Por Memória Globo

Frame de vídeo/Globo

Economista de formação, George Vidor encontrou no jornalismo sua vocação. Começou nas páginas do Correio da Manhã, ainda estudante secundarista, em 1967, graças a um prêmio pela edição de um jornal no tradicional colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Nos anos de censura e do milagre econômico, destacou-se ao cobrir planos, crises e o crescimento que contrastava com a repressão sob a qual vivia o país. Em O Globo, desenvolveu o talento para abordar temas econômicos de forma muito própria e fez uma longa carreira, com duas passagens: a primeira, de 1972 a 1983; e a segunda, de 1986 a 2018. Titular de colunas como a Panorama Econômico, participou do crescimento e da modernização do jornal como repórter, editor e editorialista. Sua facilidade para tratar assuntos complexos com naturalidade o levou a atuar também como comentarista na GloboNews, de 1996 e 2016. É conhecido também pela elegante gravata borboleta, sua marca registrada.

O Globo foi um ator desse processo, ele interferiu, discutiu, participou de todo esse processo de transformação da vida brasileira”.
— George Vidor

George Vidor na GloboNews, 2007 — Foto: Wander Malagrine/Globo

Início da carreira

O carioca George Vidor Melo, nascido em 22 de setembro de 1952, formou-se em Economia pela Universidade Cândido Mendes, mas muito jovem percebeu que sua vocação era mesmo o jornalismo. Ainda adolescente, como aluno secundarista do Colégio Pedro II, instituição pública tradicional do Rio de Janeiro, foi premiado em um concurso de jornalismo escolar promovido pelo Correio da Manhã, em 1968. Ganhou um estágio no jornal, onde trabalhava com uniforme da escola. Com o Ato Institucional n° 5, no ano seguinte, o Correio da Manhã teve problemas financeiros e precisou demitir muitos jornalistas – o que deu ao jovem estagiário a chance de produzir e se destacar.

Se o período era de recrudescimento e censura, por um lado, ele conduziu o país a um boom econômico, por outro. Esse cenário, somado à escolha de Economia como curso superior, levou George Vidor naturalmente para a área em que se encontrou profissionalmente: “Tive sorte de estar no lugar certo na hora certa. Naquele momento, em 1969, 1970, 1971, a cobertura econômica começou a deslanchar no Brasil, pelo fato de a gente ter começado a viver o chamado milagre econômico. Os assuntos de economia começaram a despertar interesse do público”.

O Globo

Do Correio da Manhã, George Vidor teve uma rápida experiência na sucursal carioca da Tribuna da Bahia. A partir de 1972, Evandro Carlos de Andrade, que iniciara sua trajetória como diretor de redação de O Globo um ano antes, decidiu ampliar a cobertura de economia do jornal e convidou Ismar Cardona, repórter especial da Veja, para ser editor. A ideia era conseguir notícias exclusivas, produzir reportagens especiais e tornar O Globo respeitado no segmento, no qual havia outras publicações consolidadas, como o Jornal do Brasil. Cardona escolheu Vidor para compor sua equipe.

Nesse processo, a criação de uma edição dominical, também em 1972, teve grande importância. Até então, O Globo não circulava aos domingos, dia em que os concorrentes publicavam matérias de maior profundidade e promoviam debates, algo que o novo projeto do jornal contemplava. Com espaço cada vez mais ampliado, George Vidor cobriu escândalos financeiros rumorosos da época, como o do grupo Lume (falência de uma poderosa empresa do ramo imobiliário) e uma crise no chamado mercado aberto – operação de comercialização de títulos pelo Banco Central. “Minha obra-prima no período foi um debate imaginário entre Adam Smith e Kenneth Galbraith – personagens da história e também vivos. Com base no que eles escreviam, montei uma mesa redonda imaginária para discutir temas da atualidade. Uma matéria que deu status para o jornal”, garante.

Mais tarde, Vidor ficaria responsável pela coluna Panorama Econômico, que já existia, mas não era assinada. Sob sua autoria, a coluna tornou-se mais opinativa, interpretativa e analítica, o que despertou maior interesse do público. Em 1980, o jornalista ganhou uma nova promoção, assumindo o cargo de editor de Economia do jornal. Na função, ele criou uma pioneira seção de informática, inédita na imprensa.

Em 1983, George Vidor foi contratado como editor pelo Jornal do Brasil. Do JB, passou pela Veja e pela Gazeta Mercantil até voltar para O Globo, a convite de Evandro Carlos de Andrade, com quem havia se desentendido em função de uma matéria sobre o ministro Delfim Netto, em 1986. O ano foi movimentado por muitos acontecimentos importantes. Na economia, o país adotava o Plano Cruzado, primeiro plano de estabilização da moeda; no próprio jornal, chegava o momento de informatizar a redação. Um desafio, levando-se em conta as décadas de trabalho dos jornalistas em máquinas de escrever.

Com o passar do tempo, Vidor voltou a assinar a coluna Panorama Econômico e, depois, tornou-se editorialista de O Globo. Para avaliar e decidir os temas sobre os quais o veículo deveria se manifestar, reunia-se, diariamente, para discutir com outros jornalistas da casa, garantindo que todos os argumentos que seriam usados nos textos fossem debatidos à exaustão.

Após o período como editorialista de O Globo, Vidor tornou-se repórter especial e, em seguida, assumiu uma coluna de economia às segundas-feiras, na folga de Miriam Leitão. Desde então, realiza palestras e tem um canal no Youtube, mantendo sempre seu estilo inconfundível e uma marca que o acompanha desde 1988: a gravata borboleta.

GloboNews

Paralelamente ao trabalho no jornal, George Vidor passou a acumular participações como comentarista na GloboNews, de 1996 a 2016, o que lhe trouxe notoriedade. A difícil tarefa de explicar questões complexas em pouco tempo, para um público ainda mais amplo, levou o jornalista a exercitar seu poder de síntese. “A televisão fala com um público enorme, e você tem poucos minutos para passar uma informação, traduzir aquilo. É um desafio fantástico para o jornalista”, diz. Além do 'Jornal das Dez', no 'Conta Corrente', no 'Indicadores Financeiros' e no 'Jornal GloboNews Edição das 18 horas', participou de coberturas importantes, como leilões de privatização de empresas públicas. Esteve entre os jornalistas envolvidos nos debates com candidatos à presidência em 2002 e 2006 e também com os assessores econômicos dos candidatos, nas eleições seguintes.

George Vidor comenta desequilíbrio nas trocas do pais com o exterior. Jornal das Dez, 24/08/2008

George Vidor comenta desequilíbrio nas trocas do pais com o exterior. Jornal das Dez, 24/08/2008

FONTES

Depoimento de George Vidor ao Memória Globo em 19/02/2001; “Despedida” in: George Vidor, O Globo, 17/02/2018”
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