Bruna Patrícia Romilda Maria Teresa Lombardi traz no sangue a paixão pelas artes. Os pais, o diretor de fotografia e cineasta italiano Ugo Lombardi e a atriz Yvonne Sandner Lombardi, de origem turca, trocaram Roma pelo Rio de Janeiro, onde Bruna nasceu em 1º de agosto de 1952. Os dois foram fundamentais na sua formação. Desde cedo ela descobriu a literatura e o amor pelas manifestações artísticas. Ainda menina, escrevia. Não pensava em ser atriz até que, aos 14 anos, foi convidada para fazer fotos. Começava, ali, uma bem-sucedida carreira como modelo, posando para diversas capas de revistas do país. Não demorou a ser chamada para protagonizar uma novela na Globo: Sem Lenço, sem Documento (1977), de Mário Prata, na qual atuou como a manequim e escritora Carla. Virou popular: “Do nada, era uma protagonista. Era como se você abrisse uma porta e entrasse uma multidão”, recorda a atriz, que, a essa altura, já tivera publicado seu primeiro livro de poesias, No Ritmo Dessa Festa, com prefácio assinado por Chico Buarque.
Aritana
Assustada com o assédio provocado pela exposição na TV, Bruna Lombardi quis ficar recolhida, voltando à discrição de sua vida em São Paulo, onde passara a morar. Foi então convidada pela autora Ivani Ribeiro a atuar em sua nova novela na TV Tupi, Aritana (1978), fazendo uma personagem escrita para ela. Aceitou na hora, assim que soube que gravaria por um mês no Parque Indígena do Xingu. Não se arrependeu. Além da experiência de viver com os índios na reserva, foi onde conheceu o ator Carlos Alberto Riccelli, intérprete do personagem que dá nome à novela, e com quem se casaria depois. Os dois são pais de Kim Riccelli.
Bruna foi parceira do marido em vários projetos, incluindo recentes trabalhos para o cinema, como os filmes O Signo da Cidade (2008) e Onde Está a Felicidade? (2011), roteirizados por ela e dirigidos por Riccelli, e outras realizações empreendidas em Los Angeles, onde o casal tem casa. Um dos projetos foi o programa Gente de Expressão, levado ao ar de 1993 a 1995 na TV Manchete, e no qual a atriz entrevistava expoentes da área artística em viagens pelo mundo.
Minisséries
Após uma passagem pela TV Bandeirantes, Bruna Lombardi voltou à Globo para fazer par com Antonio Fagundes na minissérie Avenida Paulista (1982). Foi a primeira das três minisséries nas quais foi dirigida pelo reconhecido Walter Avancini. “Avancini era uma pessoa complexa, mas muito inteligente, brilhante, talentosíssimo. Adoro a minissérie, e sou apaixonada por esse papel”, destaca Bruna, que estrelou, ainda, Grande Sertão: Veredas (1985), adaptação de Walter George Durst da obra homônima de Guimarães Rosa, e Memórias de um Gigolô (1986), de Durst e Marcos Rey. Na primeira, interpretou Diadorim, que, para vingar a morte do pai, escondia-se sob a identidade do destemido jagunço Reinaldo e despertava o conflito do também jagunço Riobaldo (Tony Ramos), que pensava estar apaixonado por um homem. Na segunda, foi a prostituta Lu, no centro de um triangulo amoroso formado pelos personagens de Lauro Corona e Ney Latorraca.
A atriz se lembra da preparação de Grande Sertão: Veredas: “Entrei numa crise quando o Avancini me convidou para fazer a Diadorim. Conhecia o livro, e achei que não tinha nada a ver comigo. Eu era vista como uma heroína romântica, frágil. Durante um tempo me perguntei o que tinha em comum com aquela força da natureza. Avancini enxergava coisas que eu mesma não tinha enxergado. Ele sabia que eu teria o mergulho essencial para fazer a personagem. Foi um trabalho vital, mesmo”, conta.
Ao todo, o elenco e a equipe da minissérie passaram três meses no sertão de Minas Gerais. “Vivemos como vive um jagunço. Eu passava 12, 15 horas em cima de um cavalo, tirava escorpião de dentro da bota… Descobri em mim uma força que eu não sabia que tinha. Foi uma jornada inesquecível, uma das maiores bênçãos que me aconteceram” , celebra.
Antes de dar vida a um personagem de Guimarães Rosa, porém, protagonizou a novela Louco Amor (1983), de Gilberto Braga. Essa foi sua primeira novela no horário nobre da TV Globo. Três anos depois, podia ser vista em Roda de Fogo, de Lauro César Muniz, como par romântico de Tarcísio Meira, com quem voltaria a contracenar em De Corpo e Alma (1992), de Gloria Perez. Em 2002, interpretou a viúva Branca da minissérie O Quinto dos Infernos (2002), de Carlos Lombardi. Morando em Los Angeles, seguiu escrevendo livros e participando de filmes em suas idas e voltas ao Brasil.
Bruna Lombardi também tem passagens pelo teatro, onde fez, entre outras, as peças Numa Nice (1982) e Eu te Amo (1987). Entre suas publicações, estão dois livros de poesia, dois romances, um registro poético das filmagens da minissérie Grande Sertão: Veredas, um infantil e dois roteiros escritos para filmes que estrelou e produziu.
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