Edson Ribeiro teve uma experiência profissional na Rádio Jornal do Brasil e na Rádio Globo antes de ingressar na Globo, em 1971, por intermédio do irmão, Aníbal. Fez parte, como montador e, em seguida, como editor, da equipe do 'Jornal Nacional'. Na época, a Globo contava em todo o Brasil com cerca de 150 profissionais, entre editores, locutores, repórteres e cinegrafistas, para produzir o telejornal, que começava a ser elaborado às 6h, com a confecção da pauta. Em seguida, as equipes iam para a rua para fazer as reportagens. De volta à redação, enquanto os repórteres preparavam os textos, as imagens eram reveladas, para serem encaminhadas à equipe de montagem. Começava, então, o trabalho de edição, realizado, entre outros, por Edson Ribeiro.
Logo em seus primeiros anos de Globo, teve um batismo de fogo ao acompanhar a cobertura da queda do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Vinte mil toneladas de concreto caíram de três vãos do elevado sobre 48 pessoas, 20 carros, um ônibus e um caminhão que estavam parados no sinal de trânsito.
“O meu primeiro plantão de fim-de-semana, isso foi, acho que foi em 1972, mais ou menos… Não tinha nem a ponte Rio-Niterói ainda. Então, eu vim de barca, por volta de uma hora da tarde, vínhamos eu e meu irmão, o Aníbal. Nós entramos no carro, no táxi, o táxi estava com o rádio ligado, aí o rádio anunciou: ‘Vamos agora a novas informações sobre a queda do Elevado da Paulo de Frontin. Até agora já tem 10 mortos’. Eu confesso para você que eu gelei dos pés à cabeça. ‘Como é que vai ser?’, o Aníbal falou: ‘Não, vamos firme, vamos embora logo’. Aí cheguei aqui, o plantão era meu, outras pessoas estavam descansadas, ainda não tinha ninguém. Aí começou, chegou o Alencar, aí começaram a chegar os filmes para a gente dar o plantão de lá, com pessoas…”
Depois disso, e ao longo dos 20 anos em que ficou no 'Jornal Nacional', acompanhou diversas coberturas importantes, além de mudanças tecnológicas, como o começo do teleprompter e a introdução da cor.
Câmera lenta pioneira
Paralelamente, de 1974 a 1979, editou o quadro 'Gols do Fantástico', que apresentava os gols marcados nos jogos de futebol do fim de semana. O jornalista fazia a edição sozinho, enquanto o programa ainda estava no ar. Como os jogos terminavam por volta das 17h, e o quadro entrava no ar às 22h, ia editando na medida em que as imagens eram geradas pelas praças. Em uma noite normal, chegava a editar 30 gols, mas houve domingos em que até 50 foram exibidos.
Ele acredita ter sido o pioneiro na exibição em câmera lenta de um lance. Em 1975, o juiz de uma partida anulou um gol, dizendo que a bola não havia entrado. O jornalista preparou uma edição que repetia o lance várias vezes, mostrando que havia sido gol, e que o juiz estava errado.
Incêndios
Em 1976, integrou a equipe que foi obrigada a se deslocar para São Paulo, depois de um incêndio na emissora, no prédio da Rua Von Martius, no Jardim Botânico. Um curto-circuito no sistema de ar-condicionado iniciou o fogo às 13h, durante a transmissão do 'Jornal Hoje'. Apesar dos estragos, a emissora ficou poucos minutos fora do ar, pois, imediatamente, as imagens passaram a ser geradas de São Paulo. Na falta de condições de trabalho no Rio, o 'Jornal Nacional' foi produzido de São Paulo por três meses.
Em 1986, editou aquela que considera a matéria mais emocionante em sua carreira: a do incêndio do Edifício Andorinhas, no Centro do Rio. O terraço não tinha espaço suficiente para que helicópteros de resgate pousassem, e as escadas dos bombeiros não alcançavam os andares mais altos. Mais de 20 pessoas morreram e cerca de 40 ficaram feridas. Duas pessoas se atiraram do prédio. Além da comoção gerada pela tragédia, a matéria representou um desafio profissional para Edson Ribeiro, devido ao grande volume de material gravado e das impactantes cenas das pessoas se jogando das janelas.
Em abril de 1990, houve mudanças na Central Globo de Jornalismo (CGJ). Armando Nogueira, então diretor-geral, e Alice-Maria, diretora executiva, deixaram seus cargos. Assumiu o comando da CGJ o te então diretor de telejornais de rede, Alberico de Sousa Cruz. Em 1991, Ribeiro atuava como editor-chefe do 'Jornal Hoje'. Em setembro daquele ano, assumiu o cargo de editor-chefe do 'Jornal Nacional', primeiro em dobradinha com Carlos Absalão -- de acordo com os créditos do telejornal --, e a partir de novembro, em voo solo. No período, segundo o jornalista, foi importante a cobertura do governo do presidente Fernando Collor – eleito no primeiro pleito livre do país depois de 29 anos – e de sua queda, em 1992. Ribeiro ficou na função até novembro de 1993.
Em seguida, deixou o 'Jornal Nacional' para uma nova temporada no cargo de editor-chefe do 'Jornal Hoje', acumulando a função com William Bonner, que já estava no posto.
Em 1994, Edson Ribeiro foi para a editoria Rio, onde havia uma demanda pelo reforço da programação local, com investimento em jornalismo comunitário. Na época, participou da formação de repórteres e estagiários. Deixou a Globo em 1995.
FONTE:
Depoimento concedido ao Memória Globo por Edson Ribeiro em 30/12/2002. |