Por Memória Globo

Cicero Rodrigues/Memória Globo

O carioca Jorge Espírito Santo nasceu em 07 de março de 1963. Da infância na zona norte da cidade guarda a lembrança dos tempos de colégio e das partidas de futebol com os amigos, jogadas na rua. A paixão por fotografia surgiu ainda na adolescência e sempre o acompanhou. Na hora de escolher a profissão, não teve dúvida: jornalismo. Durante a faculdade, Jorjão, como era conhecido pelos colegas, fez um intercâmbio em Paris. Durante esse período, teve, como costuma dizer, um ‘clique’ e entendeu que o que o interessava mesmo era o cinema. Aproveitou a oportunidade para fazer cursos e assistir à aulas de cineastas renomados. De volta ao Brasil, trabalhou no jornal O Globo e, depois, na MTV, onde começou a dirigir programas, e não parou mais.

Televisão, cinema, é o exemplo clássico do trabalho em equipe, em conjunto.

Depoimento de Jorge Espírito Santo ao Memória Globo, 2018 — Foto: Cicero Rodrigues/Memória Globo

Início da carreira

Jorge Luiz Espírito Santo é filho do farmacêutico Felisberto do Espírito Santo e da funcionária pública Luzia Santos do Espírito Santo. Interessado por fotografia e jornalismo desde a adolescência, cursou Comunicação Social na PUC do Rio. Em um primeiro momento, como bolsista do CNPq ainda na graduação, orientado pelo cineasta Silvio Tendler, pensou em seguir carreira acadêmica. Fez inclusive um intercâmbio de quase um ano em Paris, em 1984, onde teve aulas no Musée de l’Homme. Mas com o fim do curso mudou de ideia e foi trabalhar como jornalista.

Trabalhou em publicações como O Globo, Capricho e Folha de S. Paulo. Depois, na MTV, teve sua primeira experiência como diretor artístico. Da MTV, transferiu-se para a TV Bandeirantes, para dirigir o programa 'H', de Luciano Huck. E com o apresentador, veio para a Globo, onde dirigiu o 'Caldeirão do Huck'.

Depois do 'Caldeirão do Huck', Jorge assumiu a direção do 'Mais Você' e, em seguida, do 'Estrelas', até ser chamado por Luiz Nascimento, então diretor do 'Fantástico', para integrar a equipe do programa, na condição de diretor artístico. Sempre inquieto, trouxe para o programa, desde 2014, um olhar curioso, criativo e inovador como a criação das novas aberturas, a produção dos musicais e, desde 2018, a definição dos novos quadros e séries.

Início na Globo

Jorge Espírito Santo recebeu o convite para dirigir o 'H', programa de Luciano Huck na TV Bandeirantes, em 1999. Seis meses depois, o apresentador veio para a Globo e trouxe sua equipe, com o diretor, para o 'Caldeirão do Huck'. “A base continuava a mesma, um programa de estúdio com uma atração musical forte. A gente começou a achar maneiras de mudar, de ter sempre um intuito que não fosse apenas a brincadeira, o Caldeirão era um melt point”, explica.

Nos três anos em que ficou à frente do programa, Jorge participou de outros projetos na emissora, como dirigir o pocket show do U2 no 'Fantástico'. Um palco foi montado nos Estúdios Globo e 250 pessoas puderam assistir ao show da banda com exclusividade. Com o fim de seu contrato, Jorge Espírito Santo se transferiu para a Globosat, convidado por Leticia Muhana, diretora do GNT, para participar da transformação do canal, que passaria a ter as mulheres como principal público-alvo. Primeiro como consultor, ajudou a criar programas com esse objetivo; depois se tornou, por cinco anos, gerente artístico de conteúdo.

Em seguida, Jorge passou uma temporada como freelancer, trabalhando inclusive em projetos para o GNT, como um programa de viagens com a atriz Priscila Fantin realizado pela produtora KN. Com desejo de voltar para a Globo, entrou em contato com o diretor José Bonifácio Brasil de Oliveira, o Boninho, que o levou para um programa de seu núcleo, o 'Mais Você'. “A Ana Maria Braga é impressionante, tem o DNA da TV. Ela é de uma tranquilidade, de uma segurança no que está fazendo. O Louro é uma personalidade à parte. Existe o Tom Veiga e existe o Louro. Quando ele é o Louro, ninguém sabe quem ele é, outra coisa que eu acho incrível”, diz ele em sua entrevista ao Memória Globo em 2018.

