Nascido na Baixada Fluminense e formado em Administração de Empresas pela UFRJ, Mauricio Gonzalez começou sua trajetória profissional em uma fábrica de fios e cabos plásticos, na qual entrou como estagiário e saiu como gerente de Compras. Depois, fez parte da equipe que implantou a Oi, tornando-se diretor da empresa. Em 2013, após mais de uma década no setor de telefonia, aceitou o desafio de trabalhar na TV Globo como diretor de Patrimônio e Serviços. Em 2017, passou a atuar como diretor de Finanças e Infraestrutura. Com a implementação do programa Uma Só Globo e a consequente reestruturação do Grupo Globo, Gonzalez assumiu, em 2019, o cargo de diretor-executivo do Centro de Serviços Compartilhados da Globo.
Início da carreira
Mauricio Gonzalez Pinto nasceu em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, em 10 de maio de 1967. Apesar de só ter iniciado sua carreira na Globo em 2013, após uma trajetória profissional consolidada, sobretudo em empresas de telefonia, a relação com a TV vem da infância. Sua mãe, Carmem Marly Gonzalez Pinto, é professora aposentada, e seu pai, Genival Pinto Rodrigues, era publicitário. Como gestor de marketing de uma rede de supermercados, Seu Genival tinha a Globo como principal canal de divulgação das ofertas. Bem menino, Mauricio Gonzalez esperava o intervalo dos programas para ver os anúncios.
O casal se mudou de Duque de Caxias para a capital, onde Mauricio Gonzalez estudou Administração de Empresas, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele continuou sua formação em paralelo à atividade profissional, fazendo diversas especializações e duas pós-graduações, na Fundação Dom Cabral e na Kellogg School of Management, de Chicago, nos Estados Unidos. Ainda aluno da faculdade, conseguiu um estágio na Ficap, uma fábrica de fios e cabos plásticos, na Pavuna, Zona Norte do Rio. Foi efetivado na empresa, em que permaneceu por dez anos, até 1999, quando saiu para trabalhar na Telemar, concessionária de telefonia criada com a privatização do Sistema Telebras.
Atuação em telefonia
No novo emprego, ganhou o mesmo cargo dos tempos de Ficap, gerente de Compras. Mas a primeira experiência na Telemar durou pouco, porque a Vesper, empresa canadense de telefonia, o convidou para ocupar uma função executiva. Mauricio ficou na Vesper por dois anos, até voltar à Telemar para uma temporada mais longa, agora como gerente de Suprimentos. Daí para frente, acompanhou a mudança do nome da empresa para Oi e ampliou suas competências. Se na Ficap toda a parte de negociação, aquisição e importação de insumos estava sob sua responsabilidade, na Oi, com a incorporação da telefonia móvel, Mauricio Gonzalez integrou a equipe que implantou novidades como o chip nos telefones celulares. “Trabalhar numa startup, e ver o sucesso que a gente alcançou naquele momento, foi uma tremenda realização profissional, independentemente do que poderia vir depois. Naquele momento, ao trazer do zero, fazer a construção daquela empresa, a gente estava construindo valor para o Brasil, de uma maneira geral, porque as pessoas não tinham telefone celular”, avaliou, em entrevista ao Memória Globo.
O último cargo assumido na Oi foi o de diretor de Patrimônio e Logística. “Nesse momento, já não era mais só operação móvel, porque a Telemar e a Oi se integraram. Então, eu estava cuidando da operação como um todo, não só de telefonia móvel, mas também da telefonia fixa”.
Início na Globo
Em 2013, em função da bagagem acumulada em uma carreira de mais de 20 anos, Mauricio Gonzalez recebeu um telefonema de um head hunter (profissional que recruta executivos), que lhe ofereceu uma oportunidade em uma grande empresa, sem especificar, em um primeiro momento, qual seria a corporação. Quando soube que era a Globo, Gonzalez ficou duplamente feliz: pelo desafio que significava o trabalho na emissora líder e por ter a chance de permanecer no Rio de Janeiro, sua cidade querida.
Contratado, Mauricio Gonzalez começou sua trajetória como diretor de Patrimônio e Serviços. Assim que chegou à TV Globo, passou a fazer parte do Comitê Estratégico, formado pelos diretores de centrais. Naquele momento, a Globo buscava revisar contratos com fornecedores em áreas como segurança, transportes, viagens, operação, manutenção e limpeza. “A gente implementou muitos indicadores de desempenho, muitos processos que não existiam. Por onde a demanda é acionada, de que maneira a demanda é respondida, como é controlada, como esse acompanhamento é feito, quais os níveis de serviço”, explica. Realizaram-se novas concorrências para contratações, alguns fornecedores antigos foram substituídos e outros permaneceram, adaptados ao novo modelo.
