Zé Paulo Cardeal/Memória Globo

Miriam Leitão tornou-se repórter por acaso. Depois de deixar a casa dos pais, a jovem saiu em busca de emprego. Inscreveu-se na primeira vaga de estágio que encontrou nos anúncios do jornal Tribuna de Vitória, do Espírito Santo. Aprovada, ela passou a frequentar uma redação e tomou gosto pelo ofício. Ao longo da carreira, se especializou em economia. Aprendeu que, para se tornar uma boa setorista na imprensa, é preciso primeiro ser uma boa repórter. Depois, se aprofundar ao máximo no assunto escolhido. A jornalista é, desde 1991, colunista do jornal O Globo. Quatro anos depois, iniciou sua trajetória na Globo, fazendo comentários no 'Jornal Hoje' e, posteriormente, no 'Jornal Nacional' e 'Bom Dia Brasil'. Na GloboNews, comanda o programa 'GloboNews Miriam Leitão', que discute os principais assuntos de economia e como eles afetam a vida da população. O mesmo assunto é tema de sua coluna na rádio CBN.

O trabalho do colunista é buscar a informação, mas também é ser capaz de refletir sobre ela. Eu continuo dando furos de reportagem, só que eu reflito, porque a coluna ajuda a formar opinião.

Miriam Leitão no 'Programa Miriam Leitão' da GloboNews, 2014. — Foto: Estevam Avellar/Globo

Início da carreira

Miriam Azevedo de Almeida Leitão nasceu em Caratinga, no interior de Minas Gerais. Filha de um pastor presbiteriano e de uma professora primária, ela teve 11 irmãos e estudou no colégio Vale do Rio Doce, fundado por seu pai. Aos 18 anos, mudou-se para Vitória, no Espírito Santo, onde iniciou a carreira no jornalismo, como estagiária da Tribuna de Vitória. Dois meses depois, conseguiu uma vaga num dos principais jornais do estado, O Diário.

No início da década de 1970, durante a ditadura militar, participou do movimento estudantil capixaba e chegou a ser presa, aos 19 anos, quando estava grávida do seu primeiro filho, Vladimir Netto e permaneceu em cárcere por dois meses. Também foi perseguida e demitida de vários empregos. Começou a trabalhar na área econômica no final dos anos 1970. Foi editora de economia do jornal Gazeta, em Vitória, e, pouco tempo depois, mudou-se para Brasília, onde passou a cobrir o Palácio do Itamaraty para a Gazeta Mercantil. Nessa época, formou-se em jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB).

Em 1982, trabalhando para o jornal O Globo, Miriam Leitão cobriu as eleições diretas para governador no estado do Pará. Ficou apenas sete meses no jornal e saiu para trabalhar na revista Veja, em São Paulo. Pouco tempo depois, ainda no grupo Abril, deixou a redação da revista para apresentar o programa 'Veja Entrevista', da Abril Vídeo. O programa era parte do projeto de um canal de televisão do grupo, que, no entanto, não teve continuidade.

Miriam Leitão foi, então, convidada por Marcos de Sá Correa para cobrir as férias do colunista Zózimo Barroso do Amaral, no Jornal do Brasil. Ficou responsável pelo espaço durante seis meses e, em seguida, passou trabalhar como repórter de Economia. Na editoria, escreveu a coluna 'Coisas de Economia', que mais tarde se tornou 'Informe Econômico'. Em 1986, assumiu o cargo de editora.

Nessa época, foi convidada pela jornalista Belisa Ribeiro para participar, ao lado de Marcos de Sá Correa, do programa 'A Semana', exibido pela TV Bandeirantes. Participou também do 'Programa de Domingo', da TV Manchete. Em 1990, saiu do Jornal do Brasil para escrever uma coluna de economia em O Estado de S. Paulo.

Panorama Econômico

A jornalista voltou a trabalhar no jornal O Globo em 1993, assumindo a coluna 'Panorama Econômico' no lugar de George Vidor. Em seu primeiro texto para o jornal, conseguiu um furo de reportagem, ao noticiar que o Brasil estava voltando a negociar com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Ao longo dos anos, foi responsável por uma mudança no perfil da coluna, que deixou de publicar notas e se transformou em um espaço de análises sobre a conjuntura econômica, política e social do país.

Outro trabalho de destaque no jornal carioca foi o caderno especial 'A Cor do Brasil – Retrato do Povo Zumbi', editado por ela em novembro de 2003. O suplemento especial problematizava a questão do negro no país, abordando temas como preconceito e escravidão. Em 2004, o caderno conquistou o Prêmio Tolerância da Federação Internacional de Jornalistas.

