Por Memória Globo

Renato Velasco/Memória Globo

Ele foi atrás de tornados, furacões, geleiras. Entrou em cratera de vulcão e pulou de uma das torres mais altas do mundo. Cobriu escândalos financeiros e conheceu a pobreza absoluta do continente africano. Rotina e tédio não fazem parte da vida do repórter e apresentador Rodrigo Bocardi. O repórter e apresentador entrou na Globo em 1999, foi correspondente da Globo em Nova York durante quatro anos (2009-2013), e, desde 2013, é titular do 'Bom Dia São Paulo'. Ele também entra ao vivo de segunda a sexta no 'Bom Dia Brasil', e integra o rodízio de apresentadores de fim de semana do 'Jornal Nacional'. 

Rodrigo Bocardi de Moura nasceu em 4 de janeiro de 1976 em Ipaussu, pequena cidade do interior de São Paulo, quase divisa com Paraná. Começou como apurador de notícias na rádio e TV Bandeirantes em 1997. Logo, virou produtor e editor de texto do 'Jornal da Noite'. Pela Band, cobriu a Copa de 1998, na França. Nesse período acumulou a produção do programa policial 'Na Rota do Crime' na TV Manchete. A entrada na Globo foi em 1999 como editor de texto do 'SPTV - 2ª edição'. Ficou apenas um mês no telejornal. Foi logo convidado para o 'Jornal da Globo', que começava uma nova fase, apresentado por Ana Paula Padrão, que deixava a função de correspondente em Nova York. Luiz Cláudio Latgé, o editor-chefe, precisava de um editor de economia:

Eu aproveitei essa demanda e quis abraçar. Aprendi muito nesse período. Comecei a fazer vários cursos e a me aprofundar no assunto. Como editor de economia, ia a muitos almoços com fontes, empresários, economistas. E todos na Globo falavam: porque você não vai para a reportagem?

Em 2002, Rodrigo Bocardi estreou como repórter no programa 'Antena Paulista', apresentado aos domingos de manhã por Carlos Tramontina:

“Foi uma reportagem sobre o terminal rodoviário do Tietê. Eu nunca tinha feito vídeo, aquela coisa horrível, você fica tenso, você se olha e não gosta. Depois você é duro, parece um robô. Mas só com o tempo conquista a flexibilidade necessária. Fiquei seis meses fazendo reportagens para o telejornal local.”

Rodrigo Bocardi no estúdio do 'Bom Dia São Paulo', 2013. — Foto: Reinaldo Marques/Globo

Bocardi saiu da Globo, em 2003, para encarar um desafio. Com outros brasileiros, recebeu um convite para trabalhar na TV pública de Angola:

“As pessoas não entenderam bem essa minha decisão de ir para um país destruído pela guerra, um dos mais corruptos do mundo. Mas eu estava fascinado por essa experiência internacional em uma cultura completamente diferente. E foi muito bacana.”

Durante um ano e dois meses, o repórter foi a quase todos os países da África, conhecendo as condições sub humanas em que vivem seus habitantes: “Essa experiência deu um salto na minha carreira”. Chegou a fazer algumas matérias de Angola para a Globo, entre elas, a última entrevista do embaixador da ONU, Sérgio Vieira de Mello, antes de ser morto em um atentado no Iraque.

Em 2004, voltou à Globo como repórter de rede. Fazia matérias, principalmente, para o 'Jornal da Globo'. No ano seguinte, começou a se destacar na cobertura do escândalo do escândalo do Mensalão: “Eu acho que essa cobertura foi que me deu a credencial para ir para o 'Jornal Nacional'”. Foi Rodrigo Bocardi quem descobriu a origem duvidosa do Land Rover, o carro de luxo do tesoureiro do PT, Sílvio Pereira, dado de presente por uma empresa beneficiada pelo governo.

Reportagem de Rodrigo Bocardi sobre o pedido de afastamento de Silvio Pereira do cargo de secretário-geral do PT, 'Jornal Nacional', 04/07/2005.

Reportagem de Rodrigo Bocardi sobre o pedido de afastamento de Silvio Pereira do cargo de secretário-geral do PT, 'Jornal Nacional', 04/07/2005.

Reportagem de Rodrigo Bocardi sobre o afastamento de Delúbio Soares do cargo de tesoureiro do PT, 'Jornal Nacional', 05/07/2005.

Reportagem de Rodrigo Bocardi sobre o afastamento de Delúbio Soares do cargo de tesoureiro do PT, 'Jornal Nacional', 05/07/2005.

