— Foto: Globo

João Emanuel Carneiro Silva descobriu cedo sua vocação profissional. Aos 15 anos, fã de histórias em quadrinhos, colaborou com o cartunista Ziraldo escrevendo roteiros para as aventuras do Menino Maluquinho e do Pererê. Ainda estudante universitário, roteirizou, dirigiu e foi premiado por um filme de curta metragem e, logo, passou a colaborar nos roteiros de diversos longas-metragens, como o premiado Central do Brasil (1998), que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Estreou como autor da Globo em 2000, convidado pelo diretor Daniel Filho para colaborar, ao lado de Vicente Villari, no texto da minissérie A Muralha (2000), de Maria Adelaide Amaral. Sua primeira novela como titular foi Da Cor do Pecado (2004), exibida às 19h. Em 2012, foi responsável pelo sucesso de Avenida Brasil.

Sou muito inquieto e acho que tenho que me colocar sempre um desafio quando estou fazendo um capítulo, quando estou contando uma história. De alguma maneira, sou o primeiro espectador daquilo que estou fazendo. Acho que é por isso a minha inquietação de subverter sempre as histórias e levar pra outro lado, criar um novo fôlego, porque me canso muito rápido do que estou contando.

Filho da escritora e crítica de arte Lélia Coelho Frota e do artista plástico Arthur José Carneiro Silva, João Emanuel descobriu cedo sua vocação profissional. Aos 15 anos, fã de histórias em quadrinhos, colaborou com o cartunista Ziraldo escrevendo roteiros para as aventuras do Menino Maluquinho e do Pererê.

Formou-se em Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Aos 19 anos, João Emanuel Carneiro roteirizou, dirigiu e produziu Zero a Zero, um filme de curta metragem que levou dois anos para concluir, mas que definiu o rumo de sua vida profissional. Em 1992, o trabalho foi premiado na categoria 16 mm do Festival de Gramado, abrindo as portas do cinema para o jovem roteirista. Em 1994, assinou outro curta-metragem, Pão de Açúcar.

Em seguida, passou a colaborar nos roteiros de diversos longas-metragens. O mais marcante desses primeiros trabalhos do roteirista João Emanuel Carneiro foi o premiado Central do Brasil (1998), de Walter Salles, com o qual deu início à parceria com Marcos Bernstein. Central do Brasil obteve grande repercussão internacional, ganhando o grande prêmio do Festival de Berlim e, em seguida, concorrendo ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Ainda naquele ano, com José de Carvalho, o autor escreveu ainda o roteiro de O Primeiro Dia (1998), de Daniela Thomas e Walter Salles. Também estão no currículo de João Emanuel os filmes Orfeu (1999) e Deus é Brasileiro (2003), ambos de Cacá Diegues, Cronicamente Inviável (2000), de Sérgio Bianchi, e A Partilha (2001) e A Dona da História (2004), de Daniel Filho, entre outros. Para João Emanuel, o cinema ajudou na sua carreira de autor de televisão.

“Eu acho que do cinema eu trouxe pra televisão a ideia de que o discurso, o diálogo, muitas vezes tem que ser indireto, porque o problema da televisão pra mim é que as vezes o discurso é muito direto, quer dizer, vai fazer uma cena ‘eu te amo’, vai fazer ‘eu te amo’ Talvez, há maneiras de dizer eu te amo sem ser tão evidente, sem sublinhar tanto”.

João Emanuel Carneiro estreou como autor da Globo em 2000, convidado pelo diretor Daniel Filho para colaborar, ao lado de Vicente Villari, no texto da minissérie A Muralha (2000), de Maria Adelaide Amaral. Produzida em comemoração pelos 500 anos do Descobrimento do Brasil, a minissérie teve no elenco atores como Tarcísio Meira, Stênio Garcia e Alessandra Negrini. No ano seguinte, João Emanuel voltou a trabalhar com Maria Adelaide Amaral, como colaborador na minissérie Os Maias (2001), baseada na obra do escritor português Eça de Queiroz.

Durante o período inicial na Globo, o autor adaptou algumas obras da literatura brasileira para os especiais do seriado Brava gente. Entre essas obras, destacam-se Enquanto a Noite Não Chega, de Josué Guimarães, e A Grã-Fina de Copacabana, de Sérgio Porto. Ainda como colaborador, em 2002, João Emanuel integrou a equipe de autores da novela Desejos de Mulher (2002), de Euclydes Marinho, ao lado de Ângela Carneiro, Denise Bandeira, Vinícius Vianna e Graça Motta.

A novela das sete Da Cor do Pecado (2004) foi a primeira assinada por João Emanuel Carneiro como autor titular. Com uma trama contemporânea e urbana, que narrava o romance de Preta (Taís Araújo) e Paco (Reynaldo Gianecchini), Da Cor do Pecado foi também a primeira novela da Globo a ter como protagonista uma atriz negra. No elenco, atores como Aracy Balabanian, Lima Duarte e Rosi Campos, esta no papel de matriarca da família Sardinha, que garantiu o humor à trama. Da Cor do Pecado rendeu ao autor o prêmio de revelação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Dois anos depois, João Emanuel voltou a assinar uma novela das sete, Cobras & Lagartos (2006). Em seu segundo trabalho como autor titular, João Emanuel Carneiro discutiu temas como consumismo e honestidade, contando a história do empresário Omar Pasquim (Francisco Cuoco) e do romance entre a sua sobrinha, a musicista Bel (Mariana Ximenes), e o motoboy Duda (Daniel de Oliveira). Cobras & Lagartos tinha outro par romântico que fez muito sucesso, e que marcou a estreia do ator Lázaro Ramos em telenovelas, o atrapalhado e carismático Foguinho e a ambiciosa Ellen (Taís Araújo).

A Favorita foi a primeira novela das oito de João Emanuel Carneiro. A trama, cheia de reviravoltas e considerada inovadora, estreou em junho de 2008 e fez grande sucesso. No elenco, as atrizes Claudia Raia, Patrícia Pillar e Maria Ximenes, entre outros.

“A ideia da Favorita, da dubiedade da vilã e a dubiedade da mocinha, da heroína da história, surgiu quando eu estava fazendo A Cor do Pecado, que a personagem Bárbara, da Giovanna Antonelli, que fez maravilhosamente bem esse personagem. Ela era uma louca, uma degenerada e conquistou a simpatia do público e a minha simpatia de alguma maneira. Eu queria fazer uma novela, no caso da Favorita, que justamente, jogasse com essa figura da heroína que pode ser heroína, que pode ser a vilã, jogasse essa dubiedade em torno desses dois personagens e fazer uma coisa ousada, arriscada, que é mexer com a identificação do público com os personagens”

Em 2012, o autor superou o sucesso de sua novela anterior com Avenida Brasil, protagonizada por Adriana Esteves e Débora Falabella. A vingança de Rita/ Nina contra a vilã debochada Carminha fez história e marcou a teledramaturgia. Avenida Brasil foi indicada ao prêmio Emmy Internacional 2013 como Melhor Novela, concorrendo, entre outras produções, com Lado a Lado, que se saiu vitoriosa, de João Ximenes Braga e Cláudia Lage. João Emanuel escreveu, em 2015, A Regra Do Jogo, também do horário das 21h. A trama gira em torno dos culpados pelo massacre praticado por uma facção criminosa. Um dos envolvidos é Romero Rômulo, interpretado por Alexandre Nero, indicado ao Emmy 2016 na categoria Melhor Ator.

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