'Fantástico'

No núcleo do Boninho, tornou-se depois um dos diretores do programa 'Estrelas', com Angélica, até ser convidado em 2014 por Luiz Nascimento para ser diretor artístico do 'Fantástico' e integrar a equipe que iria reformulá-lo. A ideia era contar com um profissional que tivesse um olhar para além do jornalístico, pensando em questões como a movimentação no estúdio e a iluminação, na medida em que o espaço receberia mais pessoas, como cantores nos musicais.

O aproveitamento dos recursos visuais, na apresentação de matérias, também foi muito ampliado. “Participo disso diretamente. A partir da pauta do programa, a gente vê que matérias seriam interessantes para pedir ao pessoal da arte para fazer o que a gente chama de traqueado, uma arte que componha e dê um pouco mais de ilustração ao que será abordado. Nesses quatro anos de programa novo, eles já fizeram mais de 400 artes”, contabiliza. Entre essas muitas intervenções, ele cita como exemplo uma das primeiras criações, que depois se repetiu de outras formas. Um avião vinha do fundo do telão, taxiava e parava exatamente em cima do palco.

Gosto muito de usar um termo que os americanos usam bastante para definir um programa como o Fantástico: 'infotainment'. Ele não é só entretenimento e não é só jornalismo, é um misto dessas coisas.

Os shows de artistas no palco do 'Fantástico' estiveram igualmente sob sua supervisão. As apresentações são uma chance de mostrar os cantores e compositores de uma forma diferente da usual, mais intimista. Já passaram pelo programa, desde 2014, nomes como Gilberto Gil, Shakira, Demi Lovato, Lionel Richie, Carla Bruni e Os Paralamas do Sucesso. “Pessoalmente fiquei até tocado, emocionado quando Os Paralamas vieram. Para mim era muito emblemático, e o Herbert fez um show, literalmente. Ele não ia embora. O grupo tocou muito tempo na passagem de som. Quando entrou a plateia, então...”, conta.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc jornalismo - Fantástico: Bastidores do show "Tribalistas" (2018)

Webdoc jornalismo - Fantástico: Bastidores do show "Tribalistas" (2018)

Quadros e séries

Com a ida de Bruno Bernardes para a direção do 'Fantástico', coube a Jorge Espírito Santo assumir, com Marcelo Outeiral, editor que veio do Esporte, a criação de quadros e séries. O primeiro quadro sob responsabilidade da dupla juntou o médico Drauzio Varella e o ex-jogador Walter Casagrande para tratar de dependência química, abordando tanto a questão das drogas ilícitas quanto das permitidas – cocaína e bebida alcoólica, respectivamente.

Mas mesmo antes de ser responsável pelos quadros e séries, Jorge Espírito Santo participou da realização de alguns deles. Como diretor de 'Vai Fazer o Quê?', aproveitou um formato norte-americano para testar a capacidade de interferência das pessoas em situações simuladas como uma conversa entre um adulto e uma criança que parece indicar abuso sexual. Ao lado de outros profissionais, entre os quais os editores Marcelo Sarkis e Isabela Cardoso, sugeriu a criação do Fant360, inovação que permite ao público ver uma imagem por todos os ângulos.

Filme, livro e exposição

Ao longo da carreira, Jorge Espírito Santo dirigiu um curta-metragem, 'Almoço Executivo', em 1996, filme que ganhou o prêmio de melhor direção em Gramado; escreveu com Astrid Fontenelle o livro 'Apenas Bons Amigos', que ensina a fotografar em viagens e foi lançado em 2000; e teve fotografias expostas em uma loja de roupas, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. A mostra o levou a ser indicado para participar de uma exposição coletiva em Barcelona que reunia obras do movimento Drap-Art, sobre arte reciclada.

O jornalista deixou a emissora em abril de 2023.

FONTE:

Depoimento concedido por Jorge Espírito Santo ao Memória Globo em 14/05/2018.
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