Televisão

Em 1995, paralelamente às outras atividades, Miriam Leitão assumiu o cargo de comentarista de economia da Globo no 'Jornal Hoje'. Logo depois, começou a colaborar também com o 'Jornal Nacional' (até 2002) – ela foi responsável por duas das primeiras séries de reportagem exibidas pelo 'JN: O futuro do emprego' e 'A hora da competição', ambas de 1996. Em 2000, tornou-se consultora de assuntos econômicos e comentarista de economia no 'Bom Dia Brasil', um telejornal, segundo ela, difícil de fazer: vai ao ar muito cedo e requer alto grau de informação. “Economia é um assunto importante, deve ser dado em todos os telejornais; em cada um com um enfoque diferente. Eu já fiz comentários no 'Jornal Nacional', e o desafio era falar para o grande público. 'O Bom Dia' é para quem é louco por notícia, e, portanto, muito bem-informado. Preciso estar antenada desde cedo e o comentário é mais aprofundado”, comenta. No 'Bom Dia', ela também participou de coberturas eleitorais. Nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010, entrevistou no estúdio os candidatos à presidência, ao lado do então apresentador e editor-chefe Renato Machado.

Miriam Leitão no especial 'Uma história Inacabada, da Globo News', 2012. — Foto: Acervo Globo

Nos anos 2000, Miriam Leitão tornou-se comentarista da rádio CBN; e passou a apresentar o programa 'Espaço Aberto Economia', da GloboNews, que em 2012 passou a se chamar 'GloboNews Miriam Leitão' – cujo foco não é apenas economia e seus impactos na vida do cidadão, mas também meio ambiente. Além do espaço que privilegia a entrevista, a jornalista faz comentários em outros telejornais da grade do canal a cabo, em coberturas especiais. Um exemplo foi o programa 'Central das Eleições', que, durante o período eleitoral de 2018, exibiu entrevistas, análises e discussões sobre a corrida presidencial. Passada a eleição, a 'Central' discutiu a formação e ações do novo governo. Miriam Leitão atuou como mediadora das sabatinas com presidenciáveis no estúdio, e como uma entre seis entrevistadores dos candidatos à vice-presidência. A seu lado estavam jornalistas como Fernando Gabeira, Cristiana Lôbo, Valdo Cruz e Andreia Sadi.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc jornalismo - 'Jornal Nacional': Série Caminhos do Brasil (1996)

Webdoc jornalismo - 'Jornal Nacional': Série Caminhos do Brasil (1996)

Prêmios

Em 20 de outubro de 2005, Miriam Leitão tornou-se a primeira jornalista brasileira a receber o prêmio Maria Moors Cabot, oferecido pela Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Em 2012, conquistou o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos com a reportagem Caso Rubens Paiva: Uma História Inacabada. Em 2013, ganhou o Prêmio Esso de Informação Científica e Ambiental em 2013, pela reportagem feita com os índios Awá com o fotógrafo Sebastião Salgado. Em março de 2014, conquistou o troféu Mulher Imprensa na categoria Comentarista de TV. Em maio deste ano, foi homenageada pelo Prêmio Personalidade da Comunicação 2014, promovido pelo Instituto Vladimir Herzog. Miriam Leitão conquistou ainda o Prêmio Comunique-se nas categorias Colunista de Notícia (2015), Colunista de Opinião (2013 e 2016), Economia – Mídia Escrita (2004, 2007, 2010, 2012 e 2014) e Economia – Mídia Falada (2005, 2007, 2011).

Em 2017, foi premiada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) com o Prêmio Liberdade de Imprensa.

Livros

Em 2011, Miriam Leitão lançou o livro 'Saga Brasileira – A Longa Luta de um Povo por sua Moeda', pela editora Record. Para traçar a trajetória da moeda nacional, a jornalista abordou 30 anos de um dos períodos mais conturbados da economia brasileira e compilou histórias de famílias que viveram a hiperinflação, o congelamento de preços e o confisco da poupança. O livro conquistou a 54a. edição do Prêmio Jabuti (2012), na categoria Livro do Ano de Não Ficção. A jornalista escreveu ainda os livros 'Convém Sonhar' (2010), pela editora Record; os infantis 'A Perigosa Vida dos Passarinhos Pequenos' (2013), 'A Menina de Nome Enfeitado' (2014) Flávia e o 'Bolo de Chocolate' (2015), ambos pela Editora Rocco. Em 2014, lançou 'Tempos Extremos', e, em 2015, 'História do Futuro: O horizonte do Brasil no século XXI', ambos pela Editora Intrínseca.

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