Constança Manuel
Constança Manuel (em castelhano: Constanza Manuel de Villena; Castillo de Garcimuñoz, ca. 1316 — Santarém, 27 de janeiro de 1349) foi uma nobre castelhana, rainha de Leão e Castela, consorte do infante D. Pedro de Portugal e mãe do rei D. Fernando de Portugal.
Constança Manuel | |
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Efígie de D. Constança Manuel numa Genealogia dos Reis de Portugal datada de 1645 (Biblioteca Nacional de Portugal). | |
Rainha Consorte de Castela e Leão | |
Reinado | 1325 –1327 |
Nascimento | ca. 1316 |
Castillo de Garcimuñoz, Castela-Mancha, Espanha | |
Morte | 27 de janeiro de 1349 (32 ou 33 anos) |
Santarém, Portugal | |
Sepultado em | Convento de São Domingos e depois Convento de São Francisco, Santarém. Atualmente no Convento do Carmo, Lisboa, Portugal |
Cônjuge | Afonso XI de Castela Pedro I de Portugal |
Casa | Anscáridas |
Pai | João Manuel de Castela |
Mãe | Constança de Aragão |
Religião | Cristianismo |
Família
editarFilha de Constança de Aragão, era neta materna de Branca de Anjou, princesa de Nápoles, e de Jaime II de Aragão. O seu pai, D. João Manuel de Castela, príncipe de Vilhena e Escalona, duque de Peñafiel, tutor de Afonso XI de Castela, «poderoso e esforçado magnate de Castela»,[1] era neto do rei Fernando III de Castela.
Biografia
editarCom cerca de 7 anos de idade e depois de um compromisso anterior, D. João Manuel casou Constança com o seu pupilo Afonso XI de Castela, que na época contava com 14 anos de idade e acabara de entrar na maioridade. Ratificada pelas cortes em Valladolid, a 28 de novembro de 1325, a união não seria consumada. Interessado numa aliança com a coroa portuguesa, Afonso repudiou-a e prendeu-a no Castelo de Toro, desfazendo completamente o projecto em 1327 e casando-se no ano seguinte com Maria de Portugal, filha de D. Afonso IV.
Foi combinado assim novo casamento com o infante D. Pedro, irmão de Maria de Portugal e seu primo segundo (ambos eram bisnetos do rei Pedro III de Aragão).[2] D. João Manuel tinha «um ensejo de compensar o procedimento do seu soberano»,[1] no matrimónio da filha com o infante português.
O rei castelhano teria disfarçado seu descontentamento e consentiu o casamento por procuração, mas não permitiu que Constança saísse de Castela. A cerimónia teve lugar no Convento de São Francisco em Évora, a 6 de fevereiro de 1336. Estavam presentes o infante D. Pedro e os seus pais e, por parte de Constança, Fernão e Lopo Garcia. O dote da noiva, quantia de vulto, foi ajustado em 300 mil dobras.
A resolução de reter Constança deu origem a um conflito entre os dois reinos que, no contexto da Reconquista de então, seria aproveitado pelos inimigos mouros. Percebendo a situação, Afonso IV de Portugal e Afonso XI de Leão e Castela negociaram e assinariam uma paz em Sevilha, em Julho de 1340.
O casamento com a presença dos dois noivos foi então celebrado em Lisboa, a 24 de agosto de 1340. As rainhas de Portugal contaram, desde cedo, com os rendimentos de bens adquiridos, na maioria, por doação. D. Constança recebeu como dote as vilas de Montemor-o-Novo, Alenquer e Viseu.
No séquito de aias de Constança vinha Inês de Castro, jovem galega, filha natural do poderoso fidalgo Pedro Fernandes de Castro. Por ela apaixonar-se-ia o príncipe, «homem arrebatado, brutal e com seu quê de vesânico»[1].
O romance de Pedro e Inês tinha implicações políticas: a influência que os irmãos desta, Álvaro Pires de Castro e Fernando de Castro, passaram a ter sobre o infante. Quando nasceu Luís de Portugal, primeiro varão de D. Pedro, Constança convidou Inês para ser a madrinha. De acordo com os preceitos da Igreja Católica de então, a relação entre os padrinhos e os pais do baptisando era de parentesco moral, e o seu amor seria quase incestuoso.
