Paula Werneck Saldanha nasceu em 19 de julho de 1953, no Rio de Janeiro, no bairro das Laranjeiras, filha do advogado e jornalista Aristides Saldanha e da artista plástica e mestra em educação Regina Yolanda Werneck. Alfabetizou-se, sozinha, aos três anos de idade, e cursou o primário e o ginásio no Colégio Estadual André Maurois, dirigido por Henriette Amado e Gilson Amado, fundadores da TV Educativa do Rio de Janeiro.
Ainda na infância, Paula Saldanha começou a desenhar e a trabalhar com pintura a óleo e gravuras. No início da adolescência, chegou a frequentar, como ouvinte, aulas de litografia no curso de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Aos 16 anos, ilustrou uma história que havia escrito. Os desenhos foram feitos em grandes cartazes, a serem utilizados nas salas de aula das escolas públicas, parte de um projeto educativo que pretendia desenvolver junto com a mãe. A história acabou interessando à editora Primor-Larousse e virou o livro 'Tuc Tuc', lançado em 1970 e publicado também na Europa, por uma editora inglesa.
Aos 18 anos, Paula Saldanha já tinha três livros publicados, ilustrava trabalhos de outros autores, participava de feiras literárias no exterior, escrevia resenhas para revistas de educação e fazia parte do júri da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, encarregado de escolher os melhores livros para crianças e jovens. Também trabalhava como professora de teatro, expressão corporal e artes plásticas em várias escolas públicas, enquanto cursava pedagogia na Faculdade de Educação da UFRJ, onde se formou em 1977. Em 1972, Paula Saldanha se casou com o biólogo e cineasta Roberto Werneck, com quem teria três filhos.
Em 1974, o 'Fantástico' resolveu entrevistar a jovem autora e ilustradora de livros infantis. O comportamento desinibido da entrevistada – que apontava o dedo para a câmera de forma questionadora – lhe valeu um convite para ser uma das apresentadoras do programa. Às quartas-feiras, gravava no Teatro Fênix as chamadas, principalmente de musicais, para o 'Fantástico' que seria exibido no domingo. Também gravava, em inglês, as chamadas dos programas vendidos para o exterior.
Em 1976, passou a produzir e apresentar uma seção de literatura infantil no 'Jornal Hoje', que logo se tornou um espaço para falar de literatura, cinema, teatro e outras manifestações artísticas e culturais de interesse de crianças e adolescentes. A própria Paula Saldanha fazia as reportagens e editava as imagens. O quadro foi ao ar até 1978, quando foi convidada para apresentar o 'Globinho'.
Globinho: Paula Saldanha e Loiola
O Globinho já existia desde 1972 e se resumia, basicamente, à exibição de documentários estrangeiros, com narração em off de locutores como Ronaldo Rosas e Berto Filho. Paula Saldanha já colaborava com o programa desde 1977, fornecendo reportagens científicas que realizava em parceria com Roberto Werneck. Sua entrada como apresentadora trouxe credibilidade para o programa, que ganhou o formato de telejornal voltado exclusivamente para o público infantojuvenil.
Jornalista com certificado profissional por tempo de serviço desde 1976, Paula Saldanha também fazia reportagens sobre temas como a indústria da seca no Nordeste e o voto de cabresto no interior do Brasil. A partir de 1979, uma série de reportagens especiais realizadas pela RW Cine, sua produtora com Roberto Werneck, passou a ser exibida aos sábados numa edição chamada 'Globinho Repórter'. Muitas das matérias tratavam de problemas do meio ambiente, uma novidade na televisão brasileira.
O 'Globinho' saiu do ar em 1983, e Paula Saldanha voltou a apresentar a seção de literatura infantojuvenil no 'Jornal Hoje', o que fez até 1985. Também em 1983, voltou a apresentar o 'Fantástico', dividindo a bancada com Celso Freitas.
Entre 1987 e 1992, Paula Saldanha fechou com a Globo um contrato para fornecer ao 'Fantástico' reportagens especiais realizadas pela RW Cine. Em 1988, após a exibição de uma das reportagens, que denunciava a ação criminosa de donos de terras na Bahia, chegou a receber ameaças anônimas. Em outra matéria, sua equipe foi a primeira a chegar à nascente do Rio Amazonas, nos Andes peruanos, a 5.500 m de altitude.
A partir de 1995, Paula Saldanha apresenta o programa 'Expedições', veiculado pela TV Brasil (antiga TVE) e pela TV Cultura. A jornalista já escreveu e ilustrou cerca de 50 livros. É presidente do Instituto Paula Saldanha, organização não governamental, sem fins lucrativos, voltada para área social e de meio ambiente. Em outubro de 2002, promoveu junto com Roberto Werneck a exposição itinerante “Retratos do Brasil”, que mostrou a diversidade cultural do país através de uma compilação das imagens captadas em 25 anos de documentação independente.
Em 2011, o Instituto Paula Saldanha completou 20 anos e lançou o projeto interativo Biodiversidade, em parceria com o Instituto Chico Mendes.
FONTE:
Depoimento concedido ao Memória Globo por Paula Saldanha em 13/02/2008. |