Marisa Raja Gabaglia nasceu em 1942, em São Paulo. Desde pequena, demonstrou interesse pela leitura e pela escrita. Ainda jovem, chegou a se corresponder com o poeta Manuel Bandeira, a quem enviou alguns dos seus poemas e outros escritos. Dele, recebeu o incentivo para continuar escrevendo. Assim, acabou ingressando no jornalismo, por meio de um amigo que conhecia o empresário de comunicação Adolfo Bloch, que a convidou para escrever para a Editora Bloch. Sua primeira matéria foi contando a sua experiência de mãe de primeiro filho. O texto ganhou oito páginas e virou capa da Manchete, e Marisa Raja Gabaglia acabou efetivada como repórter da revista.
No final dos anos 1960, Marisa Raja Gabaglia foi convidada pelo empresário e jornalista Samuel Weiner, diretor do jornal Última Hora, para escrever crônicas. A primeira que ela escreveu foi sobre uma visita a uma cartomante. A jornalista se consagraria como cronista, ao ponto do escritor Rubem Braga, ele próprio um expoente da crônica brasileira, tê-la sugerido a reunir seus textos em um livro – o que ela fez, publicando 'O Milho pra Galinha, Mariquinha', em 1972. Depois deste, seriam mais oito livros escritos, entre compilações de crônicas e romances cheios de referências ferinas à burguesia e ao sistema econômico e social brasileiro. Além do Última Hora, Marisa Raja Gabaglia escreveu crônicas para o Diário Popular.
Nos anos 1970, ingressou na Globo, tendo sido repórter da emissora por 18 anos. Em 1972, foi uma das responsáveis pelo texto do programa 'Viva Marília', apresentado pela atriz Marília Pêra. O programa mensal unia show e atualidades, contando sempre com a participação de artistas convidados e explorando temas relacionados ao universo feminino. O texto era escrito por Domingos Oliveira, Nelson Motta, Luiz Carlos Miéle, Ronaldo Bôscoli e Marisa Raja Gabaglia, e a ideia era abordar assuntos como o desquite e a inserção da mulher no mercado de trabalho, até então pouco explorados na televisão.
Em 1973, Marisa Raja Gabaglia participou do programa jornalístico 'Só o Amor Constrói', sobre a importância do amor na vida e na carreira de personalidades de destaque, através de depoimentos de familiares, amigos e colegas. A apresentação no estúdio ficava a cargo de Heron Domingues, enquanto a jornalista fazia cenas externas.
O telejornal no qual Marisa Raja Gabaglia ficou conhecida foi o 'Hoje'. A partir de 1979, o jornal passou a investir na sua audiência majoritária, o público jovem feminino. Um trio de jornalistas, formado por Ligia Maria, Márcia Mendes e Sônia Maria, assumiu a direção do telejornal, e Marisa Raja Gabaglia passou a realizar as entrevistas de estúdio.
Em 1981, a jornalista integrou a equipe do 'TV Mulher' (no ar desde o ano anterior), programa de variedades voltado para o público feminino, apresentado por Marília Gabriela e Ney Gonçalves Dias. Com formato jornalístico, 'TV Mulher' foi o primeiro programa televisivo voltado para a mulher moderna, à diferença das produções anteriores, cujo público-alvo era composto pelas donas de casa. Eram abordados assuntos variados, que incluíam o comportamento sexual e os direitos da mulher, temas até então considerados tabus. O quadro comandado por Marisa Raja Gabaglia no 'TV Mulher' era uma espécie de consultório sentimental.
Em setembro de 1981, a jornalista ainda passou a comandar outro quadro no programa, 'Mulher, Profissão Esperança'.
A fama da jornalista acabou extrapolando as fronteiras da imprensa: em 1970, ela fez sua primeira e única incursão como atriz, na novela 'Pigmalião 70', de Vicente Sesso, exibida pela Globo e baseada na peça homônima de Bernard Shaw. Além disso, ele foi uma das juradas nos programas de calouros do apresentador Flávio Cavalcanti.
Nos início dos anos 1980, a jornalista acabou virando notícia por conta do seu envolvimento com o médico Hosmany Ramos, então assistente do cirurgião Ivo Pitanguy. Seis meses depois do início do romance, ele foi preso e condenado por assassinato, roubo, tráfico de drogas e contrabando. Abalada, Marisa Raja Gabaglia acabou se afastando progressivamente do jornalismo. Sobre o envolvimento com Hosmany Ramos, ela escreveu a sua versão da história no livro 'Meu Amor Bandido'.
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A jornalista morreu no dia 13 de janeiro de 2003, aos 61 anos em São Paulo, vítima de leucemia. Marisa deixou duas filhas.
FONTES:
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1501200315.htm; https://istoe.com.br/15801_MORRE+A+ESCRITORA+MARISA+RAJA+GABAGLIA/;https://www.folhadelondrina.com.br/geral/corpo-de-marisa-raja-gabaglia-e-cremado-em-sp-431169.html?d=1; https://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1138682-16022,00-TRISTEZA.html. |