Filho de pai português e mãe italiana, Carlos Lombardi nasceu no Pari, na região central de São Paulo. Aos 19 anos, já roteirizava programas para o Telecurso 2º Grau, da Fundação Roberto Marinho, ao lado do autor Silvio de Abreu, que o levaria mais tarde para a Globo. Formou-se em comunicação social na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), e especializou-se em Rádio e Televisão. Trabalhou na TV Tupi com Edy de Lima e Ney Marcondes, colaborando na autoria da novela Como Salvar Meu Casamento. Passou também pela TV Bandeirantes e pela TV Cultura, antes de ser contratado pela Globo, em 1981.
Início na Globo
Em 1981, Carlos Lombardi trabalhou como colaborador de Silvio de Abreu na novela Jogo da Vida, inspirada num conto homônimo de Janete Clair e protagonizada por Glória Menezes. No ano seguinte, participou como colaborador de Elas por Elas, novela de Cassiano Gabus Mendes, e que teve no elenco Eva Wilma, Aracy Balabanian, Joana Fomm e Sandra Bréa, entre outros.
Em 1983, esteve novamente ao lado de Silvio de Abreu, dessa vez em Guerra dos Sexos. Protagonizada por Fernanda Montenegro e Paulo Autran, a trama foi dirigida por Jorge Fernando e Guel Arraes e recebeu diversos prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), entre os quais o de Melhor Novela do Ano e o de Melhor Texto.
Grandes sucessos autorais
Carlos Lombardi assinou sua primeira novela como autor principal da Globo em 1984. Vereda Tropical, que teve grande repercussão, abordava as relações familiares e recuperava o tema do futebol. A novela contava com argumento e supervisão de Silvio de Abreu e foi dirigida por Jorge Fernando e Guel Arraes. Quatro anos depois, Carlos Lombardi escreveu Bebê a Bordo, outro grande sucesso da Globo. Dirigida por Roberto Talma e protagonizada por Tony Ramos, Isabela Garcia e Dina Sfat, a novela lançava mão de uma linguagem frenética, que se tornaria uma das marcas do autor. Lombardi idealizou um ritmo de videoclipe para a trama, com cenas curtas e um turbilhão de falas e situação rápidas. Poucos dias antes da estreia, no entanto, a Censura Federal exigiu que o texto fosse alterado, e diversos diálogos dos seis capítulos iniciais sofreram cortes.
Em 1992, o autor assinou a trama de Perigosas Peruas, que teve a supervisão de Lauro César Muniz e foi dirigida por Roberto Talma, Jodele Larcher e Flávio Colatrello. Perigosas Peruas também foi um grande sucesso. A novela falava sobre o papel da mulher na sociedade e apresentava muitas tramas paralelas, como as transações da máfia e a disputa pela guarda da personagem Tuca, de 13 anos. No ano seguinte, o autor trabalhou como roteirista do humorístico Os Trapalhões, então sob a direção de José Lavigne.
Carlos Lombardi voltou para as novelas em 1994, quando escreveu Quatro por Quatro, que trouxe a comédia de volta ao horário das 19h. Na trama, o autor tornou a retratar o universo feminino, agora através de quatro mulheres que, unidas, decidem se vingar dos respectivos maridos e namorados. Dirigida por Ricardo Waddington, Alexandre Avancini e Luís Henrique Rios, Quatro por Quatro lançou muitos modismos, como as roupas, os trejeitos e os bordões da personagem Babalu, interpretada por Letícia Spiller. Quatro meses após ter concluído Quatro por Quatro, Carlos Lombardi foi chamado para desenvolver outra novela: Vira-Lata. Para a trama, o autor criou uma metáfora usando um cachorro vadio chamado Zé, a fim de simbolizar a condição em que os personagens se encontravam: sozinhos e à mercê do destino. O maior desafio do autor e da produção foi fazer o elenco contracenar com os 18 cães que faziam parte da história.
Em 1997, Carlos Lombardi foi convidado por Mário Lúcio Vaz para preparar a nova fase do seriado juvenil Malhação. A partir da constatação de uma defasagem entre o conteúdo do programa e a expectativa de seu público, o autor iniciou uma nova fase em Malhação, escrevendo os dez primeiros capítulos, criando diversos personagens e abordando temas até então tidos como polêmicos. Em seguida, escreveu Uga Uga (2000), dirigida por Wolf Maya e Alexandre Avancini. Misturando realidade com elementos das histórias em quadrinhos e dos desenhos animados, Carlos Lombardi criou uma narrativa ágil e divertida. Através de cortes rápidos, a trama mesclou técnicas de publicidade, cinema e videoclipes, com muitas cenas de ação. A história girava em torno do personagem Tatuapu, vivido por Cláudio Heinrich, um rapaz branco que, após perder os pais, era adotado por um velho pajé de uma tribo indígena.
Em 2002, Carlos Lombardi assinou pela primeira vez uma minissérie: O Quinto dos Infernos, na qual retratava de forma escrachada os bastidores da proclamação da Independência do Brasil. A minissérie foi um grande sucesso, mas a trama foi criticada por historiadores e irritou integrantes da família real. Alguns jornais portugueses também chegaram a se manifestar contra a obra, alegando que o autor trabalhava de forma caricata um dos momentos mais importantes da história do Brasil.
Ainda em 2002, Carlos Lombardi fez a supervisão de texto da novela Coração de Estudante. A novela marcou a estreia de Emanuel Jacobina, que fora roteirista de Malhação e trabalhara com Lombardi na reformulação do seriado. No ano seguinte, o autor escreveu Kubanacan. Dessa vez, usava a comédia para tratar de problemas e confusões características do imaginário latino-americano: a trama se passava na fictícia ilha caribenha de Kubanacan, alvo de golpes de Estado, escândalos de corrupção e encrencas amorosas. No elenco, além de Wolf Maya, que também era diretor da novela, Adriana Esteves, Humberto Martins, Betty Lago, Danielle Winits, entre outros.
Em 2006, o autor tornou a exercer a função de supervisão de texto, agora da novela Bang Bang, de Mário Prata. Ambientada na cidade fictícia de Albuquerque, Bang Bang era baseada em filmes clássicos do faroeste norte-americanos. Em seguida, escreveu a novela Pé na Jaca (2006) e, em 2007 e 2008, o seriado Guerra & Paz, estrelado por Marcos Pasquim e Danielle Winits. No ano seguinte, chegou a colaborar com a autora Gloria Perez escrevendo alguns capítulos da trama de Caminho das Índias. Em 2012, após mais de 30 anos na Globo, o autor se afastou da emissora e foi contratado pela TV Record.
Cinema
Além da carreira na televisão, Carlos Lombardi chegou a fazer alguns trabalhos para o cinema. Em 1987, por exemplo, colaborou no roteiro de Um Trem para as Estrelas, de Cacá Diegues. Também escreveu Zoando na TV (1999), protagonizado pela apresentadora Angélica, e, em 2005, Mais uma Vez Amor, de Rosane Svartman.
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