Por Memória Globo

Globo

Batizado Osmar do Amaral Barbosa, Osmar Prado, é cria da televisão. Sua carreira começou quando tinha apenas 10 anos, na novela David Copperfield, adaptada da obra de Charles Dickens por Líbero Miguel, na antiga TV Paulista. Começou a manifestar sua tendência artística ainda mal saído das fraldas: “Eu perguntei à minha mãe, ainda pequenininho: ‘Como é que se faz para ser artista?’ E de cara, pela resposta dela, eu estava fadado ao fracasso. O parâmetro da minha mãe sobre o artista era o Rodolfo Valentino, que era um homem de 1,79 de altura”, brinca. Com certeza, a carreira de Osmar Prado não foi um fracasso. O ator fez papéis marcantes e participou de mais de 50 trabalhos na Globo, entre novelas, minisséries e seriados.

O meu sonho como ator é ensaiar. Eu quero discutir, ensaiar, visualizar o papel. Eu me reservo o direito de influir na trama. Eu não sou um recitador de palavras. Porque, na boca do ator, as palavras adquirem peso, força e poder transformador.

Osmar Prado em entrevista ao Memória Globo, 2010. — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

Início da carreira

Batizado Osmar do Amaral Barbosa, Osmar Prado, é cria da televisão. Sua carreira começou quando tinha apenas 10 anos, na novela David Copperfield, adaptada da obra de Charles Dickens por Líbero Miguel, na antiga TV Paulista. Começou a manifestar sua tendência artística ainda mal saído das fraldas: “Eu perguntei à minha mãe, ainda pequenininho: ‘Como é que se faz para ser artista?’ E de cara, pela resposta dela, eu estava fadado ao fracasso. O parâmetro da minha mãe sobre o artista era o Rodolfo Valentino, que era um homem de 1,79 de altura”.

O ator fez parte do elenco infantojuvenil da emissora por oito anos. Em 1965, teve a sua primeira passagem pela recém-inaugurada Globo, onde participou da novela Ilusões Perdidas, de Líbero Miguel; três anos depois, foi contratado pela TV Excelsior, para atuar em Os Estranhos, de Ivani Ribeiro, ao lado de Stênio Garcia, Gianfrancesco Guarnieri e Pelé.

Galã rural

Assinou seu primeiro contrato com a Globo em 1969, para trabalhar em Verão Vermelho, de Dias Gomes: “Meu personagem não era muito importante. Mas o Dias, quando viu a gravação de uma cena que eu fiz com a Maria Cláudia, passou por mim e disse: ‘Olha, eu gostei muito do seu trabalho e vou desenvolver seu personagem’. Foi o primeiro aval que eu tive de um autor importante”. Em seguida, foi escalado para outra novela do autor, Assim na Terra como no Céu. Engrenou na carreira e, na emissora, atuou em mais de 40 novelas, séries e minisséries.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc sobre a novela Assim na Terra Como no Céu, com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

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Osmar Prado faria mais uma novela de Dias Gomes, Bandeira 2 (1971), no qual viveu o jogador de futebol Mingo – papel para o qual contou com a assessoria de Mané Garrincha –, até encarar o seu primeiro protagonista em Bicho do Mato (1972), Chico de Assis e Renato Correia de Castro. Ambientada no Mato Grosso, a novela trazia o ator no papel do caipira Juba, que se apaixona por uma garota da cidade grande, Rute ( Débora Duarte). “Resolveram me lançar como galã rural. Eu me lembro que a manchete da revista Amiga saiu assim: ‘Osmar Prado – o talento vence a altura – É galã’. Mas eu jamais seria um galã”, comenta.

Lima Júnior e A Grande Família

No ano seguinte, foi escalado para o elenco fixo da primeira versão do seriado A Grande Família, de Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Armando Costa. Seu personagem era o estudante politizado Júnior, o terceiro filho do casal Lineu e Nenê (na época, vividos por Jorge Dória e Eloísa Mafalda). Na década de 1970, no período mais duro da ditadura militar, muitas falas do personagem, que não existe na versão atual, foram censuradas. Houve tantos cortes no texto de um episódio que ele não foi ao ar: a Globo exibiu em seu lugar a reprise de um jogo de futebol. “Júnior acreditava em dar mais consciência ao povo, organizar o povo para resistir”, conta.

A Grande Família - 1ª versão: Tuco e seu Floriano aprontam na hora do almoço

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Com a morte de Oduvaldo Vianna Filho, em 1975, a produção do seriado foi interrompida, e o ator voltou às telenovelas. Ainda naquele ano, esteve no elenco de duas adaptações de obras literárias feitas por Gilberto Braga: Senhora, de José de Alencar, e Helena, de Machado de Assis. Em seguida, participou de novelas como Anjo Mau (1976), Nina (1977), Te Contei? (1978) e O Amor É Nosso (1981).