Mas Luís morreria em uma semana, o que fez aumentar as desconfianças em relação a Inês de Castro. O romance adúltero continuaria, vivido às claras, até que D. Afonso IV exilou a nobre galega em Alburquerque, na fronteira espanhola, em 1344.
A 27 de janeiro de 1349, a jovem Constança faleceu, de desgosto com a traição do marido, segundo o imaginário popular. Não chegaria a ver o seu marido subir ao trono português. Foi sepultada no Convento de São Domingos em Santarém mas em 1376, o rei D. Fernando, seu filho, ordenou a trasladação do túmulo para o Convento de São Francisco,[3] onde ficaria no coro alto, junto ao do próprio filho. No final do século XIX ambos os túmulos são transladados para o Museu do Carmo, em Lisboa.[4]
Casamentos e descendência
editarO seu primeiro matrimónio (Valladolid, 28 de novembro de 1325 - anulado em 1327) com Afonso XI de Castela não foi consumado, não gerando descendência.
Casou-se em segundas núpcias com o infante D. Pedro de Portugal em 24 de agosto de 1340. Deste, nasceram:
- D. Maria, Infanta de Portugal (6 de abril de 1342 - 1377), casou com D. Fernando, marquês de Tortosa, filho de Afonso IV de Aragão. Ficou viúva aos 21 anos e o seu procedimento em Aragão deu lugar a críticas;
- D. Luís (27 de fevereiro de 1344 - 6 de março de 1344);[5]
- D. Fernando I de Portugal (Coimbra, 31 de outubro de 1345 - Lisboa, 22 de outubro de 1383), 9.º rei de Portugal.
- Uma possível filha, nascida em 1349 e falecida pouco depois.[6]
Ascendência
editarAfonso IX de Leão | ||||||||||||||||
Fernando III de Castela | ||||||||||||||||
Berengária de Castela | ||||||||||||||||
Manuel de Castela, Senhor de Villena | ||||||||||||||||
Filipe da Suábia | ||||||||||||||||
Beatriz da Suábia | ||||||||||||||||
Irene Angelina de Bizâncio | ||||||||||||||||
João Manuel de Castela | ||||||||||||||||
Tomás I de Saboia | ||||||||||||||||
Amadeu IV de Saboia | ||||||||||||||||
Margarida de Genebra | ||||||||||||||||
Beatriz de Saboia | ||||||||||||||||
Barral de Baux | ||||||||||||||||
Cecília de Baux | ||||||||||||||||
Sibila de Anduze | ||||||||||||||||
Constança Manuel | ||||||||||||||||
Jaime I de Aragão | ||||||||||||||||
Pedro III de Aragão | ||||||||||||||||
Iolanda da Hungria | ||||||||||||||||
Jaime II de Aragão | ||||||||||||||||
Manfredo da Sicília | ||||||||||||||||
Constança da Sicília | ||||||||||||||||
Beatriz de Saboia | ||||||||||||||||
Constança de Aragão | ||||||||||||||||
Carlos I de Nápoles | ||||||||||||||||
Carlos II de Nápoles | ||||||||||||||||
Beatriz da Provença | ||||||||||||||||
Branca de Nápoles | ||||||||||||||||
Estêvão V da Hungria | ||||||||||||||||
Maria da Hungria | ||||||||||||||||
Isabel da Cumânia | ||||||||||||||||
Referências
- ↑ a b c Nobreza de Portugal, Tomo I, página 207
- ↑ Rodrigues Oliveira, Ana (2010). Rainhas Medievais de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros. p. 246
- ↑ Barbosa, D. José. «A Infante D. Constança». p. pp. 296. Consultado em 28 de maio de 2020
- ↑ LEAL, Telmo Mendes (2014). Pequenas arquiteturas para grandes túmulos; A microarquitetura no final da Idade Média. Lisboa: [s.n.] p. 52
- ↑ Rodrigues Oliveira, Ana (2010). Rainhas Medievais de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros. pp. 249–250
- ↑ Rodrigues Oliveira, Ana (2010). Rainhas Medievais de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros. pp. 250–252
Precedido por Constança de Portugal |
Rainha consorte de Leão e Castela 1325 — 1327 |
Sucedido por Maria de Portugal |