Por Memória Globo

Memória Globo

Nascido no dia 7 de abril de 1941, Mussum cresceu no Morro da Cachoeirinha, em Lins de Vasconcelos, subúrbio do Rio de Janeiro. Filho de família humilde, não foi o humor que prevaleceu entre suas primeiras escolhas profissionais. Serviu por vários anos na Aeronáutica e, paralelamente, começou uma carreira musical. No início dos anos 1960, criou, junto com amigos, o grupo Os Sete Morenos – que, anos mais tarde, mudaria o nome para Originais do Samba. Os músicos gravaram mais de dez LPs e ganharam três discos de ouro: 'Tragédia no Fundo do Mar', 'Esperanças Perdidas' e 'Do Lado Direito da Rua Direita'.

Mussum em Os Trapalhões — Foto: Acervo/Globo

Estreia na Globo

O ator estreou na Globo, em 1966, no programa humorístico 'Bairro Feliz' (no ar desde o ano anterior), com os colegas do Originais do Samba. Consta que, nesta época, o comediante Grande Otelo apelidou Antônio Carlos Bernardes Gomes de Muçum, que viraria seu nome artístico com a mudança na grafia: Mussum.

Mussum, Dedé Santana, Mauro Gonçalves e Renato Aragão em Os Trapalhões — Foto: Acervo/Globo

No ano seguinte, foi convidado pelo comediante Chico Anysio para trabalhar na TV Tupi, onde participou do programa 'Escolinha do Professor Raimundo'. Nesta época, criou o jeito de falar que se tornaria sua marca registrada, ao pronunciar as palavras com a última sílaba terminando em “is” – como em “portuguesis” ou “aritimetiquis”. Em 2008, por ocasião da eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, essa pronúncia serviu de mote para a galhofa que foi a criação de uma imagem em que Mussum aparecia travestido de presidente americano – inspirada no cartaz do político criado pelo artista gráfico Shepard Fairey. Abaixo da paródia, lia-se: “Obamis”. A estampa, criada por um designer carioca, virou febre e começou a aparecer em várias camisetas.

Expressões do personagem Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes) reunidas de diferentes episódios do humorístico. Com Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana) e Zacarias (Mauro Gonçalves). Participação do cantor Roberto Carlos (musical “Roberto Carlos Especial”, de 1979).

Expressões do personagem Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes) reunidas de diferentes episódios do humorístico. Com Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana) e Zacarias (Mauro Gonçalves). Participação do cantor Roberto Carlos (musical “Roberto Carlos Especial”, de 1979).

Ainda no fim dos anos 1960, Mussum participou de programas na TV Excelsior e na TV Record. Nesta última, no início dos anos 1970, contracenou com os humoristas Renato Aragão, o Didi, e Manfried Santana, o Dedé, no programa 'Os Insociáveis', que seria um embrião do grupo 'Os Trapalhões'. Em 1974, o trio foi para a TV Tupi para estrelar um programa com três horas de duração, desta vez com o nome com o qual passariam a se apresentar: 'Os Trapalhões'. Enquanto grupo, porém, os 'Trapalhões' já existiam desde 1966, na TV Excelsior, no programa 'Adoráveis Trapalhões' – que contava, além de Renato Aragão e Dedé Santana, com Wanderley Cardoso, Ivon Curi e Ted Boy Marino. Na TV Tupi, o trio passou a contar com o comediante mineiro Mauro Gonçalves, o Zacarias, formando o quarteto que consagraria o grupo: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias.

'Os Trapalhões' na Globo

'Os Trapalhões' foram contratados pela Globo, em 1976, tendo estreado em dois programas especiais, exibidos em janeiro e fevereiro de 1977. Logo em seguida, em março, os comediantes estrearam um programa próprio, 'Os Trapalhões', que ficou no ar até 1994. Durante este tempo, o humorístico passou por algumas alterações – tendo sido as mais significativas a presença do público assistindo aos esquetes (1982), as gravações externas (1983), a transmissão ao vivo (1988) e a inserção de quadros de personagens fixos, como 'Trapa Hotel' (1990), 'Vila Vintém' (1992), 'Agência Trapa Tudo' (1992) e 'Nos Cafundós do Brejo' (1993) –, mas manteve como base os esquetes isolados protagonizados pelo quarteto.

