Por Memória Globo

Memoria Globo

Mateus Solano Schenker Carneiro da Cunha entendeu, ainda no ensino médio, que atuar significava responsabilidade. Avisado de que a disciplina de teatro poderia reprová-lo, decidiu levar o assunto a sério. Uma possibilidade profissional. Assim, aos 15 anos, em 1996, estreou sua primeira peça extracurricular, 'A Aurora da Minha Vida'. No Tablado, escola de teatro carioca, o ator estudou contrarregragem e operação de luz e som, entre outras atividades ligadas à cena, para entender melhor o universo onde pisava. Jovem, em um grupo chamado Oficina de Sonhos e Delírios, costurou figurinos, criou cenários e participou, como diz, “de toda a tessitura teatral. Isso foi estupidamente importante para mim, acho que foi aí que a mosca azul me picou e eu falei: ‘Daqui eu não saio, ou não quero sair’”.

Com muita ajuda do teatro, aprendi a fazer televisão e cinema. Mas, aprender a gente nunca aprende totalmente, continua aprendendo

Mateus Solano, 2016 — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

Início da carreira

Filho do diplomata, João Solano Carneiro da Cunha, e da psicóloga, Míriam Schenker, Mateus Solano Schenker Carneiro da Cunha foi alfabetizado em inglês e morou em Washington, nos Estados Unidos e em Lisboa, Portugal. Sua estreia como ator foi na peça 'A Aurora da Minha Vida', de Naum Alves de Souza, no Teatro Gláucio Gil, em 1996. O teatro fica no Rio de Janeiro, cidade para onde se mudou, aos quatro anos de idade, depois da separação dos pais. Aí, entrou para O Tablado, tradicional escola de teatro, e seguiu com sua formação no curso de teatro, graduando-se pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Independência

Como é comum entre aqueles que escolhem a carreira artística, Mateus Solano levou tempo para adquirir uma independência financeira que lhe permitisse morar sozinho, o que ocorreu por meio da publicidade, apesar de já ter feito peças profissionalmente. A primeira delas 'O Homem que Era Sábado', um texto inédito de Pedro Brício, em 2001.

No ano seguinte, estagiou na França, no Théâtre du Soleil, durante três semanas, em que fez principalmente exercícios de improvisação. De volta ao Brasil, participou de montagens como 'O Perfeito Cozinheiro das Almas Deste Mundo' (2006), de Jefferson Miranda, a convite de Luiza Mariani, com quem viria a contracenar na minissérie 'JK'. Ainda em teatro, entre mais de 20 peças, Mateus Solano destaca um trabalho de 2009, 'Hamlet', espetáculo dirigido por Aderbal Freire-Filho em que atuou ao lado de Wagner Moura.

Estreia na TV

A estreia do ator em televisão se deu na Globo, no 'Linha Direta Justiça', em 2003. Ele pintou o cabelo de loiro e usou lentes de contato azuis para interpretar Stuart Angel. O episódio 'Zuzu Angel' falava do assassinato do ativista político e de sua mãe durante a ditadura militar. Depois vieram participações em comédias, nos programas 'A Diarista' (2005) e 'Sob Nova Direção' (2007), além de trabalhos pontuais em 'Malhação' (2004), 'Sítio do Picapau Amarelo' (2007), 'Faça a Sua História' (2008) e 'Casos e Acasos' (2008).

A primeira minissérie foi em 2004, 'Um Só Coração', de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira. “Eu conheci muitos artistas que só via pela televisão e comecei a perceber, não, eles não são os artistas que eu via pela televisão, são meu colegas de trabalho, estão aqui”, relembra. Depois, em 2006, teve um papel de maior destaque, vivendo Júlio Soares, amigo e cunhado de Juscelino Kubitschek, em 'JK' (2006), também de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.

Mas o trabalho de maior projeção, nessa fase da vida, foi realizado três anos depois, em 'Maysa – Quando Fala o Coração', de Manoel Carlos. Na minissérie, interpretou Ronaldo Bôscoli, papel que seria do ator Rodrigo Lombardi. Para se preparar, Mateus Solano estudou a bossa nova, viu filmes de referência e leu a autobiografia do músico. Sua atuação, especialmente quando contracenava com Larissa Maciel, a Maysa, rendeu elogios da crítica e popularidade.

Os gêmeos

A primeira novela do ator foi 'Pé na Jaca' (2006), de Carlos Lombardi, seguida de 'Paraíso Tropical' (2007), de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Até que, em 2009, ele enfrentou o desafio de fazer os gêmeos Miguel e Jorge em 'Viver a Vida', de Manoel Carlos. O trabalho exigiu fôlego pela quantidade de cenas gravadas e a necessidade de decorar rapidamente as falas. “A volta está depois que o capítulo vai ao ar, a volta não é como o teatro, que você ouve na plateia uma pessoa chorando ou rindo, no caso de uma comédia. Ela vem depois que vai ao ar e você recebe o feedback daquilo. Então isso tudo eu fui aprendendo com Viver a Vida, foi sem dúvida a novela em que eu mais aprendi a fazer televisão”, avalia.

