Por Memória Globo

Acervo Globo

“Molequinho, quando jogava futebol de botão com o meu irmão, eu narrava o jogo”, recorda Cléber Machado, um dos principais narradores da Globo, hoje com a experiência de transmitir jogos decisivos de Copas do Mundo, do Campeonato Brasileiro, da Copa Libertadores, entre outros. Teve seus primeiros contatos com o rádio, ainda garoto, na companhia de seu pai, então diretor artístico da Rádio Bandeirantes. No ano seguinte, passou a trabalhar na programação diária da Rádio Globo. Começou a trabalhar na Globo em 1988 e, no ano seguinte, passou a narrar partidas de futebol na emissora.

Início da carreira

Filho do jornalista Clodoaldo José Machado e da dona de casa Maria de Lourdes Pedroso Machado, Cléber Tadeu Machado teve seus primeiros contatos com o rádio, ainda garoto, na companhia de seu pai, então diretor artístico da Rádio Bandeirantes. No final dos anos 1970, foi indicado pelo radialista Luiz Aguiar para um estágio na Rádio Tupi, onde trabalhou como radioescuta. O estágio durou apenas dois meses, mas, ainda em 1979, conseguiu um emprego no departamento de publicidade da Rádio Bandeirantes.

No ano seguinte, foi para a Rádio Globo, acompanhando o ex-diretor da Bandeirantes Gualberto Curado, e começou a trabalhar na programação diária da emissora. Fez seu primeiro boletim de esporte em 1982, estimulado pelo jornalista Edson Scatamachia. Durante muitos anos, integrou a equipe do locutor esportivo Osmar Santos, como repórter de campo e locutor. “Osmar Santos foi o cara mais emblemático no rádio. Ele reuniu a capacidade de transmitir um jogo de futebol com a parte artística da transmissão do jogo de futebol. Depois, vieram as Diretas, e ele foi o apresentador das Diretas Já. Osmar ultrapassou o limite do narrador de futebol”, lembra. Em 1985, Cléber Machado transferiu-se para a TV Gazeta, onde permaneceu por três anos.

Entrada na Globo

Cléber Machado começou a trabalhar na Globo em 1988. Participou da implantação da antiga TV Vale do Paraíba – hoje TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo em São José dos Campos. Na época, trabalhava nos blocos locais do 'Globo Esporte' e do 'Esporte Espetacular' de São Paulo. Começou a narrar partidas de futebol na Globo em 1989, transmitindo uma partida da Copa do Brasil em que o Corinthians venceu o Tiradentes de Brasília por cinco a zero. “Depois, narrei um amistoso entre Uruguai e Inglaterra, numa quarta-feira à tarde, um pouco antes da Copa. E ganhei um lugar no time da Copa. Eu narrei a Copa de 1990. Oliveira Andrade e eu ficamos no Brasil, e Galvão Bueno foi para a Itália”, lembra.

Também nessa época, narrou pela primeira vez uma corrida de 'Fórmula 1', um Grande Prêmio do México, disputado no circuito Hermanos Rodriguez. Mudou-se para a capital em 1991, para trabalhar na redação da 'Globo São Paulo'. Foi apresentador do 'Globo Esporte' até 1996, quando passou a apresentar o bloco de Esporte nas duas edições do 'SPTV' e no 'Jornal da Globo'.

Cléber Machado participou pela primeira vez de uma cobertura de Jogos Olímpicos em 1992. Na ocasião, integrou a equipe enviada pela Globo para a Espanha. Narrou diversas modalidades, como basquete, vôlei, atletismo e boxe. Em sua carreira, participaria de muitas outras coberturas do evento, narrando desde o país-sede ou, mesmo, dos estúdios da emissora no Brasil.

Sobre a dificuldade de cobrir tantas modalidades diferentes, ele destaca a importância de contar com comentaristas: “Na Olimpíada de 2004, por exemplo, eu fiz a medalha de ouro do [Robert] Scheidt. Eu estava no Rio, não fui para Atenas. Mas estava com um comentarista que era velejador, era especialista. Então, eu não vou fazer grandes análises sobre um esporte com o qual não tenho intimidade, não tenho o dia a dia. Eu vou conduzir a transmissão. Eu vou dar o tom de vibração, de emoção. Na hora que o cara for ganhar a medalha, tudo bem, aí não é com o comentarista, é comigo”.

Em 2003, estreou como apresentador do 'Arena', do SporTV: “O programa me exercitou na troca de ideias, na defesa de um ponto de vista, e a estimular as pessoas a falarem, que é basicamente a minha função ali. Para mim, é muito gostoso”. Nos anos seguintes, venceria três vezes o Prêmio Comunique-se de melhor narrador esportivo – ano sim, ano não: em 2004, 2006 e 2008, ano em que o prêmio o consagrou mestre de comunicação na categoria narrador esportivo. Machado ainda ganharia mais dois Comunique-se em 2015 e 2015.

Além das transmissões esportivas, desde 1999, começou a participar também da cobertura do Carnaval. De 2002 a 2009, narrou o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, primeiro ao lado de Maria Beltrão, depois, de Glenda Koslowski. A partir de 2010, passou a narrar com Mariana Godoy as transmissões dos desfiles de São Paulo.

Em 2012, fez uma participação especial na novela 'Avenida Brasil', de João Emanuel Carneiro, narrando jogos do Flamengo, time do protagonista Tufão, vivido por Murilo Benício. Em 2013, estreou na narração das competições de mixed martial arts (MMA) do Ultimate Fighting Championship (UFC), transmitidas pela Globo desde novembro de 2011.

Na Copa de 2014, sediada no Brasil, Cléber Machado compôs o time de narradores dos jogos ao lado de Galvão Bueno, Luis Roberto, Ronaldo, entre outros. A participação em Copas do Mundo também aconteceram nas edições da Rússia (2018) e Qatar (2022). Em 2016, narrou competições importantes nas Olimpíadas do Rio.

Galvão Bueno, Luís Roberto e Cléber Machado na cobertura da Copa do Mundo na Rússia, 2018 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Paralelo às participações em disputas de nível internacional, Cléber Machado continuou a narrar jogos clássicos e decisivos do Campeonato Brasileiro durante os anos 2010. Fez ainda participações no 'Domingão do Faustão e 'Altas Horas'. Em 2023, deixou a emissora após uma parceria de 35 anos.

Fontes

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