Visigodos: diferenças entre revisões
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{{Mais notas|data=abril de 2020}}
{{História PT-ES|imagem=[[Ficheiro:Reino de los visigodos-pt.svg|200px]]|legenda=O reino visigodo na sua máxima extensão, cerca de [[500]] d.C..}}▼
{{Short description|Povo germânico do final da Antiguidade e início da Idade Média}}
{{Info/Grupo étnico
| group = Visigoths
| native_name =
| native_name_lang =
| image = Visigothic - Pair of Eagle Fibula - Walters 54421, 54422 - Group.jpg
| image_caption = The eagles represented on these [[Fibula (brooch)|fibulae]] from the 6th century, and found in [[Tierra de Barros]] ([[Badajoz]]), were a popular symbol among the Goths in Spain.{{efn|[http://art.thewalters.org/detail/77441 Pair of Eagle Fibula] [[Walters Art Museum]]}}
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| religions = [[Gothic paganism]], [[Arianism]], [[Nicene Creed|Nicene Christianity]], [[Roman paganism]]
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| grupo = Visigodos
| línguas = [[Língua gótica|Gótico]]
| religiões = [[Paganismo Gótico]], [[Arianismo]], [[Cristianismo de Nicene]], [[Paganismo Romano]]
| relacionados = [[Ostrogodos]], [[Góticos da Crimeia]], [[Vândalos]], [[Gépidos]]
▲{{História PT-ES|imagem=[[
Os '''visigodos''' foram um de dois ramos em que se dividiram os [[godos]], um povo [[Germânia|germânico]] originário do leste europeu, sendo o outro os [[ostrogodos]]. Ambos pontuaram entre os [[Povo bárbaro|bárbaros]] que penetraram o [[Império Romano]] tardio no período das [[migrações dos povos bárbaros|migrações]]. Após a queda do Império Romano do Ocidente, os visigodos tiveram um papel importante na Europa nos 250 anos que se seguiram, particularmente na [[Invasões bárbaras da península Ibérica|península Ibérica]], onde substituíram o domínio romano na [[Hispânia]], reinando de [[418]] até [[711]], data da [[invasão muçulmana da Península Ibérica|invasão muçulmana]].▼
}}
Alguns autores defendem a origem do nome "visigodo" na palavra ''Visi'' ou ''Wesa'' ("bom") e do nome ''Ostro'', de ''astra'' (resplandescente).<ref>''Marquês de Lozoya, ''Historia de España'', Salvat Editores S.A., 1967</ref> Mas a opinião mais consagrada considera a origem da palavra na denominação de "godos do oeste", do alemão "''Westgoten''", "''Wisigoten''" ou "''Terwingen''", por comparação com os [[ostrogodos]] ou "godos do leste" — em alemão "''Greutungen''", "''Ostrogoten''" ou "''Ostgoten''"<ref>Compare-se o paralelismo com o nome "Áustria" em alemão, que é "''Österreich''" ou "reino do este" com "''Ostrogoten''", "Godos do Este".</ref>▼
[[File:Corona de (29049230050).jpg|thumb|upright=1.3|Detalhe da coroa votiva de [[Recceswinth]] do Tesouro de Guarrazar (Toledo, Espanha), exposto em Madri. As letras penduradas soletram '''''[R]ECCESVINTHVS REX OFFERET''''' [O Rei R. oferece isso].{{Efn|The first R is held at the [[Musée de Cluny]], Paris.}}]]
▲Os '''visigodos''' foram um de dois ramos em que se dividiram os [[godos]], um