Dedicação ao teatro

Depois de quase 15 anos de contrato com a Globo, deixou temporariamente a emissora em 1982 para se dedicar mais ao teatro, atuando nas montagens de Barrela, de Plínio Marcos, e Gente Fina é a Mesma Coisa, de Alan Ayckbourn. Na TV Cultura de São Paulo, protagonizou a minissérie Seu Quequé, adaptada por Wilson Rocha do romance de José Condé. No ano seguinte, voltou à Globo para participar do seriado Mário Fofoca, ao lado de Luis Gustavo, e da novela Voltei pra Você, de Benedito Ruy Barbosa. Em 1984 e 1985, participou de duas minisséries da extinta TV Manchete: Viver a Vida, de Manoel Carlos, e Tudo em Cima, de Bráulio Pedroso.

O meu sonho como ator é ensaiar. Eu quero discutir, ensaiar, visualizar o papel. Eu me reservo o direito de influir na trama. Eu não sou um recitador de palavras. Porque, na boca do ator, as palavras adquirem peso, força e poder transformador.

Na Globo em 1986, participou de sua primeira novela das oito, Roda de Fogo, de Lauro César Muniz, na qual interpretou um de seus personagens mais carismáticos, Tabaco, um motorista sedutor que mantinha romances com três mulheres ao mesmo tempo (vividas pelas atrizes Inês Galvão, Carla Daniel e Cláudia Alencar). “E foi aquele sucesso! Ele gostava do esporte, mas era apaixonado. Na maioria das vezes, o prazer dele estava na realização do prazer delas”, conta.

No ano seguinte, voltou a trabalhar com Dias Gomes em Mandala, como o monge budista Gérson Silveira. Em 1992, viveu mais um personagem de grande repercussão junto ao público: o Sérgio Cabeleira, de Pedra sobre Pedra, de Aguinaldo Silva, que assustava os habitantes da cidade de Resplendor em noites de lua cheia.

Tião Galinha

Um dos seus maiores sucessos na televisão foi o Tião Galinha, de Renascer (1993), de Benedito Ruy Barbosa. O personagem, que era catador de caranguejo e sonhava ter uma roça, acreditou que poderia criar um diabinho numa garrafa para realizar seu desejo. O papel rendeu a Osmar Prado o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). “A dor de Tião era a dor do sem-terra. Era a dor daquele que não tinha um pedacinho de terra para ter a sua rocinha, para poder dar um pouco de alegria para os filhos”, reflete.

Renascer: Tião Galinha e o cramunhão

Renascer: Tião Galinha e o cramunhão

Osmar Prado deixou a Globo ainda durante as gravações de Renascer. Transferiu-se para o SBT, que então reorganizava o seu núcleo de dramaturgia com a novela Éramos Seis. No teatro, ganhou outro prêmio da APCA por sua atuação na peça Hitler.

O ator voltou a trabalhar na Globo em 1998. De lá para cá, esteve nas novelas Meu Bem Querer (1998), de Ricardo Linhares, Esplendor (2000), de Ana Maria Moretzsohn, O Clone (2001), de Gloria Perez, e Chocolate com Pimenta (2003), de Walcyr Carrasco. Também atuou nas minisséries Os Maias (2001) e Hoje é Dia de Maria (2005) sob a direção de Luiz Fernando Carvalho. Em 2006, participou do remake da novela Sinhá Moça, na qual interpretou o desalmado Barão de Araruna.

Em 2009, integrou o elenco de Caminho das Índias, de Gloria Perez, primeira novela brasileira a vencer o Prêmio Emmy, considerado o Oscar da televisão mundial. Na trama, Osmar Prado interpretou o comerciante Manu Meetha, casado com Kosshi (Nívea Maria) e pai da protagonista Maya (Juliana Paes).

Em 2010, interpretou dois personagens no seriado Afinal, o que querem as mulheres?, de Luiz Fernando Carvalho: o psicanalista Dr. Klein e o radialista Amâncio Flores. Em 2011, atuou como o delegado Batoré na trama de Cordel do Fogo Encantado, de Thelma Guedes e Duca Rachid, e viveu Marcos, um corretor de imóveis, na microssérie Amor em 4 atos.

No ano seguinte, estreou no elenco de Amor Eterno Amor, de Elizabeth Jhin, no papel de Vírgilio, padrasto de Rodrigo (Gabriel Braga Nunes). Em 2014, atuou na minissérie Amores Roubados interpretando Roberto Cavalcanti, um poderoso empresário do Sertão, casado com Celeste (Dira Paes). No mesmo ano, viveu o Coronel Epa, personagem rival de Pedro Galvão (Rodrigo Lombardi) no remake de Meu Pedacinho de Chão, novela de Benedito Ruy Barbosa.

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