Por Memória Globo

Renato Velasco/Memoria Globo

Foi com o nome de batismo que Diogo Vilela estreou na Globo, aos 12 anos, na novela 'A Ponte dos Suspiros', escrita pelo dramaturgo Dias Gomes com o pseudônimo de Stela Calderón. Na época, o menino já ganhava dinheiro com apresentações públicas do seu teatro de marionetes, exercitando a imaginação trazida desde a tenra idade. A atividade nascida como brincadeira tornou-se premonitória do seu futuro profissional. José Carlos Monteiro de Barros virou Diogo e ganhou reconhecimento nacional e prêmios por seus inúmeros trabalhos na TV, no cinema e nos palcos. Sobre seu primeiro dia em um estúdio de gravação da Globo, recorda: “As primeiras coisas que percebi foram o cheiro do estúdio e os cenários. Sempre fui louco por cenários”. A relação de trabalhos de Diogo Vilela na Globo é extensa. O ator trabalhou em uma série de novelas, minisséries e programas da linha de shows – sem jamais abandonar os palcos.

Ser ator não é uma questão que surge de uma hora para outra na minha vida. Na verdade, nunca me senti fora da profissão, nem começando. Tudo aquilo já correspondia ao meu imaginário. Tinha um teatro de marionetes igual àquele do filme 'A Noviça Rebelde' e fazia espetáculos desde pequeno, adaptando livros de contos

Diogo Vilela destacou-se na novela 'Sassaricando' (1987) e 'TV Pirata' (1988). Mais recentemente, atuou em 'O Auto da Compadecida' (1999), 'A Grande Família' (2006) e 'Pé na Cova' (2014).

José Carlos Monteiro de Barros nasceu no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. Ele já havia estreado na televisão quando Diogo Vilela deu os primeiros passos no teatro. Foi com o nome de batismo que o ator estreou na Globo, aos 12 anos, na novela 'A Ponte dos Suspiros', escrita pelo dramaturgo Dias Gomes com o pseudônimo de Stela Calderón. Na novela, uma adaptação do romance homônimo de Michel Zevaco, ambientada em 1500, em Veneza, Diogo interpretava Nico, um menino pobre. Na época, o menino José Carlos, filho do engenheiro civil Antonio Monteiro de Barros e da dona de casa Iolita Pereira de Melo Monteiro de Barros, já ganhava dinheiro com apresentações públicas do seu teatro de marionetes, exercitando a imaginação trazida desde a tenra idade. A atividade nascida como brincadeira tornou-se premonitória do seu futuro profissional. José Carlos virou Diogo e ganhou reconhecimento nacional e prêmios por seus inúmeros trabalhos na TV, no cinema e nos palcos.

Diogo Vilela em entrevista concedida ao Memória Globo, 2012 — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

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 Depoimento - Diogo Vilela: Estreia na Globo em 'A Ponte dos Suspiros' (1969)

Depoimento - Diogo Vilela: Estreia na Globo em 'A Ponte dos Suspiros' (1969)

Após a estreia na TV, Diogo Vilela descobriu o teatro, e teve a certeza de que pertencia àquele mundo. Foi nesse momento que, aconselhado por uma produtora, trocou de nome, contando com a colaboração dos irmãos e de uma tia numeróloga. Começou a alternar o trabalho na TV com a atuação nos palcos, vindo a fazer algumas novelas, entre elas 'Gina', de Rubens Ewald Filho, e 'Memórias de Amor', de Wilson Aguiar Filho, e participações na série 'Aplauso', convidado pelo renomado diretor Ziembinski. No início dos anos 1980, podia ser visto na novela 'Coração Alado', seu terceiro trabalho em uma trama da novelista Janete Clair. “Era uma época romântica, se comparada a de hoje. A gente sabia que era a nossa identidade ali, o cotidiano da família brasileira. Janete Clair imprimia isso muito bem, romanceando como folhetim. Ela tinha o dom de manipular as personagens e transformar em naturalismo os arquétipos da teledramaturgia. Criava histórias incríveis e com verossimilhança”, salienta Diogo, destacando também a qualidade da direção de Daniel Filho: “Ele trouxe muita informação para a Globo. Tinha uma dramaticidade inerente e uma tensão na maneira de dirigir, uma carpintaria por trás do que fazia”.

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Depoimento - Diogo Vilela: Vocação

Depoimento - Diogo Vilela: Vocação

Depoimento - Diogo Vilela: Nome Artístico

Depoimento - Diogo Vilela: Nome Artístico

Após 'Coração Alado', Diogo Vilela foi chamado para interpretar o personagem Kiko da novela 'Guerra dos Sexos', de Silvio de Abreu, um marco do horário das 19h. Ele foi indicado para o papel após o sucesso da peça 'Ensina-me a Viver', adaptada por Domingos Oliveira, na qual dividiu o palco com a lendária atriz Henriette Morineau. “Essa peça me revelou como ator. Fui indicado para a novela por causa desse êxito”, conta Diogo, que fazia o filho nerd de Glória Menezes na trama da Globo. Kiko não era um papel fácil. “Sempre peguei os personagens mais difíceis, que me dessem a oportunidade de criar em cima do naturalismo. Gosto de me sentir ameaçado como artista, isso aquece minha vocação. Me coloco sempre nesse abismo, vou na contramão das coisas”. Diogo Vilela também chamou muito a atenção do público na novela 'Sassaricando', outra trama de Silvio de Abreu. Dessa vez, interpretou o personagem Leonardo Raposo, o Leozinho, formando uma parceria inesquecível com Cristina Pereira, intérprete de Fedora, sua mulher na história.