Os vestígios visigóticos em [[Portugal]] e [[Espanha]] incluem várias igrejas e descobertas arqueológicas crescentes, mas destaca-se também a notável quantidade de nomes próprios e apelidos que deixaram nestas e noutras línguas românicas. Os visigodos foram o único povo a fundar cidades na Europa ocidental após a queda do Império Romano e antes do pontuar dos [[Dinastia carolíngia|carolíngios]]. Contudo o maior legado dos visigodos foi o [[direito visigótico]], com o ''[[Liber iudiciorum]]'', código legal que formou a base da legislação usada na generalidade da Ibéria cristã medieval durante séculos após o seu reinado, até ao [[século XV]], já no fim da [[Idade Média]].▼
▲Alguns autores defendem a origem do nome "visigodo" na palavra ''Visi'' ou ''Wesa'' ("bom") e do nome ''Ostro'', de ''astra'' (resplandescente).<ref>''Marquês de Lozoya, ''Historia de España'', Salvat Editores S.A., 1967</ref> Mas a opinião mais consagrada considera a origem da palavra na denominação de "godos do oeste", do alemão "''Westgoten''", "''Wisigoten''" ou "''Terwingen''", por comparação com os [[ostrogodos]] ou "godos do leste" — em alemão "''Greutungen''", "''Ostrogoten''" ou "''Ostgoten''".<ref>Compare-se o paralelismo com o nome "Áustria" em alemão, que é "''Österreich''" ou "reino do este" com "''Ostrogoten''", "Godos do Este".</ref>
▲Os vestígios visigóticos em [[Portugal]] e [[Espanha]] incluem várias igrejas e descobertas arqueológicas crescentes, mas destaca-se também a notável quantidade de nomes próprios e apelidos que deixaram nestas e noutras línguas românicas. Os visigodos foram o único povo a fundar cidades na Europa ocidental após a queda do Império Romano e antes do pontuar dos [[Dinastia carolíngia|carolíngios]]. Contudo o maior legado dos visigodos foi o [[direito visigótico]], com o
== História ==
=== Origem e migrações dos visigodos ===
{{
[[
Os visigodos emergiram como um povo distinto no [[século IV]], inicialmente nos [[Bálcãs]] onde participaram em várias guerras com os romanos, e por fim avançando por [[península Itálica|Itália]] e saqueando Roma sob o comando de [[Alarico I]], no ano [[410]]. Este povo conquistou no [[século III]] a [[Dácia]], [[província romana]] situada na [[Europa]] centro-oriental. No [[século IV]], antes da ameaça dos [[hunos]], o imperador [[Império Bizantino|bizantino]] [[Valente (imperador)|Valente]] concedeu refúgio aos visigodos ao sul do [[Danúbio]], mas a arbitrariedade dos funcionários romanos levou-os à revolta. Penetraram nos [[Bálcãs|Balcãs]] e, em [[378]], esmagaram o exército do imperador Valente nas proximidades da cidade de [[Adrianópolis (Trácia)|Adrianópolis]] <ref>{{citar livro▼
▲Os visigodos emergiram como um povo distinto no
|autor= KULIKOWSKI, Michael
|título= Guerras Góticas de Roma
|
|local-publicação= São Paulo
|editora= Madras
|ano= 2008
|páginas= 246
|
|isbn= 978-85-370-0437-1}}</ref>
▲ |isbn= 978-85-370-0437-1}}</ref>. Quatro anos depois, o imperador [[Teodósio I]], o Grande conseguiu estabelecê-los nos confins da [[Mésia Secunda]], província situada ao norte da [[península balcânica]]. Tornou-os [[federados (Roma Antiga)|federados]] do império e deu-lhes posição proeminente na defesa. Os visigodos prestaram uma ajuda eficaz a [[Império Romano|Roma]] até [[395]], quando começaram a mudar-se para oeste. Em [[401]], chefiados por [[Alarico I]], que rompera com os romanos, entraram na Itália e invadiram a planície do [[rio Pó|Pó]], mas foram repelidos. Em [[408]] atacaram pela segunda vez e chegaram às portas de [[Roma]], que foi tomada e [[Saque de Roma (410)|saqueada]] em [[410]].
