nota de imprensa). NASA. 17 de dezembro de 2009. Consultado em 23 de janeiro de 2013
- ↑ Berger, Eric (7 de dezembro de 2009). «Discovery is Smithsonian's». Houston Chronicle. Consultado em 3 de janeiro de 2010
- ↑ Pearlman, Robert Z. (17 de março de 2010). «NASA Primes Retired Test Shuttle Enterprise For One Last Flight». Space.com. Consultado em 14 de março de 2011. Cópia arquivada em 27 de fevereiro de 2011
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- ↑ Associated Press/NBC Washington (24 de janeiro de 2012). «Udvar-Hazy Center Getting a 2nd Space Shuttle». NBC Washington. Consultado em 30 de janeiro de 2012. Cópia arquivada em 6 de março de 2012
- ↑ Chen, p. 280.
- ↑ «NASA Facts: Space Shuttle Era Facts» (PDF). John F. Kennedy Space Center. Consultado em 14 de dezembro de 2012. Cópia arquivada (PDF) em 4 de setembro de 2014
- ↑ Wall, Mike (19 de abril de 2012). «Space Shuttle Discovery: 5 Surprising Facts About NASA's Oldest Orbiter». Space.com. Consultado em 15 de dezembro de 2012. Cópia arquivada em 4 de março de 2016
- ↑ «Orbiter, Space Shuttle, OV-103, Discovery». Museu do Ar e Espaço. Consultado em 26 de fevereiro de 2016. Cópia arquivada em 5 de março de 2016
Bibliografia
editar- Chen, Adam (2012). Wallack, William; Gonzalez, George, eds. Celebrating 30 Years of the Space Shuttle Program (pdf). Washington, DC, United States: NASA. ISBN 978-0-16-090202-4. Consultado em 11 de outubro de 2012