Esquete com Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana), Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes) e Zacarias (Mauro Gonçalves).

Esquete com Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana), Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes) e Zacarias (Mauro Gonçalves).

O programa ficou no ar com edições inéditas até 1994, ano em que Mussum morreu – o quarteto já tinha perdido Zacarias, que havia morrido em 1990. De 1994 a 1995, foram exibidos os melhores momentos desde 1977.

Comédia e samba

Durante os primeiros anos dos 'Trapalhões', Mussum conciliou suas atividades na televisão com sua carreira nos Originais do Samba. Em 1981, no entanto, ele decidiu deixar o grupo para se dedicar integralmente à carreira de humorista. Segundo ele próprio contou em entrevistas, o público dos Originais do Samba começava a ir aos shows mais para ouvir suas piadas do que para ouvir música. Em um show no interior de São Paulo, chegou a ser anunciado como “o trapalhão Mussum e os Originais do Samba”, e o comediante se deu conta de que era a hora de largar a carreira musical.

Na primeira edição do programa, Roberto Carlos canta com Os Trapalhões (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias) “Amigo”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Na primeira edição do programa, Roberto Carlos canta com Os Trapalhões (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias) “Amigo”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Em 1982, Silvio Santos, dono do SBT, tentou contratar o grupo, mas sem sucesso. Entre 1983 e 1984, eles passaram por uma crise que quase os levou à separação. Renato Aragão chegou a fazer um filme sozinho, 'O Trapalhão na Arca de Noé' (1983), de Del Rangel, enquanto os três colegas fizeram, sem ele, o filme 'Atrapalhando a Suate' (1983), de Victor Lustosa e Dedé Santana. Seis meses após terem anunciado a separação, eles se reconciliaram e voltaram a gravar juntos. No carnaval de 1988, foram homenageados no tema do samba-enredo da escola Unidos do Cabuçu que desfilou no Rio de Janeiro.

Durante sua passagem pela Globo, Mussum também participou dos programas especiais da campanha 'Criança Esperança', promovida pela emissora e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em prol dos direitos da infância e da adolescência. A campanha foi lançada no programa em homenagem aos 20 anos de carreira dos 'Trapalhões', exibido em 28 de dezembro de 1986.

Mussum em Os Trapalhões — Foto: Acervo/Globo

Cinema

A carreira de Mussum no cinema foi ligada aos 'Trapalhões', desde o primeiro filme, 'O Trapalhão no Planalto dos Macacos' (1976), de J.B. Tanko. Daí em diante, foram mais de 20 filmes com o grupo, até 'Os Trapalhões e a Árvore de Juventude' (1991), de José Alvarenga Jr. Trabalhou também como compositor no já citado 'Atrapalhando a Suate' e em 'Os Trapalhões no Rabo do Cometa' (1986), dirigido pelo amigo Dedé Santana.

Em julho de 1994, Mussum submeteu-se a um transplante de coração. Ele sofria de miocardiopatia, doença que provoca o inchaço do coração a ponto de comprometer seu funcionamento. Uma infecção hospitalar, no entanto, provocou sua morte, aos 52 anos, no dia 30 daquele mês. Ele deixou mulher e quatro filhos, entre eles Mussunzinho, que, embora não seja comediante, seguiu a carreira do pai e hoje está na televisão.

Trecho do programa sobre samba, com participação de Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes), Ivo Meirelles e Velha Guarda da Mangueira.

Trecho do programa sobre samba, com participação de Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes), Ivo Meirelles e Velha Guarda da Mangueira.

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