Por Memória Globo

Renato Velasco | Arte/Memória Globo

Carolina Dieckmann iniciou e consolidou sua carreira de atriz na Globo. Em pouco mais de duas décadas, o público se acostumou a vê-la chorando em cena por amor, envolvida em triângulos amorosos, e até mesmo sendo disputada por duas mães. Começou a carreira como modelo aos 12 anos. Chegou a fazer figuração no grupo de balé do filme A Princesa Xuxa e os Trapalhões (1989) antes da bateria de testes para integrar o elenco da minissérie Sex Appeal (1993), que marcou sua estreia na televisão, aos 14 anos. A conquista do público viria na novela Laços de Família (2000), de Manoel Carlos, na qual viveu a jovem Camila, que raspou os cabelos em tratamento médico por conta de uma leucemia.

Um dia chegou uma carta do Manoel Carlos dizendo: ‘Carolina, esse papel é seu. Foi escrito para você e para Vera Fischer. Se vocês não fizerem, vou fazer uma outra sinopse’. Aí caiu a ficha de que eu queria ser atriz.

Carolina Deickmann em entrevista ao Memória Globo, 2012. — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

Início da carreira

Filha do engenheiro naval Roberto Dieckmann e da pedagoga Maíra Dieckmann, Carolina Dieckmann começou a trabalhar cedo: aos 12 anos, já fotografava como modelo para peças publicitárias. Chegou a fazer figuração no grupo de balé do filme A Princesa Xuxa e os Trapalhões (1989) antes da bateria de testes para integrar o elenco da minissérie Sex Appeal (1993), de autoria de Antonio Calmon e direção de Ricardo Waddington, que marcou sua estreia na televisão, aos 14 anos. Na trama da Globo, exibida em 1993, dividia a cena com as também novatas Camila Pitanga, Luana Piovani e Danielle Winits.

Sua carreira foi iniciada e consolidada na Globo. Seu papel mais marcante certamente foi em Laços de Família (2000), de Manoel Carlos, na qual protagonizou uma das cenas mais memoráveis das telenovelas, a da jovem Camila, em tratamento médico por conta de uma leucemia, tendo a cabeça raspada ao som de sua canção-tema, Love by Grace. A personagem virou símbolo de uma campanha social em prol dos portadores da doença, que culminou no “efeito Camila” – o aumento do número de doadores de sangue, órgãos e medula óssea no Brasil –, levando a Globo a ganhar o mais importante prêmio de responsabilidade social do mundo, o BITC Awards for Excellence 2001, na categoria Global Leadership Award. De mocinha hostilizada pelos telespectadores por ter roubado o jovem namorado da mãe – personagens vividos pelo estreante Reynaldo Gianecchini e pela veterana Vera Fischer –, Camila conquistou a piedade do público. E Carolina, a sua aprovação.

Depoimento: Carolina Dieckmann fala sobre cena em Laços de Família

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Uma novela a cada ano

No mesmo ano, como uma das integrantes do elenco de apoio da novela Fera Ferida (1993), de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, foi chamada pelo diretor Paulo Ubiratan para interpretar a protagonista jovem da ensolarada Tropicaliente (1994), de Walther Negrão, ambientada nas praias do Ceará, e grande sucesso do horário das 18h. A repercussão de sua personagem foi tamanha que, tempos depois, conversando com o filho mais velho, Davi, fruto de seu primeiro casamento, com o ator Marcos Frota, em tom de brincadeira, aconselhou: “Filho, se algum dia você passar algum aperto no Ceará, fala que é filho da Açucena”. A ingênua filha de pescadores, iludida por um jovem herdeiro rico e arrogante (Selton Mello, no papel de Vitor), faz parte da memória afetiva dos brasileiros e, em especial, dos cearenses.