Diogo Vilela e Cristina Pereira em 'Sassaricando', 1987 — Foto: Acervo Globo

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Webdoc novela - Sassaricando (1987)

Webdoc novela - Sassaricando (1987)

No final dos anos 1980, foi convidado para integrar o seleto elenco do humorístico 'TV Pirata', programa que satirizava a própria televisão e reunia escritores consagrados como Luis Fernando Verissimo, dramaturgos como Mauro Rasi, Vicente Pereira, Pedro Cardoso e Felipe Pinheiro, e os humoristas da revista 'Casseta Popular' e do jornal 'Planeta Diário'. Diogo dividia a cena com Marco Nanini, Débora Bloch, Claudia Raia, Guilherme Karan, Ney Latorraca, Cristina Pereira, Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Louise Cardoso, Pedro Paulo Rangel e Denise Fraga. Entre os personagens de destaque que fez no programa estavam o Supersafo, super-herói que usava o jeitinho brasileiro para se safar dos problemas; o sexólogo Luis da Mangueira, da 'TV Macho'; e o jovem intelectual Amilcar da novela 'Fogo no Rabo'.

Nós fazíamos todo tipo de personagem, podíamos nos transformar em qualquer coisa. TV Pirata me deu condições de exercitar um certo histrionismo como comediante, além de poder mostrar um trabalho diversificado e conviver com atores fantásticos.

Por seu trabalho no humorístico, Diogo ganhou, em 1990, o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor comediante masculino da televisão.

Gulherme Karan, Ney Latorraca e Diogo Vilela no humorístico 'TV Pirata' — Foto: Acervo Globo

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Webdoc humor - TV Pirata (1988)

Webdoc humor - TV Pirata (1988)

Na década seguinte, o ator virou uma espécie de talismã e camaleão dos especiais e séries da Globo levados ao ar nas noites de terça-feira, estando presente em vários episódios de 'A Comédia da Vida Privada'. Também participou de adaptações de clássicos da literatura brasileira exibidos como especiais na faixa de programação 'Terça Nobre', como 'O Santo que não Acreditava em Deus', adaptação de João Ubaldo Ribeiro e Geraldo Carneiro do conto homônimo do próprio João Ubaldo, dirigido por Roberto Talma; e 'Lisbela e o Prisioneiro', escrito por Guel Arraes, Jorge Furtado e Pedro Cardoso com base no original de Osman Lins. Em 1999, atuou em um dos maiores sucessos da TV, a minissérie 'O Auto da Compadecida', adaptação de Guel Arraes, João Falcão e Adriana Falcão da obra de Ariano Suassuna, editada para o cinema um ano depois. Fez o papel do padeiro Eurico, casado com a adúltera Dora, interpretada por Denise Fraga. No mesmo ano, destacou-se como o místico Uálber, em 'Suave Veneno', de Aguinaldo Silva.

Entre outros trabalhos de humor que fez na Globo, Diogo Vilela também se notabilizou pela interpretação do dentista Arnaldo do humorístico 'Toma Lá Dá Cá', série de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, exibida por dois anos na emissora, na qual contracenava com Adriana Esteves, Marisa Orth e o próprio Falabella.

Diogo Vilela em 'Toma lá, dá cá', 2007 — Foto: Acervo Globo

A relação de trabalhos de Diogo Vilela na Globo é extensa. O ator trabalhou em uma série de novelas, minisséries e programas da linha de shows, além dos já citados. Em 2011, atuou na novela 'Aquele Beijo', de Miguel Falabella, em que interpretava o ingênuo Felizardo. Em 2014, participou do seriado 'Pé na Cova', como o divertido Dr. Zoltan. Em 2020 entrou para o elenco do humorístico 'Zorra', atuando, mais uma vez, ao lado de Marisa Orth.

Prêmios no teatro

Sua trajetória no teatro também é profícua. Vários são os seus trabalhos de destaque nos palcos. Entre eles está a peça 'Cabaret', em que cantava, dançava e sapateava (Diogo faz aulas de canto há 18 anos); 'Solidão, a Comédia', seu primeiro trabalho solo, que marcou sua estreia como produtor teatral (a peça era um monólogo em que o ator vivia cinco personagens diferentes); 'Metralha', pela qual ganhou o prêmio Shell de melhor ator pela interpretação do cantor Nelson Gonçalves; 'Hamlet'; 'Diário de um Louco', unanimidade de crítica e público, que lhe rendeu os prêmios Sharp, Shell e Mambembe de melhor ator, em 1998 (para fazer o papel, Diogo passou três meses indo diariamente a um hospício); e o musical 'Cauby! Cauby!', com o qual voltou a ganhar o Prêmio Shell de melhor ator e o APCA de melhor ator de musical em 2007.

Cinema

Paralelamente à carreira na TV e no teatro, Diogo atuou no cinema, fazendo sua estreia, em 1984, no filme 'Bete Balanço', de Lael Rodrigues. Entre os filmes de que participou estão 'O Grande Mentecapto', de Oswaldo Caldeira; 'Miramar', de Julio Bressane; 'O Coronel e o Lobisomem', de Maurício Farias; e 'Irma Vap – O Retorno', de Carla Camurati; além de 'Caramuru, a Invenção do Brasil', adaptação da minissérie exibida nos cinemas.

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