Depois da densidade dos gêmeos, Mateus Solano voltou a interpretar um personagem leve, o cientista Ícaro de 'Morde & Assopra' (2011), de Walcyr Carrasco, novela que teve cenas gravadas no Japão. Também em clima de comédia, teve participações em episódios de 'A Mulher Invisível' (2011) e 'As Brasileiras' (2012). Ainda em 2012, participou do remake de 'Gabriela', de Walcyr Carrasco, como Mundinho Falcão, contracenando com Juliana Paes e Antonio Fagundes. Nesse trabalho, o ator se sentiu dividido em relação à fama: percebia o reconhecimento do público, mas acabou não desfrutando das locações, em Ilhéus, Bahia, em função do assédio.

Beijo famoso

Seu personagem mais famoso viria em seguida, o Félix, da novela 'Amor à Vida' (2013), escrita por Walcyr Carrasco – autor muito presente em sua trajetória. A novela exibiu pela primeira vez um beijo gay masculino em horário nobre, algo aguardado com ansiedade por parte da sociedade, e rejeitado por outro segmento. “Quem saiu do armário não foi o Félix, o Félix dava pinta pra caramba, quem saiu do armário foi àquela família que fingia que não via isso. De repente se viu que o Brasil precisava sair do armário, não são os gays que precisavam sair do armário”, afirma.

Seu personagem virou “meme” na internet pelas expressões que repetia. A preferida de Solano era: “Eu devo ter lavado cueca na manjedoura”. Entre as cenas mais fortes, o ator destaca a da revelação da homossexualidade do personagem e a do momento em que ele confessa ter jogado a sobrinha recém-nascida na caçamba de lixo.

'Frases no ar': Félix (Mateus Solano)

'Frases no ar': Félix (Mateus Solano)

'Amor à Vida': cena em que Félix (Mateus Solano) e Nico (Thiago Fragoso) se beijam.

'Amor à Vida': cena em que Félix (Mateus Solano) e Nico (Thiago Fragoso) se beijam.

A novela seguinte, em horário diferente, às 23h, foi 'Liberdade, Liberdade' (2016), de Mario Teixeira, em que viveu um vilão. Para o papel de Rubião, precisou aprender equitação, esgrima, prosódia, boxe e etiqueta, mergulhando no universo da colônia brasileira de 200 anos atrás. Para Mateus Solano, o personagem mais cinematográfico que fez na TV.

Em 2017 interpretou Eric em Pega Pega, de Claudia Souto. Dois anos depois voltou a trabalhar sob o texto de Walcyr Carrasco em uma participação na novela 'A Dona do Pedaço'.

Em 2021 foi um dos quatro protagonistas de 'Quanto mais vida, melhor!', escrita por Mauro Wilson. Na trama, deu vida ao médico Guilherme, filho de Daniel (Tato Gabus Mendes) e Celina (Ana Lucia Torre), um rapaz esnobe e superprotegido pela mãe.

O ator interpretou Zé Bonitinho na releitura da 'Escolinha do Professor Raimundo' a partir de 2015. Ele seria escalado para fazer o personagem Ptolomeu, mas por sugestão de seu amigo Marcelo Adnet acabou tendo a oportunidade de homenagear o Zé Bonitinho original, Jorge Loredo, falecido em março daquele ano, a quem já imitava quando era criança.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Depoimento de Mateus Solano: 'Escolinha do Professor Raimundo' (2016)

Depoimento de Mateus Solano: 'Escolinha do Professor Raimundo' (2016)

Cinema e projeto experimental

Mateus Solano gosta de cinema, mas lamenta que a proximidade com os colegas desapareça quando as filmagens se encerram. “Você fica um mês com aquelas pessoas no cafundó fazendo aquilo e beijo, tchau, daqui um ano a gente se vê. Aí vai encontrar aquelas pessoas numa festa, sem a metade da metade da intimidade que tinha há um ano”, estranha.

Entre os filmes que fez, destaca 'Confia em Mim', de Michel Tikhomiroff, em 2012; 'O Menino do Espelho', de Guilherme Fiuza Zenha, em 2013; 'Em Nome da Lei', de Sérgio Resende, em 2015; e 'Talvez uma História de Amor', de Rodrigo Bernardo, uma comedia romântica rodada em 2015, lançado em 2018.

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