Reportagem de Rodrigo Bocardi sobre o afastamento de José Genoíno da presidência do Partido dos Trabalhadores, 'Jornal Nacional' 09/07/2005.

Reportagem de Rodrigo Bocardi sobre o afastamento de José Genoíno da presidência do Partido dos Trabalhadores, 'Jornal Nacional' 09/07/2005.

Entre tantas coberturas marcantes para o 'JN', ele lembra de uma em especial: o acidente com o avião da TAM em Congonhas em 2007:

“Eu estava na redação, mochila nas costas, pronto para ir embora. O chefe de reportagem diz: ‘Tem fogo no hangar de Congonhas’. Eu falei:’ Eu vou para lá’. No meio do caminho, a notícia de que um avião tinha batido no hangar. A um quilômetro do aeroporto, o trânsito todo parado, eu e o cinegrafista pegamos carona com motoqueiros na rua. Quando eu chego lá, vi aquela fumaça, aquele cheiro horrível, aquele fogo queimando tudo. Eu pensava: ‘Será que é verdade o que eu estou vendo?’ Era difícil acreditar. Como é que um avião atravessa uma avenida, bate no negócio e explode? O 'Jornal Nacional' foi todo ao vivo comigo, o Bonner e o repórter Fernando Rocha tentando entender aquilo.”

William Bonner apresenta o 'Jornal Nacional' do alto de um edifício localizado nas proximidades do aeroporto de Congonhas após o acidente com o avião da TAM, 18/07/2007.

William Bonner apresenta o 'Jornal Nacional' do alto de um edifício localizado nas proximidades do aeroporto de Congonhas após o acidente com o avião da TAM, 18/07/2007.

Reportagem de Rodrigo Bocardi, de Nova Jersey, após a passagem do Furacão Sandy nos Estados Unidos, 'Jornal Nacional', 29/10/2012.

Reportagem de Rodrigo Bocardi, de Nova Jersey, após a passagem do Furacão Sandy nos Estados Unidos, 'Jornal Nacional', 29/10/2012.

Em janeiro de 2009, Rodrigo Bocardi assumiu a função de correspondente em Nova York. A primeira cobertura foi a posse de Barack Obama. Nos quatro anos nos Estados Unidos, ele teve que mostrar fôlego. Foi atrás de um tornado no meio oeste dos EUA, acompanhou as passagens dos furacões Irene e Sandy e pulou de uma das torres mais altas do mundo: a “Estratosfera” em Las Vegas:

“É um salto que você vai em uma velocidade grande. Mas é uma descida controlada: se o cara quiser te parar no meio, ele para. É uma corda que vai descendo. Uma ventania. Na hora em que você pisa naquela plataforma, em uma altura que você vê Las Vegas inteira, você fala: ‘Porque eu fui inventar isso?’ Aí vem o orgulho:’ Peraí, cheguei até aqui, agora vai’.”

Bocardi ficou 30 dias em Los Angeles, em 2009, depois da morte de Michael Jackson. Foram históricas as matérias dele e de Rodrigo Alvarez com “furos” sobre as investigações sobre a morte e também a entrada exclusiva em Neverland, a casa do ídolo pop.

O jornalista retornou ao Brasil quatro anos depois para mais um desafio: apresentar um telejornal pela primeira vez. No dia 6 de maio de 2013, ele assumiu a bancada do 'Bom Dia São Paulo', com uma proposta de um jornal mais dinâmico, com muitas entradas ao vivo. Já adaptado à nova função, ele destaca os quadros criados como 'Tudo Anormal' e 'Reforma e Puxadinho', entre outros, e as entrevistas duras e incisivas que viraram a marca do telejornal.

O 'Bom Dia, São Paulo' propicia que a gente tenha uma experiência de laboratório, de fazer experiência, testar coisas novas, sem sair da rede. Porque quem faz o 'Bom Dia, São Paulo' também participa com inserções do 'Bom Dia, Brasil'

Em 2016, Bocardi passou a integrar o rodízio de apresentadores de fim de semana do 'Jornal Nacional'. Em 2020, estreou como apresentador em dois telejornais: 'SPTV-1ª edição', cobrindo folgas do então titular César Tralli, e no 'Jornal da Globo', apresentado por Renata Lo Prete. No mesmo ano, passa a comandar, na Rádio CBN, o programa 'Ponto Final', ao lado de Carolina Morand.

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