Na Revista Cruzeiro, Mário de Moraes recebeu o primeiro Prêmio Esso de Reportagem, em 1955, ano em que foi lançado o concurso, pela matéria 'Os Paus-de-Arara, uma Tragédia Brasileira'. Em parceria com o jornalista Ubiratan de Lemos, Mário de Moraes viajou em um caminhão pau-de-arara do Rio de Janeiro para o Nordeste e do Nordeste de volta para o Rio, e os dois viveram as dificuldades enfrentadas pelos nordestinos que fogem da seca. Mário de Moraes chegou a contrair tifo na viagem e ficou doente por três meses. "Fiquei desenganado, mandaram até meu irmão mais velho cuidar do enterro pois eu não iria amanhecer. Amanheci e estou aqui belo e formoso. Formoso eu não sei, mas estou aqui", disse ele em seu depoimento ao Memória Globo, em 2001.
Mário de Moraes nasceu em 15 de julho de 1925, no Rio de Janeiro. Formou-se em direito, mas nunca exerceu a profissão. Iniciou sua carreira profissional como jornalista aos 17 anos, em 1942, quando foi trabalhar como repórter do jornal getulista Radical. Em seguida, trabalhou no jornal O Mundo e na revista Fon-Fon, entre outros veículos de comunicação. Em 1950, passou a integrar a equipe da revista O Cruzeiro, onde começou como auxiliar de diagramador. Após cinco meses desempenhando esta função, o então secretário da redação José Amádio convidou-o para integrar a equipe de reportagem.
Durante a década de 1950, conciliava o emprego como repórter de O Cruzeiro, com os trabalhos que fazia na TV Tupi, no Rio de Janeiro. Trabalhou como assistente de Maurício Sherman e Alcindo Diniz nos programas 'Qual é o Assunto', de pequenas reportagens, 'Seu Melhor Momento', com personalidades que relembravam momentos marcantes de sua trajetória, e no programa de Hebe Camargo.
Em 1964, foi convidado por Mauro Salles para compor a equipe do departamento de Jornalismo da Rede Globo de Televisão. Mauro Salles ocuparia o cargo de diretor do departamento e Mário de Moraes o de chefe de reportagem. Mauro Salles acabou assumindo o cargo de diretor de programação da Rede Globo e Otávio Bonfim passou a ser o diretor do departamento de Jornalismo.
Mário de Moraes foi um dos responsáveis pela criação do primeiro telejornal da emissora, o 'Tele Globo', levado ao ar em duas edições. A primeira edição era apresentada por Hilton Gomes e Íris Lettieri. Às 19 horas, Hilton Gomes, Aluisío Pimentel, Fernando Lopes e Nathalia Timberg dividiam a bancada, cada um com um assunto específico. Teixeira Heizer e Luiz Alberto eram responsáveis pelas notícias de esportes.
A edição de domingo era apresentada eventualmente por Haroldo Costa e Antônio Carlos e tinha na equipe o compositor Catulo de Paula. Entre as reportagens marcantes exibidas pelo 'Tele Globo', Mário de Moraes destaca o furo dado por sua equipe, que localizou o ex-presidente da República Jânio Quadros, quando este estava deixando o país em 1965. A equipe conseguiu descobrir a hora exata que o político viajaria para a Europa e conseguiu uma entrevista exclusiva.
Outro momento importante registrado pelo 'Tele Globo' foi a cobertura da enchente no Rio de Janeiro, em 1966. A equipe de jornalismo da emissora levou ao ar imagens dos danos provocados pela chuva e informou ao telespectador, durante sua programação, as medidas de segurança que deveriam ser tomadas.
Mário de Moraes permaneceu como chefe de reportagem do departamento de Jornalismo da Globo até o início de 1966. O jornalista recebeu um convite para voltar à revista O Cruzeiro, como diretor de redação. Além de ter ganhado o primeiro Prêmio Esso de Reportagem pela matéria publicada na revista, foi em O Cruzeiro que realizou grandes coberturas, como a entrevista feita com o assassino de Trotsky, no México, a da guerra de Angola pela independência, além de reportagens sobre histórias fantásticas, como o japonês que vivia com o cadáver da mulher.
Após a saída de O Cruzeiro, Mário de Moraes trabalhou como assessor de imprensa de diversas empresas. Montou também uma agência de reportagens em sua própria residência, para enviar sugestões de pauta e escrever matérias para jornais e revistas de estados brasileiros.
Mário de Moraes é autor dos livros 'Luz de Vela' (1965), 'A Reportagem que Não Foi Escrita' (1968), 'Amor no Cemitério e Outras Histórias de Assombração' (1968), 'O Mundo me Ensinou a Pecar' (1976), 'História de um Cachorro… Contada por Ele Mesmo' (1977), 'Recordações de Ary Barroso' (1979) e 'As Feras Estão Soltas' (1979).
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Mário de Moraes morreu no Rio de Janeiro, no dia 25 de abril de 2010, aos 84 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos.
FONTE:
Depoimento concedido ao Memória Globo por Mário de Moraes em 21/05/2001. |