Depois da doce Açucena, veio a instável Juli do seriado Malhação (1995), aposta da Globo em um novo formato de teledramaturgia, com referências nas soap operas americanas. Diferente da personagem anterior, Juli era uma menina namoradeira, que mudava de personalidade de acordo com o namorado da vez. Com o término do primeiro ano do seriado, a atriz foi escalada para entrar no capítulo 40 da novela Vira-Lata, de Carlos Lombardi, quando fez par romântico com o personagem de Marcello Novaes – o casal foi um sucesso. Em 1997, ela já podia ser vista em Por Amor, de Manoel Carlos, na pele de Catarina, que no fim da trama sobe ao altar com o Léo de Murilo Benício. “Clodovil fez o vestido de noiva dela e o da personagem da Carolina Ferraz, sua cunhada na história”, relembra.

A atriz fez uma novela nova a cada ano, intercalando com participações em outros programas, como Você Decide (1997 e 1999) e Mulher (2000). Interrompeu brevemente a carreira para ser mãe, e voltou às novelas para estrelar Laços de Família, que considera um dos momentos especiais de sua trajetória na TV. “Ali, caiu a ficha de que eu queria mesmo ser atriz”, conta Carolina, que se emocionou de verdade ao ficar careca em cena. O outro momento especial foi em Senhora do Destino (2004), de Aguinaldo Silva, quando viveu a protagonista Maria do Carmo (Susana Vieira) na primeira fase da novela e, posteriormente, sua filha desaparecida, Lindalva, criada como Isabel pela vilã Nazaré (Renata Sorrah). “Foi uma oportunidade de viver os dois lados de uma mesma história, de fazer um trabalho completo”, sentencia. Entre uma novela e outra, ainda interpretou a romântica Edwiges de Mulheres Apaixonadas (2003), que não abria mão de se casar virgem.

Papéis fortes

A primeira vilã foi na novela Cobras & Lagartos (2006), de João Emanuel Carneiro, quando arrancou elogios por sua interpretação da ambiciosa Leona, uma loura má e sedutora, cujo figurino virou moda. Para o trabalho seguinte, a professora e surfista Suzana de Três Irmãs (2008), de Antonio Calmon, fez aulas com Rico de Souza, um dos pioneiros do surf no Brasil. Um ano antes, foi mãe pela segunda vez, de José, seu filho com o diretor Thiago Worcman.

Cobras & Lagartos: Leona morre

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Em 2010, fez aquele que considera o papel mais difícil de sua carreira até então, a contida Diana, da novela Passione, de Silvio de Abreu, dividida entre o amor de Gerson (Marcello Antony) e Mauro (Rodrigo Lombardi), e que morre na fase final da história, ao dar à luz uma menina. Em seguida, voltou ao ar em um papel totalmente diverso, a explosiva e sensual Teodora de Fina Estampa (2011), outra novela de Aguinaldo Silva. Em 2012, integrou o elenco de Salve Jorge, de Gloria Perez, no papel da prostituta Jéssica. No ano seguinte, Carolina interpretou Iolanda em Joia Rara, escrita por Duca Rachid e Thelma Guedes. Em 2015, fez par romântico com o ator Marco Pigossi em A Regra do Jogo, de João Emanuel Carneiro.

Carolina viveu ainda Zezé, uma das protagonistas de Eu que amo tanto, série em quatro episódios, que foi ao ar no Fantástico em novembro de 2014. Insegura e apaixonada por Osório (Antonio Calloni), com o tempo Zezé acaba se anulando na relação. A obra é uma adaptação de Euclydes Marinho do livro homônimo de Marília Gabriela, com direção de Amora Mautner e codireção de Joana Jabace.

No teatro, Carolina Dieckmann subiu ao palco seis vezes. A estreia foi na peça Banana Split, encenada no início da carreira. Entre os trabalhos, destacam-se Confissões de Adolescente, de Domingos Oliveira (versão levada em 1996); A Tempestade (2000), de Shakespeare, cuja montagem foi dirigida por Caco Coelho; e Cabaré Filosófico (2002), também de Domingos. No cinema, atuou em dois longas: Onde Andará Dulce Veiga? (2007), de Guilherme de Almeida Prado, e Sexo com Amor? (2008), de Wolf Maya.

Fonte

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