=== Corte em Tolosa ===
{{AP|Reino Visigótico}}
[[
Nos anos seguintes ao [[Saque de Roma (410)|saque de Roma]], o rei [[
=== Corte em Toledo ===
[[Imagem:Reyes visigodos Codex Vigilanus.jpg|thumb|300px|
O [[Reino Visigótico]] na [[
Outro indício de que a diferença religiosa entre godos e hispano
=== Fim da monarquia, invasões e resistência (711-722) ===
{{Ver artigo principal|[[Invasão muçulmana da
[[
A monarquia dos visigodos era electiva. Com a morte do rei [[Vitiza]] em c. 710, as [[Cortes (política)|cortes]] reuniram-se para eleger o seu sucessor, constituindo-se duas facções em disputa pela eleição: o grupo do seu filho [[Ágila II]] e o de [[Rodrigo]], o último [[Reino Visigótico de Toledo|rei visigodo de Toledo]]. Rodrigo foi eleito em
Os partidários de Ágila solicitaram, então, apoio ao governador muçulmano de [[África]], [[Tárique]], abrindo-lhe as portas de [[Ceuta]] e incitando-o a enviar uma expedição militar à
[[Ficheiro:Covadonga.jpg|thumb|left|Santuário de [[Covadonga]], gruta que foi quartel-general de [[Pelágio das Astúrias]]]]▼
▲[[
Em [[711]], sob o comando do próprio Tárique, tropas muçulmanas atravessaram o [[Estreito de Gibraltar]] e venceram os partidários de [[Rodrigo]] na [[batalha de Guadalete]]. Contudo, após a vitória, os muçulmanos não colocaram Ágila no trono e foram alargando as suas conquistas pela península Ibérica, território designado em [[língua árabe]] como ''[[Al-Andalus]]'', da qual, por fim, ficaram senhores, colocando sob tutela [[cristãos]] e [[judeus]], pois ambos sofriam ataques e combatiam-se mutuamente<ref name=revistajudaica>Revista Judaica [http://www.judaica.com.br/materias/019_14e15.htm Nº 19 "Sefarad" por Yerushalmi"]</ref>.▼
▲Em
[[Abdulaziz]] (ou [[Abdul-el-Aziz]]), primeiro [[Lista dos Walis do Al-Andalus|walis]] (governador muçulmano) do Al-Andalus, subjugou a [[Lusitânia]] e a [[Cartaginense]], saqueando as cidades do Norte que lhe abriam as portas e atacando aqueles que lhe tentaram resistir. Às suas investidas escapou, porém, uma parte das [[Astúrias]], no Norte, onde se refugiou um grupo de visigodos sob o comando de [[Pelágio das Astúrias|Pelágio]]. Uma [[caverna]] nas montanhas servia simultaneamente de [[paço]] ao rei e de templo de [[Cristo]]. Por vezes, Pelágio e seus companheiros desciam das montanhas em surtidas para atacar os acampamentos islâmicos ou as aldeias despovoadas de cristãos. Um desses ataques, a designada [[batalha de Covadonga]], travada em [[722]], marcou, segundo muitos historiadores, o início do longo processo de retomada dos territórios ocupados ao qual se deu o nome de [[Reconquista Cristã]].▼
▲[[
A partir do pequeno território que Pelágio designou como [[Reino das Astúrias]], os cristãos (hispano-[[godos]] e [[Lusitanos|lusitano]]-[[suevos]]), acantonados nas serranias do Norte e Noroeste da península, foram, gradualmente, formando novos reinos, que se estenderam para o Sul. Surgiram, assim, os reinos de [[Reino de Castela|Castela]], [[Reino de Leão|Leão]] (de onde derivou, mais tarde, o [[Condado Portucalense]] e, subsequentemente, [[Portugal]]), [[Reino de Navarra|Navarra]] e [[Reino de Aragão|Aragão]]. O reino das Astúrias durou de [[718]] a [[925]], quando o rei asturiano [[Fruela II]] ascendeu ao trono do [[Reino de Leão]], unificando os dois reinos.<br clear=all>▼
▲A partir do pequeno território que Pelágio designou como [[Reino das Astúrias]], os cristãos (hispano-[[godos]] e [[Lusitanos|lusitano]]-[[suevos]]), acantonados nas serranias do
