Por Memória Globo

Cesar Alves/Globo

Claudia Raia chegou à TV calçando sapatilhas. Filha de bailarina, começou a ter aulas de dança aos 2 anos. Aos 13, ganhou uma bolsa de estudos da American Ballet Theatre e foi morar sozinha em Nova York; também muito jovem, dançou profissionalmente na Argentina. Seu destino mudou quando entrou para o elenco do musical A Chorus Line, produzido por Walter Clark, aos 17. Depois de assistir a uma apresentação, o ator Jorge Dória se encantou por ela e a indicou para Cecil Thiré, diretor do humorístico 'Viva o Gordo', estrelado por Jô Soares. Sua primeira novela foi 'Roque Santeiro' (1985). Participou de humorísticos memoráveis, como 'TV Pirata' (1988), além de minisséries, como 'Engraçadinha… Seus amores e seus pecados' (1995), musicais e shows.

Com 12 para 13 anos, fui escolhida para ser a primeira bailarina do teatro do Balé de Câmara de São Paulo. Eu tinha uma carreira de bailarina. Nunca imaginei ser atriz”.
— Claudia Raia

Filha da ex-bailarina e professora de balé clássico Odete Motta Raia, Maria Cláudia Motta Raia começou a ter aulas de dança aos dois anos. Tinha uma carreira como bailarina quando o ator Jorge Dória se encantou por ela no palco do musical A Chorus Line, produzido por Walter Clark, e a indicou para Cecil Thiré, diretor do humorístico Viva o Gordo, estrelado por Jô Soares. Nascida no dia 23 de dezembro de 1966, tinha, então, 17 anos. No Viva o Gordo, além de fazer dupla com Jô Soares, fez parte do corpo de baile do programa.

Jô Soares e Claudia Raia malharam juntos no Viva o Gordo

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Roque Santeiro: a primeira novela

Sua primeira novela foi 'Roque Santeiro' (1985), de Dias Gomes e Aguinaldo Silva, na qual interpretou a dançarina Ninon. Embora pequeno, seu papel caiu no gosto do público e da crítica – ela ganhou o prêmio de Revelação Feminina da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). “Foi um sucesso que eu consegui fazer, no meio daquele estrondoso sucesso. Teve um dia em que desci do meu apartamento e dei de cara com uma banca de jornal, e eu era capa de todas as revistas”, lembra.

Roque Santeiro: As dançarinas da boate Sexus

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Em 1987, viveu a Edwiges de 'O Outro', de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares. No mesmo ano, incorporou o sotaque ítalo-paulistano do bairro do Bixiga para interpretar a Tancinha, de Sassaricando, escrita por Silvio de Abreu, autor com quem manteria uma produtiva parceria. “Acho que foi uma das personagens de maior sucesso que fiz, mas malharam no início. Era uma mulherona, meio Sophia Loren, mas superingênua.”

Sassaricando: "Me tô dividida!"

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TV Pirata

Graças ao sucesso de Tancinha, foi convidada para fazer parte do elenco do humorístico 'TV Pirata', em 1988, ao lado de Débora Bloch, Diogo Vilela, Guilherme Karan, Louise Cardoso, Luiz Fernando Guimarães, Marco Nanini, Ney Latorraca, Cristina Pereira e Regina Casé. No programa, encarnou tipos antológicos, como a presidiária Tonhão.

Webdoc sobre o programa TV Pirata com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

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Eu sempre fazia a gostosona, até que, depois do quarto programa, cheguei para o Guel Arraes e disse: ‘Olha, eu queria mudar’. Tonhão foi o meu maior sucesso no programa. Eu me descobri uma comediante de verdade, e descobri o estilo de comédia que gosto de fazer. As pessoas amam o TV Pirata, que era sofisticado e popular”.
TV Pirata: "As Presidiárias"

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Rainha da Sucata

A atriz teve que engordar 10 kg para compor Adriana, bailarina fora de forma e desastrada da novela 'Rainha da Sucata' (1990), de Silvio de Abreu. “Silvio disse: ‘Escrevi um papel para você, mas queria que você engordasse, porque queria que fizesse a bailarina da coxa grossa, que nada dá certo para ela. E ela se apaixona por um gago. Quero que seja um casal de comédia: você e Antonio Fagundes’. Fiquei uma balofa!”, diz. Em 1992, deu vida a outro tipo marcante em sua carreira, a Maria Escandalosa da novela 'Deus nos Acuda', outra de Silvio de Abreu, coescrita por Alcides Nogueira e Maria Adelaide Amaral. “Eu fazia a filha do Jorge Dória. Eram dois trambiqueiros.”

