De sonoplasta a locutor, de repórter a apresentador. Desde o começo da carreira, ele transitou entre diferentes cargos do telejornalismo brasileiro. Carlos Alberto Suriano do Nascimento é filho de Lázaro Suriano Nascimento, um caixeiro viajante, e da professora primária Ornélia Raimunda Suriano, foi criado, até os 19 anos, em Dois Córregos (SP). Na Globo, foi repórter do 'Bom Dia São Paulo', do 'Globo Repórter' e telejornais de rede; correspondente internacional na Espanha; apresentador do 'Globo Rural', 'São Paulo Já', e 'Jornal Hoje'. Carlos Nascimento cursou jornalismo em São Paulo, na Faculdade Cásper Líbero. Em 1968, começou a trabalhar na Rádio Cultura de Dois Córregos, primeiro como sonoplasta, depois como locutor. No mesmo ano, estreou como jornalista nas primeiras eleições municipais após o golpe militar de 1964. Passou pelas redações dos jornais O Democrático e Super News. Em seguida, mudou-se para São Paulo, onde foi narrador de futebol da Rádio ABC, de Santo André.
Em 1974, o jornalista entrou para a Rádio Nacional de São Paulo, que fazia parte do Grupo Globo, para trabalhar com esporte. Mas a rádio decidiu extinguir a equipe quando o Brasil perdeu a Copa do Mundo da Alemanha: “Ao invés de ficar no esporte, eu passei para o jornalismo. Comecei no dia 1º de julho de 1974, como setorista da Rádio Nacional diretamente do aeroporto de Congonhas.” Durante seis meses, Carlos Nascimento fez a previsão do tempo, com base nos informes da aeronáutica. Logo foi promovido a locutor, redator e apresentador do boletim de notícias 'Globo no Ar'.
Bom dia, São Paulo
O começo na Globo foi em 1977, como repórter de trânsito, no 'Bom Dia São Paulo', primeiro telejornal local matutino da emissora. “O Bom Dia São Paulo era um grande laboratório. Nunca ninguém tinha feito um telejornal de manhã. Nós inventávamos quadros, tinha a leitura de jornais durante o dia e o café da manhã na casa dos entrevistados. Fomos a diversos lugares, desde palácios até favelas, tomar café com presidentes da República, jogadores de futebol e artistas”, comenta.
Carlos Nascimento fez a primeira matéria para o 'Jornal Nacional' poucos meses após sua entrada na Globo. “O diretor do Jornal Nacional na época, Luiz Fernando Mercadante, me olhou e disse: ‘Vai para casa, troca de roupa, põe um terno melhor porque hoje você vai fazer uma matéria para o 'Jornal Nacional’.” Entre as matérias para o 'JN', Nascimento destaca duas, premiadas: uma na cadeia pública do Hipódromo e outra no Presídio de Jacareí. “Nós fomos a primeira equipe feita refém em um motim de presos”, relembra, sobre a rebelião na penitenciária do Hipódromo, que mais tarde transformou-se no Carandiru.
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Reportagem de Carlos Nascimento e Reynaldo Cabrera sobre a rebelião do presídio de Jacareí, 'Jornal Nacional', 14/02/1981.
A partir de 6 de janeiro de 1980, Nascimento foi convidado a apresentar um novo telejornal da emissora, o 'Globo Rural'. Durante o tempo em que permaneceu à frente do matutino, o jornalista também viajou pelo Brasil produzindo matérias sobre o homem do campo.
De volta ao Brasil, em 1984, Carlos Nascimento foi convidado para apresentar o 'Globo Repórter', que havia ganhado um novo formato, com a participação de diversos repórteres. Dividiu a apresentação do programa com Pedro Bial, Ernesto Paglia, Hermano Henning, Tonico Ferreira, entre outros. “Eu fiz a primeira reportagem na Globo sobre o tráfico de cocaína”, conta, sobre o 'Globo Repórter' feito na Bolívia. Ainda em 1984, cobriu para os principais telejornais a campanha Diretas Já, diretamente do Vale do Anhangabaú, em São Paulo, onde um comício reuniu milhares de brasileiros.
Morte de Tancredo Neves
Em 1986, cobriu a Copa do Mundo do México e o Plano Cruzado. O jornalista deixou a Globo em 1988, para trabalhar como âncora, apresentador e editor na TV Cultura de São Paulo. Retornou à Globo em julho de 1990, como editor-chefe e âncora do 'São Paulo Já'. O novo telejornal era diário, tinha duas edições e atingia cerca de 500 municípios do interior paulista.
O repórter Carlos Nascimento atualiza as informações sobre o estado de saúde de Tancredo Neves, do Instituto do Coração, em São Paulo. 'Jornal Nacional', 15/03/1985.
Dois anos mais tarde, quando cobria a Rio-92, no Rio de Janeiro, um convite inédito levou o jornalista à bancada do 'Jornal Nacional', para cobrir as férias dos titulares.
Webdoc sobre a cobertura da Rio-92 com entrevistas exclusivas do Memória Globo.
Entre março de 1998 e outubro de 1999, Carlos Nascimento voltou a apresentar o 'Bom Dia São Paulo'. Em seguida, assumiu, por dois anos, o 'Jornal Hoje', do qual também foi editor-chefe. Da bancada do 'JH', onde narrou, da bancada, os desdobramentos do sequestro do empresário Silvio Santos e os atentados terroristas de 11 de Setembro, em 2001. Acompanhou, ainda, a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.
Reportagem de Glória Maria sobre as homenagens a Ayrton Senna no dia do velório do piloto em São Paulo, 'Jornal Nacional', 04/05/1994.
Carlos Nascimento recebeu diversos prêmios em sua carreira, entre os quais o Prêmio Vladimir Herzog, o Troféu APCA e o Prêmio Comunique-se. O jornalista deixou a Globo em 2004 para trabalhar na TV Bandeirantes e, posteriormente, no SBT, onde passou a apresentar o 'Jornal do SBT'.
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