Por Memória Globo

Acervo/Globo

Geraldo Costa Manso Júnior, aos 10 anos, mudou-se com a família para Brasília, onde o pai exercia a função de ministro do Tribunal Eleitoral. Formou-se jornalista pela Universidade de Brasília (UnB). Em 1972, recém-saído da faculdade, começou sua carreira na sucursal do Jornal do Brasil. Um ano depois, transferiu-se para a sucursal do jornal O Globo, onde assumiu a cobertura diária do Ministério das Relações Exteriores. Praticamente ao mesmo tempo, começou a cobrir a política externa brasileira também para a Globo. Em breve seria considerado um dos mais importantes repórteres da emissora.

Geraldo Costa Manso — Foto: Frame de vídeo/Globo

Uma das especialidades de Costa Manso era o chamado stand up, matérias em que só o repórter aparece falando. Suas matérias ficaram conhecidas por serem feitas no mínimo tempo possível e com o máximo de conteúdo. Apesar de não ter trabalhado como apresentador de um telejornal, antecipou uma mudança que ocorreria anos mais tarde no jornalismo da Globo, quando esses foram substituídos por jornalistas formados. Como jornalista especializado em política externa, cobriu uma série de eventos importantes no Brasil e no mundo, entre os quais, a eleição do presidente americano Jimmy Carter, as eleições municipais de 1976 e três viagens ao exterior do então presidente Ernesto Geisel. Quarto presidente do Brasil desde o golpe militar de 1964, Geisel iniciou uma abertura política controlada, definida pelo próprio como “lenta, gradual e segura”, que representou um passo adiante nas relações entre o governo e a imprensa.

Foi na cobertura da viagem oficial de Geisel ao Japão, em setembro de 1976, que conseguiu o maior furo jornalístico de sua carreira. No último dia da viagem, quando Geisel ia de Tóquio para Kioto no trem-bala, obteve uma entrevista exclusiva com o presidente. Como era um domingo, a matéria foi exibida pelo Fantástico. Nela, ao ser questionado sobre as liberdades democráticas, Geisel disse não acreditar que os regimes de países como França, Inglaterra e Japão fossem melhores do que o brasileiro. E afirmou: “Eu encontrei nesses países restrições, sobretudo à liberdade, muito maiores do que as que existem no Brasil.” Era a primeira vez que o presidente reconhecia haver um cerceamento da liberdade no país.

Viagem do Presidente Geisel ao Japão (1976)

Viagem do Presidente Geisel ao Japão (1976)

Nas eleições municipais de novembro de 1976, apareceu no vídeo em sucessivos flashes, chamando os correspondentes da Globo em todos os estados – a primeira experiência do gênero na televisão brasileira. Na ocasião, quando desempenhava a função de âncora, que idealizava, apresentando e também comentando as notícias, chegou a sentir uma forte dor no peito, e teve que ser massageado nos próprios estúdios da emissora.

Como tinha apenas 26 anos, as dores foram atribuídas ao nervosismo. Porém, em 21 de março de 1977, Geraldo Costa Manso sofreu uma parada cardíaca e faleceu em casa, em Brasília, vítima de edema pulmonar. Confirmando sua importância no noticiário político, seu enterro foi prestigiado por inúmeras autoridades brasileiras.

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