Por Memória Globo

Zé Paulo Cardeal/Memória Globo

Carlos Américo Aguiar Monforte  é filho do funcionário público Américo Monforte e da dona de casa Elizabeth Monforte. Estudou jornalismo na Faculdade de Comunicação de Santos e, antes mesmo de concluir o curso, começou a trabalhar como repórter no jornal A Tribuna. Formou-se em 1972 e, em seguida, tornou-se assessor de comunicação da Secretaria de Obras do Estado de São Paulo. Entre 1973 e 1978, trabalhou como repórter especial de O Estado de S. Paulo. Nesse período, fez dois cursos de aperfeiçoamento no exterior: na Universidade de Navarra, na Espanha, em 1973; e na Fundação Beauve Marie, na França, entre 1975 e 1976.

Carlos Monforte apresentando o 'Bom dia Brasil' — Foto: Acervo Globo

Estreia na Globo

Carlos Monforte começou a trabalhar na Globo em 1978, convidado pelos jornalistas Luiz Fernando Mercadante, Dante Matiussi e Oswaldo Martins Filho, da redação da emissora em São Paulo. Foi contratado como repórter local, fazendo matérias para o 'Jornalismo Eletrônico' e, logo depois, para o 'Jornal Nacional' e para o 'Fantástico'. Na época, participou de coberturas importantes, como a das greves de metalúrgicos no ABC paulista.

Ao se recordar da sua entrada na Globo, em 1978, Carlos Monforte, um dos primeiros âncoras do telejornalismo brasileiro, conta: “Foi um susto. Eu confesso que tive de passar dois anos para aprender televisão”. Com a experiência de nove anos trabalhando na redação do jornal O Estado de S. Paulo, iniciou sua carreira na emissora utilizando uma novidade na época, as Unidades Móveis. “Era o começo do link, de matérias ao vivo.” Com o equipamento, o jornalista saía para fazer três, quatro matérias por dia nas ruas de São Paulo. Aprendeu assim.

Em 1982, assumiu a editoria de Política do 'Jornal da Globo'. No mesmo ano, tornou-se editor e apresentador do 'Bom Dia São Paulo': “Dante Matiussi [chefe da redação de São Paulo] resolveu fazer o 'Bom Dia São Paulo' com um âncora, alguém que fosse o editor-chefe e comandasse o jornal, com entrevistas. Passei um ano e pouco fazendo o jornal ao vivo, com entrevistas, com notícias, com links. Na Copa de 1982, por exemplo, recebíamos coisas do Juarez Soares, lá da Espanha, e conversávamos com ele”.

Estreia do 'Bom Dia Brasil'

Com a criação do 'Bom Dia Brasil', em janeiro de 1983, Carlos Monforte assumiu o cargo de editor-chefe e apresentador do programa. A proposta inicial era tratar essencialmente de fatos políticos e econômicos. O telejornal chegou a realizar, no primeiro ano, cerca de 700 entrevistas com empresários e políticos, como João Baptista Figueiredo, Delfim Netto, Mário Andreazza e Ulysses Guimarães. Esteve à frente do Bom Dia Brasil por nove anos.

Estreia o 'Bom Dia Brasil' apresentado por Carlos Monforte, 03/01/1983.

Estreia o 'Bom Dia Brasil' apresentado por Carlos Monforte, 03/01/1983.

Considerado um dos primeiros âncoras do jornalismo brasileiro, Carlos Monforte faz uma distinção entre a função que desempenhou e a dos âncoras norte-americanos: “Âncora é uma expressão que nasceu nos Estados Unidos: anchor-man. Mas o âncora americano é o que apresenta o jornal, simplesmente. Ele não dá um palpite, não dá uma opinião, simplesmente apresenta o jornal. No Brasil, o âncora é o editor-chefe: ele comanda, diz o que entra no jornal, qual será a sequência dos blocos.”

No final da década de 1980, participou do programa 'Palanque Eletrônico', que reuniu os candidatos à Presidência da República nas eleições de 1989. Ao lado de Joelmir Beting, Lillian Witte Fibe, Alexandre Garcia e outros convidados, entrevistou os candidatos sobre as principais propostas para o futuro governo.

'Jornal da Globo'

Carlos Monforte deixou a Globo em 1992, para montar o departamento de Comunicação da Confederação Nacional de Indústrias (CNI), no qual permaneceu por dois anos. Em seguida, de volta à emissora, passou a trabalhar como repórter especial do 'Jornal da Globo' em Brasília.

Em setembro de 1994, foi envolvido num episódio polêmico. O então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, enquanto aguardava o início de uma entrevista com o jornalista no estúdio da Globo, afirmou que usava os indicadores econômicos positivos do Governo Federal em favor de Fernando Henrique Cardoso, candidato à Presidência pelo PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). O comentário, proferido em tom informal, foi captado acidentalmente por antenas parabólicas que estavam na mesma frequência do sinal emitido pela Embratel. O caso foi entendido como uma confissão de uso abusivo da máquina administrativa e acabou levando à demissão de Ricupero.

Carlos Monforte no 'SPTV' — Foto: Acervo Globo

Carlos Monforte foi repórter do 'Jornal da Globo' até 1996, quando voltou a participar do 'Bom Dia Brasil', como âncora em Brasília. Em abril de 1997, realizou uma entrevista, exibida pelo 'Jornal Nacional', com o então presidente Fernando Henrique Cardoso, tratando do Movimento dos Sem-Terra. Em agosto do mesmo ano, também para o 'JN', produziu uma série de reportagens intitulada 'Custo Brasil', participando, ainda, da cobertura da CPI do narcotráfico e da condenação do então deputado federal Hildebrando Pascoal, em 1999.

GloboNews

Em 1998, Monforte começou a trabalhar no programa 'Espaço Aberto', da GloboNews. Comandou entrevistas com personalidades importantes na vida política do país, discutindo questões como Segurança Pública, Reforma Tributária e Política, Lei de Responsabilidade Fiscal e as queimadas na Amazônia. Chegou a trabalhar novamente no 'Jornal da Globo' em 1999 e, logo depois, foi para o 'Jornal Hoje'. No final de 2000, assumiu o cargo de coordenador da GloboNews em Brasília. Foi apresentador do 'Jornal das Dez' da capital federal e participou de outros programas, como 'Espaço Aberto', 'GloboNews Política' e 'Fatos e Versões'.

Carlos Monforte, 2007 — Foto: Wander Malagrine/Memória Globo

Carlos Monforte deixou a Globo em 2016.

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