== Cultura visigótica ==
[[
=== Religião ===
Os visigodos, assim como outros [[Germanos|povos germânicos
Os visigodos, [[
Existia, portanto, uma diferença religiosa entre os povos [[catolicismo|católicos]] da Hispânia e os visigodos, que professavam o arianismo. Os visigodos ibéricos mantiveram-se
Os visigodos evitavam interferir entre os católicos mas estavam interessados no ''decorum'' e na ordem pública.<ref>Pelo menos um visigodo notável, [[Zerezindo]], [[duque]] da [[Bética]], era católico em meados do
=== Direito visigótico e legado ===
{{
[[
Os visigodos caracterizaram-se pela imensa influência que receberam da cultura e da mentalidade política romana, realizando um importante trabalho de compilação cultural e jurídica. Destaca-se o [[Direito visigótico]], com figuras como [[
▲[[Ficheiro:Bréviaire d'Alaric Vème siècle.jpg|thumb|right|[[Breviário de Alarico]], compilação de [[Direito romano|leis romanas]] do reino de Tolosa sob [[Alarico II]] (487-507 d.C.).]]
▲Os visigodos caracterizaram-se pela imensa influência que receberam da cultura e da mentalidade política romana, realizando um importante trabalho de compilação cultural e jurídica. Destaca-se o [[Direito visigótico]], com figuras como [[Santo Isidoro de Sevilha]] e obras jurídicas como o [[Código de Eurico]], a ''[[Lex romana visigothorum]]'' e o ''[[Liber iudiciorum]]'', [[código visigótico]] que forneceu as bases da estrutura jurídica medieval na [[Península Ibérica]], que expressam o grau de desenvolvimento cultural que o [[Reino Visigótico]] alcançou. Os visigodos influenciaram também formas artísticas originais, como o [[arco (arquitectura)|arco]] de ferradura e a [[Planta (geometria descritiva)|planta]] [[cruz|cruciforme]] das [[igreja]]s.
=== Arquitetura ===
{{Ver artigo principal|[[Arte visigótica]]}}
Os poucos exemplares sobreviventes da arquitetura visigótica do
Algumas das características da arquitetura visigótica são: Planta de [[basílica]], e por vezes cruciforme, podendo ser uma combinação de ambas, com espaços bem compartimentados; [[Arco (arquitectura)|Arcos]] em forma de ferradura sem pedras de fecho; [[Abside]] rectangular exterior; Uso de [[coluna]]s e pilares com [[capitel|capitéis]] coríntios de desenho particular; [[Abóboda]]s com [[cúpula]]s nos cruzamentos; Paredes em blocos alternando com tijolos; Decoração com motivos vegetais e animais. Exemplares sobreviventes de arquitectura visigótica: [[Capela de São Frutuoso]] ([[Braga]]), [[Igreja de São Gião]] ([[Nazaré (Portugal)|Nazaré]]), [[:Imagem:San Juan de Baños .jpg|San Juan de Baños de Cerrato]] ([[
== Assentamentos e cidades ==
O assentamento visigótico foi concentrado junto do [[rio Garona]] entre [[Bordéus]] e [[Toulouse|Tolosa]] na [[Aquitânia]], e depois na [[Espanha]] e [[Portugal]] entre o rio [[
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Imagem:
Imagem:Wisi San Pedro de la Nave b.jpg|<small>Igreja de [[San Pedro de la Nave-Almendra|San Pedro de la Nave]], [[Samora (Espanha)|Samora]].</small>
Imagem:Sanfruktuoso oinplanta.jpg|<small>Planta cruciforme da [[Capela de São Frutuoso]].</small>
Imagem:Cripta Visigoda Palencia.JPG|<small>Restos visigóticos (com arcos em ferradura) na cripta da Catedral de [[
Imagem:Wisi San Pedro de la Nave e chapiteau a.jpg|<small>
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