Com o tempo e os resultados obtidos, a diretoria foi expandindo sua área de atuação, passando a cuidar, além da emissora, do Rio e de São Paulo, da infraestrutura dos Estúdios Globo, também no Rio de Janeiro, e das regionais. Nesse período, houve grandes desafios, como a logística para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, e a construção dos estúdios para a Olimpíada no Rio, em 2016. Na Copa, existiu a necessidade de deslocamentos e viagens dos profissionais pelas sedes, enquanto nos Jogos Olímpicos o sofisticado projeto de engenharia dos estúdios criou uma estrutura cenográfica temporária que precisava funcionar como um prédio.
O compromisso com ações de sustentabilidade se intensificou durante a gestão de Gonzalez. A criação da coordenação de Gestão Ambiental incluiu em um mesmo setor a gestão de resíduos, o cuidado com o consumo de energia elétrica e de combustíveis fósseis, e o tratamento de água, entre outros pontos. “A gente saiu de 20% de contratação de energia renovável para 95%. Todo o nosso parque de gravação e de escritórios é alimentado por energia renovável, em busca da meta de carbono neutro, a neutralização das emissões de carbono”, garante. Como resultado desses esforços, a Globo conquistou, pela ABNT, em 2019, a certificação carbono neutro referente às taxas de 2018, nas cinco praças onde estão suas emissoras – Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília.
Novas atribuições
Em 2017, o escopo de atuação de Mauricio Gonzalez ficou ainda maior, e ele passou a ser diretor de Finanças e Infraestrutura, tendo sob sua responsabilidade também suprimentos e serviços financeiros, o que engloba faturamento, contas a pagar, contas a receber e as áreas fiscal, de planejamento de negócios e controles internos. No novo cargo, ainda em 2017, o diretor pôde comemorar a conclusão de um trabalho de cinco anos, com a inauguração do novo estúdio do ‘Jornal Nacional’, resultado do trabalho em conjunto das áreas de logística e engenharia. Nas regionais também aconteceram mudanças importantes. Em Recife, a Globo construiu uma nova sede que incorporou a mais moderna tecnologia de transmissão, pela internet.
Com o início do projeto ‘Uma Só Globo’, que a partir de 2018 promoveu uma reformulação interna para integrar as empresas do Grupo, Mauricio Gonzalez passou a se reportar diretamente ao diretor-geral da TV Globo à época, Carlos Henrique Schroder, e a fazer parte do Comitê Executivo da TV Globo. Ele seguiu nos dois comitês - Estratégico e Executivo - até 2019.
Em virtude de todas essas mudanças, ainda em 2019, Mauricio se tornou diretor-executivo do Centro de Serviços Compartilhados (CSC) da Globo, que atende as áreas de Serviços Financeiros, Segurança Empresarial, Suprimentos, Serviços e Logística, Operação e Gestão Ambiental e Governança e Controle.
Pandemia
À frente de todos esses setores, o diretor precisou lidar com uma situação impensada até então, a pandemia de Covid-19. No início de 2020, ainda se imaginava que a interrupção do trabalho presencial nos escritórios seria momentânea, mas o agravamento da disseminação da doença fez com que a Globo precisasse se estruturar rapidamente, com base na realidade que se apresentava. O home office associado ao trabalho híbrido ficou vigente por quase dois anos. “A primeira iniciativa foi montar um comitê de crise, precisávamos de um fórum de decisão rápida, não dava para esperar. Então, havia a diretoria de Recursos Humanos, a nossa, a diretoria da Programação, a Tecnologia. Para o álcool em gel, por exemplo, a gente meio que montou uma fábrica de embalar álcool em recipiente”, conta.
A retomada das gravações e do trabalho presencial se deu com muitos cuidados. Foram criados perímetros de aproximação, cada um deles com um protocolo. Definiu-se a necessidade de se fazer testes, usar máscaras e até de vestir um macacão que lembrava a roupa de astronautas. A flexibilização dessas regras, com o tempo, obedeceu sempre a critérios científicos, a partir dos níveis de testagem e de contaminação, sendo realizada com orientação médica. E a vacinação tornou-se obrigatória na empresa.
“Iniciei um ciclo em 2013, outro ciclo em 2017, outro em 2019. A gente tem um emprego novo, chefe novo, enfim, mas o importante é que a gente tem consistência, a gente acredita muito naquilo que a gente faz”, afirma.
FONTES:
Depoimento de Mauricio Gonzalez em 21/06/2022. |