Rainha da Sucata: Adriana não passa no teste

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Rainha da Sucata: Triângulo amoroso

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Frases no ar: Maria Escandalosa (Claudia Raia)

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Engraçadinha

Em 1995, protagonizou a minissérie 'Engraçadinha… Seus Amores e Seus Pecados', adaptação da obra de Nelson Rodrigues por Leopoldo Serran, dirigida por Denise Saraceni. “Foi um trabalho duro, o texto era muito difícil. A personagem era uma evangélica que não sentia prazer, não teve orgasmos por 20 anos!”, recorda. No ano seguinte, estreou a versão para TV de seu musical 'Não Fuja da Raia' (1996), escrito por Silvio de Abreu e dirigido por Jorge Fernando.

Webdoc sobre a minissérie Engraçadinha… Seus Amores e Seus Pecados com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

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Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados: Dona de casa

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Torre de Babel

Voltou às novelas em 1998, para viver a vilã Ângela Vidal de 'Torre de Babel', mais uma de Silvio de Abreu. “As minhas mãos têm vida própria, e eu sou uma careteira de natureza. Então, quis fazer uma interpretação toda no olho. Fazer uma mulher fria, uma executiva dura”, conta. Silvio de Abreu – junto com Bosco Brasil e Alcides Nogueira – também escreveu para ela o seu papel mais inusitado: o transexual Ramona da novela 'As Filhas da Mãe' (2001). “Não me pergunte como um transexual, num país que é machista e conservador, pôde ter feito tanto sucesso. De novo, fiz par com o Alexandre Borges, nós sempre fomos escalados juntos. As crianças diziam: ‘Ramona, você tem que ficar com o Leonardo! A gente está torcendo’. Era um sucesso inacreditável, foi uma novela ousada”.

Torre de Babel: Ângela morre

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Mina: uma doce vampira

Em 'O Beijo do Vampiro', (2002), de Antonio Calmon, viveu a esfuziante vampira Mina. Depois de interpretar a Tereza da minissérie 'Mad Maria', de Benedito Ruy Barbosa, a partir do romance de Márcio de Souza, encarnou a fogosa Safira de 'Belíssima', outra novela de Silvio de Abreu, ambas em 2005.

O Beijo do Vampiro: Primeiro capítulo (Bloco 3)

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Webdoc sobre a novela Belíssima com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

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Belíssima: Pascoal e Safira põem a oficina abaixo

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A Favorita: mocinha ou vilã?

Ao lado de Patrícia Pillar, foi a protagonista de 'A Favorita' (2008), de João Emanuel Carneiro, um de seus papéis mais difíceis. Apresentada como vilã, ela passa por uma reviravolta radical no meio da trama. “O primeiro embate com a Patrícia foi uma cena muito difícil. Aliás, todos os encontros com ela foram duríssimos de fazer. Donatela era uma pessoa que só perdeu na vida. Perdeu os pais aos cinco anos, teve uma dupla sertaneja que também foi perdida, perdeu o marido assassinado, tinha uma filha que não era dela. Por isso, era tão insegura”, conta. E no remake de 'Ti-Ti-Ti' (2010), escrita por Maria Adelaide Amaral a partir do original de Cassiano Gabus Mendes, voltou a contracenar com Alexandre Borges, o Jacques Leclair, como Jaqueline Maldonado.

A Favorita: Revelação de Flora como assassina

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Ti-Ti-Ti - 2ª versão: Jaqueline reformula o ateliê de Jacques Leclair

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Salve Jorge e Alto Astral

Em 2012, interpretou novamente uma vilã, agora na novela 'Salve Jorge', de Gloria Perez. A trama trouxe a atriz no papel de Lívia, uma mulher elegante e sofisticada, acima de qualquer suspeita, mas que age como agenciadora no tráfico internacional de pessoas. Em 2015, interpretou a vidente golpista Samantha, na novela 'Alto Astral'. No ano seguinte, viveu a Salete Meloni em 'A Lei do Amor' e em 2019 interpretou a Lidiane Andrade, a Lidi Pantera de 'Verão 90'.

Salve Jorge: Jéssica é assassinada por Lívia

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Alto Astral: Último capítulo (Bloco 5)

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Teatro e Cinema

Claudia Raia também tem uma reconhecida carreira teatral. Participou da peça 'Splish Splash' (1998), produziu 'A Pequena Loja dos Horrores' (1990) e deu continuidade ao musical 'Não Fuja da Raia' com 'Nas Raias da Loucura' (1993) e 'Caia na Rai'a (1996). Em 2000, esteve em cartaz com 'Cinco Vezes Comédia', com textos escritos por Mauro Rasi, Miguel Falabella e Patricya Travassos. No ano seguinte, atuou na montagem 'O Beijo da Mulher Aranha', ao lado de Miguel Falabella. Nos anos seguintes, estrelou diversos musicais, entre os quais, 'Sweet Charity', de 2006, e Cabaret, de 2011.

No cinema, participou de 'Quarup' (1989), de Ruy Guerra, 'Boca de Ouro' (1989), de Walter Avancini – que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz da Associação de Críticos de São Paulo –, e 'Matou a Família e Foi ao Cinema' (1991), de Neville d’Almeida.

FONTES

Depoimentos concedidos ao Memória Globo por Claudia Raia em 17/04/2002 e 10/05/2011.
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